tag:blogger.com,1999:blog-71850708263867388562024-03-12T19:15:22.758-07:00Abraxas | Entrevistashttp://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.comBlogger157125tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-53596210520324774092014-12-01T08:02:00.000-08:002014-12-01T08:03:05.636-08:00ANTONIO CÁNDIDO FRANCO & NICOLAU SAIÃO | Surrealismo em Portugal<div align="center">
<div class="principal" style="background-color: white; background-image: url(http://triplov.com/triplov_novo/pics/logo_bg.jpg); background-position: 0% 0%; background-repeat: no-repeat; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); width: 760px;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tabela00" style="line-height: 22px; text-align: justify; width: 760px;"><tbody>
<tr><td class="menu" colspan="2" style="padding-right: 5px; text-align: right;"><br /></td></tr>
<tr><td valign="bottom" width="207"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img alt="" src="http://triplov.com/triplov_novo/pics/spacer.gif" height="770" width="201" /><span class="copyright" style="line-height: 11px;"><br /></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
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<a href="http://triplov.com/alquimias/index.html" style="color: #bf0000; text-decoration: none;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img border="0" src="http://triplov.com/triplov_novo/mini_alquimias.jpg" height="212" width="124" /></span></a></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="copyright" style="line-height: 11px;"></span></span></td><td valign="top" width="551"><br />
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<div align="right" class="TITULOS" style="color: #b90000; letter-spacing: 1px;">
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<table border="0" style="line-height: 22px; text-align: justify; width: 538px;"><tbody>
<tr><td><div align="center">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img src="http://triplov.com/floriano_martins/edphoto-floriano_martins.jpg" height="264" width="300" /></span></div>
</td></tr>
<tr><td><div align="right" class="TITULOS" style="color: #b90000; letter-spacing: 1px;">
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</div>
</td></tr>
<tr><td class="auto-style9"><div class="negrito">
<span class="auto-style7"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span class="auto-style7"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O diálogo que segue vem sendo preparado como parte integrante de um livro de Floriano Martins dedicado ao estudo do Surrealismo na Península Ibérica. </span></span><span class="auto-style7" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Aqui reproduzimos um fragmento de conversa que o poeta e ensaísta brasileiro teve com dois importantes nomes ligados ao surrealismo português: </span><span class="auto-style7" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">o poeta, tradutor, ensaísta e artista plástico Nicolau Saião (1946) e o poeta, ensaísta e editor Antonio Cándido Franco (1956).</span></div>
<div class="negrito">
<span class="auto-style7" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
</td></tr>
<tr><td><table cellspacing="0" class="auto-style4" style="line-height: 22px; text-align: justify; width: 532px;"><tbody>
<tr><td class="negrito" style="width: 260px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img class="auto-style8" src="http://triplov.com/floriano_martins/2014/nicolau_e_acf/antonio-candido-franco.jpg" height="231" width="265" /></span></td><td class="negrito" rowspan="2"><div class="MsoNormal">
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<span class="auto-style7" style="font-style: italic;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
</td></tr>
<tr><td class="auto-style6" style="background-color: #eeeeee; text-align: center; width: 260px;"><span class="Comunicacoes_texto"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">António Cândido Franco</span></span></td></tr>
</tbody></table>
</td></tr>
<tr><td><div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="negrito"><span class="auto-style10"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="negrito"><span class="auto-style10">FLORIANO MARTINS</span></span><span class="auto-style8"><span class="negrito"> | Simbolismo, Modernismo, Futurismo – com quais desses momentos melhor se identifica o Surrealismo em Portugal? O crítico brasileiro, de origem austríaca, Otto Maria Carpeaux (1900-1978), em sua <i>História da literatura ocidental</i>, aponta “a ausência de um verdadeiro Simbolismo em Portugal”, ao mesmo tempo em que situa Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa como “dois poetas de formação esteticista mas de ambições que já antecipam o Surrealismo”. Por onde começamos? Gostaria aqui de fazer menção a um termo valioso do António Cándido Franco, o de “afinidade involuntária”.</span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ANTONIO CÁNDIDO FRANCO</span><span class="auto-style8"> | Quando lemos alguns dos poemas de <i>Oaristos</i> (1890), por exemplo o décimo primeiro, ou “A Epifania dos Licornes” de <i>Horas</i> (1891), ou ainda “Um Cacto no Polo” do mesmo livro, percebemos que a poesia de Eugénio de Castro, um poeta hoje quase esquecido, mas que na época foi admirado por Ruben Dario e pelos simbolistas franceses, chega para impugnar a asserção de Carpeaux (e, claro, para tirar muita novidade à poesia de Pessoa – que em alguns momentos se limita quase a glosar a poesia de Eugénio de Castro).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Faltou-te porém referir o Saudosismo, que é talvez a <i>afinidade involuntária</i> do Surrealismo português. O Saudosismo pode ser encarado como um desenvolvimento português do Simbolismo ou dos aspectos mais misteriosos dele. O poeta crucial deste movimento, Teixeira de Pascoaes, foi o antecedente poético de Mário Cesariny; entre os poetas portugueses logo anteriores que ele tinha à disposição, e muitos eram (Antero, Gomes Leal, Junqueiro, Nobre, Eugénio de Castro, Ângelo de Lima, Pessanha, Pessoa, Sá-Carneiro, Florbela, Raul Leal, Almada, Régio), foi Teixeira de Pascoaes que ele elegeu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As relações entre o Saudosismo e o Surrealismo estão infelizmente por estudar. O próprio Saudosismo, sobretudo na evolução da sua linha interna, aquela que vai por exemplo de 1912 a 1942, quer dizer, do momento do seu nascimento à publicação dum livro tão excepcional como <i>Duplo Passeio</i>, é muito mal conhecido e em geral tende a passar despercebido (como a tua pergunta confirma).<o:p></o:p></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NICOLAU SAIÃO</span><span class="auto-style8"> | O nó do problema creio que assenta nas condições de antidemocracia que sempre – sublinho, sempre) – existiram em Portugal, não só propiciadas por uma classe dominante extremamente cínica e autoritária mas, ainda, pelo seu tipo de cultura primarizada e pela sua mentalidade inculta, plebeia no sentido exato e o seu reacionarismo incrementado e sustentado por um tipo de fideísmo profundamente limitado e preconceituoso que tentava eliminar, espingardear ou suster tudo o que lhe cheirasse a modernidade ou trouxesse o selo de algo menos academizado. Sempre dominaram os estabelecimentos de ensino a alto nível, que em Portugal são os órgãos que controlam apertadamente os sectores intelectuais que fazem entre nós a chuva e o bom tempo por razões óbvias. Era assim dantes e continua a ser assim hoje. Daí que as afinidades entre os autores/criadores tenham de ser involuntárias ou, dizendo de outra maneira, conforme se pode…<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Isso faz com que, ainda neste tempo em que vivemos, ou sobrevivemos, a arte moderna em geral e o surrealismo em especial sejam olhados como <i>excrescências carnosas, </i>produtos de quase marginais, de gente que não se deve deixar entrar, preferentemente, nos salões onde os donos da sociedade exercem a sua música e a sua dança contra tudo o que é legítimo em vida sã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Portugal segue sendo um entreposto claramente de signo cripto-fascista, mau grado a maquiagem arranjada nos primeiros tempos a seguir ao 25 de Abril – maquiagem essa que, por já não lhes fazer falta, têm estado a abandonar com decisão. Só têm algum respeito pela chamada arte moderna em sentido lato porque esta, nos lugares onde o ambiente é mais salubre, vale muito dinheiro! Sá- Carneiro e Fernando Pessoa, como se sabe, foram sempre corpos estranhos no tempo em que estavam inseridos. E o panorama continua a ser assim… exceto se o autor/artista se alcandorou por companheirismos ou afeições, geralmente, aos lugares de topo da “árvore dos níveis”…<o:p></o:p></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | O que evidencia a revolução surrealista em Portugal e como ela se insere em um mapa da Península Ibérica? Penso aqui nas relações entre Cesariny e Buñuel, que bem poderiam ter sido ampliadas, considerando afinidades históricas. Cesariny chega a comentar tangencialmente acerca de Juan Larrea, J. V. Foix, José María de Hinojosa… Porém nunca houve entendimento entre as duas vertentes surrealistas. Algum motivo determinante?<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | O choque do surrealismo em Espanha e em autores de língua espanhola (como Cesar Moro) foi temporão. Basta pensar na importância que Buñuel e Dali têm nos primeiros anos de afirmação do Surrealismo francês. Nada de parecido aconteceu em Portugal ou em criadores da língua portuguesa, e isto mau grado Péret ter passado quase dois anos no Sul do Brasil nos anos heroicos que se seguiram à criação do Surrealismo. Logo o destino dos dois movimentos foi distinto e raras vezes coincidente. Ainda assim Mário Cesariny, além de traduzir Buñuel e ter relações próximas no seu círculo, penso em José Francisco Aranda, teve uma afinidade expressa e um convívio intenso com Eugenio Granell, o grande criador catalão, que viveu exilado muitos anos em Nova Iorque. O mesmo se passou com Cruzeiro Seixas.<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | O que a revolução surrealista, encarada a nível europeu ou mesmo ibérico, evidencia, é a meu ver as enormes dificuldades de se existir autonomamente, livremente. O poder político-social, precisamente pelas razões históricas nos dois países, tentou sempre impedir que fôsse fácil existirem relações entre os criadores daqui e dali. Por isso o cardo foi sempre enorme, parafraseando uma expressão de Cesariny…<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | As cartas de António Maria Lisboa constituem uma fonte de iluminação sobre inúmeros aspectos referentes ao Surrealismo em Portugal. Poucos anos antes de sua morte, já descrente da perspectiva de reestruturação grupal do movimento, lemos em uma carta destinada a Cesariny ali imprimir seu desejo de ver seus amigos uma vez mais a seu lado, “desta vez não com a sombra de um Breton”. E em uma de suas últimas cartas, já no Sanatório da Quinta dos Vales Covões, em Coimbra, 1952, comenta com Mário Henrique Leiria acerca de uma “fundamental dificuldade” dos surrealistas: “sair da fácil expressão, do hábito a que dialeticamente se deram e onde anti-dialeticamente permanecem”, finalizando: “Breton será mil vezes culpado”. Até onde acerta António Maria Lisboa, não propriamente acerca de uma culpa de Breton, mas antes de uma falta de identidade no tocante ao Surrealismo em Portugal?<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | É natural que um poeta com a dimensão invulgar dum António Maria Lisboa se quisesse autonomizar de Breton, isto depois de o procurar e de com ele ter aprendido muito ou mesmo tudo. Caso tivesse sobrevivido à doença que o levou em 1953, aos 25 anos, convenço-me que não teria tido qualquer questão em se associar ao folheto com que o grupo de Cesariny homenageou A. Breton, no momento da morte deste, em 1966. O texto, chamado <i>(Neófito) Não há morte na morte de André Breton</i>, está hoje recolhido no livro <i>As mãos na água a cabeça no mar</i> (1985). Só um movimento consciente de si, atento às suas infinitas possibilidades, muito rodado na estrada do mistério e do amor, podia produzir tão altiva e bela homenagem.<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | A culpa de Breton, digamos assim simbolicamente, assentou no fato de que ele vivia numa França aberta e os surrealistas portugueses, ou que tentavam sê-lo, viviam num Portugal do antigo regime, ultraconservador e muitas vezes ultramontano. Em França era-se hostilizado pela mentalidade academicista da classe dominante, mas em Portugal ia-se parar diretamente, sem paninhos quentes, à prisão, à miséria econômica e à marginalização pura e simples. O que agravava as divergências, as questiúnculas e os destrambelhamentos até, dos autores portugueses, meros sobreviventes de uma nação dominada por gente nefanda.<o:p></o:p></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | Há um comentário de Adolfo Casais Monteiro </span><span class="auto-style8">-</span> <span class="auto-style7" style="font-style: italic;">A palavra essencial</span><span class="auto-style8">, 1972 </span><span class="auto-style8">-</span><span class="auto-style8"> sobre composição e espontaneidade em que recorda que, “tal como em toda a literatura, também nas criações surrealistas havia uma diferença abissal entre a poesia espontânea de uns e a espontânea… vacuidade dos restantes”. Como lidou o Surrealismo em Portugal com essa aparente ambiguidade?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | Ao contrário do que pensava Casais Monteiro, o Surrealismo não era uma questão de talento. O terreno matricial do Surrealismo não é o da estética (literária ou artística) mas o da ética humana, que procura conciliar a liberdade explosiva das pulsões interiores com a ordem clássica e exterior da sociedade. Pode-se ser surrealista sem se ter escrito uma única linha; pode-se ser surrealista sem se ter pegado uma única vez num pincel; pode-se passar de todo ao lado do Surrealismo depois de se terem escrito muitos poemas ou pintado muitas telas “surrealistas”. A “vacuidade”, para quem se situa no plano da aventura interior, como sucede com o Surrealismo, só pode ser a dos “artistas”. Também houve destes em Portugal, e de peso, a começar por António Pedro e a acabar em José-Augusto França, passando ainda por Jorge de Sena. Trataram o Surrealismo como uma questão de ter ou não ter “jeitinho”. Passaram assim ao lado do que mais importa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | Lidou mal, necessariamente. E o contrário é que seria estranho. Um surrealista autentico, em Portugal, vive ainda hoje, como vivia dantes, sob a férula de poetinhas que promovem, controlam, selecionam e acatitam muitíssimas vezes ilustres mediocratas que exibem como gente de grande gabarito.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não é pois uma ambiguidade, mas uma consequência de Portugal ter sempre vivido no domínio apertado de aparelhagens de <i>extermínio moral</i> que epigrafa os “surrealistas” que lhes convém epigrafar. Liofilizados ou amansados. Objetos de literatura no pior sentido do termo. E quem se rebela… fica frito por esses cozinheiros de más iguarias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="auto-style11">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
</td></tr>
<tr><td><table cellspacing="0" class="auto-style4" style="line-height: 22px; text-align: justify; width: 532px;"><tbody>
<tr><td style="width: 193px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img src="http://triplov.com/floriano_martins/2014/nicolau_e_acf/nicolau_saiao.jpg" height="270" width="189" /></span></td><td></td></tr>
<tr><td class="auto-style6" style="background-color: #eeeeee; text-align: center; width: 193px;"><span class="Comunicacoes_texto"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nicolau Saião</span></span></td><td></td></tr>
</tbody></table>
</td></tr>
<tr><td><div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | Seria possível imaginar um Surrealismo outro em Portugal sem a figura tutelar de Mário Cesariny de Vasconcelos?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | Sem Cesariny, o Surrealismo português ainda seria o mesmo, se o António Maria Lisboa que tivemos ainda tivesse podido, sem ele, Cesariny, ser o que foi (até no diálogo com Pedro Oom), o que se duvida, pois cada um deles foi uma parte do outro e não podia porventura ser o que foi sem ela. Sem Cesariny e sem Lisboa, o Surrealismo português teria sido porém “outro”, muito menos autêntico e muito mais estético. O que se perdia em aventura e exaltação ganhava-se em truque e habilidade. A poesia, que no Surrealismo português se elevou altura ímpar, digna da mais alta aventura humana, teria decaído em simples literatura descartável.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | A realidade é que foi como foi. Cesariny, da maneira que pôde ou lhe consentiram, foi um resistente. Bem, mal, assim-assim? Sei das dificuldades que teve, que muitas vezes lhe criaram, já pela hostilidade já, depois, por o querem jungir a um surrealismo que, se fosse como eles determinavam, seria então credor de aplausos e de carinhos…duvidosos. Acresce que Cesariny tinha uma orientação sexual que essa gente tentava fosse a marca da sua totalidade enquanto ser humano/autor. O truque infame é bem conhecido…numa sociedade fideísta e, mais que isso, que se serve do fideísmo, tal qual se serve doutras afins, como arma de repressão e opressão.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | Quais relações podemos encontrar entre Surrealismo e o <i>happening</i>, como já o propusera Ernesto de Sousa em 1969, ao reunir poemas de Almada Negreiros, Mário Cesariny, Herberto Helder e Luiza Neto Jorge? E quais desdobramentos relevantes podemos comentar?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | Se o <i>happening</i> se situar apenas no domínio da arte multimédia, ou mesmo da poesia dita literária, consagrada pela <i>História da Literatura</i>, não me parece que tenha alguma coisa a ver com Surrealismo. Se entrar pelo campo magnético da expansão de fenômenos psíquicos desconhecidos aí o contacto estabelece-se. O teatro ritualístico e mágico de Judith Malina e de Julian Beck parece-me modelar de como o <i>happening</i>, pondo a nu a alma, se pode tornar uma forma de viver em colectivo o Surrealismo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | Não o sei exatamente. Só sei que Cesariny, por várias vezes, me referiu que em Portugal o fenômeno <i>happening</i> corria o risco de acabar por ser uma coisa em estilo Parque Mayer. O que eu pude observar deixou-me muitas vezes com a sensação de que ele, que era um fino observador, percebera que numa sociedade como a nossa se corria sempre o risco de se mergulhar num “melting pot” transversalmente atravessado por um ar eventualmente percorrido por fumos e odores nada salubres.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">FM</span><span class="auto-style8"> | O que o tema Surrealismo significa hoje em Portugal?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">ACF</span><span class="auto-style8"> | Para uns significa criação estética e está por isso confinado a um período limitado que vai da década de 40 à década seguinte (e pouco mais); para outros significa uma porta aberta, que nunca mais se fechou, para metamorfosear o mundo e conhecer sem limites o interior do homem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style10">NS</span><span class="auto-style8"> | Algo que foi e continua a ser, da parte dos seus criadores sem jaça, qualquer coisa de muito luminoso, mau-grado as sombras que lhe tentaram sempre criar na figura. Da parte dos observadores que estabelecem os seus figurinos e as suas indumentárias para o baile social, algo que conviria desaparecesse o mais depressa possível. Apesar de o surrealismo praticamente não contar para nada socialmente, neste país, se pudesse ser exterminado deixaria muitíssimo mais felizes os que sentem no sapatinho essa pedra incómoda.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="negrito">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span class="auto-style8"><br /></span></span></div>
<div class="negrito">
<br /></div>
</td></tr>
<tr><td class="auto-style5" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
<tr><td><center>
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</form>
</center>
</td></tr>
</tbody></table>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
</div>
<div align="center">
</div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-61305458388256561382014-08-25T13:12:00.001-07:002014-08-30T03:43:16.442-07:00SÉRGIO LIMA | Aventuras do surrealismo<div class="TtulodaMatria" style="text-align: center;">
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIP3F3DZcYG_i5IPzxgdKxLR9SpsRQ349TlQuOn6h3gNhW8SWdxleSiZI46OoP2CRMs4yVM_o1CA2Fp2x_9typV4dKBkqK7pWVtemQdziYqFXfatcmYaQ07aUJUeja1Ef2WrYok62_fHqT/s1600/S%C3%A9rgio+Lima.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIP3F3DZcYG_i5IPzxgdKxLR9SpsRQ349TlQuOn6h3gNhW8SWdxleSiZI46OoP2CRMs4yVM_o1CA2Fp2x_9typV4dKBkqK7pWVtemQdziYqFXfatcmYaQ07aUJUeja1Ef2WrYok62_fHqT/s1600/S%C3%A9rgio+Lima.jpg" height="198" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>FM </i></b><i>Qual a tua visão crítica acerca do Surrealismo em relação à sua
influência na cultural ocidental contemporânea?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>SL </b>O Surrealismo permanece como a mais radical contestação da Civilização
Ocidental e seus modernismos (prefiro o termo “Civilização” a Cultura, visto
não ser apenas uma atividade artística e seus similares). Por outro lado, é
inegável – como já se observou em outras ocasiões – que o Surrealismo
influenciou todo um contexto do Amor e da Poesia contemporânea, restituindo,
digamos, uma certa noção do sagrado extra-religioso. Como já frisaram diversas
personalidades do pensamento contemporâneo (Gaston Bachelard, Jules Monnerot,
Georges Bataille, Walter Benjamin, Octavio Paz, Herbert Marcuse, Norman O.
Brown, Kostas Axelos, Juan-Eduardo Cirlot, Nicolas Calas e outros), a busca
espiritual que funda o Surrealismo – “libertação total do espírito e de todos
os meios à sua mão” – é um dos fundamentos da experiência humana e sua
afirmação na época Moderna, o que vale dizer que em outras épocas também houve
tal questionamento, embora sem constituir-se, no entanto, como um movimento
grupal, afora as exceções. Assim, em cadeia com as demais recusas dos continuísmos
modernistas, seu questionamento é absolutamente moderno, como queria Rimbaud, e
sua permanência até à atualidade não deixa de ser uma denúncia flagrante das
diversas minimizações e diluições de que foi alvo. Suas inúmeras influências
falam das deturpações e não de sua perspectiva, de sua direção, de seu vetor
revolucionário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Contrário ao sucesso e aos nacionalismos (e todos os modernismos brasileiros
apoiaram-se em um forte pendor nacionalista, salvo a “Antropofagia”), o
movimento surrealista não se inscreve na seriação dos “ismos” como se vem
pretendendo há um bom tempo nas suas abordagens acadêmicas e historicistas. Se
por um lado podemos constatar o insucesso de seu projeto de transformar o
mundo, aspecto idealista de seu projeto, por outro não se deve calar o quanto
de transformações sua práxis dialética realizou em vários domínios, desde o
pessoal até àqueles dos ditos tabus: a condição do poeta, do artista, da
sexualidade, do social e do psíquico. Com o Surrealismo foram alçadas à
categoria de valor certas práticas até então mal vistas ou desqualificadas: o automatismo
formal e informal; o ditado do desejo e o registro parapsicológico; o
espontâneo e o acaso-objetivo; a <i>collage</i>
e a poesia-objeto; os princípios de magia na operação plástica; a revelação
como condição da poesia; o tão decantado frenesi da imagem e a primazia da
beleza convulsiva; o amor incondicional (amor paixão, amor absoluto, amor
louco, amor sublime) etc. etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>FM </i></b><i>Quais motivos te impulsionaram à realização desta imensa pesquisa que
ora resulta na publicação deste primeiro volume de </i>A aventura surrealista<i>?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>SL </b>Como persistiam as mais variadas malversações do Surrealismo e seu
movimento na historiografia brasileira, resolvi estabelecer um referencial
significativo para eventuais estudos e aproximações que pudessem ocorrer.
Sobretudo subsidiar o aspecto mais grave da questão no Brasil, que é a ausência
de reflexão sobre o Surrealismo e sua afirmação no país, em que pese os ditos
contrários. Reflexão essa que vinha esbarrando nas reiteradas pás de cal já de
uso nos meios de informação (o Surrealismo é, sem dúvida, o movimento no
período moderno que mais avisos de óbito já recebeu, o que aliás continua a se
dar). É ponto pacífico que tal recenseamento não visa a entronização do
Surrealismo no escaninho dos gêneros literários ou outras compartimentações do
oficial, mas sim o acesso a seu repertório de provocações e feitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O levantamento documental da história e percurso, subterrâneo em geral,
no cenário brasileiro, fez-me deparar com os prejuízos que aqui se instituíram
– da metade dos anos 20 para cá. Ao contrário do que rezam as crônicas
oficiais, a presença marcante de obras do Movimento no Brasil provocou uma
primeira dilatação do projeto inicial, ao qual vinha se somar a necessidade de
incluir um critério de prospecção e de exposição objetiva dos seus feitos e
fatos. A ausência de reflexões aprofundadas sobre sua vigência no país (um dos
artifícios do seu religioso encobrimento), implicou, por sua vez, em
acrescentar as coordenadas principais de sua constituição como movimento e
posição: o que veio a ser esse primeiro volume (tomo 1) de <i>A aventura surrealista</i>. As poucas referências brasileiras no
capítulo das coordenadas, ou vertentes formadoras da concepção do Surrealismo
decorre, portanto, do que acabamos de afirmar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Já os tomos 2 e 3 são propriamente a Cronologia Essencial do Surrealismo
no Brasil, ano a ano, dos 20 até 1992 – fatos que estão pautados com
comentários críticos e que vêm dispostos, face a face, com quadro sincrônico
internacional do Movimento (com destaque para América Latina, Espanha, Portugal
e Estados Unidos). A ênfase no caráter documental e sua exposição cronológica,
preenchendo as lacunas de referências existentes, resultou em uma longa
extensão, pela própria natureza de suas incidências e pertinências. Além do
mais, a montagem sincrônica e espacial (datas, fatos e obras) pretende situar
historicamente os diversos eventos e seus respectivos contextos, deixando de se
abordar o Brasil como um recorte regionalista, nacionalista e isolado de tudo
que medrou e se inter-relacionou com as nossas figuras neste século. Assim, o
quadro sincrônico e as reproduções, texto e visual, funcionarão como ilustração
ao ininterrupto fluir da datação brasileira exposta, a qual se estende
regularmente, visto que acompanhamos as etapas de todos os diversos autores
referentes do movimento do Surrealismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como é sabido, certos autores, se bem que identificados ao Movimento e
mesmo fazendo recurso a certas de suas reivindicações, nem por isso
vincularam-se à sua militância (grupal e polêmica). Assim, tanto no Brasil
quanto no exterior, temos no Surrealismo as participações grupais e as
singulares. Estabelecemos como método três casos distintamente abordados: os
autores do Surrealismo (grupais e singulares); os autores com ligação com o
movimento, mas não participantes de seu espírito; e determinados autores que,
mesmo contrários ao movimento, cometeram obras singulares e às quais o
Surrealismo reivindica sua pertinência. Tal critério explicita ao mesmo tempo
que o Surrealismo não é um clube fechado e nem uma seita ou igreja, muito
embora não deixe de ser uma sociedade secreta ou bando de cavaleiros com a
mesma direção, a mesma busca, o mesmo ideal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>FM </i></b><i>Em texto que abre o segundo volume de </i>A aventura
surrealista<i> há uma clara referência à
“distorção e o consequente sequestro sofrido pelos Manifestos do Surrealismo,
por parte das elites do pensamento e das artes, no modernismo brasileiro”.
Lembro também que o título de uma conferência tua na Espanha (em abril de 1994)
era exatamente “O surrealismo no Brasil: a construção interessada de uma
ausência”. Poderias aclarar um pouco a respeito desse ocultamento intencional?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>SL </b>É notório o consenso de que “não houve” o movimento do Surrealismo no
Brasil por parte da crítica oficial. De Tristão de Athayde a Afrânio Coutinho,
de Antônio Cândido a outros historiadores mais recentes. Porém os fatos dizem justamente
o contrário: não só houve obras e publicações e mesmo atividades coletivas nos
anos 20 (além da presença e das atividades e dos escritos de Benjamin Péret, de
<st1:metricconverter productid="1929 a" w:st="on">1929 a</st1:metricconverter>
1931, junto à “Antropofagia” e ao Mário Pedrosa, ao Osório César e ao Flávio de
Carvalho), como também episódios de relevo nos anos 30 e 40 (apesar da
hegemonia totalitária do stalinismo e do realismo-socialista, do regionalismo e
da arte engajada), como também toda a efervescência dos 50 e a formação do
primeiro grupo do movimento no Brasil, de <st1:metricconverter productid="1965 a" w:st="on">1965 a</st1:metricconverter> 1969. Fatos que
continuaram a se suceder, até o atual grupo surrealista de São
Paulo/Fortaleza/Porto Alegre, com 12 artistas e escritores militantes, fundado
em 1991.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Da mesma forma que à recepção de Péret implicam um antes e um depois, o
mesmo vale para as atuações de Flávio de Carvalho ou Maria Martins ou Aníbal
Machado ou Murilo Mendes. Contudo, a documentação histórica e fatual também
comprova uma resistência quase feroz por parte dos chefes-de-fila dos modernismos
brasileiros, sob a bandeira do nacionalismo e da “identidade nacional” (Mário
de Andrade), ou do tradicionalismo-regionalista (Gilberto Freyre) e seus
ufanismos e suas xenofobias explícitas. Bandeira nacionalista que encobriu
diversos aspectos da política brasileira e que tem se pautado ao longo deste
século por uma discutível auto-suficiência e “originalidade” bem próxima do
racismo vigente (encobriu, por exemplo, as diferenças da pluralidade brasileira
e desqualificou a mestiçagem como contribuição inovadora, substituindo-a pelo
famoso “sincretismo” etno-religioso).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O silêncio sobre o Surrealismo e sua presença no Brasil é complexo de se
aclarar, não só pela sedimentação da desinformação intencional ao longo destas
últimas seis décadas, como ainda pelas relações íntimas que entretêm com a face
política de “oposição de esquerda” e do empenho revolucionário e libertário,
além de incluir nomes literalmente riscados de revisões críticas. Muito embora
o Surrealismo, ao contrário dos vanguardismos, tenha primado por sucessivas revisões
críticas e correções de rumo, em uma atualização permanente frente à realidade
em que opera – tal não acontecendo com a historiografia crítica no Brasil,
neste caso, ainda pendente de preconceitos e injustiças que se
institucionalizaram, em prol de interesses e posições políticas bastante
discutíveis. A base política do encobrimento por que tem passado a
marginalização do Surrealismo no Brasil (além de sua postura à margem, como é
sabido), configura-se em um processo explícito de sequestro – similar ao que
propiciou a exclusão do Barroco dos sistemas literários de maior aceitação em
nosso país: fora também uma questão de nacionalismo. Nacionalismo que permitiu
e permite, conforme o artigo “Uma palavra instável”, do Prof. Antônio Cândido,
recentemente publicado na <i>Folha de São
Paulo</i> (27/08/95), avançar que “hoje nacionalismo é pelo menos uma
estratégia indispensável de defesa, porque é na escala da nação que temos de
lutar contra a absorção econômica do imperialismo”, ou, citando o mesmo autor,
“consagrando a palavra ‘nacionalismo’ como algo progressista, tanto na busca de
uma cultura vinculada ao povo, quanto na politização da inteligência e da
arte”. Ora, como se sabe muito bem, todos os vanguardismos foram progressistas,
e logo se transformaram em regionalismos nacionalistas, ao passo que o
Surrealismo assume por definição a crítica do(s) modernismo(s) e seu
continuísmo, seu <i>progressismo</i> – posição
esta muito clara e imediatamente percebida pelos modernistas brasileiros que
logo irão aderir ao nacionalismo e, na década seguinte, ao regime ditatorial
e/ou populismo. Observa ainda Antônio Cândido, “a palavra ‘nacionalismo’ foi
ma</span><span style="text-indent: 14.2pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">is do que nunca um rótulo querido pelas concepções tradicionalistas e
conservadoras”. Como se pode ver, o nacionalismo tem longa duração nas áreas do
poder e do pensamento brasileiros. Porém, é inequívoco que a discussão do
Surrealismo ou da Oposição Comunista e do trotskismo no Brasil insere-se na
discussão da oposição ao nacionalismo e seu auge verde-amarelo. O silêncio que
pesa sobre estas oposições é o da “ordem e progresso”.</span></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1988]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="TtulodaMatria">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Entrevista
incluída no livro <i>O Começo da Busca - O
surrealismo na poesia da América Latina</i>, de Floriano Martins (São Paulo:
Escrituras Editora, 2001).]</span></span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> <o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-40066076325959719882014-08-25T12:34:00.003-07:002014-08-30T03:43:51.284-07:00FRANCISCO MADARIAGA | Uma breve conversa<div align="center" class="MsoHeading9" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO_S2q6tUOEWek8aUuJ0QhdFtt-5j-G5gKJbI0dv7mUlboMj3TCbjD58entWxzU9HDJDnEAn4axscEyqyHTVwF3k_U7v_cQPTs109qHo7pI_ZsXdVxazCoS4fVW7pi23W0yd71ukmYAHhH/s1600/Francisco+Madariaga.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO_S2q6tUOEWek8aUuJ0QhdFtt-5j-G5gKJbI0dv7mUlboMj3TCbjD58entWxzU9HDJDnEAn4axscEyqyHTVwF3k_U7v_cQPTs109qHo7pI_ZsXdVxazCoS4fVW7pi23W0yd71ukmYAHhH/s1600/Francisco+Madariaga.JPG" height="149" width="200" /></a></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Conhecimento do mundo, ordenação do espírito (“sou aquele que
possui os desejos do zelo da terra”), experiência da experiência, duelo com o
indizível, caudal de evocações… De que nos fala a poesia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– A poesia eclode do fundo solar do poeta e projeta-se diretamente nas
ventarolas da consciência e no coração dos homens. Não recolhe impurezas em seu
caminho, como a prosa; tudo sai por inteiro e a um só tempo, inclusive a
história, na imagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Se pensarmos em nomes tão distantes entre si, como Leopoldo
Marechal, Jorge Luis Borges, Oliverio Girondo, Leopoldo Lugones, teríamos aí
algumas de suas influências?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Conheci e fui muito amigo de Oliverio Girondo, o maior poeta deste
país e um dos enormes poetas latino-americanos. Não creio haver tido nenhuma
influência dele, e muito menos de Marechal, Lugones e Borges… Os poetas de
todos os tempos, desde Hesíodo, mesclaram-se com a minha natureza e os homens
pânicos de Corrientes, e eu sou apenas um peão do planeta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Corrientes é o ponto de partida de tua poesia. Como disse Juan
Antonio Vasco, no prefácio de uma antologia tua publicada na Venezuela em 1983,
tornaste Corrientes o “centro de tua própria universalidade autêntica”. Achas
possível pensar o poema como criação da comunidade, fusão entre realidade e
imaginário de uma coletividade? Acreditas que tenhas realizado tal fusão?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Corrientes é um cosmos, qualquer outra palavra sobre isto terá que ser
buscada em meus poemas, se de mim se trata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – O que significou, no quadro geral de tua obra, tua passagem pelo
Surrealismo? Até que ponto o Surrealismo – no que pese o fato de que o grupo
formado por Aldo Pellegrini tenha tido um caráter precursor em toda a extensão
do idioma – alterou o cenário da poesia argentina?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– A grande tentativa de liberdade, amor, purificação e rebeldia do
Surrealismo, seu grande salto ao amor (e por amor), deixaram, sim, muitas
trilhas <st1:personname productid="em mim. Fui" w:st="on">em mim. Fui</st1:personname>
um aliado leal do Surrealismo que, já o sabemos, na América se encontra em
estado natural. A escrita automática me foi ordenada pelas almas e as fadas de
Corrientes, e, repito, fui apenas o peão do planeta diante dessas ordens. Aldo
Pellegrini, não se pode esquecer, fez muitíssimo pela verdadeira poesia na
América Latina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Eis o fragmento de um ensaio de Octavio Paz sobre Castañeda: “as
drogas, as práticas ascéticas e os exercícios de meditação não são fins mas sim
meios. Se o meio se torna fim, converte-se em agente de destruição. O resultado
não é a liberação interior, mas sim a escravidão, a loucura e não a sabedoria,
a degradação e não a visão. Isto é o que tem ocorrido nos últimos anos. As drogas
alucinógenas têm se tornado potências destrutivas porque têm sido arrancadas de
seu contexto teológico e ritual.” O que pensa a este respeito? Alguma vez
recorreste às drogas na feitura de teus poemas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Estou de acordo com o fragmento de Paz sobre as drogas. As únicas
drogas que tenho conhecido são as que exalam os grandes rios, pântanos, lagoas
e palmeirais de Corrientes, vapores com cheiro de serpentes e sáurios e cavalos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM <i>– Em teu livro </i>Resplandor
de mis bárbaras<i> (1985) há uma citação de
Baudelaire: “Deus é o único ser que para reinar não tem necessidade de
existir”. Qual é o teu Deus?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Meu Deus é o DEUS RAS… do horizonte, entre o céu, a terra e a água.
Somente a ele me recomendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Tiveste algum contato com a poesia de Jacobo Fijman? O conheceste
pessoalmente? Poderia nos falar dele, de até que ponto teria sido injustiçado
dentro do panorama geral da poesia argentina (penso, por exemplo, no caso de
Juan Ortiz)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Conheço a obra de Fijman, é válida sua inserção no panorama poético
argentino. Quanto a Juan L. Ortiz, foi um grande e verdadeiro poeta. Também fui
seu amigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Mário Benedetti declarou certa vez que as ditaduras instaladas ao
longo do continente americano seriam o fator determinante do isolamento
cultural aí encontrado. Concordarias com ele ou acaso seriam outras as razões
de tal isolamento (que ainda hoje persiste)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Teríamos talvez que convocar as almas de Bernardo de Monteagudo, na
Argentina, e as de Simón Bolívar. Talvez elas pudessem definitivamente nos dar
uma luz sobre as causas do isolamento em geral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent2" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Gostarias de falar sobre a situação da atual poesia argentina?
Penso em uma verdadeira avalanche de nomes: Roberto Juarroz, Leónidas
Lamborghini, Santiago Perednik, Victor Redondo, Hugo Pedaletti, Arturo Carrera,
Nahuel Santana, Néstor Perlongher etc. Quais, a teu ver, as mudanças ocorridas
na poesia argentina após os ventos fortes do Surrealismo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM </b>– Enrique Molina, Edgar Bayley, Olga Orozco, Hugo Gola e outros, estão
em plena e elevada maturidade. Estou de acordo com que recordes, por exemplo,
Victor Redondo e Arturo Carrera – eu acrescentaria outros, como Daniel
Freidemberg e Diana Bellessi, e muitos outros jovens que caminham muito bem, e
que são poetas.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1987]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Entrevista
incluída no livro <i>O Começo da Busca - O
surrealismo na poesia da América Latina</i>, de Floriano Martins (São Paulo:
Escrituras Editora, 2001).]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-60689564024620944332014-08-25T12:22:00.001-07:002014-08-30T03:44:25.283-07:00ÁNGEL PARIENTE | Sobre surrealismo<h2 style="text-align: center;">
<br /></h2>
<div>
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="color: #990000; font-size: large;"><br /></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3OqcDFRPQS1nHLixgVTgTV0vL-IXC-sRBinXvlgens-Ew79w1_b0p2NBgYr2NYX3kkOyHTEIt1aXQ0OCsfcNUrVg_AmgYY18S47vKRyGxYeS668lj16M9CPOuNnDmb1DLQeBGXR-99r59/s1600/%C3%81ngel+Pariente.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3OqcDFRPQS1nHLixgVTgTV0vL-IXC-sRBinXvlgens-Ew79w1_b0p2NBgYr2NYX3kkOyHTEIt1aXQ0OCsfcNUrVg_AmgYY18S47vKRyGxYeS668lj16M9CPOuNnDmb1DLQeBGXR-99r59/s1600/%C3%81ngel+Pariente.jpeg" height="167" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Sua estreia na poesia se deu
aos 31 anos de idade e, no ensaio, aos 44 anos. Há alguma razão específica para
tal fato?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Penso que se trata de um problema de ritmo vital. Os livros vão se
escrevendo lentamente e, em algum momento, estão prontos. Às vezes são mais de
um, como no caso de Góngora, pois investigando o poeta barroco surgiu um estudo
sobre sua obra, uma edição de escritos e uma antologia da poesia culterana.
Três livros crescendo a um só tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ainda que não pareça, a <i>Antología
de la poesía surrealista</i> me levou dez anos, talvez mais, ainda que intermitentemente.
Ainda agitam a cauda alguns projetos à sombra do surrealismo e nestes dias
estou começando a traduzir panfletos, proclamas e outros escritos surrealistas
que agruparei com o título <i>Razonado desorden
(Textos surrealistas)</i>. Digo que estou traduzindo, mas também recolherei
textos escritos em espanhol por Pellegrini, Dalí etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não me preocupa a escritura, mesmo que não possa viver sem escrever.
Digo escrever, não publicar. Minha poesia – boa ou má – cresce lentamente e
publico apenas algo do que escrevo. Algumas vezes por capricho, e outras pela
insistência de alguns amigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Reconhece uma poética em sua
poesia?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Não sei se a tenho. Suponho que sim, mas, em todo caso, espero que
meu hipócrita leitor possa intuí-la (mas não a entenda de todo) ao ler meus poemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Para o poeta Enrique Molina</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Molina, Enrique"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i> “não há conhecimento mais verdadeiro que o da
experiência direta”, e conclui: “o mundo sempre está se entregando a todo
aquele que esteja disposto a pagar-lhe em paixão e crueldade”. A poesia é forma
de conhecimento? Ou, ainda citando o poeta argentino, “a mais desesperada
tentativa de salvação de uma conduta existencial”?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – A poesia é uma forma de conhecimento? Uma paixão do conhecimento,
como escreveu Vicente Aleixandre? É, suponho, uma proposta de marginalização
ante uma sociedade imposta, feliz em todos os seus momentos e ansiosamente
obsecada em seus esquecimentos. Todos os indivíduos, todas as sociedades
(inclusive as mais miseráveis, a partir de seu ponto de vista material), são
felizes ou esperam sê-lo. O poeta tem que marginalizar-se para ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Stefan Baciu, <st1:personname productid="em sua Antolog■a" w:st="on">em sua <span style="font-style: normal;">Antología</span></st1:personname><span style="font-style: normal;"> de la poesía surrealista latinoamericana</span>
(Ediciones Universitarias de Valparaíso. Chile. 1981), estabelece uma distinção
necessária entre aqueles poetas que eram de fato surrealistas – Aldo
Pellegrini, Braulio Arenas, César Moro etc. – e os que eram apenas tocados pelo
surrealismo, que ele chamava de surrealizantes – Federico García Lorca, Rafael
Alberti, Pablo Neruda, Vicente Aleixandre etc. Observa ainda que “esta mistura
permanente do surrealista com o surrealizante é um dos perigos que enfrentam a
literatura e a história literária, e a confusão tem sido tão grande que se
organizam listas, livros e até antologias com surrealistas que, na realidade, são
surrealizantes, e mesmo assim somente até certa época”. O que você pensa acerca
de tal distinção?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Fujamos dos historiadores da literatura. Envelhecem com cada
geração e seus juízos valem menos que promessa de político. Daí excluo minha
modesta entrada materializada em alguns ensaios, entre os quais se conta a <i>Antología de la poesía surrealista</i>, em
língua espanhola, que agora nos ocupa. Não sou professor, nem vivo esse mundo
de catalogações e fichas. Sou – ou pretendo ser, daí minha exclusão – um poeta,
ávido leitor, que pretende fixar suas obsessões literárias. Por fim, estudo o
que me agrada e me encontro totalmente alheio, por minha profissão e minha
vontade, à burocracia do ensino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tudo isto vem como cotejo à distinção de Stefan Baciu sobre poetas surrealistas
ou surrealizantes. O livro de Baciu é estimável mas esta afirmação está, a meu
ver, fora de lugar. Não conheço a edição chilena de 1981 que você me cita, já
que consultei a mexicana de 1974 e talvez este acerto tenha sido matizado. Se
se aplicar, por exemplo, este critério a outras escolas ou movimentos
literários de épocas precedentes, notar-se-ia então a debilidade do raciocínio.
Pensemos no romantismo, desde o aparecimento de <i>Lyrical ballads</i>, em 1798, e nas escolas românticas na Alemanha, França
e, não nos esqueçamos, Espanha e América. Hoje é difícil distinguir os
“romantizantes”. Como é difícil distinguir, segundo a divisão de Baciu, o poeta
surrealista do surrealizante, pelo menos tal como nos é apresentada. Estamos
seguros de que Octavio Paz é um poeta surrealista – já que não somente o
próprio Baciu o inclui em sua antologia mas que também se encontra nas antologias
do surrealismo francês –, e que são surrealizantes Lorca, Alberti e Aleixandre?
<i><span lang="ES">Poeta en Nueva York</span></i><span lang="ES">, <i>Sobre los ángeles</i> e <i>Pasión de la tierra</i> são surrealizantes e
<i>¿Águila o sol?</i> ou <i>Vuelta</i> surrealistas? </span>Temo que esta distinção se faça porque se está tendo em conta outros
livros destes poetas; possivelmente os romances gitanos de Lorca e a poesia
política de Alberti, que efetivamente não são surrealistas. Porém este critério
nos levaria a excluir do surrealismo os iniciadores deste movimento na França,
como Louis Aragón, Paul Éluard e um longo etc., por causa de <i>Le musée grévin</i> ou <i>Poèmes politiques</i>. Sejamos prudentes e tentemos excluir os
partidarismos. Aragon, Éluard, são surrealistas em <i>Une vague de rèves</i>, <i>Le pausan
de Paris</i>, <i>Capitale de la douleur</i>
e <i>L’amour la poèsie</i>, e não o são em <i>Les communistes</i>, <i>La diane française</i> e <i>Une
leçon de morale</i>, da mesma forma que o são Lorca, Alberti, Cernuda,
Aleixandre e Neruda em <i>Poeta en</i> <i>Nueva York</i>, <i>Sobre los ángeles</i>, <i>Un río, un
amor</i> e <i>Residencia en la tierra</i> e
não o são em <i>Romancero gitano</i>, <i>De un momento a otro</i>, <i>Desolación de la quimera</i>, <i>Historia del corazón</i> e <i>Las uvas y el viento</i>. Mas se se trata de
mesclar a política com a literatura, perfeitamente normal por outro lado, a
mesma balança deveria ser utilizada para pesar a “Oda a Stalin”, de Neruda, e
os louvores à Junta Militar chilena, de Braulio Arenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Quais os critérios adotados
na feitura desta sua antologia? Por exemplo: Enrique Gómez-Correa, Francisco
Madariaga</i><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:normal'><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "</span></i><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'>Madariaga, Francisco"<i style='mso-bidi-font-style:normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span><span
style='mso-spacerun:yes'> </span>VARINDREM "</span></i><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'>Francisco Madariaga, Francisco"<i style='mso-bidi-font-style:normal'>
</i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, Teófilo Cid</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Cid, Teófilo"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, que são poetas essencialmente
surrealistas, estão fora da antologia, enquanto outros que tiveram importância
menor dentro do quadro geral do surrealismo, tais como Camilo José Cela</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Cela, Camilo José"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, Leopoldo Panero</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Panero, Leopoldo"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i> e Juan Sierra</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Sierra, Juan"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, estão ali presentes.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Sobre os critérios para selecionar os textos e autores da antologia,
queria dizer que, além da adscrição literária que dá título ao volume,
tencionei – e não sei se consegui – selecionar os poemas de mais qualidade e só
então, finalmente os agrupei por autores. O livro pretende antologar poesias
surrealistas e somente em segundo termo apresenta-se como uma antologia de
autores. É por isto que a extensão que ocupa cada poeta dentro do livro não deve
ser entendida como uma hierarquia de valores literários. É, ou pretende ser,
repito, uma reunião de poesias surrealistas, e não de autores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Que poeta teria representado
o papel de precursor do Surrealismo na Espanha?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Em sentido estrito é difícil falar de precursores do surrealismo.
Os surrealistas, como os românticos, não nascem já na cúspide de sua perfeição
e há um longo caminho balizado de referências culturais; mas não só destas. O
poeta surrealista é devedor de um grupo numeroso de pessoas que, de alguma
forma, estiveram em conflito com seu meio. Em meu livro chamo de “ancestros” os
homens e mulheres aos quais os surrealistas franceses foram especialmente
devotos (e não sei se a palavra <i>devotos</i>
é a apropriada): Rimbaud, Lewis Carrol, Baudelaire, Lautréamont, Sade, Apollinaire,
Nerval, são alguns deles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De qualquer maneira, não há nenhuma dúvida de que antes de 1924 o
embrião que conduz ao surrealismo teve um nome: Dadá. Na Espanha, o
criacionismo ou o ultraísmo merecem figurar como o primeiro motor da futura
revolução literária. Se no movimento Dadá figuram Tzara, Breton e Aragón, no
criacionismo e no ultraísmo estiveram Vicente Huidobro e Gerardo Diego, como
aproximações marginais do primeiro Alberti. Outros nomes presentes no ultraísmo
e que posteriormente encontraram outra forma de expressão, talvez convenha
citá-los agora: Jorge Luis Borges, José Rivas Panedas, César A. Comet,
Guillermo de Torre, Isaac del Vando Villar, Eliodoro Puche,
ultraístas/criacionistas americanos e espanhóis, unidos pelo idioma em uma
mesma aventura cultural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Que características
diferenciariam o Surrealismo espanhol do americano?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Não me atrevo a opinar sobre as diferenças entre um e outro. São
mais notórios os traços comuns que os diferenciais. Talvez os poetas americanos
(Moro, Westphalen, Pellegrini etc.) tenham sido mais audaciosos, mais
revolucionários, na busca de uma linguagem poética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Na seleção de poemas do
chileno Vicente Huidobro e do peruano César Vallejo, você não incluiu textos de
</i>Altazor<i> e </i>Trilce<i>, que são, respectivamente, suas obras de
maior importância no que se refere à renovação da linguagem poética. Há algum
motivo em especial?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – A não inclusão de <i>Altazor</i>,
de Huidobro, <st1:personname productid="em minha Antologia" w:st="on">em minha
Antologia</st1:personname> surrealista, foi decisão de última hora. Por
problemas de edição não era possível incluir o poema inteiro e eu resistia a
selecionar um fragmento de um texto tão difícil de fracionar. Talvez estas
vacilações devessem ter sido expostas no livro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Minha opinião é que <i>Trilce</i>, de
César Vallejo, da mesma forma que <i>Manual
de espuma</i>, de Gerardo Diego, não são surrealistas. No caso do segundo
livro, faz parte desse grupo de publicações que hoje conhecemos com o nome de
Dadá, ultraísmo ou criacionismo e que, em rigor, pertencem a outra época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Você incluiu </i>Cinco metros de poemas<i>, do peruano
Carlos Oquendo de Amat</i><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "</span></i><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'>Amat, Carlos Oquendo de"<i style='mso-bidi-font-style:normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, em uma lista de livros, ao lado
de </i>Pasión de la tierra<i>, </i>Poeta en Nueva York<i>, </i>Altazor<i> etc., que teriam revolucionado a poesia
espanhola – segundo texto de contracapa da antologia. Quais critérios foram
adotados para a configuração de tal lista? Poderia nos falar um pouco mais a
respeito destes livros? Acaso </i>En la masmédula<i>, do argentino Oliverio Girondo</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Girondo, Oliverio"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, não deveria ser incluído como
um dos principais livros n a poesia de língua espanhola?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Não intervi na confecção do texto onde se relacionam os livros
“destinados a revolucionar a poesia espanhola”. Este texto da capa do livro foi
preparado pela editora, ainda que recolha minhas opiniões sobre a poesia
escrita em espanhol em finais dos anos vinte e princípios da década seguinte. O
livro de Oliverio Girondo<!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Girondo, Oliverio"
</span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:10.0pt;
font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, <i>En la masmédula</i>, cujas poesias recolho
em minha antologia, foi publicado no ano de 1954 e fica fora da relação de sete
títulos por razões cronológicas. Sem fazer agora aborrecidas análises comparativas,
quero dizer que a influência de <i>Altazor</i>,
<i>Poeta en Nueva York</i>, <i>Sobre los ángeles</i>, <i>Residencia en la tierra</i>, foi considerável. Livros lidos por várias
gerações de poetas na Espanha e na América. Talvez a influência de <i>Cinco metros de poemas</i> seja menos
visível, mas este texto singular de um poeta raro e maldito tem mais
continuadores do que supomos. <i>En la
masmédula</i> é um grande livro, mas sua influência foi consideravelmente menor
por ter sido publicado fora de seu tempo. Isto é o que eu acho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Você incluiu Pablo Neruda</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Neruda, Pablo"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i> em tua antologia. Isto me faz lembrar o fato
de que Breton</i><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "</span></i><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'>Breton, André"<i style='mso-bidi-font-style:normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i> o repudiava. Certa vez comentou que o poeta
chileno costumava exagerar a narração de suas perseguições políticas “para o
uso de certa propaganda”, afirmando que este fato seria suficiente para
“desqualificá-lo do ponto de vista surrealista”.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Quem tem dúvidas de que <i>Residencia
en la tierra</i> bebeu da fonte surrealista? O surrealismo é um grupo, escola,
facção, ou como quer que seja chamado, contraditório, e é esta, talvez, uma de
suas muitas virtudes. O surrealismo é liberdade e como tal há que ser
entendido, e estaria espartilhado com um programa prévio. Nem sequer Breton<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Breton,
André" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> deve ser seguido ao pé da letra. Se Breton
pensou que Neruda<!--[if supportFields]><span style='font-size:10.0pt;
font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Neruda, Pablo" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> exagerava suas perseguições
políticas e este fato o desqualificava do ponto de vista surrealista, não se
pode duvidar que Paul Éluard<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Éluard,
Paul" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Louis Aragon<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Aragon,
Louis" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Antonin
Artaud<!--[if supportFields]><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "Artaud, Antonin" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Philippe Soupault<!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Soupault,
Philippe" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Jacques Prévert<!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Prévert, Jacques" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Ribemont-Dessaignes e Robert Desnos<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Desnos,
Robert" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> não formem parte do surrealismo por sua
militância política ou por outras causas. Estes aspectos contraditórios do
surrealismo e do próprio Breton constituem sua idiossincrasia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – O escândalo era uma das
grandes armas surrealistas. Quais algumas das intervenções escandalosas mais
célebres dos surrealistas espanhóis?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Os surrealistas espanhóis não foram promotores de escândalos.
Talvez por excesso de escrúpulos, coisa que na Espanha dos anos 30 era difícil
de romper. Alguns deles, conto em meu livro. Recordemos este protagonizado por
Buñuel<!--[if supportFields]><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "Buñuel, Luis" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> e Lorca<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Lorca,
Federico García" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i>Barbeados e maquilados cuidadosamente, entravam nos
ônibus de Madrid disfarçados de monjas na hora de maior afluência. Olhares
insinuantes e apertões provocados semeavam o desconcerto, talvez o pânico,
entre os passageiros masculinos. Buñuel explicava esta ação como fruto de uma
campanha anticlerical de fabricação própria, minuciosamente preparada.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como fato verídico narra-o um de seus protagonistas. Depois de 1936 os
escândalos, se acaso existiram, passariam despercebidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Em relação ao Surrealismo, o
que viria acrescentar o </i>postismo<i>, de Carlos Edmundo de Ory</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Ory, Carlos Edmundo de"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, Eduardo Chicharro</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Chicharro, Eduardo"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i> e Silvano Sernesi</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Sernesi, Silvano"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – O <i>postismo</i> foi um
movimento estranho no panorama literário da Espanha do pós-guerra. A sordidez
mental, para não falar também de torpezas materiais, não ajudava à consolidação
de escolas cujo mérito principal era a busca do novo. <st1:personname productid="Em uma Espanha" w:st="on">Em uma Espanha</st1:personname> obrigada a
recordar seu passado imperial como antídoto para esquecer um presente, com uma
censura férrea, uma literatura cuja premissa principal era a provocação e o
escândalo – ainda que fossem apenas literários –, não encontrava nenhuma
possibilidade de expressar-se. Foi uma ação testemunhal, uma ilha de vegetação
exótica e espontânea, rodeada por um mar sulcado por couraçados e mercantes.
Restam do <i>postismo</i> seus poemas e a
figura, hoje patriarcal e marginalizada, de Carlos Edmundo de Ory<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Ory,
Carlos Edmundo de" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>FM – Há dois livros seus de
estudos sobre a obra de Luis de Góngora</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Góngora, Luis de"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>. De onde vem este seu interesse
pelo poeta das </i>Soledades<i>, o
poeta da “metáfora ao quadrado”, segundo o cubano Severo Sarduy</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
VARINDREM "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial'>Sarduy, Severo"<i style='mso-bidi-font-style:
normal'> </i></span><![endif]--><!--[if supportFields]><i style='mso-bidi-font-style:
normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – A paixão por Góngora<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Góngora,
Luis de" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> é uma paixão de juventude. E eu já a estou
vendo da distância dos anos. Góngora é um “poeta da transgressão”. Como não
admirar-lhe dentro deste nosso ordenado século XX? Há no poeta culterano a
decisão de escrever construindo uma língua poética, e isto é, de algum modo, o
que aspiramos todos os poetas. Juan Larrea<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> VARINDREM "Larrea,
Juan" </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, o
surrealista espanhol, escreveu: “o gongorismo […] cuja obscuridade nasce de um
desejo de distinção e não de uma emoção”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Concorda, para finalizarmos,
com Borges, ao dizer que “a página da perfeição, a pagina onde nenhuma palavra
pode ser alterada sem dano, é a mais precária de todas”?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AP – Não estou de
acordo. Ou, pelo menos, creio que essa página perfeita não o é nunca para seu
autor. Por outro lado não sei muito bem o que quer dizer Borges com a palavra
“precário” neste contexto. Talvez se trate de um gracejo ou o reverso do verso
de Keats: “A thing of beauty is a joy for ever”, mesmo que razoável de forma bastante
livre.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1985]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Entrevista
incluída no livro <i>O Começo da Busca - O
surrealismo na poesia da América Latina</i>, de Floriano Martins (São Paulo:
Escrituras Editora, 2001).]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-91622970206104348962014-08-25T12:07:00.000-07:002014-08-30T03:45:16.934-07:00ROBERTO PIVA | O banquete do poeta<h5 style="text-align: center;">
<br /></h5>
<div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jt2icmxXDIWEKWLJvJRPyE1eJA_I27M00NlcdeAA3ZhbOWjVSxbrYokB6AiDhvKg6zkkoTEOPNV681MLaDLcHMguolQk2CY3uB6IE30b2JerdrZ3g_WBslqbnhFl76rCx0jEs-b5VKCI/s1600/Roberto+Piva.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jt2icmxXDIWEKWLJvJRPyE1eJA_I27M00NlcdeAA3ZhbOWjVSxbrYokB6AiDhvKg6zkkoTEOPNV681MLaDLcHMguolQk2CY3uB6IE30b2JerdrZ3g_WBslqbnhFl76rCx0jEs-b5VKCI/s1600/Roberto+Piva.jpg" height="124" width="200" /></a></div>
<h5>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Durante os anos de <st1:metricconverter productid="1959 a" w:st="on">1959
a</st1:metricconverter> 1961, você participou de um curso sobre a </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;"><i>Divina Comédia</i></span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">, curso este
ministrado por Edoardo Bizzarri, no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro. Dante
teria sido a porta de entrada para a sua poesia?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Eu não tinha nenhum interesse em ser poeta. Eu
queria ser gangster. Então eu andava pelas ruas de São Paulo, armado de
revólver, com capa, imitando os filmes de gangster americanos, Humphrey Bogart
etc. O problema é que eu não consegui ser gangster. Então acabei escrevendo
poesia, que é uma forma de incentivar ao gangsterismo. Este curso sobre a <i>Divina Comédia</i> foi dado pelo então adido
cultural da Itália no Brasil, e ali comentamos e discutimos os três livros de
Dante (Inferno, Purgatório e Paraíso), um ano para cada livro. Eu acompanhei os
três anos. O que aconteceu é que Dante, como todo verdadeiro poeta, era um
nômade. Foi expulso da cidadezinha dele, entrou em choque com todos os poderes
constituídos de sua cidade, com o tipo de governo que havia lá, e passou a vida
como nômade, cada hora na corte de um nobre daqueles que lhe dava guarida. Eu
também me sentia muito nômade, e havia uma grande identificação minha com todos
os personagens de Dante. Eu talvez não seja nada mais do que um personagem do
Inferno de Dante, que saltou fora da obra para deixar a realidade em completa
desordem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Em entrevista que fiz ao Claudio Willer, ele me falou de certas leituras
de Heidegger que vocês faziam na casa do Vicente Ferreira da Silva.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">O Vicente foi o único filósofo original que teve o
Brasil. Era um cara que levava, não literariamente, não vegetarianamente, a proposição
do Oswald de Andrade, de antropofagia. Para ele, antropofagia era antropofagia
mesmo. Não era essa coisa literária, pasteurizada, que esses professores de
literatura estão tentando fazer. Para ele, era devorar o outro, era comer o
outro, comer, matar e comer. Ele achava que isto era o fundamental, porque ele
era um filósofo dionisíaco, um filósofo do delírio. Como as Bacantes, tem que
chegar lá e arrancar, matar os Penteus e devorar. Tem que ser devorado, que ser
estuprado. Vicente lia ao pé da letra a antropofagia, e era um amigo íntimo do
Oswald de Andrade. Daí que foram leituras e discussões de Heidegger e outros
filósofos, outros autores, envolvendo muita gente, porque a casa do Vicente era
um espaço cosmopolita, onde caras do mundo inteiro frequentavam, desde o
Guimarães Rosa, passando por físicos italianos, poetas franceses, críticos
americanos etc. Daí que eu acho que 99,9% dos poetas brasileiros são altamente
provincianos. Provavelmente o único poeta brasileiro não provinciano foi o
Murilo Mendes, dotado de uma visão internacional, geral, cosmopolita. Por isto
que a minha grande influência poética no Brasil é o Murilo Mendes, e isto em
todos os sentidos, porque eu vinha de uma escola que era a mesma do Vicente
Ferreira da Silva, e a minha própria formação, sempre em contato com pessoas de
várias nacionalidades, eu saí fora da tribo, ao mesmo tempo conhecendo
profundamente essa tribo. Então esse provincianismo de escolinha, de
igrejinhas, de tertúlias caretas de literatura, essa coisa de grupo, do tipo o
cara vai no jornal e só elogia os caras do grupo dele, isto tudo é uma coisa
medíocre, uma coisa provinciana que existe entre 99,9% dos poetas brasileiros.
E na casa do Vicente não tinha isto. Lá se discutia Heidegger, se discutia Fernando
Pessoa. Conheci lá, por exemplo, o Eudoro de Sousa, famoso intelectual
português, exegeta de Fernando Pessoa. Eram momentos de grande participação,
nossas leituras de poesia, nossas discussões de Heidegger. Na USP, veja bem, os
comunistas da USP, os positivistas, nos olhavam como a molecada. Já o Vicente e
a esposa dele, a Dora Ferreira da Silva, nos recebiam da mesma forma como a um
Guimarães Rosa. Isto é que era bacana. Enquanto o pessoal da USP estava sempre
nos marginalizando. Atualmente são os mesmos caras da USP, que naquela época
combateram o meu livro <i>Paranóia</i>
(1933), que atualmente, quando me vêem, ficam de olho arregalado e
embasbacados, porque acham uma coisa maravilhosa, brilhante, e que descobriram
isto vinte anos depois. No entanto, o Vicente, já naquela época – e ele morreu
logo em seguida –, mostrava nossos textos para todas essas pessoas, e discutia
com a gente com a mesma seriedade com que discutia com um Ernesto Grassi, um
Eudoro de Sousa, um Guimarães Rosa. Enfim, todos bebíamos a mesma porção desse
caldo filosófico que era a casa do Vicente Ferreira da Silva.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Há em sua poesia inúmeras referências musicais – “Miles Davis a <st1:metricconverter productid="150 quilmetros" w:st="on">150 quilômetros</st1:metricconverter> por
hora / caçando minhas visões como um demônio” ou “Paul Desmond com seu sax alto
floreando em stacatto meu apartamento” – quase sempre jazzísticas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">O ritmo do jazz é inseparável da minha poesia. Aliás, agora que está na
moda badalar o Chet Baker, você observa que em 1963 eu já falo dele em um verso
meu. Agora ele está na moda, descobriram o cara quando ele está uma ruína,
quando está em franca decadência, está democrático, convidando uns babacas do
Rio de Janeiro, um pessoal que não sabe o que diz nem o que toca, para tocar
com ele. Ele democratizou essa sua energia, e daí perdeu todo o pique.
Atualmente ele é um cara totalmente sem aquele pique, aquela genialidade, sem
aquela energia de transformação e de invenção que ele tinha, a ponto de
influenciar a nossa Bossa Nova. E todo esse balanço da bossa é o balanço da
minha poesia. Uma poesia sem música, sem jogo de cintura, é uma poesia rígida,
dos comunistas, dos marxistas, uma poesia absolutamente trancada dentro de um
túmulo que é o túmulo do leninismo, que já está fedendo. É claro que o rock
também me influenciou, mas não teve a mesma importância que o jazz, o cool
jazz. Mas há evidentemente alguma influência do rock, uma vez que pessoas como
o Jim Morrison, Bob Dylan, Frank Zappa, são excelentes poetas. Então o rock me
influenciou também, e até mesmo antes do jazz. Eu fui, por exemplo, um dos
caras que em 1957 foi receber o Bill Haley, com um grupo de jovens, lá na Praça
do Patriarca, onde ele se hospedou. Fomos fazer uma manifestação de carinho, de
afeto. Posteriormente o jazz me influenciou, e logo em seguida a Bossa Nova. Eu
fui apaixonado pela Bossa Nova. Então essas três correntes – o rock, a Bossa
Nova e principalmente o jazz – são uma constante da influência musical na minha
obra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Há a seguinte passagem no livro </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">20
poemas com brócoli</span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;"> (1981): “não serei vossa sobremesa nesta curta
temporada no inferno”. A rebeldia seria o último caminho para a arte no sentido
de liquidar com o </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">dopping</span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;"> da sociedade de consumo ou mesmo essa negação já teria sido absorvida
pelo status quo, convertendo-se na “própria instituição burguesa do poético”
(Luís Costa Lima)?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Minha obra tem que ser vista como um plano de fuga desta civilização.
Tudo aquilo que eu escrevo, tudo aquilo que eu falo, que eu vivo, todas as
trepadas que dou, é porque eu não tenho grana. Por isto eu queria ser gangster,
para ter muito dinheiro e evadir desta civilização, morar em uma ilha, saltar
fora, morar entre maometanos, eu não sei mais. Trata-se de um plano de fuga
desta civilização. Evidente que toda a poesia, que grande parte da poesia
brasileira, atualmente está pasteurizada e conchavada com a mídia. Tem jornais
brasileiros – e seus suplementos – que são verdadeiros lobbies editoriais. As
redações desses jornais tentam pegar poetas em que eles possam oferecer ao
público uma visão uniforme da poesia brasileira. Há portanto uma castração em
processo, uma castração <st1:personname productid="em massa. Ent ̄o" w:st="on">em
massa. Então</st1:personname> está na hora dos verdadeiros poetas caírem fora
deste circuito, de novo, e ficar naquela eterna de emergir e submergir, porque
a pasteurização está aí, cada dia os versinhos estão mais bem comportados, as
bordadeiras de poesia estão de volta, tudo isto. Então, eu acredito que a
poesia-porrada, a poesia-cancerosa, a poesia-lisérgica, esta jamais será
conchavada pelo sistema.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Você acredita que a vida se modifique, que o homem se aperfeiçoe?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">A vida é um monte de ruínas. Não existe evolução, coisa nenhuma. E cada
dia mais as pessoas estão voltando praticamente para uma idade da pedra da qual
elas nunca saíram. Vale a pena escrever porque três ou quatro pessoas, meia
dúzia aqui, outros tantos ali, amigos, um pequeno grupo de pessoas, no meu caso
os garotos de periferia, os garotos subproletários, enfim, eles são pessoas que
se identificam muito com o tipo de coisa que eu escrevo, porque eles não
abolem, eles não tiram da cabeça um princípio básico para entender a minha
poesia, a palavra criminal. Uma poesia cuja transgressão aponta, em última
instância, para o crime, e para a anarquia generalizada – não o anarquismo, mas
a Anarquia. A minha poesia nada mais é do que a tentativa de instaurar essa
desordem no cotidiano das pessoas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Recordo aqui Pasolini: “talvez a verdadeira tragédia de todo poeta seja
a de só atingir o mundo metaforicamente, segundo as regras de uma magia
definitivamente limitada na sua apropriação do mundo”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Não tenha dúvida, o poeta é um solitário. Poeta que não é solitário são
os poetas oficiais, professores universitários bem situados, casados,
direitinho. Tem toda uma mídia atrás disso, visando transformar a poesia em
mais uma armadilha que faz movimentar o rebanho. Então essa espécie de
cumplicidade dessas pessoas com o sistema visa a venda de obras, ou seja, uma
poesia feita em função do ego. A minha poesia não é feita em função do ego, e
sim em função do delírio. Eu só acredito no delírio, do qual a poesia é uma das
manifestações. Eu estou muito próximo da arte bruta, da arte com loucos, com
crianças, dos meus amigos grafiteiros de muros… A poesia é para conduzir a
isto. A poesia, diz Lautréamont, deve ser feita por todos. Não para todos, mas
por todos, cada um à sua maneira. Agora, querer impingir para o povo brasileiro
uma escola, um único capítulo da história da literatura como sendo o capítulo,
isto é um absurdo. Existem milhares. A verdade é a variedade. Fora disto é a
uniformidade, a coisa totalitária que eles querem impor, tanto os de direita
quanto os de esquerda e os de centro, do alto, de baixo, todos querem uma visão
uniforme da vida, como se isto fosse possível. Então todos estão aí querendo
botar essa máscara, impingir esse túmulo para a sociedade brasileira, para a
juventude. Agora, você sabe, tem aquele princípio zen, aquele princípio
taoísta: quanto mais você pratica o não-agir mas as coisas correm a seu favor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="margin-right: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">FM </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Encerro lembrando uma declaração recente do Pepe Escobar, publicada na </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Folha de São Paulo</span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;"> (27/07/85): “No
Brasil não existe nem mesmo uma poesia trágica capaz de compensar nosso descarrilhamento
histórico. Não temos nem mesmo uma </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Odisséia</span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;"> que retrate dignamente a agonia de nosso povo. Falta até mesmo o puro e
simples tesão na cultura brasileira. Tudo gira em torno de compromissos de
clubes, amanteigados por sublirismo. E tudo cai na impenitente banalização.”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 10pt;">RP </span><span style="font-size: 10pt; font-weight: normal;">Pois é, é tudo isto de que acabamos de falar. E tudo gira em torno de
uma única palavra: provincianismo. E o cara sendo provinciano ele está perdido.
O cara entrar nesse jogo da mídia, ele está perdido, porque isso passa, assim
como lembrando uma frase de Brecht: “das cidades só vai sobrar o vento que
passa sobre elas”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt; font-weight: normal;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1985]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Entrevista
incluída no livro <i>O Começo da Busca - O
surrealismo na poesia da América Latina</i>, de Floriano Martins (São Paulo:
Escrituras Editora, 2001).]</span></span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
</h5>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-58334403825540962192014-08-24T08:15:00.001-07:002014-08-30T03:45:51.256-07:00KLÉVISSON VIANA | Uma breve conversa<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_clQKAgAVg7ZSROD2H7k_3Z5kSK6m9l0P2NLatXOzrgIroegIPNFZlDL9GcLrqvexYGEClGmWXFVcEvyHpALqu9QdFp1C9cCJKrdqhJcY7uc8ONPzUpM6BkXaeZopN85nm1Vi1unhOT-S/s1600/KL%C3%89VISSON+VIANA.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_clQKAgAVg7ZSROD2H7k_3Z5kSK6m9l0P2NLatXOzrgIroegIPNFZlDL9GcLrqvexYGEClGmWXFVcEvyHpALqu9QdFp1C9cCJKrdqhJcY7uc8ONPzUpM6BkXaeZopN85nm1Vi1unhOT-S/s1600/KL%C3%89VISSON+VIANA.JPG" height="200" width="133" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> |
Qual aquele ponto de interesse que define tua afinidade com a criação
artística, a arte popular, o desenho, a gravura, qual?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Desde criança, sempre quis ser artista. Não pensava em fama, mas unicamente no
prazer de fazer arte. O desenho, em particular, sempre ocupou um espaço
importante na minha vida. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nasci na zona
rural de Quixeramobim, num local isolado de tudo. Nossa família era pobre, as
coisas eram muito difíceis, ninguém podia usar um lápis para rabiscar coisas “banais”,
por isso contornava as pessoas e as coisas com a ponta do dedo indicador.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Meu pai,
sempre teve muito talento para poesia, sempre foi um matuto diferente. Era
costume dele chegar do roçado e ler para a gente. Dele herdei o amor pela
poesia, mas o desenho é algo que surgiu espontaneamente, apesar de meu irmão
mais velho também ser desenhista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | Em
<st1:metricconverter productid="2001, a" w:st="on">2001, a</st1:metricconverter>
Rede Globo produz uma adaptação de teu folheto de cordel <i>A quenga e o
delegado</i>, para uma série que então produzia intitulada “Brava Gente”. Qual
repercussão isto significou em tua carreira?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Foi um acontecimento bacana, que me ajudou bastante. Já havia feito vinhetas
Plim-Plim para a Globo e tinha trabalhos publicados nos catálogos dos
principais festivais de desenho do mundo. Porém na Literatura de Cordel foi o
primeiro grande vôo da minha carreira de poeta popular.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> |
Vens trabalhando com cada vez maior incidência em uma linguagem de quadrinhos.
O Brasil é um grande consumidor de gibis importados. Como observas as variações
atuais deste mercado em relação aos quadrinhos que são produzidos internamente?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> | O
Brasil tem uma grande história na arte dos quadrinhos. Tivemos e temos
desenhistas geniais, muitos dos quais nunca conseguiram viver dignamente da sua
arte. Considero quadrinho brasileiro todo aquele que tem alguma relação com o
pensamento, a arte, a cultura, a essência, o modo de ser da gente. Esses
artistas que desenham super-heróis para o mercado americano, quase sempre
americanizando o próprio nome para ser aceito, não produzem quadrinhos
brasileiros. São artistas que são forçados a agir e a pensar como um cidadão
estadunidense. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O quadrinho
que produzo, goste ou não goste, é um capítulo à parte. Não tenho nenhuma
pretensão de competir com os <i>comics</i> e
os <i>mangás</i>, quero fazer algo
diferente, algo que verdadeiramente dialogue com o rico universo da cultura
brasileira e da América Latina. Sou autor de uma das mais bem sucedidas
histórias em quadrinhos do mundo. O meu álbum <i>Lampião... Era o trabalho do tempo atrás da besta da vida</i> já ganhou
doze prêmios importantes e já vendeu quase 600 mil exemplares. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | Há
uma diferença técnica que separa o gibi e o livro em quadrinhos? Indago isto em
função de que, quando ganhas o prêmio HQ Mix <st1:metricconverter productid="1998, a" w:st="on">1998, a</st1:metricconverter> referência da
premiação é feita ao que chamam de “melhor <i>graphic novel</i> nacional”. Como
inserir aí o trabalho de um Maurício de Souza?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Uma novela gráfica, ou <i>Graphic novel</i> (termo criado pelo genial
quadrinhista Will Aisner) é aquela história mais longa, uma história de fôlego,
que requer mais empenho e pesquisa. Já o gibi geralmente tem periodicidade
mensal e não possui todo esse rigor em sua produção. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O Maurício é
um autor genial. O mundo inteiro percebeu isso. Todos os seus personagens
possuem realmente uma personalidade, algo que os personagens Disney não têm.
Veja como exemplo o Mickey Mouse. O Mickey começou a fazer sucesso numa época
que não existia quadrinho direcionado ao público infantil. O Mickey não é nada.
Qual é a personalidade dele mesmo? Até hoje não descobri.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O Pateta é um
cachorro, o Pluto é um cachorro, o pateta é humanizado e fala e o Pluto não. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | Eu não diria exatamente isto.
Mickey é um personagem ardilosamente não resolvido, como se fosse inicialmente
pensado com outros fins que não o de simples personagem de tiras de jornal.
Estás generalizando a criação do Walt Disney baseado apenas em um ou dois
personagens. Há personalidade no Tio Patinhas, no Donald, na Maga Patológica,
na Madame Mim e outros. E isto se nós seguirmos falando apenas de gibis, porque
a genialidade do Disney tem um sentido mais amplo. Por outro lado, pensando em
outros criadores, personagens como Rango, Mafalda e Fradim jamais foram criados
especificamente para público infantil. Inclusive acho que os personagens do
Maurício de Souza transcendem essas limitações. Quando ele cria algo
específico, que são os equivalentes para um público adolescente, para mim ele
amofina a dimensão mágica dos personagens originais. Tua referência ao Will
Aisner me leva a indagar quais os teus criadores ou, se for o caso, quais os
personagens de quadrinhos que destacarias, e quais as tuas afinidades com eles?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> | No momento não tenho uma grande
afinidade com os personagens de quadrinhos feitos com periodicidade mensal,
gosto mais dos álbuns que se resolvem numa única publicação, assim como as
novelas gráficas. Mas curto muito a Blanche Epifany<span class="apple-style-span">, dos franceses Jacques Lob e Georges Pichard que traz uma
bem resolvida historia erótica sobre uma pobre orfã adolescente que – andrajosa
e faminta – é sempre vítima de homens maduros tarados que querem se aproveitar
de sua beleza estonteante e sua pureza virginal. Gosto muito da <i>Turma do Pererê</i>, do Ziraldo e d’<i>Os Piratas do Tietê</i>, do Laerte Coutinho.
Sou colecionador das obras do italiano Milo Manara e do galego Miguelanxo
Prado. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | A
atuação do Ministério da Educação parece ser mais efetiva no que diz respeito
ao apoio dado à circulação de obras de cartunistas, quadrinistas etc. Estás de
acordo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Isso é uma decisão muito recente. Até bem pouco tempo havia um grande
preconceito com as HQ’s. Na opinião de muitos, quadrinhos era uma coisa
pervertida ou completamente idiota. Como falar isso de uma arte que consegue
aliar a literatura com as artes plásticas, e que é tão importante para história
da humanidade quanto o cinema?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Foi o trabalho
de grandes estudiosos como Álvaro de Moya, Sônia Bibe Luyten, Sidney Gusman que
mudou parte desse pensamento. Simplesmente os educadores brasileiros começaram
a perceber que os quadrinhos e a Literatura de Cordel são poderosas ferramentas
para o despertar de novos leitores. Leitores esses que uma vez envolvidos com o
mundo da leitura não se limitam apenas a esses dois gêneros literários. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | Tens
quadrinhos que são adaptações de obras de Cervantes ou Victor Hugo, ao lado de
outros que retratam personagens já existentes, como no caso do Lampião e agora
preparas um dedicado ao Padre Cícero. Não te atrai a idéia de criar um
personagem próprio?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Tenho uma penca de personagens engavetados que jamais ganharam o merecido
destaque: Curuca, Das Chagas, Negativo, Compadre Zé são algumas dessas figuras
que rabisquei desde a infância. No álbum <i>A
moça que namorou o bode</i>, em parceria com meu irmão, Arievaldo Viana
(escolhido pela associação brasileira de imprensa e associação nacional de
cartunistas como a melhor publicação de 2003) nós trazemos uma gama de
personagens próprios.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> | No
que vens trabalhando agora?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>KV</b> |
Estou me preparando para verter para os quadrinhos um roteiro sobre Padre
Cícero do escritor Floriano Martins e tocar a publicação de alguns livros que
já estão bem adiantados. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9.0pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2012]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: 9.0pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 9.0pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Klévisson Viana (Ceará, 1972) é poeta cordelista,
gravador, cartunista e editor. É autor e ilustrador de mais de 100 folhetos de
cordel, muitos dos quais adaptados para quadrinhos, televisão e teatro. Um de seus
livros, <i>A mala do folheteiro</i>, teve
edição francesa. Como cartunista, além do trabalho para a imprensa no Ceará e a
ilustração de dezenas de livros de outros autores, trabalhos seus foram
publicados em países como Turquia, Itália, Bélgica e Holanda. Seu álbum <st1:personname productid="em quadrinhos Lampião" w:st="on">em quadrinhos <i>Lampião</i></st1:personname><i>…
era o cavalo do tempo atrás da besta da vida</i> recebeu o prêmio HQ Mix 1998
na categoria Melhor Graphic Novel Nacional e vem sendo adotado como recurso
paradidático em escolas públicas em vários estados brasileiros. Atualmente trabalha
em um novo álbum, dedicado ao Padre Cícero. Abraxas</span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-61044081932067622372014-08-22T19:32:00.002-07:002014-08-30T03:49:52.409-07:00CRUZEIRO SEIXAS | Em pleno voo<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHm5tgBatO1d5D6QgEqnkrPt1HPyag2yxwKcNck7D-OpWoFFcseDC12aoSloSuIWqxAGBJg-BXXGFdrtHDw0UrgXOxZTIUVtzDDuE3HNAWQ3ShfrjuY4_R6o50Ixsv3UAUpZsZS-6yNSTp/s1600/Cruzeiro+Seixas.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHm5tgBatO1d5D6QgEqnkrPt1HPyag2yxwKcNck7D-OpWoFFcseDC12aoSloSuIWqxAGBJg-BXXGFdrtHDw0UrgXOxZTIUVtzDDuE3HNAWQ3ShfrjuY4_R6o50Ixsv3UAUpZsZS-6yNSTp/s1600/Cruzeiro+Seixas.JPG" height="200" width="132" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Por onde começas:
pelo verso ou pela plástica?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Pelo verso, pois
não sei outro caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Escreveu Fernando
Matos Oliveira: “Em Breton, como em Cesariny, o Surrealismo é uma ética. Ao
passar à escrita, esta traduz-se historicamente numa estética e num estilo.”
Seria possível dizer o mesmo em relação ao Cruzeiro Seixas? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Mesmo que o
desejasse dificilmente a minha obra teria a ver com uma estética, sendo como
sou muito pouco dotado de habilidade manual, de memória visual e de técnica, e
sendo ainda completamente desorganizado, muito raramente há a submissão a um
projeto. A folha de papel ou a tela foram para mim sempre um fato inesperado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Tua obra plástica
não se baseia em uma dissolução de formas mas antes em uma instauração de novas
formas. Está correto o Rui-Mário Gonçalves quando diz que não vê nela a
presença de “corpos desfeitos, mas refeitos”. Para refazê-los, no entanto, como
tu convives com os corpos existentes, as formas canônicas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Estou muito longe
da genialidade, e assim parece-me excessivo ver no que faço “novas formas”. A
minha obra é apenas um testemunho ou um depoimento, que só por ínvios caminhos
terá a ver com a obra de arte. A minha convivência com os corpos foi feita
intensamente no amor, mas um corpo para mim nunca foi somente um corpo, mas um
lugar de conjunção de todos os infinitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Tendo em conta um
erotismo muito presente em tua obra (impressiona-me uma tela como “Estudo de
uma palavra”), é quando menos curioso observar que o grupo em torno de Breton
era muito ingênuo em relação ao tema. Mas não o era Artaud, banido do grupo.
Pensando justamente em Artaud, de que maneira <st1:personname productid="em Cruzeiro Seixas" w:st="on">em Cruzeiro Seixas</st1:personname> “o
sonho devora o sonho” (Artaud)?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – O sonho só existe
para ser devorado, ou intensamente possuído.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Há uma imagem em um
poema teu que me é muito fascinante: “palavras roídas de ferrugem”. De que
maneira a poesia deixou-se oxidar pelo tempo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Não há nada que o
tempo não oxide e enferruje. Contra isso cabe-nos lutar amando loucamente,
libertando as palavras da sua escravatura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Risques Pereira
chegou ao grupo de vocês indicado pelo António Maria Lisboa, mas antes havia
estado ao lado de António Pedro em outro grupo. Risques declarou certa vez que
as dissidências entre os dois grupos eram meramente de ordem pessoal. Contudo,
se lemos as cartas de António Maria Lisboa, percebemos o quanto lhe preocupava
questões tanto éticas como estéticas. E dava um acento especial aos riscos da
ortodoxia. Como avaliar esta situação hoje? E até que ponto o Surrealismo em
Portugal teria sucumbido à ortodoxia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – O Risques Pereira
pertenceu desde <i>sempre</i> a “Os Surrealistas”. Julgo que de entre nós o
único que passou pelo grupo por demais acadêmico do Antonio Pedro foi o
Cesariny, até constatar que o Surrealismo ali era principalmente uma estética.
Não me vejo a fazer a história do Surrealismo em português, mas julgo que não
“sucumbo à ortodoxia”, mas se de alguma forma sucumbo isso se deu por não ter o
Cesariny querido, podido ou sabido prolongar o espírito da exposição de 1949.
verdade que, quando se começaram a pressentir certos desencontros eu me retirei
para África, onde permaneci numa outra aventura, apaixonante, cerca de 14 anos;
e o Mário Henrique Leiria percorreu o mundo, regressando apenas em 1980 para morrer;
e ainda pior, faleceu o António Maria Lisboa em 1953, apenas com 25 anos. Na
fotografia <i>oficial</i> que circula estamos presentes 8; pois hoje,
estranhamente, só restamos o Cesariny e eu!! Parece haver quem agora prefira
por a hipótese de que o Surrealismo em português se tornou “individual”, mas
isto não é inteiramente verdade; um certo apagamento, uma certa hesitação, um
certo mal-estar aconteceram, e por certo advieram da ausência de uma figura de
proa que unisse, e não dispersasse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Um outro aspecto a
ser considerado, tomando por base uma observação do brasileiro Carlos Felipe
Moisés, é que “o Surrealismo em Portugal, desde o início, se vê isolado e
marginalizado, acuado pela esquerda e pela direita, condenado a ser movimento
de resistência em duas frentes simultâneas”. Antes de ser <i>condenação</i>,
esta era uma condição do Surrealismo, uma de suas mais consistentes afirmações,
malgrado a adesão do grupo francês ao Partido Comunista. De que maneira as
ideologias eram tratadas então?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Julgo que essa luta
seria o que de mais estimulante nos poderia ser ofertado aqui, pois nunca
acreditei em <i>vitórias indiscutíveis</i>. As vitórias são um fim, e o que
sempre me apaixonou foi o ato de caminhar. Baseado na experiência do Grupo de
Breton afastei-me tanto quanto possível dos políticos, acreditando que antes de
construir a sociedade é necessário construir o homem. Será pela didática que
isso poderá acontecer. Assim julgo que, ao fazer um quadro ou um poema, é
didática que se está a fazer. Nesse sentido sonho ainda com diversas exposições
(sejam elas surrealistas ou apenas do Surrealismo), percorrendo o mundo, mas
estou por demais só, e já não sinto as necessárias forças para essa enormíssima
luta. Por exemplo, há muito alimento o sonho de uma exposição do Surrealismo
brasileiro que nos visitasse, enquanto uma outra do Surrealismo daqui se
deslocaria ao Brasil…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Disse o mexicano
Octavio Paz que o século XX seria lembrado muito mais como o século do
Surrealismo do que do Marxismo. Até que ponto estaria correto em tal afirmação?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Todas as ideias são
necessárias ao homem; o Marxismo e o Comunismo são hoje por certo injustamente
confundidos com o stalinismo. O Surrealismo é evidentemente uma minoria, mas
que parece neste momento bem viva, em todos os recantos do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Graças ao espanhol
Perfecto Cuadrado e ao inglês C. B. Morris há uma certa recuperação, ao menos
em plano histórico, das atividades surrealistas em Portugal e na Espanha. Nos
dois casos, o assunto tem sido tratado por estrangeiros, o que remete a uma
curiosidade: de que maneira o surrealismo é visto pela crítica em cada país de
atuação. No caso português, como reage ainda hoje a crítica ao assunto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Depois do 25 de
abril quase se extinguiu a crítica em Portugal; e além disso toda uma geração
tomou como seu princípio que o mundo teria começado nos anos 60! E ainda além
disso deu-se uma surpreendente supremacia do dinheiro, em personagens os mais
inesperados; nessa obstinação alguns se perdem. E há a circunstância de se
tratar de um pequeno país, com uma difícil posição geográfica. E a tudo isto há
que acrescentar uma certa maneira de ser dos portugueses, que desde sempre
preferiram sonhar a realizar. As dificuldades têm-se avolumado, chegando-se por
vezes a um difícil entendimento de português para português. Tenho 83 anos, mas
cada vez o mistério me parece mais denso. Sei que já não vou ver como vai ser
possível sair deste beco, mas lembro-me de ter escrito algures que, <i>no
último momento por certo se vão lembrar do Surrealismo</i>. Não aspiro à
presciência mas sim à sensibilidade, e àquilo que tem sido uma muito dura
experiência da vida. Sei que no homem mais desesperado uma centelha de
esperança sempre persiste.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - De que maneira
poetas e artistas como Luís Miguel Nava e Mário Botas significam um
desdobramento do Surrealismo em Portugal? Quais outros nomes poderiam aqui ser
lembrado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">CS – Tanto com o Mário
Botas como com o Luís Miguel Nava se estabeleceu comigo uma certa proximidade.
Alguns trabalhos em comum (“cadavres-Exquis” e pinturas coletivas) o atestam no
caso do Mário Botas. E de uma longa carta do Luís Miguel Nava transcrevo: “as
suas palavras parecem tocar o essencial não lhe sei dizer de quê, mas o
essencial <i>tout court</i>, (…) creio que na linha do que o Artur refere
quando diz que ao verbo ‘evoluir’ sempre contrapõe ‘aprofundar’, sendo assim
remetidos para um outro grau de realidade, um outro estado, onde a
verticalidade da consciência se sobrepõe à horizontalidade dos percursos”.
Creio que tanto um como o outro não tiveram relacionamento aprofundado com o
Cesariny. O Mário Botas acabou escrevendo referências destruidoras do
Surrealismo daqui, por certo perturbado pela tragédia da sua doença e da sua
morte prematura, que inflectiram o seu caminho. Não referes o Raúl Perez, que
me parece ser, como pintor, autor de uma muito notável obra, que seria
merecedora de reconhecimento para além desta tão apertada fronteira. Também me
parecem dignos de uma palavra, mesmo que por demais apressada, os talvez não
mais de 10 desenhos de Júlio dos Reis Pereira (1902-1983), que mereceriam
reconhecimento universal. Quem pára é porque já morreu. Tentemos nós morrer em
pleno voo.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2006]</span></span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt;">
<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Entrevista realizada posteriormente à publicação de <i>Homenagem à realidade</i>, de Cruzeiro Seixas (Portugal, 1920) - organização e prólogo de Floriano Martins (São Paulo: Escrituras Editora, 2005).]</span></span></div>
</div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-75357133011395408962014-08-22T19:27:00.000-07:002014-08-30T03:53:53.397-07:00ANTÓNIO OSÓRIO | Uma breve conversa<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8h47BYjlDcrRc9w7vBGVjUZqQUKfI-R3-oV_xvva9vQsJN_cSZdWHyj8tVaQLdfsvdwkmIX1EiChETW-Jtkr47SCHjFZ4N7OWp_fkRYP07XUAnDE6JUuAMBmvR70uTcEv4Sqh8AgdMwuF/s1600/Antonio+Os%C3%B3rio.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8h47BYjlDcrRc9w7vBGVjUZqQUKfI-R3-oV_xvva9vQsJN_cSZdWHyj8tVaQLdfsvdwkmIX1EiChETW-Jtkr47SCHjFZ4N7OWp_fkRYP07XUAnDE6JUuAMBmvR70uTcEv4Sqh8AgdMwuF/s1600/Antonio+Os%C3%B3rio.JPG" height="200" width="143" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - No prólogo à edição brasileira de <i>A ignorância da morte</i>,
Ivan Junqueira atenta para uma “austeridade expressiva” em tua poesia, destacando
tua capacidade de conferir emoção ao pensamento, o que, segundo ele, o
colocaria em uma espécie de contramão em relação à tradição lírica portuguesa.
Estás de acordo com isto? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - Antes de mais, devo salientar que o prólogo de Ivan Junqueira constitui
- digo-o sem nenhuma lisonja - um texto de penetrante argúcia. De alguém que
sabe <i>ver</i> os outros, e encontrar logo o que cada um tem de único, como a
própria cara, esse mistério que nos vai acompanhando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Se Ivan Junqueira entende que a minha poesia ocupa hoje “um lugar
solitário na literatura de língua portuguesa”, eu permito-me acrescentar que
faz parte dela, orgulhosamente. Pode assemelhar-se a uma discreta música de
câmara. “O que de fato interessa o poeta é o próprio homem”, escreve Ivan
Junqueira. De resto, neste livro agora editado no Brasil, a vivência (existem
outras) da morte centra-se na desaparição, e constitui uma forma de
esconjurá-la. Os valores vitais, como em Dante e Camões, sempre foram para mim
os dominantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Quais outros poetas te acompanhariam nessa <i>quebra</i> de
tradição?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - Sinceramente, não sei responder. Olhando para trás, possuímos a
noção do que nos separa e aproxima de outros contemporâneos. Mas afigura-se-me
que não existe uma <i>quebra</i> de tradição - esta não se resume a uma linha
contínua, é antes um percurso sinuoso de buscas e rupturas, uma forma de
interpretar o mundo, “o poema mais difícil de ler”, citando um dos aforismos do
grande amigo de Portugal e do Brasil, Ángel Crespo, autor, de resto, de uma das
melhores Antologias da Poesia Brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Recorda ainda Junqueira uma afirmação de Eliot de que a poesia não
se realiza na “liberação da emoção” ou na “expressão da personalidade”, mas
antes na “fuga” desses dois aspectos. Também o brasileiro João Cabral de Melo Neto
costumava repudiar a emoção, o que o situava nas antípodas da tradição
romântica. Emoção desgovernada e culto à personalidade devem ser naturalmente
considerados danosos à criação poética, tanto quanto uma rigidez cadavérica -
lembro um verso teu onde se diz: “É possível que os mortos não estejam imóveis”
- e a esterilidade existencial, não crês?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - A emoção desgovernada e o narcisismo, romântico ou pós-romântico,
são dois caminhos perigosos. Quando Drummond de Andrade escreve (e serviu de
epígrafe final ao livro que dá origem a esta entrevista), “só a morte é que
sabe” - deixou para sempre - apenas com seis palavras - um dos mais indeléveis
versos sobre a condição humana. A nossa luta é, precisamente, contra a
imperfeição do tempo, e as suas injustiças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Um outro aspecto que menciona Junqueira no mesmo prólogo refere-se
à condição episódica do Surrealismo em Portugal, mesmo que constate que “quase
toda a poesia portuguesa contemporânea” pague tributo a este “modismo
literário”. Vês como negativa a influência do Surrealismo na tradição lírica
portuguesa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - Retenhamos que Ivan Junqueira entendeu que a minha poesia “não paga
tributo algum ao Surrealismo”. Parece-me exato. Quando eu dava os primeiros
passos nas tertúlias literárias de Lisboa (cada uma com o seu próprio Café,
próximos no entanto entre si…), convivi com os surrealistas, sobretudo com
Mário Cesariny e Luís Pacheco. Continuo a admirá-los, sou de ambos amigo. No
entanto, cuido que nada lhes devo, no plano da criação literária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Em 1954, ao lado de Pedro Tamen e Cristovan Pavia, fundaste a
revista <i>Anteu</i>. Como vês hoje essa aventura editorial, à luz de uma
tradição muito forte, como tem sido a portuguesa, em termos de revistas
literárias?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - O Cristóvan e eu fizéramos 21 anos, o Tamen 20. Primeiro de tudo,
enfrentava-se a “censura prévia”, assim se dizia. Fui chamado a um militar
reformado, um capitão caserneiro, senhor de um soberano lápis. Procurou ver no
fundo dos meus olhos, depois do segundo número da revista, que citava autores
tão intratáveis como Sartre e Camus… e assim, ingloriamente, acabou o <i>Anteu</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Chegas agora ao Brasil, pela mesma editora que também publica uma
antologia poética de Ana Marques Gastão, de uma geração bem posterior à tua.
Também o Manuel António Pina está sendo publicado por outra editora. Como vês
essa descoberta repentina da poesia portuguesa por editores brasileiros e quais
te parecem sejam os motivos para uma presença tão mínima de diálogo entre
nossas culturas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - Há muitos anos que o Carlos Nejar e eu temos tentado promover o
intercâmbio entre os autores dos nossos países. Não fomos felizes na obtenção
de apoios institucionais, solicitados numa base de reciprocidade. Por último,
contentávamo-nos, por ano, com edições de quatro poetas e ficcionistas de cada
país. Ficou um enorme desgosto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Oxalá a Editora Escrituras (e outras) dêem a conhecer os bons autores
portugueses. A estreita amizade com Nejar e outros escritores brasileiros
permitiu-me que fosse estando a par da excelente literatura brasileira,
sobretudo na poesia. De um modo geral, os autores brasileiros são em Portugal
mais conhecidos e editados que os portugueses no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Permita-me uma confidência. Senti sempre pelo Brasil grande atração.
Estive aí há coisa de vinte anos. Com o guia de Manuel Bandeira, fiz questão de
visitar Ouro Preto. Nesse lugar não senti vergonha de ser português, pelo
contrário, nem admirador do Aleijadinho, o primeiro artista de gênio nascido
nesse continente. E estive perto da casa, no coração do Rio de Janeiro, que foi
a de Cecília de Meireles, que cheguei ainda a conhecer em Lisboa. “Dizer com
claridade o que existe em segredo”, foi o que Cecília fez, e eu vou tentando.
Fiquei amigo de Lêdo Ivo, de João Cabral de Melo Neto, de Donaldo Schuler, de
Alberto da Costa e Silva, que foi um notável Embaixador em Portugal (inclusive
de poesia)… Nessa altura, depois de o conhecer, escrevi uma “Elegia para Mário
Quintana, Vivo”, que vem neste livro. Era uma pessoa fascinante apesar de tão
discreto. Tive ocasião ainda de lhe dar a ler, <st1:personname productid="em Porto Alegre" w:st="on">em Porto Alegre</st1:personname>, esse
poema, de cujo amável atrevimento ele não desgostou. Eu perguntava-lhe:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Diga ao menos se conseguiu<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">encontrar Botticelli,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">de quem o senhor descende:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">entreajudem-se.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E, finalmente,
sugeria-lhe com evidente ousadia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Peça-lhe (é preciso audácia<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">com Deus) que assine<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">a sua ordem de expulsão<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- e volte, gestante,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<i><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">pelo túnel de outra vida.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - A teu respeito também escreveu o Marques
Gastão que, a exemplo do Adolfo Casais Monteiro, esteve muito empenhado em uma
inter-relação entre poesia brasileira e portuguesa. Recentemente fui
surpreendido com a edição de uma antologia de poetas portugueses e brasileiros,
publicada por uma editora brasileira mas para circulação na Argentina, edição
preparada por José Augusto Seabra, sob os auspícios da Embaixada de Portugal <st1:personname productid="em Buenos Aires. O" w:st="on">em Buenos Aires. O</st1:personname>
que entendes que haja de errado nas relações entre governos brasileiro e
português que ainda não se possa pensar na sistematização declarada de um
diálogo entre nossas culturas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - O mal está no desconhecimento mútuo. A literatura portuguesa
precisa de ser <i>descoberta</i> pelo Brasil… E a inversa não é menos
verdadeira. As instituições ligadas à cultura não se impõem essa recíproca
revelação. É pena. Ana de Castro Osório, que foi pioneira da literatura infanto-juvenil
e viveu alguns anos <st1:personname productid="em S ̄o Paulo" w:st="on">em São
Paulo</st1:personname>, defendeu, num livro editado em 1922 e reeditado em <st1:metricconverter productid="1992, A" w:st="on">1992, <i>A</i></st1:metricconverter><i> Grande
Aliança</i>, antes de mais um estreito intercâmbio cultural entre os nossos
dois países. E o início dessa “aliança” começava logo na escola - pela integração
de um número satisfatório de bons escritores dos dois países nos programas de
língua portuguesa em todos os níveis de ensino. Seria essa uma importantíssima
medida. Para evitar que se conheça aqui o Brasil sobretudo através das
telenovelas, o que, parece, não chega.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Por último te deixo a tribuna livre,
para que evoques algum tema que certamente deixei escapar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 7.8pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AO - Não quero deixar de
dar o devido relevo a duas antologias de poesia portuguesa contemporâneas
saídas no Brasil - uma organizada em 1982 por Carlos Nejar, da Massao
Ohno-Roswitha Kempf, de São Paulo, e a outra por Alberto da Costa e Silva e
Alexei Bueno, da Lacerda Editores, 1999. Ambas notáveis pelo conhecimento,
isenção e rigor. Para terminar, deixo a sugestão da sua leitura…<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2006]</span><span style="font-family: "Georgia","serif";">
<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[António Osório (Portugal, 1933)]</span></div>
</div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-56814382144312061012014-08-22T19:20:00.000-07:002014-08-30T03:56:07.787-07:00ANA HATHERLY | Os espelhos da escrita<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1pHf3Pg0OPmCgaNeTRouhEbrk37AfOviSbpnbSAoXFuhDDypp4vI64-X7FO6b4ql91Q5Yip1GrrDpO1zjJ68cQw97jfheSLPc0JTZEUElS-O0vDc1xT0o-IDJEtktMvUORXRKrDB7yVXe/s1600/ana+hatherly.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1pHf3Pg0OPmCgaNeTRouhEbrk37AfOviSbpnbSAoXFuhDDypp4vI64-X7FO6b4ql91Q5Yip1GrrDpO1zjJ68cQw97jfheSLPc0JTZEUElS-O0vDc1xT0o-IDJEtktMvUORXRKrDB7yVXe/s1600/ana+hatherly.jpg" height="150" width="200" /></a></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Ao referir-se à tua poética Ángel Crespo
nos chama a atenção para o recurso às “infrações desmitificadoras das
sintaxes”. Não somente em relação à sintaxe, a poesia me parece essencial
justamente por sua condição infratora. O que andaste a buscar através da
poesia? O que ela tem te revelado após tão largo e intenso diálogo com seus
caprichos de toda ordem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - A «condição infratora» foi um aspecto
determinante na minha carreira literária e sobretudo na minha poesia da fase
experimental, que ocorreu entre os anos 60 e 80. depois desse período de
intensa experimentação na área verbo-voco-visual – como na esteira de Joyce
preconizava o Experimentalismo mundial – libertei-me dessas influências
seguindo um caminho mais própria, mais pessoal. Consegui isso separando a minha
poesia verbal da minha poesia visual, que se individualizou também,
aproximando-se mais da pintura e do cinema. O que o Experimentalismo trouxe
para o meu trabalho poético foi uma oportunidade de colaborar ativamente num
processo de questionamento dos modelos herdados pelas convenções da nossa
cultura secular e ao mesmo tempo participar numa ação cívica contra o establishment
político que nos anos 60-70 se vivia em Portugal e, depois do 25 de abril,
participar na euforia da libertação que então se produziu. A partir dos anos 80
esse aspecto já tinha evoluído e assim fiquei livre para outras pesquisas, mas
é preciso notar que mesmo durante o meu período experimentalista eu me dediquei
à investigação da literatura portuguesa do período barroco, que me levou a
descobrir o enorme acervo de poesia dessa época, visual ou não, que prossigo
até hoje, e que foi para mim e, creio, para a cultura portuguesa, uma revelação
da maior importância. As obras que nessa área publiquei, e continuo a publicar,
são hoje clássicos da cultura nacional, mas na altura em que comecei a
divulgá-las fizeram parte da minha «condição infratora», pois a área do Barroco
era então considerada uma <i>fase negra</i> da nossa história criativa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Em seu livro <i>O Surrealismo na Poesia
Portuguesa</i> (Frenesi, 2ª ed., Lisboa, 2002), Natália Correia estabelece uma
série de categorias a partir das quais <i>define</i> a inserção das mais
variadas poéticas em um mapa do surrealismo <st1:personname productid="em Portugal. Tua" w:st="on">em Portugal. Tua</st1:personname> poesia
não escapa à ótica limitadora da ensaísta e ali te encontras em capítulo
dedicado à anamorfose, sendo a partir desta “perspectiva anamorfótica” que a
autora sugere tua afinidade com o Surrealismo. Dirias que há mesmo tal
afinidade? E como consideras essa leitura do Surrealismo levada a termo por
Natália Correia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - A «perspectiva anamorfótica», que se aplica
com justeza a certa arte do período Maneirista/Barroco, não se deve confundir
com aquilo a que Natália Correia chama «o olho selvagem», que é uma bela frase,
mas pouco mais. O conceito de Surrealismo que ela tem, como sendo uma
«depravação da perspectiva óptica», correspondendo a um momento em que «as
coisas se simplificam para o poeta quando começam a ser absurdas para os
outros», aplica-se talvez a alguns surrealistas, mas não é o que caracteriza o
Experimentalismo. Na verdade, o Experimentalismo opõe-se ao Surrealismo,
nomeadamente ao seu «automatismo psíquico», assim como o Surrealismo se opõe ao
Neo-Realismo. De resto, a idéia de encontrar o Surrealismo em toda a parte,
como ela faz, imita o que Eugénio D’Ors fez com o Barroco, que deu origem a uma
discussão interminável e vã. Dito isto, há uma coisa que nunca se pode
esquecer: a história cultural é um percurso cheio de rupturas e retornos – algo
que foi no passado sempre se infiltra no que é presente, ou em sucessivos
presentes -, e os poetas da geração de 50/60 que enveredaram por uma postura
experimentalista, acusam ecos de um passado ainda muito próximo. Outros, como
Mário Cesariny e Herberto Hélder, colaboraram nos Cadernos da Poesia
Experimental por engano, e logo que o Experimentalismo se definiu criticamente
fugiram espavoridos…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - De fato, há tanto teóricos que veem
determinada tendência ou escola em tudo, quanto aqueles que querem restringir
seu campo de atuação. No Surrealismo seguimos tendo os dois casos, e não só <st1:personname productid="em Portugal. No" w:st="on">em Portugal. No</st1:personname> que diz
respeito ao Experimentalismo, acaso seria possível apontar exemplos concretos
dessas modalidades de desfoques?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – O Experimentalismo, em Portugal, nunca teve
aceitação comparável ao Surrealismo. Era mais difícil de entender e era <i>mais
novo</i> do que o Surrealismo, que chegou a Portugal com décadas de atraso.
Quando cá chegou já tinha praticamente acabado <st1:personname productid="em Frana. Tinha" w:st="on">em França. Tinha</st1:personname>
havido, portanto, tempo para ser assimilado. O Experimentalismo não chegou
atrasado. Chegou mesmo no início da difusão do Movimento internacional. No
início dos anos 60, quando surgiu com os Cadernos da Poesia Experimental I e II
(1964-1966), era uma novidade em toda a parte mas a sua teorização não tinha
sido ainda bem compreendida e assimilada. Só com o tempo se tornou mais clara a
sua evolução a partir da Poesia Concreta. Realmente o Concreto/Experimentalismo
não se confunde com nada, porém não deixa de ter os seus antecedentes:
Mallarmé, Joyce, alguns aspectos do Futurismo/Dadá e mesmo do Surrealismo,
assim como a linguística moderna e mais remotamente com os poetas visuais da
antiguidade greco-latina e depois barroca etc. Além disso, como movimento de
vanguarda, tem semelhanças, na sua estratégia, com todos os movimentos de
vanguarda de todos os tempos: marginalização assumida, postura política,
radicalismo teórico e prático etc. Mesmo hoje em dia não foi ainda devidamente
compreendido, embora os vocábulos «experimental» ou « experimentalismo» sejam
usados em diversos contextos. Quem está mais ou menos conscientemente usando a
«lição» da PO.EX (abreviatura de Experimentalismo Português) são sobretudo os
artistas, os que fazem <i>design</i>, publicidade ou cinema, não os poetas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Em termos de criação poética, quer pensemos
na escritura automática do Surrealismo ou no que chamas de “escrita
conceitual”, acaba por se revelar a maneira como o que há de expressivo,
essencial, se organiza no íntimo do poeta. Em todo caso, pela própria condição
humana, busca-se a comunicação, o que nos leva aos domínios do significado,
tornando irrelevante, quando menos, o isolamento do signo como se propunha na
experiência do Concretismo. De que maneira vês como complementares as duas
modalidades de escrita poética aqui mencionadas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - Não são complementares a não ser do ponto
de vista histórico. A comunicação é uma preocupação de todos os movimentos
artísticos – quer facilitando-a quer dificultando-a, como é o caso de todos os
movimentos de vanguarda. Cada nova geração quer sempre ultrapassar a anterior,
e no fim, cada nova tendência acrescenta sempre algo ao curso geral da
criatividade. Só que umas acrescentam mais do que outras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Em que sentido te referes ao livro, em um
poema do livro <i>O pavão negro</i> (2003), como «um golem alugado»?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – A frase «um golem alugado» é uma citação de
um amigo meu espanhol a quem o poema é dedicado. Mas o que é um golem? Um golen
é um homúnculo, um ser criado por artes mágicas dotado de poderes
sobrenaturais, para cuja fabricação, por exemplo Paracelso, deu a receita, mas
está sobretudo ligado à tradição hebraica medieval e ao Rabino Lowe etc. Goethe
também fala do golem no seu <i>Fausto</i>. Essencialmente representa a audácia
do homem ao querer substituir-se a Deus, ou à natureza, criando por suas
próprias mãos, um ser sem ser pela via normal… O livro é um «golem alugado» na
medida em que é um ser (um objeto) provisoriamente «habitado» por uma
existência que lhe é «emprestada» pelo seu autor e utente. A arte mágica que
cria o golem/livro é a arte da escrita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Em entrevista que concedeste a Ana Marques
Gastão, dizes que “antroporfizar um anjo é no mínimo um sacrilégio”. Como vês,
a propósito, a relação entre sagrado e material, enigma e factual, religioso e
cotidiano, percebido pela lírica portuguesa posterior à tua geração? Quem
estaria hoje a cometer sacrilégio, por exemplo, ante as perspectivas de
entrelaçamento desses elementos aqui evocados?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - Essa frase diz respeito ao meu livro <i>Rilkeana</i>,
em que eu faço <i>Variações</i> sobre as <i>Elegias de Duíno</i>, de Rilke,
obra desse poeta em que os anjos têm um lugar importante. A obra de Rilke, em
geral, teve muita importância em determinada época da poesia portuguesa, dando
lugar a uma vaga de imitadores, que Jorge de Sena apelidou de «rilkinhos» no
seu livro <i>Peregrinatio ad loca infecta</i>, de 1969, onde aliás inclui uma
homenagem ao poeta mas denuncia «essa mentira dos anjos porque o humano é
incômodo». É evidente que o meu poema, publicado em 1999, apesar de ser uma
homenagem não é um poema laudatório/imitativo. É um diálogo com essa obra e
alguns conceitos nela presentes. Com os radicalismos religiosos que neste
momento imperam no mundo tudo pode – ou não – ser discutido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - E quais outras vagas, desde Pessoa, teriam
sido avassaladoras, recorrendo a um termo empregado por João Barrento no caso
de Rilke, dentro da tradição lírica portuguesa? E como se comporta hoje, sob
esse aspecto, a poesia que nos é contemporânea?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – Pessoa foi e continua a ser o grande
modelo, o grande inspirador, juntamente com Camões. Mas há uma enorme lista de
«inspiradores». Tudo depende da formação de cada poeta. A escola francesa dos
séculos XIX e XX influenciou a maior parte dos escritores portugueses
contemporâneos, mas há também os que seguiram a escola anglo-americana ou a
alemã. Há mesmo uma nítida separação na adesão a uma escola e outra. Eu
pertenço nitidamente à escola anglo-americana-alemã, que é, aliás, a que domina
atualmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - A participação de Herberto Helder em um
ambiente de poesia experimental portuguesa me parece bastante efêmera e não
muito significativa no próprio desdobramento de sua poética. Na mesma
entrevista, mencionas o aspecto redutor do Concretismo e certo desgaste no
experimentalismo, ao longo de duas décadas de sua projeção <st1:personname productid="em Portugal. Gostaria" w:st="on">em Portugal. Gostaria</st1:personname>
que me falasses um pouco mais desses aspectos aqui referidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - O movimento da Poesia Experimental
Portuguesa, iniciado oficialmente com a publicação dos seus dois Cadernos – de
1964 e 1966 -, fui fundado em Lisboa por António Aragão e Herberto Hélder,
ambos madeirenses mas residentes na capital. Logo a seguir, Herberto Hélder
desligou-se completamente e António Aragão, Melo e Castro, Salette Tavares e eu
própria, com mais alguns, assumiram a tarefa de levar para diante o Movimento,
teorizando, publicando, intervindo agressivamente a nível nacional e
internacional. Muito importante na época foi a sua postura <i>anti-establishment</i>,
pois desde 1961 decorria a Guerra Colonial que só terminou em 1974 com
Revolução dita «dos cravos». O Experimentalismo Português, além de derivar,
inicialmente, do Movimento da Poesia Concreta, sobretudo de origem brasileira,
por influência de Melo e Castro, que depois se alargou ao que hoje poderemos
chamar de Experimentalismo Mundial, teve essa particular dimensão histórica,
mas também se inseria nos movimentos de contestação mundial, como os célebres <i>make
love not war</i>, <i>women’s lib</i>, <i>pop art</i>, <i>rock and roll</i>
etc., seus contemporâneos. Tudo isto contribuiu para a verdadeira perseguição
de que os Experimentalistas foram objeto, mas também é verdade que os textos
que produziram nessa época eram uma afronta ao imobilismo nacional e seus
mandarins. Textos como por exemplo o meu poema <i>LEONORANA</i>, escrito nos
anos 60 mas só publicado em 1970, baseado num conhecido tema camoniano, causou
um escândalo que ainda hoje não se dissipou completamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - Mas exatamente em que, a partir de um dado
momento, passas a considerar redutora a experiência da Poesia Concreta? Em que
sentido se dá este alargamento da Poesia Experimental Portuguesa e quais seus
pontos em comum com os diversos movimentos de contestação mundial aqui citados,
além do plano da mera coincidência cronológica?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – Como expliquei no prefácio à antologia da
minha poesia experimental, publicada em 2001, intitulada <i>Um calculador de
improbabilidades</i>, eu rapidamente me apercebi dos limites da Poesia Concreta
ortodoxa e portanto, desde cedo comecei a evoluir para o que veio a chamar-se
Poesia Visual, que era um campo de exploração muito mais vasto e que acabou por ser aquele que veio a
definir-se afinal como Experimentalismo. Nesse prefácio eu refiro também todos
os movimentos de contestação mundial aos quais o Concreto/Experimentalismo se
ligou, característicos da década de 60, uma época revolucionária em termos
artísticos e sociais bem conhecidos, aos quais, a conjuntura política
portuguesa (o regime de Salazar, a guerra colonial etc.) acrescentava uma
coloração especial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Que importância tiveram na consubstanciação
dessa fase experimentalista nomes como António Aragão e Salette Tavares? E o
que se mantém com um frescor atemporal na poética de todos os que
compartilharam contigo essa aventura?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - António Aragão, Salette Tavares, Melo e
Castro, e outros, produziram textos de grande importância teórica e artística
que hoje começam a ser devidamente apreciados. Mas o Experimentalismo teve a
sua época – terminou nos anos 80 – e os que por acaso persistem em ficar
agarrados ao passado precisam de acordar rapidamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Considerando o que dizes seria possível
destacar algo, em particular, de António Aragão e Salette Tavares, por exemplo?
E de que maneira o Experimentalismo português influencia, a teu ver, as
gerações que o sucederam?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – António Aragão, como um dos fundadores da
PO.EX, foi uma figura de destaque. A sua obra poética e plástica, hoje pouco
acessível, é extremamente interessante, enquanto que a sua participação teórica
é bastante reduzida. Salette Tavares, não tendo sido fundadora do Movimento, a
ele se associou de uma forma muito ativa e original. A sua obra poética foi
postumamente reunida num volume editado pela Imprensa Nacional, <st1:personname productid="em Lisboa. Em" w:st="on">em Lisboa. Em</st1:personname> 1995 foi
feita uma grande exposição da sua poesia gráfica na Casa Fernando Pessoa, em
Lisboa, para cujo catálogo eu escrevi um largo texto sobre o seu papel na
PO.EX. Infelizmente, Salette Tavares, muito competente em Estética e História
da Arte, não teve participação teórica no Movimento. Quanto a influências da
PO.EX. nas gerações atuais, creio que já respondi quando falei do que foi o
Movimento no seu tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Tens um ciclo de poemas dedicados ao
Brasil. O que teria sugerido esse diálogo? Além daqueles nomes ligados ao
Concretismo, seria possível mencionar mais afinidades tuas com poetas
brasileiros?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH - O Brasil teve um grande papel na minha
vida. Tive e tenho lá grandes amigos que me estimaram como pessoa e como
escritora – por exemplo, a minha novela <i>O Mestre</i>, de 1963, fez parte da
formação acadêmica de estudantes de literatura portuguesa nas universidades
brasileiras durante décadas… Os textos que coligi no meu recente livro <i>Itinerários</i>,
intitulados <i>Evocação do Brasil</i>, datados de 1970-90, fazem eco do meu
amor por esse país, pela sua natureza deslumbrante, pela sua carinhosa gente.
Durante muitos anos fui regularmente ao Brasil para participar em Congressos e
Colóquios, viajando de norte a sul, sempre descobrindo novas formas de
encantamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quanto ao contato com a literatura brasileira,
foi sempre muito intenso. Falando de poetas do século XX, João Cabral de Melo
Neto e Drummond de Andrade, entre outros, foram muito importantes para mim e para
a maior parte dos poetas portugueses do seu tempo. Mas os prosadores também.
Érico Veríssimo, Jorge Amado, Guimarães Rosa e tantos outros, tiveram um
impacto enorme na cultura portuguesa. O meu conhecimento da obra dos
concretistas brasileiros (poética e teórica) desempenhou um papel importante na
evolução da minha poesia, mas tenho também de mencionar o contato que ainda
hoje mantenho com Affonso Ávila e o grupo de Minas, inclusive pelo seu empenho
na defesa e na divulgação do Barroco, <st1:personname productid="em que Haroldo" w:st="on">em que Haroldo</st1:personname> de Campos também se destacou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - Justamente em um poema de <i>Itinerários</i>
(2003), dizes: «Ah / como é desigual / a viagem da descoberta!» Mas acaso não
radica nessa desigualdade o aspecto mais fascinante da viagem, no que diz
respeito a estar aberto à presença de todos os horizontes? O que segues a
descobrir?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">AH – Sim. Mas a descoberta de que eu falo nesse
poema é o processo da criatividade: sua luta, seus esplendores e fracassos, sua
interminável procura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM – Eu também me referia a este mesmo sentido
de descoberta.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2005]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Ana Hatherly</span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> (Portugal, 1929)]</span></span></div>
</div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-2513196862117661682014-08-21T18:49:00.000-07:002014-08-30T04:48:03.718-07:00FLORIANO MARTINS & EDUARDO MOSCHES | Blanco Móvil en sus 25 años | Encuesta, II<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 100%px;"><tbody>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<br /></div>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 100%px;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtmCVhJR6lDbauvPVQU0mP0IOpDR9wC2F1b4LHNFSyUcZK2X-7eKAI_S8xvbt_Pj30HhKdSmMSnLtadh5XnfDOIcimO820BV4CUgVa5xSSCoYjXR8iAuc1c9yV0WUxsfcemQPSbg138CIt/s1600/JVL_blancoMovil25anos7734b.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtmCVhJR6lDbauvPVQU0mP0IOpDR9wC2F1b4LHNFSyUcZK2X-7eKAI_S8xvbt_Pj30HhKdSmMSnLtadh5XnfDOIcimO820BV4CUgVa5xSSCoYjXR8iAuc1c9yV0WUxsfcemQPSbg138CIt/s1600/JVL_blancoMovil25anos7734b.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">06</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Cuál acontecimiento en tu país, en los últimos 25 años, te provocó
indignación?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">Digamos cuál fue el último. Fue el plebiscito del 2009 que decidió que
los uruguayos que vivimos fuera de fronteras no teníamos derecho al voto
epistolar. </span><span lang="ES">¿Te
das cuenta? </span><span lang="ES-TRAD">Soy un ciudadano a medias, no puedo ejercer el
derecho al voto. Pero es así. Los uruguayos también somos eso, esa pobreza.
En la misma época, el año pasado, o el otro, alguien hizo una antología de
poesía uruguaya que excluía a todos los poetas no residentes en el territorio
nacional. Sin explicaciones. Ni Ida Vitale, ni Enrique Fiero, ni Milán, ni un
servidor, ni tantos otros más. (Ahora que me acuerdo, la muestra abría una
excepción, mira tú, sin duda por la importancia del poeta incluido). Era una
exclusión por direcciones, no por direcciones estéticas ni poéticas, sino por
direcciones postales. El Uruguay también es eso, ya los ves.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Cuál no: las crisis, las tragedias que provoca la
corrupción como la de la guardería ABC, por poner un solo ejemplo, las
injusticias que también provoca la corrupción, como la sentencia
exageradísima a los líderes de Atenco o el apoyo de los empresarios al padre
Maciel. También las elecciones del 2006, con la sospecha de fraude, y
después, la reacción de López Obrador. Me parecía que no ayudaba a crear una
gran fuerza de izquierda que llegara a la presidencia, y el resultado es este
desánimo, esta disgregación total. Es muy triste. También me indignan los
coqueteos con el Papa de los gobernantes y los aspirantes a gobernar; esa
cosa cursi me pone de un mal humor espantoso.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Cada vez que la violencia o la pobreza
aparecen, delatando la impotencia o la desidia de la sociedad uruguaya; cada
vez que nuestra cultura y educación, de prestigio y calidad en el pasado, fue
degradada; cada vez que supuestas unanimidades se convirtieron en mayorías
dictatoriales sobre el gusto. Fueron muchas las veces que me indigné, aunque
no siempre fueron noticias dignas de un reportaje televisivo: frente a las
faltas de ortografía de un alumno universitario, frente a los niños que
mendigan en la calle, frente a las generalmente falsas promesas electorales a
propósito de todas estas falencias. También me indigné con la vida misma cuando
murieron personalidades de esas imprescindibles, que dejan huecos de
ausencia: cuando murió Wilson Ferreira Aldunate, Liber Seregni, Marosa di
Giorgio, José Pedro Barrán, Alberto Methol Ferré.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Que el país
siguiera siendo el mismo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD"> ¿De
1985 para acá? ¿Sólo uno? Te voy a citar dos, recientes: El caso no
esclarecido de Digna Ochoa, abogada defensora de los derechos humanos,
asesinada en 2001, presumiblemente por órdenes del ganadero y ex presidente
municipal de Petatlán, Guerrero, Rogaciano Alba Álvarez. Y el caso de la
periodista Lydia Cacho, que, tras su denuncia de la mafia de la pederastia
con la anuencia de la clase política en México, fue secuestrada, en 2005, por
elementos policiacos de Puebla y, aunque fue puesta en libertad bajo fianza,
sigue aguardando la acción de la justicia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La ley contra el aborto.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> La continua debacle
de una revolución y su conversión en un anacronismo, bajo la égida de dos
cucarachones kafkianos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Ah, teria que pensar muito para responder. O
desafio à capacidade de repugnar-se é permanente. Irresponsabilidade na
questão ambiental e parcerias de políticos e empresários fazendo a festa. Ser
extorquido em taxas e impostos para patrocinar isso. Algum micro-capítulo da
política literária, sendo sintomático, pode aborrecer-me mais que esses
grandes escândalos, mentiras, traições a supostos ideais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">La historia está llena de situaciones y
acontecimientos dolorosos e indignantes. Hay crímenes cometidos que
permanecen impunes, pero siguen vivos en la memoria colectiva del pueblo (la
historia oficial no ha podido borrarlos). Son hechos que trascienden nuestras
fronteras hasta hallar eco en otras vidas que también reclaman justicia pues
han pasado por experiencias similares. La muerte violenta del independentista
Filiberto Ojeda Ríos (1933-2005), asesinado por agentes del FBI en el pueblo
de Hormigueros, Puerto Rico, es un caso que provocó indignación y sacó a
millares de puertorriqueños de sus casas para manifestar su rechazo al vil
asesinato y expresar sus condolencias. Otro acontecimiento indignante,
ocurrido recientemente, en marzo del 2010, fue el asesinato del niño de siete
años Lorenzo González Cacho. La madre, las hermanas y otros dos adultos se
encontraban compartiendo en el apartamento la noche que ocurrieron los
hechos. Hasta el presente, el asesino permanece encubierto y se desconoce
quién lo mató. Si toda muerte violenta de gente inocente es indignante y
dolorosa, cuánto más la de un niño o una niña. La sangre, vilmente derramada
por aquéllos que supuestamente son los guardianes de sus propios hijos,
demanda que se haga justicia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">En
septiembre se cumplen 25 años de los dos terremotos y la indignación en
contra de los constructores, ingenieros, arquitectos, contratistas sigue
vigente. Los hospitales, maternidades, edificios de gobierno nunca deberían
caerse y fue lo primero que se vino abajo por la corrupción de los mexicanos
que detentan el poder, no sólo el político sino el económico aunque los dos
poderes van de la mano y los que pagan el pato son siempre los de menos
recursos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">La repetición de los mismos errores, esa condición insaciable frente a
las equivocaciones.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La forma en que los políticos de izquierda y de
derecha, viejos y jóvenes, entre 1982 y 2005, se <i>farrearon</i> (traduzco:
dilapidaron para su beneficio) la democracia y el sistema de libertades
recuperados después de muchos años de gobiernos autoritarios. En realidad,
toda la historia boliviana es un <i>continuum</i> de golpes de
Estado y pequeñas satrapías militares, interrumpidas por breves interregnos
–cuatro o cinco– de pequeñas satrapías civiles, salvo escasísimas
excepciones. La primera oportunidad histórica de construir una democracia con
instituciones sólidas y participación ciudadana activa fue la abierta a
principios de los 80 y malograda en las dos décadas siguientes a punta de
corrupción e inequidad social. Hoy estamos en un nuevo experimento, que ojalá
no culmine también en fracaso.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Acontecimiento es una
palabra muy potente, se acerca a suceso histórico y México en verdad ha
tenido, que yo recuerde, sólo dos sucesos históricos indignantes: a) Cuando
el presidente Ernesto Zedillo quebrantó y disolvió la frontera que había
gestado, con razones probadas, el Movimiento Zapatista en el estado de
Chiapas y b) La elección del inepto Vicente Fox, elección producto de la gran
publicidad, la mercadotecnia, las cuales se tragó el pueblo de México, quien
ahora está avergonzado, pero este pueblo fue el responsable. Yo no voté por
este señor.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Por no abusar del espacio,
siento la tentación de no responder. Desde 1985 a la fecha, desgraciadamente
han sido demasiados los abusos del poder político y financiero, las burlas,
la represión criminal, el cinismo y las mentiras. Cada día sucede algo
indignante contra alguna comunidad indígena, o barrio urbano, o grupo de
trabajadores. No sólo las grandes masacres; también “pequeños” asesinatos,
despojos, encarcelamientos, violaciones, desprecios, enfermedades y muertes
por la desigualdad y la avaricia de los de arriba. Sólo el que no se informa
está a salvo de la indignación.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Dignamente hablando, casi
todo me provoca náuseas, júbilo e indignación. ¡Cómo olvidarnos de la
farándula sangrienta encabezada por el celebérrimo don Augusto, oh capitán
supremo de los cielos infernales! La verdad es que dan ganas de llorar a
lágrima viva. ¡Cuánto dolor y más dolor y más dolor! Sin duda que el sadismo patriótico
se extiende a veces como los derrames no propiamente cerebrales de Su
Majestad el Petróleo. ¿Verdad que tengo, por desgracia, la razón? Cuánto
daría por estar abismalmente equivocado, al menos en estos asuntos que nos
abren el tajo más profundo en la bendita carne y en el bendito espíritu. Y
hasta aquí llego porque estoy llorando a mares, convulso y liricida, como le
sucede a todo insigne poeta o más bien antipoeta lírico. ¡Que viva Su
Majestad el Lírico, el Doctor Sutil, el Lobo Sapiens, por si las moscas!</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>É um
acontecimento de duas faces: Janus. Trata-se da corrupção epidêmica liderada
pelos políticos e a tentativa de cercear a liberdade de expressão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Muchos. El principal es
la aprobación por referéndum de un tratado de libre comercio con las
corporaciones transnacionales usamericanas, para entregarles el patrimonio de
un pequeño pueblo indefenso y noble. Se cambió radicalmente el paradigma de
proyecto histórico que nos había alimentado hasta ahora.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Vamos comemorar este mês mais um
aniversário da Revolução dos Cravos. Ao longo destes trinta anos indigna-me
que não tenha ainda sido erradicada a pobreza em Portugal e que se não dê
ainda ao Povo a cultura que o leve a uma real emancipação política e social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">Muchos. Pero, sin comparación en el horror: la
dictadura genocida de 1976-1983, llevada a cabo por los grupos de poder de
siempre -y de ahora- con la aquiescencia de buena parte de la clase media.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">A diario me indigna el ejercicio del poder; la
corrupción nos carcome el espíritu.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Son tantos que he perdido la cuenta. En los
últimos 25 años, en México, hay que hacer un gran esfuerzo para no vivir todo
el tiempo indignados.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">La toma del poder por las fuerzas militares y el régimen de Pinochet.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Puedo mencionar el de
este mes de octubre 2009 cuando el gobernador de Puerto Rico, Fortuño, dio
orden de despido a más de 17,000 empleados públicos, sumando así un número
cercano a los 40,000 en los dos últimos años. Debo mencionar que era una
adolescente cuando escuché de los presos nacionalistas y la manera en que se
torturó a su líder Pedro Albizu Campos; de la matanza de unos jóvenes en el
Cerro Maravilla por ser hijos de revolucionarios o por ser de izquierda; el
crimen carnicero como el mencionado anteriormente al periodista Ojeda, todos
estos actos como una tradición sostenida por parte de Estados Unidos y sus
súbditos asesinos cuando comenzó este método de terror en 1937 con la Masacre
de Ponce (1937). Para reprimir levantamientos en el país se acostumbra a
representar el poder con un crimen público que nos paralice la inteligencia y
la capacidad de protestar. Es el pan nuestro de cada día en Puerto Rico y en
el Caribe, y hay que guardar memoria de todo el horror que se vive en los
estados militaristas de nuestras supuestas islas del paraíso.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> La matanza del 68,
la guerra sucia, el robo de las elecciones presidenciales a Cuauhtemoc
Cárdenas, la matanza de Acteal, los crímenes de Atenco, las muertas de Juárez
y recientemente, el retiro de la literatura, la historia y la filosofía como
materias obligatorias a nivel preparatoria. Desgraciadamente, me parece que
México es una muestra de lo que pasa en el mundo, y nada más. La humanidad en
general no anda, no ha andado nunca, por buenos caminos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Vou
generalizar: a contínua e perversa mancebia, o repugnante conúbio, em que têm
vivido certos sectores políticos arrivistas e o totalmente desacreditado, dum
ponto de vista ético, sistema judicial em que se espojam governantes,
causídicos, magistrados e forças obscuras de irmandades. É isso que constitui
o cancro que está a destroçar o meu país. Sem generalização: as tentativas
imperiosas surgidas ultimamente de instaurar de novo a censura e o controle
do pensamento, por parte de magistrados altamente colocados e de áulicos
políticos sempre dispostos a tudo e prontos para tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">Me indigna
el estado de violencia producido en la nación colombiana por el conflicto
armado que la azota, mismo que persigue mantenerla en un ejercicio de
impotencia, al punto de pretender sumergirla en un laberíntico espejo de
atrocidades sin regreso, sólo útiles para quienes se usufructúan de los
réditos que deja un conflicto cuya única ideología es la de no creer en la
dignidad humana. Me indigna el carácter acomodaticio de quienes en Colombia
dicen reflexionar sobre estas realidades y se inclinan a diestra y siniestra
sólo esperando el reconocimiento y los beneficios mediáticos sobre sus
opiniones periodísticas o sus diagnósticos mesiánicos. Ni que decir de la
participación real e irreal de la comunidad internacional, siempre tan dada a
meter la viga en el ojo ajeno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">La muerte a la peruana, que
acaso tiene ya patente universal. El consumo digitalizado y chicha en el
marco de nuestras patéticas efemérides: navidad, año nuevo, fiestas patrias…
que siempre me ha olido a caca. El truhán de turno y nuestra educación
represora… nuestro sistemático repudio (fruto de esa misma educación) a la
poesía. Algo más?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Varios. Conocer las
verdades tenebrosas de la dictadura de Alfredo Stroessner, antes y después de
la caída, me produjo una indignación tan grande que me impulso a escribir la
novela <i>La </i>Querida, en la cual intento presentar un fresco de
aquella época nefasta. Momentos claves, ya después del destierro del
dictador, fueron la visita al Museo de la Memoria donde vi los instrumentos
de tortura, y escuché el testimonio de algunas personas presentes que habían
estado allí cuando era una prisión. Entrar en la sala de torturas, ver la
pileta, una bañadera blanca, en la cual se sumergía a los presos, la sala
contigua con varias sillas “para que descansen los torturados y luego seguir
las sesiones”, o saber que algunos médicos se prestaron a constatar hasta
cuando se podía torturar a un prisionero para que no se muriera durante la
tortura. Muchos de estos casos están incluidos en la novela que es sobre todo
una meditación sobre el poder. Otro hecho que me tocó profundamente fue el
“Marzo Paraguayo”, una noche en que el pueblo entero, mis hijos y nosotros
como todos, fuimos a la Plaza del Congreso a pedir la renuncia del Presidente
Cubas, y fuimos testigos de la masacre de ocho estudiantes y campesinos, uno
de ellos caído muy cerca nuestro; no puedo olvidar la solidaridad de los
taxistas haciendo ronda para llevar a los heridos a Primeros Auxilios y a los
hospitales, y los fogonazos que partían del último piso del edificio Zodiac,
los cuales se veían perfectamente desde abajo. Tiempo después visité la plaza
con una amiga extranjera que quería conocerla, allí donde había visto a esos
jóvenes caídos, solo había papeles, suciedad, maraña, ninguna señal, salvo
unas cruces olvidadas. Ese impacto mi inspiró el poemario <i>Las cruces
del olvido.</i> El poeta es una caja de resonancia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Muchos, y más que uno específico, aquellos que
tienen que ver con el maltrato y abuso a niños, así como las atroces
desigualdades sociales.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">En
Chile el largo dominio de los militares, y el reciente triunfo de la derecha.
En México la constante opresión, asesinato y desaparición de indígenas. En
Canadá la erosión de las conquistas de los setentas en asuntos de salud
pública a manos de gobiernos de derechas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> La entrada en la OTAN
y posterior participación en la guerra contra Irak.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">07</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
Arte, ciencia, religión – ¿Cuáles de esas tres corrientes, a lo largo de la
historia de la humanidad, causó más daño al hombre?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-TRAD">La ciencia, ni te cuento.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES">La pregunta viene con respuesta, pero estoy de
acuerdo con ella. El arte y la ciencia, que yo sepa, no han provocado
guerras. La conclusión se desprende sola.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> La religión cuando deja de ser una
opción para representar el mundo y reglamentar las normas éticas y se
considera verdad absoluta con poder para destruir al otro, estigmatizado como
lo opuesto a la verdad. El arte cuando su poder de representación fue puesto
al servicio de la exaltación de totalitarismos y fanatismos excluyentes. La
ciencia cuando sus enormes poderes fueron canalizados para destruir,
amedrentar, imponerse; o para satisfacer y atender únicamente a los que
pueden comprar sus beneficios. Fiel reflejo de la especie humana que los
creó, los tres son expresiones (más que corrientes) de lo mejor y lo peor de
la condición humana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Si van
juntas, entonces es la alquimia, y eso está bien, pero si las separas empieza
el peligro.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La religión
mal entendida, la ciencia mal aplicada y el arte mal apreciado dañan por
igual.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La religión, que continúa causando estragos entre los fanáticos
religiosos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> La religión. Pero
debo hacer la siguiente aclaración. La religión cuando se convierte en
instrumento de poder asentada en dogmas. La imposición de la fe ha costado
ríos de sangre. Por lo demás creo que todos somos religiosos, de una forma u
otra. Hace falta tanta fe para decir que Dios existe, como para negar su
existencia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Religião, é claro. Religião institucional;
religião pessoal é direito de cada um. Se bem que religião também fez a
história mover-se – cisma protestante, naquele momento, teve um efeito muito
bom, enfraqueceu o papa. Depois… Mas estou falando de religião ou de
sectarismo? Por outro lado, o anarquismo místico dos Irmãos do Espírito Livre
e dos <i>Ranters</i>, isso não era religião? <i>Beats</i> como
Ginsberg e Kerouac foram muito religiosos – religiosidade não-institucional,
é claro. Arte nunca fez mal algum a ninguém. Dirigismo da arte e censura,
sim. Ciência é bom – cientificismo é horrível, já fez e continua fazendo
estragos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Las artes y las ciencias han sido de gran
beneficio a la humanidad, y a través de los siglos han ayudado al desarrollo
y al progreso humano, pero hay que destacar que muchos de los descubrimientos
científicos del siglo XX han servido también para crear armas de destrucción
masiva que nuestros antepasados nunca imaginaron. La religión, por su parte,
mal interpretada y practicada, ha causado mayor daño a la humanidad. No hay
más que echar un vistazo a la historia de las religiones para tener una idea.
La Edad Media, el Oscurantismo, las Cruzadas, la Inquisición, la postura
política de la Iglesia, la espada y la cruz en el Nuevo Mundo, y los millares
de muertos, esclavizados o perseguidos por el fanatismo religioso. Y no es
que tener una creencia religiosa haga daño (¿quién en el fondo no la tiene?).
El peligro está en el fundamentalismo religioso, en las posturas
reaccionarias de las instituciones de Occidente y del Oriente para hallar diferencias
donde sólo existe semejanza. Es sabido que en nombre de la religión se ha
cometido grandes crímenes contra la humanidad. Sin embargo, es justo decir
que la iglesia y las ideas religiosas influyeron a pensadores y poetas cuyas
posturas en defensa de los más débiles es una realidad difícil de ocultar.
Los poemas religiosos (Gonzalo de Berceo), la pintura de la Edad Media y el
Renacimiento, la poesía mística en las voces de Santa Teresa, San Juan de la
Cruz, Fray Luis de León provienen de una conciencia religiosa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">La
religión, y más ahora, que sabemos que existe un personaje que encarna al
mal: Marcial Maciel.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">En primer plano, no resta duda que es la religión, que incluso sigue
causando. Los daños de la ciencia y del arte, en muchos casos, son
curiosamente una invención de la religión, con sus rechazos estratégicos que
actúan como defensas de la moral o que son interpretados como movidos por
prejuicios.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">El arte no, desde luego. Sí la ciencia y la
religión –duele decirlo, tratándose de dos fuerzas primordialmente positivas–
cuando fueron mal comprendidas y mal orientadas. Bien vistas las cosas, el
hombre es la fuerza que ha causado más daño al hombre a lo largo de la
historia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Es indudable que no ha
sido sólo una, sino dos: la religión y la ciencia. Ninguna de las dos
deberían existir. La primera gesta guerras y pensamientos rígidos,
autorrepresivos; la segunda está terminando con el mundo. Sólo de pensar que
agujera cerros y montañas, el subsuelo, que ya destruyó varios metales, que
está asesinando a demasiadas especies animales, que hace un gasto desmedido
en programas de exploración del cosmos que es ir a la vuelta de la esquina
cuando no sabemos si el universo es infinito o no. A lo mejor la Tierra está
en el centro del Universo, como decía el poeta y epigramista Antonio Porchia
y no se han dado cuenta.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Curiosa tríada. Arte: no se
me ocurre ningún daño verdadero. Ciencia: algunos casos específicos, y no debidos
a la ciencia misma sino a determinados usos de sus producciones y
conocimientos. Definitivamente, las religiones. Por hablar de las hoy
dominantes: todas deben demasiadas vidas y fechorías, ninguna podría arrojar
la primera piedra sin ser enseguida lapidada de vuelta. Además, sí son el
opio del pueblo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Sospecho que el arte no le
hace mal a nadie. Sobre la ciencia, no estoy muy seguro, aunque no podríamos
vivir lejos de ella. Respirar ya es una evidencia artística y científica y
religiosa, en el sentido de religar o de unir. Ahora bien, ahora mal, ahora
entre el mal y el bien. Vuelvo a sospechar que ciertos productos derivados de
la investigación científica, como las bombas atómicas o nucleares, por
ejemplo, no son muy benéficos para la salud o inteligencia no sólo emocional.
Tampoco lo es el fanatismo religioso u otras yerbas como las cruzadas o el
cultivo de la pedofilia dentro y fuera de la vida conventual.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>O que
causa dano ao homem é o fundamentalismo. E tanto faz se ele se manifesta na
ciência, nas artes ou na religião.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Sólo la religión
organizada y jerárquica, que se convierte en mercantilista.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>A religião, entendida e vivida como
uma teologia como acontece no catolicismo, no cristianismo e no islamismo,
causou mais danos ao homem que a ciência e a arte. No futuro será sem dúvida
a ciência porque se está a tornar autónoma em relação à Humanidade e em
relação à Natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">Caramba… La religión bendijo lo peor de las otras
dos, y hundió en el infierno a lo mejor.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">No creo que como tales estos elementos
connaturales al hombre hagan daño. Se han escrito libros, se han hecho obras
que han generado reacciones negativas en ciertas épocas y ciertas
circunstancias, pero no se puede culpar al arte de ser dañino. La ciencia, el
saber, tampoco puede suponerse como destructivo, aunque haya servido para
perfeccionar la máquina de la guerra. La religión, aunque sea considerada el
opio de los pueblos, no puede tampoco ser nociva porque atiende al espíritu,
a la mística de la existencia humana, a su trascendencia. El problema en
todas éstas es el poder, su utilización con fines de control y de dominio, la
política que determina y las convierte en medios que justifican fines.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Es obvio que el arte casi nunca, y que la ciencia
sólo cuando se le ha manipulado para fines bélicos y atrocidades políticas.
En el caso de la religión, el problema no es la religión misma sino el
fanatismo. Entiendo que son dos cosas distintas: Fray Luis de León, San Juan
de la Cruz, Santa Teresa de Jesús y Teresa de Calcuta son extraordinarias
pruebas de que el problema no es la religión. Los ayatolas de todo signo
demuestran que el problema es el fanatismo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">No creo que hayan causado daño al hombre. Es parte esencial de su
patrimonio que puede desarrollar y que le permite de alguna manera cambiar su
entorno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">La religión. En Puerto
Rico y todo El Caribe, la religión ha sido y sigue siendo parte de las
estrategias intervencionistas del destino político, unas veces suplantando
por el protestantismo a las religiones católicas y afrocaribeñas, o
pretendiendo un comunismo ateo, respuesta no del todo sensible.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> La religión es sin
duda la que ha dañado más, pero es también el sitio en el que más se busca
consuelo frente a la desgracia y la muerte. No sé si una cosa justifique la
otra, pero entiendo que efectivamente eso es lo que pasa: más gente mata y
muere en nombre de Dios, de cualquier Dios, que por cualquier otra causa en
el mundo. Admito que es verdad que habría que separar la religión como
creencia de la religión como institución, pero no creo que estén tan lejos:
las instituciones religiosas usan como ariete las creencias de la gente.
Luego está la ciencia que descubre una vacuna por cada, digamos, mil nuevas
maneras de aniquilar. Por ello no creo que, tras un balance real, la ciencia
justifique su bondad completamente. El arte no es inocente, lo sabemos:
también puede ser utilizado como ariete ideológico. Puede mover masas. Creo,
sin embargo, que el arte no ha sido la <i>causa</i> de ninguna
desgracia histórica, y que no es <i>materialmente</i> una manera de
aniquilar a nadie. Al contrario de la religión y la ciencia, el arte tiene
mucho menos que justificar, y mucho menos de que avergonzarse.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> A
religião, sem qualquer dúvida. E que continua a causar. Pese às declarações
piedosas dos chefes de todas as religiões, estas não são mais que
instrumentos de domínio mental, espiritual, físico e social. O que individualmente
ou sectorialmente possam ter feito de positivo certos indivíduos ou
instituições não oblitera ou apaga os crimes e sufocações que fizeram e
continuam a fazer as chamadas “religiões reveladas”. Elas partiram, na
verdade e continuam a apoiar-se, na simulação e na impostura. Nos casos mais
marcados, na violência nua e crua e no crime, conceptual ou expresso pela
repressão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">El ser
humano, a lo largo de su historia, se ha comportado como un depredador. En
tal realidad el arte, la religión y la ciencia le han sido de utilidad para
imponer sus condiciones. Ante el espectáculo de la historia no es difícil
aventurar una visión de la tierra igual a un gran fruto devorado por los
humanos y su zoológico. Un planeta siendo devorado sin descanso hasta
alcanzar el hueso de la semilla, más allá de cualquier arte, religión o
ciencia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">La religión (reglamentada)
de la religión , sin duda; pero sin este sentimiento hondo de consuelo o
impulso atávico de reunión con los seres humanos y con la naturaleza somos
prácticamente nada… con ciencia y arte a mí… para quién, para que lo goce,
consuma o ejercite quiénes… para verse ampliar aún más la brecha entre los
pobres y ricos, entre los arcaicos y modernos, entre los emancipados y los
que todavía hacen caso a su mamá?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Creo que el arte no ha
causado daños a la humanidad, pero amparados la ciencia y la religión sí. Es
una paradoja muy grande que ambas hicieron el mayor bien y el mayor mal al
género humano. Si se piensa en las guerras religiosas, la intolerancia, la
Inquisición con su quema de personas de pensamiento y creencias diferentes,
las persecuciones de los judíos, y el fundamentalismo actual, que está
generando el terrorismo basado en ideas religiosas y nuevas guerras, se puede
afirmar que bajo la bandera religiosa se han cometido y se cometen
atrocidades increíbles. Provocar tanta muerte y dolor en el nombre de Dios es
un crimen que no debe cometer ninguna religión. Por otra parte, el mal uso de
los descubrimientos científicos ha provocado también males trascendentales.
Un científico en la intimidad de su laboratorio enfrascado en las ideas de su
cerebro genial descubre un elemento; él no puede ser responsable por el uso
que le demos nosotros a ese descubrimiento, que se produjo para conseguir un
bien. Pienso en Alfred Nobel y su desesperación ante el descubrimiento de la
dinamita, en las bacterias y los virus, en los grandes logros de la
tecnología, en los gases mortíferos, y tantos otros hallazgos e invenciones,
que luego fueron utilizados para fines maléficos. Las guerras, las armas
nucleares, la guerra química, los hornos crematorios de los campos de
concentración nazi en la Segunda Guerra Mundial, donde fueron eliminados
millones de judíos, de gitanos, de gente inocente. Entonces vemos que tanto
la religión como la ciencia no son precisamente las responsables de los males
cometidos, sino los hombres que tienen en sus manos el poder y los que son
arrastrados a cometer atrocidades y hechos delictivos por falta de conciencia
moral.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES">La
religión, que durante siglos fue el poder que determinó los caminos del arte
y la ciencia, aunque éstos siempre tuvieron sus formas de fuga, basta admirar
las grandes catedrales de la edad media.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">El
daño a seres humanos lo causan seres humanos. Hombres y mujeres. Hay
corrientes en arte que son negativas. Hay trabajos científicos que son
peligrosos para la sociedad. En cuanto a la religión, creo que es una
necesidad humana privada. Lo que no necesitamos para nada son las iglesias,
sean de cualquiera denominación.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> La religión, sin la
menor duda, causó y causa.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">08</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Crees que la vida de una persona puede ser regida, de manera separada, por
la lógica o por la suerte?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-TRAD">No sé. Mis alumnos dicen con humor que soy
jansenista… ¿No podríamos decir que es regida por la lógica de la suerte? A
veces me parece entrever cierto orden en lo aleatorio, ¿y no sería esa la
definición del poema perfecto? Pero no sé, la respuesta a tu pregunta es “lo
que no conocemos y apenas sospechamos”…</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Una parte es lógica: aspirar a que a nadie le
falte techo, comida y trabajo. Otra, la libertad de decidir el rumbo y el
carácter de la propia vida, sin afectar negativamente a los demás. La suerte
interviene sola, ahí no hay decreto posible.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Creo que la lógica rige las vidas, pero
la causalidad es tan amplia que lo no sujeto a cálculo (el azar, la “suerte”
como el beneficio no calculado y por tanto “casual”) también lo hace. Ambas
son determinantes, en dosis diferentes y cambiantes a lo largo del tiempo.
Los ingleses incluyen en el Curriculum de los generales el dato de si son
personas de suerte o no…<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Por ninguna
de las dos, porque son caras de diferentes monedas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Todos y
cada uno haríamos bien en encontrar la lógica de nuestra suerte, tanto la
individual como la común.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La vida humana es una conjunción de azar y razón. El azar nos da la
libertad y la lógica, el instinto de vida.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> Más bien por el
absurdo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Em separado? Duvido. Quem quiser ser dono de seu
destino, que saiba fazer lógica e acaso dialogarem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Sabemos que la vida está condicionada por
situaciones que nada tienen que ver con la suerte. Hay muchas personas, sin
embargo, que le atribuyen a la suerte sus logros o el éxito que han alcanzado
en la vida. Hay otras que distinguen entre la buena y mala suerte. Yo nunca
me he inclinado a creer que exista la suerte como tal. La lógica, por otra
parte, equivale a la razón. Es decir, a un modo de razonar el sentido de la
vida y nuestra relación con el entorno y las demás personas. No es necesario
pensar que muchos de nuestros actos son expresiones que se corresponden
coherentemente con una forma lógica de pensamiento. Pensar que un(a)
escritor(a), un(a) pintor(a), hace una gran obra, o una mujer o un hombre de
ciencia realiza un descubrimiento importante porque le tocó la suerte, no
tiene sentido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Si, creo
que muchas veces las circunstancias no dependen de uno. Tengo suerte de poder
responder este cuestionario cuando otros están enfermos o nadie les pide su
opinión.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">En separado lo que hay es la lógica de la suerte y la suerte de la
lógica. La primera no me hace ganar un premio que sea; la segunda no se sabe
cuando llega ni tampoco se repite. Es mejor contar con las dos siempre, y
actuando como cómplices en nuestro favor.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">En esta materia me rijo por dos máximas: Todo
está escrito y Un golpe de dados no abolirá el azar (o, como decimos en mi
país, Un apagaluz no acabará con el juego del cacho). Pero, por otra parte,
los milagros existen. Los ordinarios y los extraordinarios. Borges lo
escribió en su <i>Poema para una versión del I King</i>: <i>El
camino es fatal como la flecha, / pero en las grietas está Dios que acecha.</i></span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Ni por la lógica ni por
la suerte; debe ser regida por el sentido común, que era otro sentido en la
gran Grecia; y el más importante, hoy también extinguido, era la memoria. Uno
se apoyaba en la otra. Esta es la razón por la que existe la electrónica y la
computación; es decir memoria artificial.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">No lo creo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Habría que extender la
pregunta hacia los dioses del Olimpo. ¿No palpitará la suerte en el ombligo
de la lógica, a veces, y viceversa? Por ejemplo: en este mismo instante me
duele el canino (¿así se dice?) de la mandíbula inferior. ¿Será un signo de
la buena o la mala suerte? ¿Qué le correspondería decir a la lógica cuando
esto ocurre? ¿Hay lógica o más bien mala suerte en este asunto? Sospecho que
todo está muy vinculado desde mucho antes que existieran los dientes y las
muelas, así como la lógica y la suerte. </span>¿Verdad
que sí, que no, que sin embargo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>O destino
é complexo e envolve todos os aspectos. Estamos diante de permanentes dilemas
e a estes acrescentamos outros gerados pelo nosso estar e fazer no mundo.
Tudo é o destino e tudo é destino. O certo em todos os casos é que terminamos
com a derrota física, a morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La suerte no existe.
Existe el proceso vital, en interacción con otros. La lógica, es decir, la
razón, es un factor determinante y distintivo del desarrollo humano.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Não. A vida é um dinamismo aberto que
não depende apenas da lógica e da sorte, depende de uma soma imprevisível de
circunstâncias sociais e históricas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">¿Y si prefiero llamar en mi auxilio a la
intuición creadora?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">El azar existe, somos de hecho producto de la
casualidad y las eventualidades, pero nuestro destino está regido en gran
medida por la lógica que impera en nuestro medio, en el mundo. Para el
mercado no somos entes espirituales, sino consumidores y productores, cifras,
estadísticas. La buena o la mala suerte la define entonces esa lógica del poder.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No. La lógica me dice que los que creen
exclusivamente en la suerte no son lógicos, y que es una suerte que todavía
estén vivos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Quizás. Es mejor tener una idea clara de lo que se hace.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">No asocio “lógicamente”
los dos términos. No hay nada que pueda ser regido por mucho tiempo desde
puntos de referencia absolutos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> La vida está
siempre regida por la suerte, el azar: un día el filósofo se resbala en la
tina del baño y se muere. El mismo día, el dictador escapa ileso de un
atentado que pudo, al acabar con la suya, salvar millones de vidas. La lógica
es algo humano, creado. La naturaleza última del cosmos es el azar, a pesar
de la ciencia que supuestamente lo explica. Al final, creo que la lógica es
una manera de domar esta ilógica en que nacemos, de modo que me parece
necesaria, en algunos aspectos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Creio
que por ambas. Tem alguma lógica, por exemplo, que Evariste Galois, um dos
maiores matemáticos de todos os tempos (o criador do “grupo de operações”!),
tenha morrido aos 22 anos na sequência de um duelo para defender a honra duma
senhora que mal conhecia e tenha levado a noite que o precedeu a escrever as
trinta e tal páginas que imortalizariam o seu nome? <span lang="ES">Talvez tenha, mas é uma lógica
que me escapa…</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">De hecho
hacemos parte del espectáculo donde los “comportamientos” y “destinos”
humanos, tanto los interpretados por la razón, como los interpretados por el
azar, son usados para someter a las necesidades de un mundo intervenido para
la obediencia y el consumo delirantes. El antagonismo que se busca establecer
entre lógica y azar hace parte de la estrategia para usurpar cualquier
identidad humana distinta a los intereses creados para el usufructo de su
condición doméstica. Dicho antagonismo alimenta la presencia de religiones e
ideologías como vehículos para la polarización que desvirtúe cualquier
condición diferente a la de tales prácticas e intereses. ¿Quiénes rigen y se
lucran de tales formas de vivir?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Es una lógica no carente de
misterio, de complicidad, de anagnórisis o suerte en los términos de la
pregunta.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">La vida de una persona es
regida por ella misma. Si el individuo tiene una mente lógica probablemente
en su vida predomine la lógica, si es intuitivo, tal vez, crea con mayor
fuerza en las influencias del azar, pero indiscutiblemente la situación en
que una persona nace y vive tiene bastante influencia sobre su destino, el
cual muchas veces es favorecido por las circunstancias. Sin embargo, esto no
es totalmente determinante, un hecho fortuito puede cambiar un destino. Lo
que sí creo firmemente es que si un ser humano tiene un espíritu fuerte,
positivo, tenaz, vencerá todas las adversidades, aunque le cueste más
conseguir los resultados que a alguien mimado por la suerte.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Creo que la vida humana es una totalidad y que
ninguna experiencia está realmente separada una de otra, sino solamente para
fines de comprensión racional de nuestras experiencias, asimismo lo que nos
rige. Estamos en una búsqueda continua de conocimiento de nosotros mismos y
de las gestiones que nos lleven a ser lo que queremos ser; sin embargo, es
una búsqueda perdida de antemano, y como dice Jean-Didier Vincent, si acaso
podemos hablar de una “ignorancia iluminada”.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Es
obvio que los seres por más que tratamos de regirnos por el logos, no lo
logramos del todo. Es constante la intervención del inconsciente. Esto es de
por sí bueno, si lo mantenemos presente.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> No, en cualquier caso
por la conjunción de ambas, ese improbable sentido común.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">09</span></b><span lang="ES-TRAD"> | ¿El
mito aun existe o no pasa de un efecto publicitario aplicado a la industria,
a la moda, al consumo?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-TRAD">Existe, es de los universales antropológicos,
existirá siempre. La apropiación indebida que los medios puedan hacer de él
no impide que exista, con toda su fuerza y toda su capacidad de organizar el
mundo y de impedir que caigamos en la pura locura. ¿No lo ves en la buena
poesía, por ejemplo?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Vivimos la creación de mitos, pero ésta responde
–exageradamente, es verdad- a una necesidad humana. Habrá a quien le haga
falta adorar a Luismi, vaya usted a saber.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Los mitos son formas de relacionarnos
con abstracciones mayores que rigen las colectividades: el pecado, lo
prohibido, la predeterminación como porfía de un destino; la jerarquización
de seres y valores; los orígenes, los destinos, la trascendencia, etc. Son y
serán necesarios. Actualmente, sin embargo, la sociedad culturalmente
posmoderna, de la información y la comunicación, construye mitos y los
consume, tanto como los deconstruye y consume el proceso de caída.
Somos <i>voyeur</i> que miramos como espectáculo tanto la
construcción como la deconstrucción de los mitos que, iguales a sí mismos,
nos siguen hablando del desorden de Pandora y la peligrosidad de la
curiosidad femenina, de la fatalidad de la belleza o las virtudes de los
padres fundadores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Sin el mito
no comemos, esa es la verdad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD"> ¿<i>El</i> mito?
¿A cuál te refieres? En todo caso, el día que yo logre conocer a fondo la
historia de las mitologías antiguas, precristianas, creo que entenderé mejor
el mundo real y actual, porque la historia se repite, ¿no?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">El mito siempre ha existido, aun en el seno de la vida cotidiana. El
mito es el punto de partida de las creencias y las ideas. Se inserta en los
signos de la vida industrial, las modas, los usos cotidianos y los valores
sociales.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> El mito puede
convertirse, como los dogmas de fe, en un instrumento de opresión. Pero
cuando surge gracias a la imaginación, posee una fuerza liberadora.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Ambos. Mas o mito aplicado à, etc, também é mito,
mesmo degradado. Por outro lado, já comentei a defesa de um novo mito por
Breton. Já escrevi sobre a <i>Beat</i> como um poderoso mito
auto-referente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">El mito es un relato popular o literario en el
que intervienen seres sobrehumanos y se desarrollan acciones imaginarias que
trasponen acontecimientos históricos, reales o ficticios. [ el pequeño Larousse
ilustrado, 2006]. Asociar el mito a la industria capitalista moderna, a la
moda o a la cultura del consumismo me parece desvirtuar, en cierto modo, sus
propiedades alegóricas y religiosas. La moda, la industria y el consumismo
son hechos reales que tienen que ver más con el efecto propagandístico que
con el valor intrínseco que representa esta palabra. Hoy día la palabra
“mito” ha adquirido otra connotación; pongamos de ejemplo, el mito americano
para referirse al que llega a los Estados Unidos en busca de riquezas. Creo
que la industria, la moda y el consumo hay que analizarlos dentro del marco
de las economías capitalistas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Tenemos
varios mitos: Pedro Infante, la Virgen de Guadalupe, Frida Kahlo y otros
personajes populares menos duraderos. La publicidad logra todo lo que se
propone y también mata de un día a otro. Recuerdo a “Cepillín” alto y flaco
que mis niños veían hasta que de un día para otro Televisa lo desapareció.
¿Qué fue de él? No sé si alguien se lo haya preguntado alguna vez.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Eso propone una discusión sobre lo que queremos del mito. Si lo que
necesitamos es de Medusa, no la tenemos. Por otro lado, si nos resarce una
Gisele Büdchen, todo está bien. En particular prefiero un mito que me
convierta en piedra apenas parcialmente al mirarlo. Ahora, si el mito no se
toma en serio, por qué yo tengo que hacerlo?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Existe, pero hay que desmitificarlo –salvo que se
trate de una rubia platino o de una Venus de ébano.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">El mito no tiene que ver
con lo publicitario. Es un recurso de la mente, de la memoria más recóndita,
útil al hombre para reforzar sus valores en la modernidad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">El mito, los mitos, son una
cosa, y bien que existen donde hay imaginación y memoria; muy otra son la
moda, el consumo, etcétera. Que estos últimos traten de aprovecharse de los
mitos válidos, o intenten inventarse alguno, es irrelevante. La materia que
constituye al mito es la única que jamás poseerá la industria (la que sea).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Sin duda que el mito aún
existe, para decirlo mitológicamente. Todo es milagro o más bien todo es
mito, como lo recuerda aquel escuálido sacerdote en la película <i>Ginger
y Fred</i>, del inolvidable Federico Fellini. Naturalmente que también hay
mito, tal vez degradado, en la industria, la moda y el consumo. A menudo
consumimos de un modo míticamente pantagruélico, como si el mundo se fuera a
desintegrar para siempre en los próximos tres minutos. Así se mueven los
seres humanos con una euforia y una depresión dignas del mejor Ingmar Bergman
o del luminoso Andrey Tarkovski.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>O mito
nada tem a ver com publicidade, imprensa, sistema de consumo ou produção em
massa. O mito é a essência. Não há como confundir o símbolo com os signos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">El mito, los mitos
existen y forman parte de la condición humana. La industria del consumo
ciertamente los puede crear y utilizarlos para hacer dinero. Pero ésos no son
los únicos con los que conviven las personas. </span>Los mitos son un componente de cualquier humanismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Apesar de domesticado pela indústria,
a moda e o consumo, há no nosso horizonte cultural um modo diverso de encarar
a cultura, exactamente porque intuímos que há uma nova urgência a que a
cultura deve dar uma resposta. A análise simbólica entende a história através
do conjunto dos seus arquétipos mitológicos. Com as transformações profundas
operadas ao longo do século passado, o método estrutural substituiu o método
simbólico e uma certa história pode transformar-se no próprio mito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">El mito está vivo: debemos buscarlo al fondo del
bosque. o recrearlo en el corazón en llamas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">El mito es anterior al mercado y seguro lo
trascenderá. El hombre requiere del mito para existir, para imaginar otros
mundos posibles, otras realidades.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Los antiguos necesitaban explicarse el mundo a
partir de los mitos. Los mitos pueden ser extraordinariamente poéticos. Pero
ya basta de mitos (cultos o incultos). Si no podemos comprender la realidad
como es, para lo único que sirven los mitos es para autoengañarnos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Los mitos existen y se superponen unos a otros, sobre todo a efectos
de la propaganda.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Y existirá. Lo estamos
continuamente produciendo y reforzando bajo máscaras aparentemente nuevas. El
mito es una poeticidad más elemental, al ras del suelo hace su filosofía, la
disfraza de símbolos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> El mito existe
porque existe la naturaleza humana, y ésta no puede explicarse todo todavía,
ni lo hará, la real naturaleza de las cosas. El sustento del mito es también
el sustento del arte: dar una forma a aquello no explicado. La publicidad y
la industria no han tomado el mito sino su apariencia, su superficie. Nada
más. El mito profundo, verdadero, sigue y seguirá intacto.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Acho
que existe ainda. Mais: que certos artistas o têm purificado e até
incrementado. No entanto, sem dúvida que os donos dessas áreas, sempre ávidos
e frequentemente oportunistas, o tentam poluir, deformar, capturar para
servir os seus duvidosos interesses. Compete-nos a nós, criadores e homens de
bem, à guisa de bravos guardiões da Távola ou do Segredo, preservá-lo e mesmo
vivificá-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES">Hoy día, la narración de un
abstracto universal que permita desentrañar los misterios y el devenir del
ser humano es el mito más recurrente, ya desde la ciencia, ya desde la
filosofía y la religión. Pareciera que el universo significara y acogiera ese
abstracto en lo complejo de su expansión libidinosa, y el ser humano fuera
uno de los minúsculos tendones en el eslabón de una invisible cadena
ontológica. Como siempre estas tentativas míticas dan pie a especulaciones
folclóricas que la publicidad hace suyas convirtiéndolas en moda para la
industria y el consumo. Imaginarios que hacen más maleable la domesticidad
global.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Puro efecto publicitario que
nos abre, puede ser, a otra cosa; como un buen coro dentro de una iglesia, no
tenemos otra alternativa que emocionarnos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Los mitos antiguos, los
que fueron engendrados fuera del tiempo histórico, cuyo origen se pierde en
la nebulosa de una época imprecisa en torno a héroes o divinidades, se
mantienen de alguna forma como pruebas de un origen, incluso común, ya que
algunos se repiten modificados ligeramente en diversas culturas; algo
parecido sucede con los mitos característicos de una cultura específica, que
mantiene la vigencia de sus héroes o de ciertos personajes que resisten el
paso de los siglos y han tenido gran importancia en la comunidad, conservando
un origen divino o heroico, así como los mitos de las diversas etnias que
habitan aún el planeta en las cuales se mantienen vivos y actuando sobre los
integrantes de la tribu. Pero en nuestra época contemporánea existe otra
clase de mitos, cuya fabricación está relacionada con intereses particulares,
que en lugar de estar conectados con los pasos primigenios de la humanidad o
las grandes epopeyas se basan en el marketing, en un ideal femenino o
masculino, fruto de la propaganda, o los mensajes subliminares. Estos así
llamados mitos son clisés que fomentan la obnubilación de los individuos de
diferentes edades, quienes se dejan convencer y arrastrar por la fuerza de
estas invenciones modernas, con el penoso resultado de ser utilizados por
estas imágenes, muchas veces perniciosas, que lideran incluso la vida de
mucha gente.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Claro que existe, somos el cuento que nos
contamos, los cuentos que hemos aprendido, muchos de ellos maravillosos y muy
necesarios, creo que el verdadero riesgo es creernos los cuentos que otros nos
cuentan sin asumir una actitud crítica y olvidando que el mundo no es algo
dado, sino algo que estamos haciendo y que nosotros somos los que ponemos en
acto su devenir.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Podemos
hablar de mitos como parte importante de nuestro pensamiento. En lo profundo
los mitos son esenciales. En cuanto a la creación de mitos publicitarios son
una manifestación superficial casi siempre dañina para la sociedad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> El mito es anterior a
la industria, el comercio y la publicidad, ahora su significado es otro,
antes nacía del pueblo, ahora se crea en los centros de poder, antes obedecía
a creencias colectivas ahora obedece a intereses privados.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">10</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Cuáles son los actos más importantes sucedidos en la cultura en general, y
en la literatura en particular, en los últimos 25 años en tu país?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA</span></b><span lang="ES-TRAD"> El fin de la dictadura, hace justo 25 años. Fue un acto
político, pero con inmensas consecuencias culturales. Aun así, te cuento que
yo esperaba más… Te juro, me deja casi perplejo ir verificando todo lo que
quedó achicado, lo (mucho) remanente del Uruguay empequeñecido por la
dictadura. Pero te repito, lo central fue el reencuentro de la cultura con la
democracia política.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Podría decir que el Nobel a Octavio Paz, el
Conaculta y los muchos premios y ceremonias, pero algo que a mí se me hace
muy importante y que no aquilatamos muy seguido es la cantidad de mujeres
artistas que hacemos una obra a la par que nuestros colegas hombres, sin
mendigar el reconocimiento, ni quedar en listas aparte. Hace 25 años, en
proporción, no éramos tantas: cuando yo estudié escenografía, hace 30, los
tramoyistas y los constructores nos miraban con desconfianza. Es un fenómeno
que ha ocurrido con la situación de las mujeres en general, pero la cultura
también ha exigido su labor. Supongo que todo esto tiene alguna relación con
el deterioro de la figura del santón intelectual.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Las transformaciones derivadas de la
capacidad para almacenar y hacer circular información, que provocaron los
nuevos medios de información y comunicación: una autopista de saberes de
acceso libre; la construcción de una enciclopedia interactiva en permanente
cambio y autogestión del usuario; la formación de gigantes de la industria
editorial; la asimilación de los bienes culturales a los bienes de mercado;
el mecanismo de deconstrucción llevado a la literatura, que pasó a jugar
consigo misma y a ser autorreferencial, plagada de guiños al lector,
literatura sobre literatura.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Que los
poetas se quedaron sin editores, y los narradores redescubrieron a España
como la madre patria. Lo demás es puro macondo, que es una sopa con plátano
verde.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Para mí, en
México, mis libros. En particular, mi novela <i>Las hojas muertas</i>,
que cuando salió recibió el Premio Villaurrutia 1987, hoy hace casi un cuarto
de siglo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">La aparición de la generación poética de los ochenta, la creación de
la Secretaria de Estado de Cultura y el premio Pulitzer a Junot Diaz.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> En lo negativo la
paulatina degradación del arte en mercancía con la consecuente confusión
entre valor y precio. En lo positivo el espíritu de búsqueda y de invención
que permanece vivo en los mejores espíritus creadores.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>25 anos? Prefiro intervalos de tempo maiores –
Nas décadas de 1950 e 1960, sou capaz de registrar algo importante. <span lang="ES">Não é passadismo ou
saudosismo – qualquer hora, acontecerá algo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">La música, el deporte, las artes plásticas y
la literatura son manifestaciones culturales que han trascendiendo las
fronteras de mi país: cantantes como Elmer Figueroa Arce (mejor conocido como
Chayanne), atletas como Javier Culson, pintores como Antonio Martorell, y
escritores como Luis Rafael Sánchez son reconocidos internacionalmente por la
trayectoria y calidad de sus trabajos. De la década del ochenta en adelante
han surgido nuevos narradores, poetas, ensayistas y dramaturgos cuyas obras
son un punto de referencia para conocer la literatura actual y, además, una
contribución al ambiente literario de la Isla, y de la literatura
Hispanoamérica en general. Trabajos antológicos como <i>Papiros de
Babel, antología de la poesía puertorriqueña en Nueva York</i>(1990), del
poeta y crítico Pedro López Adorno; <i>Literatura puertorriqueña del
siglo XX (2004), por </i>Mercedes López-Baralt; <i>Puerto Rican
Poetry: A Selection from Aboriginal to Contemporary Times</i> (2007),
del ensayista y traductor Roberto Márquez; y el reciente libro <i>Poesía
de Puerto Rico-Cinco décadas (1950-2000),</i>Caracas, Ediciones El Perro y la
rana, 2009, elaborado por un grupo de escritores puertorriqueños, dan fe de
la creación lírica puertorriqueña de estos últimos años. El Festival
Internacional de Poesía de Puerto Rico (FIPPR), creado en el 2008 como un
esfuerzo conjunto de los poetas Vicente Rodríguez Nietzsche, Wenceslao Serra
Deliz, Vilma Reyes Díaz, Marcos Rodríguez Frese, José Antonio Vidal y otros
escritores que se han unido para hacer de la literatura no un lujo de
algunos, sino un paisaje sin fronteras donde todos podemos reconocernos. Y,
por último, hay que mencionar la creación de revistas cibernéticas que han
ayudado a difundir y a proyectar nuestra literatura a través de la red del
Internet.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> Sería largo
enumerarlos pero me conmueven especialmente los Premios Cervantes a Sergio
Pitol y a José Emilio Pacheco. </span><span lang="ES-TRAD">También es
impresionante la trayectoria de Francisco Toledo y lo que el solo ha hecho
por Oaxaca. No sólo es su pintura, es toda su actitud ante la vida y su apoyo
a los oaxaqueños más amolados. Me encantó que gracias a su lucha Mc Donalds
no se instalara en el zócalo de la ciudad. También es memorable la actuación
de la corredora Ana Gabriela Guevara. Además de verla en la pista (aunque
fuera de muy lejos) la escuché en un mitin cuando fue candidata a delegada
por la Miguel Hidalgo y me impactó lo bien que sabía dirigirse al público, lo
estructurado de su pensamiento, su cercanía con la gente allí presente que
obviamente acudía porque nadie resuelve sus problemas. Pensé que si ella
ganaba haría todo por sacarlos adelante. No he vuelto a escucharla pero
todavía agradezco la buena impresión que me causó.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Siempre que pienso en la muerte de unos tantos nombres fundamentales
de la cultura brasileña, en las condiciones de abandono en que se fueron, y
en la misma condición que enfrentan nombres igualmente fundamentales que
siguen vivos, creo que este es el tema más importante a ser discutido: lo que
estamos perdiendo sin dar cuenta.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Hay mucho que reconocer:</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">El redescubrimiento de la
música barroca misional de Chiquitos y Moxos, así como catedralicia de
Charcas. Las orquestas infantiles y juveniles formadas, a raíz de ello, con
los habitantes de las antiguas misiones.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">La creciente revalorización
del arte y las manifestaciones culturales de los pueblos originarios, antes
objeto de desdén cuando no de desprecio.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">La publicación del
Diccionario Histórico de Bolivia, a cargo de Josep Barnadas y el Grupo de
Estudios Históricos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">La publicación de dos
primeros volúmenes de la Historia de la Cultura Boliviana, dedicados a la
Música, el Teatro, el Cine y el Vídeo. (Es una tarea pendiente continuar esta
vasta obra de la que fui parte con el apoyo de la desaparecida Fundación
Cultural La Plata).</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">La construcción de una sede
digna y adecuada para la Biblioteca y Archivo Nacionales de Bolivia, como lo
había proyectado Gunnar Mendoza, quien fue su director por medio siglo. De
esta forma la memoria del país hoy está a mejor recaudo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">La construcción, en un
barrio popular de Santa Cruz, de la “Ciudad de la Alegría”, un complejo
cultural y educativo que alberga a la Escuela Nacional de Teatro, hoy un
referente formativo de este arte a escala nacional. Por cierto, la historia
de muchos hijos de esa zona popular cambió gracias a esta iniciativa del
obispo español Nicolás Castellanos, quien vive con ellos como un vecino más.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">El rescate y reedición
crítica, a cargo de varias editoriales distintas, de obras de autores
fundamentales de las letras bolivianas (Plural Editores, Mariposa Mundial,
Fundación La Plata, Editorial La Hoguera, Santillana, etcétera).</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-TRAD">– </span><span lang="ES">El surgimiento de una nueva
generación de autores bolivianos, capaces de superar la obsesiva
mediterraneidad espiritual del país y, sin perder cable a tierra, poder mirar
más allá de las montañas y del Amazonas, bebiendo de otras tradiciones y de
otras influencias.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">En la cultura en general
no ha sucedido nada sensacional. En las artes particulares hay un gran avance
en la danza, las artes plásticas o instalacionistas, en los performances, en
el teatro experimental. En la literatura, la aparición de un grupo de
escritores autodenominados “El Crack”, que pretende colocar su literatura
fuera del contexto de las circunstancias mexicanas; es decir que transcurra
en otras naciones y en otros momentos históricos, con buenos
resultados. </span>Entre ellos, Jorge Volpi, Pedro Ángel
Palou e Ignacio Padilla. <span lang="ES-MX">Mi generación, la nacida en los cuarenta, ha dado
libros muy importantes. En estos momentos la crítica me considera el mejor
cuentista mexicano, según testimonios de Hernán Lara Zavala, Silvia Molina,
Claude Couffon, Álvaro Mutis, el desaparecido Edmundo Valadés.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">¿Actos? Ninguno.
Acontecimientos: el surgimiento y maduración de la poesía en lenguas
indígenas. La publicación de ciertos cuentos y poemas, algunas crónicas, un
par de novelas, dos o tres memorables puestas en escena y ciertas películas.
Los únicos acontecimientos que se ocurren son obras realizadas. También
menciono la existencia de espacios como La Jornada, de la que soy fundador
por suerte quizás inmerecida, y algunas revistas, no necesariamente las más
notorias pero sí entrañables, como la anfitriona y un puñado más que no
menciono pero tampoco olvido.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">El triunfo de Su Majestad el
Humor sin límites, ahora y en la hora, y la presencia de obras de toda
índole: las reconocidas y las otras que a menudo van por debajo de la línea
de flotación y son más luminosas, corrosivas y estimulantes. No hay que irse
con la finta de la dictadura mundial del mercado, porque hay un sinnúmero de
obras que respiran y se mueven de otro modo, y sin las cuales la vida, esto
que aún llamamos vida, no sería probablemente tan paradójica y vivible. ¿No
sienten que estoy muriendo y resucitando en un maravilloso ataque de risa que
desde el punto de vista de las ciencias exactas no tiene pies ni cabeza?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Na
cultura, em geral, é a afirmação pública, geral, de um novo paradigma,
liderado pela física quântica, e que emergiu em seus aspectos e conseqüências
em todas as áreas e já como uma avassaladora nova visão do que seja o real.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No lo sé y no sé si ha
habido alguno o algunos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Sobre o colonialismo português que durou cerca de
quinhentos anos há poucas obras além da obra de Castro Soromenho. Sobre a
conquista dos mares que abriu à Europa as Terras Novas, depois da História
Trágico Marítima, nada mais temos na Literatura Portuguesa. A escola realista
portuguesa não provocou novo interesse pela vida de Além-Mar. Sobre o mundo
global, a literatura portuguesa só veio a enriquecer-se com os autores que
escreveram sobre a guerra colonial. E este enriquecimento só se tornou
possível com a Revolução de Abril.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">El acontecimiento cultural en la Argentina en el
último cuarto de siglo fue, en 1983, el restablecimiento (que continúa) de la
institucionalidad democrática, aun con sus enormes lacras y taras. En la
literatura: el regreso a la creación y la reflexión en libertad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">Desde mi punto de vista es la emergencia de la
mujer en la literatura con enorme pujanza, su abundante aparición en los
catálogos. Otro aspecto es la publicación abundante de jóvenes escritores. El
impulso de las televisoras culturales como Canal 22 o Canal 11, como
contrapeso de la televisión comercial que, como en la mayoría de nuestros
países, es de pésima calidad. Otro asunto es la diversificación y pluralidad
de los medios, en particular de la prensa escrita.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Desde las obras paradigmáticas de Juan Rulfo,
Agustín Yáñez, Arreola, Octavio Paz, Sabines, José Clemente Orozco, Tamayo,
Agustín Lara, José Alfredo Jiménez, etcétera, no he visto nada realmente
extraordinario. Ni siquiera “El Chicharito” Hernández.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Una vuelta a un sistema político más libre aunque no se ha estimulado
especialmente la rama de la literatura.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Para una isla, como para
tantos seres humanos que por diversas razones estén limitados por un espacio
físico y territorial, el uso de las nuevas tecnologías, asimismo las
transformaciones del mercado del libro, auguran una época más optimista en
cuanto a las comunicaciones para dar a conocer literaturas del mundo entero.
Implica para nosotros salir del embarcadero hacia realidades sin límites,
ofrece mayores posibilidades de existir, de poder hablar ahora mismo. Podemos
hacer clic a una tecla y estar con todos ustedes en donde quiera que estén o
hacer llegar un cuento o un poema a una revista electrónica o impresa de
cualquier país bajo temporalidades fantásticas. Auguro, sin embargo, un
desbordamiento, problemas similares a los de la demografía de las grandes
ciudades y un cansancio similar al ecológico por el abuso de los medios.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> La belleza es lo
que me ocupa todo el tiempo. Me sobrecoge. Es, dice Tomas Mann, la única
manera de lo espiritual que nos llega por medio de los sentidos, y yo le
creo. Es también, a fin de cuentas, lo único que un artista puede agregarle
al cosmos. A diferencia de los hombres, no necesita justificarse la belleza.
Es una forma que es ya su propio fondo. Es un fin y su medio. Es suficiente
en sí misma. Es la única de las maneras visibles (y placenteras) de saber que
existe una trascendencia. Es mi manera de comunicarme con el más allá, y mi
único modo de saldar cuentas con la realidad que me rodea. </span>Es mi refugio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> O
aprofundamento da liberdade de expressão, por um lado. A possibilitação,
nomeadamente mediante os meios interactivos, da difusão de obras de qualidade
que os sectores egoístas ou cínico,s que dominam certos meios editoriais,
doutra forma, teriam impedido ainda mais fortemente de aparecerem à luz dos
dias…e das montras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">La donación
hecha por el artista Fernando Botero, a finales del siglo XX, de mucha de su
obra propia y de su colección privada a las ciudades de Medellín y Bogotá. En
Medellín motivó la reestructuración del Museo de Antioquia y la construcción
de la Plaza de las esculturas donde, además de las obras donadas por el
maestro, se recoge una amplia muestra de la tradición artística de la ciudad
y el país. Y la publicación en octubre de 2001 de la antología 24 poetas
colombianos preparada por Luis Iván Bedoya. En la misma se incluyen poetas
nacidos entre 1944 y 1967, quienes vienen consolidando una escritura propia
al tiempo que su participación en la tradición poética colombiana e hispanoamericana.
Es preciso decir que en una nación acostumbrada a ver antologías donde
aparecen tantos poetas como nombres en un directorio telefónico, resulta
necesaria una donde el antólogo asume el reto de seleccionar 24 poetas y
mostrar de cada uno 10 de sus poemas, permitiendo al lector 240 poemas donde
leer más de 50 años de escritura en Colombia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Mi poesía.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Los acontecimientos más
importantes en el Paraguay en estos últimos veinticinco años fueron sobre
todo de orden político. El derrocamiento de General Alfredo Stroessner luego
de 35 años de cruenta dictadura, el 2 y 3 de febrero de 1989, fue un hecho
remarcable que cambió la historia de nuestro país y de la mayoría de la
población. Se impusieron las libertades ultrajadas y la gente volvió a
respirar sin el terror de los apresamientos y desapariciones, el miedo
endémico y la falta de confianza para hablar, pensar, reunirse y sobre todo
disentir. Para los exiliados fue la posibilidad de volver a su tierra, en
muchos casos después de toda una vida; Para los presos políticos significó la
libertad, la posibilidad de dejar las cárceles, recuperarse del encierro y la
tortura; para la generalidad de la población una esperanza en el futuro. Y
para aquellos que estuvieron comprometidos con el régimen lo que significa la
falta del poder, la vida diaria con el estigma de haber apoyado o haberse
aprovechado de la dictadura. Muchos trataron y consiguieron reubicarse en el
tiempo de la transición democrática, otros, unos pocos, permanecieron fieles
al dictador retirándose del ruedo político.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-PY">La masacre del llamado
Marzo Paraguayo, en 1999, fue otro hecho trascendente, que tuvo lugar cuando
la ciudadanía se reunió en la plaza del Congreso exigiendo la renuncia del
Presidente Raúl Cubas Grau, luego del asesinato del Vicepresidente Argaña y
sectores que respondían al oficialismo dispararon contra la población reunida
en la plaza, matando a ocho personas, entre estudiantes y campesinos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-PY">Otro acontecimiento que
cambió el panorama político de la nación fue la caída del partido colorado
después de 61 años de permanencia en el poder, el 20 de abril de 2008,
defenestrado del poder por la Alianza Patriótica para el Cambio, cuyo
candidato fue el ex Obispo Fernando Lugo, en el cual mucha gente creyó, pero
actualmente está perdiendo su popularidad inicial por actos desacertados de
gobierno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES-PY">En el campo cultural el
hecho más importante fue, sin duda, el otorgamiento del Premio Cervantes, en
1989, al escritor Augusto Roa Bastos, representante más reconocido de la literatura
paraguaya.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Sin duda, la aparición de los nuevos lenguajes
tecnológicos y científicos, desde la cibernética a la genética, que han
permeado y cambiado la realidad que conocíamos y con ello la literatura, que
es uno de los medios de expresarla. Pienso que todavía es temprano para saber
a qué conllevará esta revolución, pero es nuestra responsabilidad seguir
resistiendo y creando un proyecto de humanidad menos excluyente y más justo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">En
Chile hay un renacimientote lo cultural debido a la desaparición, parcial,
pero real, de la opresión política. Aparecen muchos libros, hay posibilidad
para que poetas y escritores viajen y sean vistos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> El nacimiento de la
figura del gestor cultural, los movimientos de música, teatro y edición
independiente, y la irrupción de Internet. En literatura prácticamente nada,
pero nada de nada en verso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">CODA</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Cómo convives con los seres que están en tu vida?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-TRAD">Admito que esos seres son relativamente pocos, y
que algunos son de ficción. Pero convivo bien, o mejor diría: no logro
imaginarme sin ellos (lo que es decir).</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">La familia, los amigos, los animales, me parecen
una gracia, un don: me llena de felicidad que estemos juntos, acompañándonos,
queriéndonos y peleándonos a veces. También me gustan los niños, me caen
simpatiquísimos. La buena o malaventura de las relaciones en general depende
mucho del empeño y la suerte, creo yo. Por otro lado, tiendo a ser solitaria.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Aquello del escritor solitario no rige
para mí: para escribir debo, trabajosamente, lograr aislarme del bullicio de
una casa con tres hijos adolescentes, a los que estoy muy estrechamente
unida, de las llamadas telefónicas, de las invitaciones para reunirnos con
fulano y mengano. Como todos en nuestros días tengo un “yo saturado” : una
red más amplia de amistades de las que puedo cultivar en tiempo y forma, un
movimiento permanente de viajes y seres nuevos con los que estableces lazos
amistosos o profesionales de diferente tenor e intensidad.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">La pasamos
bien, riéndonos de los demás.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">De una
manera tan comunicativa que es mi mayor estímulo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">En una relación de atracción y repulsión.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES"> Convivo
conflictivamente.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Não posso me queixar. Modificaria: comentaria,
com admiração, os seres que conseguiram conviver comigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Agradecido de que toleren mis defectos y en
armonía como debe ser.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Tengo diez
nietos, pero no sólo ellos están en mi vida, sino los mil niños en los que
pienso, los que respiran “chemo”, los que se la juegan entre los automóviles,
los que viajan en camiones atestados y venden cualquier cosa en el metro, los
que miro apilarse en las terminales de autobuses, los que viven en la calle,
aquellos a los que la corrupción y la indiferencia les han cortado las alas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Con gratitud por la magia que alcanzamos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Con gratitud, con generosidad, con alegría.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Convivo muy bien. He logrado
conformarme un carácter en que el enojo se presenta de forma escasa. Llevo
una contabilidad al respecto. Me enojaré unas diez veces al año. No tiene
caso desgastarse de manera individual cuando se vive en una sociedad, en una
ciudad (México), en un continente y en un mundo que no tienen remedio.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Supongo que la pregunta
alude a los seres que amo y necesito, me aman y necesitan. Pocos o muchos,
siempre son todo. Más que “cómo”, mi problema particular es “cuándo”, o bien
“dónde”. Las condiciones de mi vida, sobre todo en la pasada década y media,
me han alejado de amigos, familiares y amores. El contrapunto de la soledad,
o la compañía de extraños, se ha impuesto excesivamente. Me convertí en uno
que siempre se va. No bien llego, ya pesa sobre mí y los demás la inminente
partida. Siempre tengo dos, tres o cuatro casas (ninguna es “casa chica”, por
cierto; nunca me dio por ahí). El sólo hecho de estar al lado de mis hijos y
de la mujer que amo me hace feliz siempre; compartir las horas, los espacios
y las experiencias comunes debía bastarme. Y de mis amigos, sin excepción,
estoy orgulloso y agradecido. Entonces, ¿por qué me marcho? Eso sería materia
de otro cuestionario.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">La coexistencia se da en
tres niveles científicamente precisos. Tres niveles que son dos. Más bien dos
niveles que son uno: el pensamiento salvaje. ¡No, miento, siempre no, como se
dice en México! Los que aún habitan en mí tienden a contradecirse con una
precisión a menudo científica, lo cual no está muy distante de la escuela
filosófica a la que pertenece Cayo Valerio Lavín Cerdus: una escuela sin
escolástica. Confieso que desde el siglo pasado, casi desde el romántico XIX,
nos llevamos muy bien con la musa, más bien la musaraña y sacerdotisa Nora del
Carmen, aunque a veces nos peleamos por asuntos que más bien pertenecen a las
huellas del exilio, de la metafísica mayor, de ciertos insectos como el cara
de niño, o más bien de la hermenéutica, como también le sucedía al bonaerense
cronopio mayor, don Julio (así se llamó también mi Padre, aquel de Santillana
del Mar avecindado en Santiago de Chile), con Aurora Bernárdez. ¿Se entiende
o ya no se entiende? No podría olvidarme del nieto Cristóbal, quien tuvo la
fortuna de poder decirle a Jesucristo cuando lo vio ensangrentado en el
abismo de la cruz, “Bájate de ahí y pórtate bien”. Tampoco me olvido del hijo
Iván, quien se mueve de un modo oscilatorio entre las matemáticas de alto
vuelo, la cerámica, la poesía y el descubrimiento de la cultura maya, así como
de su esposa Gemma, quien logra con un soplo que el barro de los orígenes se
transfigure en sus manos hasta alcanzar al fin la dimensión del arte.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Convivo
com afetividade, amor, compreensão e doação permanente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Con mucha armonía. Sin
reclamos de hegemonías ni poder. Algunos más cercanos y otros a distinta
distancia, pero todos integrados. </span>Mi
pretensión es ser hoy un viejo sabio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Convivo de forma cordial e pacífica
com todos os seres que estão na minha vida e mesmo com aqueles que de forma
esporádica se cruzam comigo numa estação do tempo. Grata pela oportunidade e
pelo espaço que me foi dado, saúdo-vos cordialmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">Oh, lo hago como puedo, pero sin olvidar que el
sustento de todo es el amor y la esperanza, en la lucha honesta y obstinada
de cada día.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">Convivo, sólo eso, convivo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Convivo realmente con muy pocas personas. Nuestro
mundo verdadero es de pocas personas. Nuestros seres amados y nuestros amigos
más queridos no son los que están, necesariamente, en FaceBook. Mucha gente
cree que tiene muchos amigos porque posee cientos o miles de contactos
virtuales. Lo dijo Hans Magnus Enzensberger: “Quien confunde el amor con el
sexo virtual está listo para el psiquiatra”.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Los siento muy cerca y trato de convivir en la mayor armonía con
ellos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">De la misma manera que
cuando salgo a la calle y no conozco a la persona: intentando intercambiar
ideas, sobornando, culpando, compitiendo, abusando, traicionando, siendo
soberanamente indiferente al otro, aparentando un diálogo, pareceres, a veces
intransigentes, otros llenos de buena intenciones. Y cuando hay luz, cuando
nos toca entender algo, sintiendo el significado del amor y trato entonces de
reciprocar, hacer algo con él, tomar conciencia, recomenzar con prácticas
cotidianas más amorosas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> Soy un tipo muy
gregario, sociable al extremo, y sin embargo ando siempre rodeado de las
mismas personas. Disfruto a mis amigos antiguos y a los nuevos. No pierdo
amistades, y mucha gente que me rodea me provoca admiración y feliz
desconcierto. Procuro rodearme de buenas personas. En general trato de
convivir con transparencia, que es una manera del amor, con los seres que
están en mi vida.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Há,
feliz e infelizmente, vários tipos de seres que quer queiramos quer não estão
na nossa vida: os que amamos/estimamos e nos amam/estimam, os que detestamos
ou nos detestam, os que vivem noutro plano (animais e vegetais) e,
finalmente, os que sem estarem já conosco no entanto vivem na nossa memória.
Com os primeiros convivo bem, sulcados ambos pelos ritmos do tempo. Com os
segundos não convivo, ou convivo sob a égide do desprezo salutar que lhes
voto. Com os terceiros relaciono-me através do apreço e do carinho de ser
vivente. E com os quartos mediante a saudade e a nostalgia mais pura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES">La intimidad es una de las
opciones de que dispone el ser humano para mantener la dignidad de su
existencia. En ese aprehender intimidad se realiza mi convivencia. Para la
misma en ningún momento excluyo las contradicciones y las certezas donde se
funda el ser que soy.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">A patá y trompá, y mucho cariño.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-MX"> </span><span lang="ES">¿Cómo convino con los seres
que están en mi vida? Bueno caminando siempre sobre el alambre tenso como un
volatinero apasionado que, por un lado, no puede vivir sin la literatura, la
poesía como fuente de energía sublime, la narrativa como un enfrentamiento
con la vida cotidiana de nuestro país y muchas otras partes del mundo, la poesía
infantil como un espacio nacido de las vivencias de la maternidad y mantenido
a lo largo de los años. Imagínate caminando por los aires, con una sombrilla
en la mano para no caerme y tratar de conservar mi mundo interior, mi
libertad para crear, a la cual he supedidado varias otras libertades. Y por
el otro lado no descuidar a mi familia, sin la cual me sería también muy
difícil vivir. A estas alturas de la creación, constatada la tenacidad de mi
vocación, hechos los renunciamientos necesarios para estar con ellos entre
las fugas creativas y los viajes que se presentan, debo decir que tengo un
gran apoyo de todos ellos. Ha nacido el respeto y la admiración, y, por
supuesto, a veces, el cansancio de verme siempre ocupada.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES">Una vez dije, hace bastante
tiempo, en una presentación de un libro de poemas, que naturalmente para los
niños es mejor tener una madre que haga tortas de chocolate antes de llenar
papeles con palabras. Otra, uno de mis hijos, de nueve años, me dijo: Mamá,
por qué si estás siempre trabajando y sos famosa no ganás plata. Una tercera
vez, les leí el borrador del cuento “La Seca” a la familia, y mi segundo hijo
me cuestionó: Mamá, si el tren aguatero viene tan rápido como decís no va a
poder parar y va a pisar a los niños que están atados a la vía. Naturalmente,
tenía razón, y hice venir al tren lentamente hasta ese pueblo “tan parecido a
Luvina”. En fin, las anécdotas se suman. Olvidos de la hora de buscarlos del
colegio, cuando eran chicos, con los problemas subsecuentes, el nerviosismo
de hacerlo todo bien para que la literatura no tuviera la culpa de cualquier
error, eran cosas cotidianas. Ahora, gozo con ellos y ellos se sienten
orgullosos de mí, lo cual es una gran felicidad y consuelo si pierdo algún
premio, como pasa en la vida. Así van pasando los días.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES">Ahora he vuelto a mi primer
amor: la poesía.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Con amor, que aun con sus múltiples acepciones
muchas veces contradictorias, sigue siendo la enorme fuerza capaz de
cambiarnos a nosotros mismos y, por tanto, al mundo en el que queremos
habitar.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Vivo
con ellos preocupada de su bienestar y su posibilidad de realización
personal. Me sucede esto con mis hijos, mi compañero y otras personas que
tengo cerca.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Con amor, paciencia y
mucha ilusión.</span><span lang="ES"> <span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2010]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span lang="ES" style="color: #365f91; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;">E</span></b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;">l número # 115-116 de la revista <i>Blanco
Móvil</i>, de México, como a lo largo de 2010, forma parte de un deseo de
celebrar, con números especiales que estén relacionados de alguna manera, con
los 25 años transcurridos, y esos años en relación con la revista y los creadores.
Presentamos un cuestionario y la respuesta de algunos amigos y amigas
escritores, gran parte de México y una muestra pequeña de Iberoamérica. Este es
el cuestionario que hemos enviado, el cual fue realizado por Floriano Martins
(permanente colaborador de la revista, poeta brasileño) y Eduardo Mosches.</span></span><span lang="ES" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-16936907133558889162014-08-21T18:36:00.001-07:002014-08-30T04:47:06.914-07:00FLORIANO MARTINS & EDUARDO MOSCHES | Blanco Móvil en sus 25 años | Encuesta, I<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 100%px;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable"><tbody>
<tr><td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc8DkuhPz0ngpWHSgbS6S96ver1utUSDG39lSXsv-OzsIETDTqNLXa-0mPHASEz_0NcR0j5TUyWrn80XKTuCsWfNjPnOR9W1Fqx_Ccy_s45JxIWgY998Z3SlAkhQwNORD2MRxd4kAxUe4g/s1600/JVL_blancoMovil25anos7734b.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc8DkuhPz0ngpWHSgbS6S96ver1utUSDG39lSXsv-OzsIETDTqNLXa-0mPHASEz_0NcR0j5TUyWrn80XKTuCsWfNjPnOR9W1Fqx_Ccy_s45JxIWgY998Z3SlAkhQwNORD2MRxd4kAxUe4g/s1600/JVL_blancoMovil25anos7734b.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">01</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Antes de las noticias de prensa te sientes más cerca o lejos del mundo que
allí te informan?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">Sí, las noticias de prensa vienen cargadas de ideología, o de puras y
simples malas intenciones, y habría motivos, por cierto, para sentirse frente
a ellas más “lejos del mundo”. Pero no totalmente lejos de la “realidad”,
visto que la realidad es también una construcción. Pero es una construcción
que incluye la renuencia de muchos lectores de aceptar el “mundo” que nos es
servido todas las noches en la tele y todas las mañanas en los diarios
impresos (y en Internet, y a toda hora). Yo todavía tengo confianza en la
capacidad crítica de muchos. Mira que la gente sorprende. Cierto dictador
uruguayo dijo una vez que “los uruguayos son ingobernables”. Yo iría más
lejos: los seres humanos somos animales que frustran con frecuencia a sus
domesticadores. ¿Seré optimista?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Siempre me siento muy lejos, no por desinterés,
sino por impotencia y desconfianza. Es difícil tener claro que el mundo no
son las noticias.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Las noticias representan al mundo, yo
vivo en él, pero lo aprehendo tanto por medio de la interacción directa con
seres, situaciones y objetos, como por medio de la representación de seres,
situaciones y objetos. Frente a las noticias me siento, a veces, lejos, a
veces cerca, a veces lejísimo y a veces “adentro de”. Lo mismo que me sucede
todo el tiempo con la interacción directa <i>de</i> y <i>con</i> la
realidad; realidad que, ya se sabe, es una construcción (en alta proporción,
mediada).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Oí decir
alguna vez que optimista era el que no había leído las últimas noticias, así
que yo prefiero doblar la página.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Para mí,
leer el periódico es esencial, porque tiendo a vivir en mi mundo interior y
necesito ser situada y zarandeada a cada rato, no sólo en las mañanas, con el
café.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Me siento lejos de mi mundo de percepción, pero cerca de mi mundo
sentimental.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> Las noticias de
prensa por lo general suelen llegarnos mediatizadas por los intereses del
periódico donde se publica. Todo consiste en saber cómo leer entre líneas. Si
leemos bien nos acercamos al mundo, si mal, nos alejamos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>É claro que notícias de imprensa ajudam a
interpretar o mundo. Assisto a noticiários na TV; assino <i>Folha</i> e <i>Estadão</i>,
os dois grandes jornais daqui; leio <i>Veja</i>. Tudo isso como
sociólogo; para saber fatos, e como os noticiam. E por lazer. Imprensa (fala
o psicólogo social) tem dupla função: informativa ou cognitiva, e afetiva,
como lazer. Sou crítico de críticas à imprensa do tipo lulista & adeptos.
Há quem explique a não-realização do paradigma da luta de classes pelo poder
anestesiante da “mídia”. Modelo de jornal, para essa gente, seria o Pravda.
Idem, com relação à grita recente contra a vulgaridade na internet. Diziam
que HQs iam corromper a juventude. Disseram que fliperamas iam corromper a
juventude. Agora dizem que a internet vai corromper a juventude.
Conservadores, à direita e esquerda, sempre acham um inimigo objetivo. Tenho
décadas como leitor. Algo melhorou e algo piorou. Melhorou comparado ao que
era nas décadas de 1950 ou 1960 (um jornal forte de São Paulo, <i>A
Gazeta</i>, tinha seção de <i>cotação moral</i> de filmes em
cartaz). Imprensa escrita cresceu quando desistiu de apoiar regime militar,
por volta de 1970; TV Globo, após a redemocratização. Dão de modo correto
catástrofes ambientais, o grande tema, e pelo menos parte dos escândalos de
corrupção; apontam responsabilidade de empresários e governantes imediatistas
e corruptos. Pioraram culturalmente, comparando com década de 1980: revista
semanais davam mais resenhas de livros, e com mais critério (tempo de T. S.
Eliot e Virginia Woolf em listas de mais vendidos). Houve extinção ou redução
de suplementos. Motivo: dificuldades econômicas. Mas isso não gera uma fatal
autofagia? Algo assim: menos leitores = menos recursos = cortes de custos =
menos conteúdo = menos leitores = menos recursos = … Críticas à “mídia” podem
desviar o assunto de outros temas. Políticas culturais públicas. E ensino.
Burocratização do ensino. Que adianta discutir imprensa em um país com 70% de
analfabetos funcionais, com letramento incompleto, incapazes de interpretar
textos mais complexos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Aunque no tengo plena confianza en la prensa,
pues sabemos que la prensa es un organismo controlado por intereses privados
que la mayoría de la gente desconoce, no hay que negar que<b> </b>la
información que recibimos a través de los periódicos o la radio nos pone al
día de lo que ocurre en el mundo. Sin embargo, el impacto mayor lo recibimos
a través de la televisión. En las sociedades modernas la televisión acerca
las distancias y los sucesos que acontecen en otros lugares del planeta. La
imagen que entra por la televisión tiene el poder de acercarnos a los
acontecimientos cuando éstos están ocurriendo y –querámoslo o no- influyen en
nuestros pensamientos y emociones. La imagen borra las distancias y las
fronteras convirtiendo el mundo en una pequeña “aldea global”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Me siento
super dolida por todo lo que sucede en México, el crecimiento inaudito de la
violencia, la inseguridad, y cuando salgo a la calle, el hecho de que la
ciudad esté tomada por los automóviles. Nunca pensé que llegaríamos a
hacernos tanto daño.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Lo que pasa es que el mundo que me informa la prensa no tiene que ver
con la construcción de la realidad, sino con su deformación. Además, por un
mecanismo insostenible de repetición, todo se convierte en algo extremamente
aburrido.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">A la ilusión de creer que es posible aprehenderlo
todo, capturar una y mil instantáneas de la historia, abarcar –aleph y
ombligo tecnológico- cuanto en el mundo sucede, suele seguirle la sospecha de
que cuanto más cerca creemos estar de lo real, nos hallamos más lejos; cuanto
más inmediata es su aprehensión, menos certera; cuanto más extensiva, menos
cabal.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">En general no leo noticias y
me conformo con “radio oído” de mis amistades y con las noticias que aparecen
por Internet, en especial en <i>Liberation</i>. Sé que estoy inmerso en
este mundo y que el desastre hacia el que se encamina es irreversible. Lo
demás, como la guerra en Afganistán o la presencia del espurio Estado de
Israel, no es más que parte de la mascarada.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">HERMANN
BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES-MX">Las noticias, sus giros o manipulaciones, y sobre
todo la verdad o mentira con que son expresadas, son parte de mi oficio, así
que lejos no me siento nunca, pero tampoco indiferente, y con frecuencia
involucrado, interesado y conmovido. Esto es triste, a su manera, toda vez
que las noticias importantes de la prensa, como se sabe, suelen ser malas
noticias.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">No es fácil precisarlo. Las
noticias no siempre informan. A veces nos acercan al mundo, más bien a una
parte del mundo, aunque habitualmente nos alejan. Son como ráfagas no sólo en
el aire. La prensa escrita es una cosa; la de las radioemisoras y la
televisión constituyen otra cosa. De cualquier modo, hoy casi todo se ha
vuelto vertiginoso en el in/mundo que de improviso puede convertirse en algo
digno de celebrar como un buen poema. Sea como fuese, siento que la película
va demasiado rápida. ¿Pueden bajarle un poco más el volumen a esa televisión
que no me deja dormir, caramba?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Nem mais
perto, nem mais longe do mundo. Considero a imprensa parte da realidade, não
toda expressão da realidade. <span lang="ES">A imprensa é a aparência do mundo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Cada día me siento más
extraño. La sensación inmediata es de incredulidad. Luego se transforma en
amargura e impotencia. Me crié en un mundo lleno de amor y de afán de saber y
de ayudar a los demás. Mis años de formación y de vida activa pública fueron
un goce continuo, descubrimientos, placeres del espíritu, logros, rupturas de
crecimiento. Tuve profesores que eran pozos de sabiduría, de entrega, de
humildad, de austeridad. Cada día añoro más ese mundo y me distancio más del
actual.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Perante as notícias da imprensa tenho
simultaneamente uma sensação de proximidade com o mundo, digamos que
emocional, e também a sensação desconfortável de apenas ter acesso ao passado
desse mesmo mundo, pois o presente, tudo o que no presente realmente nos
importava saber, não nos é reportado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">Tan lejos como de una máquina de coser sobre una
mesa de disección (pero, frente a la prensa, lo diseccionado y bastardeado es
la identidad psicológica, el sentido común y el discernimiento propio del
lector).</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">México es un país donde la noticia trágica es
desde hace años sinónimo de cotidiano. El mundo se siente cada vez más lejos
desde el cultivo de la frustración y la muerte.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Las noticias hablan de un mundo real: el mundo
que más me importa. La ficción es buena a su manera y nos ayuda a comprender
mejor la realidad, pero sólo a condición de que no creamos que el mundo de la
ficción es más importante que la realidad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Siento que están sucediendo cosas muy importantes, veo sin embargo que
la prensa no siempre te dice cosas verídicas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">No leo muchas noticias de
prensa, me he decepcionado cuando he tratado de crear una rutina. El mundo de
las noticias es fundamentalmente negativo, primitivo, sensacionalista, ideal
si quiero alimentar mi pesimismo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> Veo muy claro que
el mundo tiene más noticias dolorosas que buenas, y que esa dinámica no va a
cambiar. El pesimismo me parece la única manera inteligente de asumir la
historia. No por ello mi actitud es sombría, soy un hombre que disfruta lo
que le parece disfrutable, grande y pequeño, y creo en el amor y en la
belleza. Ahora bien, frente a las noticias del mundo tengo una sensación
extraña: sé, a pesar de la amabilidad de mis amigos, mi mujer y mi familia,
que en nada le ha afectado al mundo el hecho de que yo naciese y que, a pesar
de la poesía, en nada afectará mi muerte. A veces me da gusto saber que
ninguna gran desgracia ha sido culpa mía, pero entonces me sé partícipe de la
historia, y me apeno. Creo que la humanidad se ha convertido en una especie
de plaga que se autoflagela con mueca de placer. Quiero decir: viendo o
leyendo las noticias quiero estar fuera del mundo, pero lo sé imposible.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Depende
do jornal…e do jornalista. Umas deixam-me mais próximo, outras afastam-me,
porque infiro que me estão a mostrar um mundo apenas virtual e enganoso, por
razões que tenho por falaciosas ou mesmo retintamente falsas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES">Las noticias, tal como son
exhibidas e intrigadas por los distintos medios de prensa, consiguen someter
a sus usuarios a un rasero de perspectiva sobre las realidades operadas por
los intereses económicos, religiosos y políticos imperantes. Un rasero que
anula todo juicio y somete para la obediencia. Con las noticias de prensa no
puedo evitar sentirme amarrado a un sofisticado potro de torturas que busca
arrancarme una declaración de “verdad” en beneficio de los réditos que rigen
el mundo delirante para la obediencia y el consumo. Un mundo que sólo pregona
lo necesario de mi sumisión.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Me siento constantemente
desinformado e ignorante de casi todo, por eso escribo… un modo elíptico de
expresar este desconcierto.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Frente a las noticias de
la prensa, antes de formarme una opinión definitiva, trato de hacer una
confrontación de los distintos medios, para captar las aristas del problema o
la situación anunciados. Al leerlas me siento más cerca de otros lugares del
mundo, pues todos somos terrícolas en primer lugar, me considero parte de
este conglomerado humano que habita el planeta Tierra; intento adentrarme en
los sucesos de otras latitudes además de interesarme por los de mi país. A
veces, las noticias por demasiado patéticas o insólitas me han impulsado a
escribir cuentos como “Partido de fútbol” o el poemario <i>Sobreviviente</i>,
sobre la catástrofe nuclear. Creo que, no obstante las diferencias y sobre
todo por ellas, el mundo es uno solo y todos los habitantes de él una misma
humanidad.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">En un sentido, mucho más lejos, pero eso es,
obviamente, por una elección personal; por otro, me preocupan mucho la
violencia, los cambios ambientales y la impunidad y sé que si no nos hacemos
responsables, en lo que nos toca, de cambiar con actos esas realidades
repudiables, significa tanto como contribuir a ellas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Las
noticias varían en su presencia y claridad. Hay algunas que ciertamente son
sin interés y banales. Pero hay otras que me impulsan a actuar porque me
siento responsable de mantener mis ideas de libertad y justicia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Creo que la mayor
parte de la prensa se inventa un mundo a la medida de sus intereses, no es el
mío.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">02</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
¿Alguna vez llegaste a una conclusión satisfactoria sobre el motivo que te
lleva a escribir o este acaso es un tema que jamás te preocupó?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">Me lo he planteado, sí, pero siempre supe que, al escribir, obedezco a
algo como un instinto. Y los instintos no se discuten, son como axiomas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Más que preocuparme, me ha intrigado, pero
siempre he tenido clara la necesidad de inventar cosas, darles forma. Escribo
porque es lo que hago mejor y porque me da placer.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Por años pensé que tenía algo que dar a
conocer sobre la realidad pasada (soy historiadora); luego pensé que tenía
algo más que decir , algo que me incluyera a mí misma y a los siglos en que
me tocó vivir (y escribí novela). Luego fui muy cruel conmigo misma y mi
profesión y llegué a la conclusión de que construimos un pasado que muchas
veces tiene más coherencia en el texto que en el tiempo que pasó (necesitamos
ordenar para inteligir pero ordenar es reducir y simplificar: la realidad
suele ser bastante barroca) ; a la vez que entendí que todo en la escritura
(en sus diversos géneros y estilos) está determinado por la necesidad de
trascender que tiene el género humano, reacio a aceptar la muerte.
Finalmente, aceptado esto, creo que escribo porque lo necesito.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Sí, la
escritura fue un escape, una huida.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No sé si
escribir es mi primera o segunda naturaleza, pero no logro desprenderme de
ella, ni en sueños.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Nunca me siento o he siento en un estado de reconciliación con mi ser
que escribe. La escritura es una prolongación de mi sensibilidad, un estado
natural de mi estar en el mundo consciente.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> Ese tema no me
preocupa.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Porque escrevo é uma questão que não me
preocuparia, se não fosse tão frequentemente perguntado a respeito,
levando-me a pensar no assunto. Que tal a explicação psicanalítica? Sedução –
falamos, expressamo-nos, para seduzir. Com poesia lírica, é possível até
mesmo a satisfação não-delirante dessa fantasia. Também escrevo poesia e
ensaios para provocar. Para incomodar. Porque me diverte provocar e
incomodar. Escrevo porque leio; e porque tenho jeito para a coisa –se fosse
mais afinado, também seria cantor – se fosse bom de bola, futebolista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Creo no tener una razón concreta para explicar
por qué escribo. En realidad nunca me he sentido preocupado por el motivo o
los motivos que me llevan a escribir poesía. Pienso, y esto lo digo desde el
punto de vista de la creación poética, que cualquier cosa puede ser un motivo
para escribir un poema. Qué lo que uno escribe valga algo, ya eso es harina
de otro costal.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Soy
periodista porque desde los veinte años quise hacer algo más que una ama de
casa y porque desde entonces me preocupó el donde, cuando, cómo y por qué y
quise saber por qué razón estamos sobre la tierra.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">He llegado a esa conclusión bastante satisfactoria, de que es un tema
que empobrece la creación.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Me preocupó –y no poco. Pero no encontraba
respuestas convincentes, acaso porque las buscaba en la propia escritura, en
la palabra en sí misma o en mi historia personal. Hoy, algo descuidado de las
causas y más amigo de los efectos, creo que escribir representa encender una
cerilla (o un faro, qué más da) capaz de dar luz, siquiera en la duración de
su chispa, a un mundo que la precisa.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Sí: yo escribo porque
tengo tradición familiar de artistas y porque los estudios psicoanalíticos,
psiquiátricos y genéticos, que me han realizado señalan que soy artista.
Escribo y hago dibujo artístico. Y estoy inmerso en todas las artes y las
ciencias por vía de la investigación y el recreo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Me ha preocupado poco, pero
sí he dado alguna respuesta. Llevo haciéndolo tanto tiempo, digamos que desde
el final de la infancia, y tan vinculado al descubrimiento inagotable de
poesía y narrativa, que escribir es, si algo, parte de mi naturaleza. Que lo
haga bien o mal es otro asunto, pero nunca reprimí el impulso, necesidad,
inclinación, instinto o como se llame. Una respuesta que me convence es que
si no escribiera me hubiera vuelto loco hace tiempo. Otra, mejor aún, es que
escribo porque sí; desafortunadamente no todo es canto, pero al menos la
poesía, que brota de la vida, los recuerdos, los anhelos, las meras palabras
y, oh sí, “lo inefable”, me hace sentir que la escribo así como los pájaros
cantan (acción que he observado siempre, sin encontrar otra explicación que
su mera existencia). Y leer poesía es hacerse acompañar de cualquier cantidad
de pájaros de cuenta.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Modestia aparte, sospecho
que escribo desde el vientre materno, como me han dicho que también le
sucedía a uno de nuestros maestros en lo vital y en lo escritural: me refiero
al inolvidable Julio Cortázar. Qué distinto se ve y se respira el mundo con
Julio o sin Julio. Siguiendo por este camino, me atrevo a repetir las
palabras del cineasta portugués don Manoel de Oliveira, que este año celebra
su cumpleaños 102: “Yo solamente descanso cuando estoy filmando una
película”. A mí me sucede algo semejante con el oficio de la profana o
sagrada escritura.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Escrever
para mim é fundamentalmente duas coisas: pesquisar quem sou, encontrar o meu
centro, estar de acordo com o meu Self. A segunda coisa é atender ao chamado,
estar em harmonia com o meu desejo de criar a forma, estar em acordo com a
necessidade de formatar a minha intuição. O público nada tem a ver com isto.
Trata-se de um percurso em busca da forma e da individualidade do ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Siempre fui
extrovertido y comunicativo. Por supuesto que me pregunto ahora, lejos de la
vida pública, por qué escribo. Primero porque tengo muchas cosas que me
brotan del corazón, de la conciencia. Pero cada día más mi preocupación
parece centrarse más en el lenguaje mismo, en la música de las palabras, en
el ritmo de las frases, en las sensaciones fonéticas, que en el contenido
mismo. Las historias que se agitan en mi mente y las ideas que cortan y
ordenan los acontecimientos van pasando a segundo lugar. Si un ensayo o un
cuento no tiene ritmo o música, lo dejo de lado.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Porque vivo o meu ofício de escritora, nunca me
preocupei senão em ter as condições que me permitissem escrever. A obra de
arte cria para si mesma o futuro e leva a vida do escritor a continuar-se
.Nada é permanente na vida e em nós mas tudo o que tocamos se transforma numa
matéria incandescente e perturbadora e o trabalho do nosso ofício é erguer uma
trama de palavras sobre o caos que continuamente nos assola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">¿Satisfactoria? ¿Qué es eso?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">La escritura ha sido para mí una lucha diaria
contra el aburrimiento y el escepticismo, contra la desesperanza. Es no sólo
una forma de vida, sino de sobrevivencia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Coincido con muchos escritores y, especialmente,
con Alessandro Baricco, cuando afirman que escribimos porque no estamos
conformes con lo que vivimos todos los días. Todo escritor y todo lector son
productos de una herida no cicatrizada. Los “felices” normales no tienen
necesidad de escribir ni de complementar su mundo con fantasías. Pero me temo
que los “felices” normales son los más infelices del mundo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Sí, ha sido una necesidad interior muy fuerte y lo único que justifica
mi existencia en este mundo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Intenté dejar de escribir
varias veces. La conclusión cuando volví a hacerlo es que lo que me movía era
una fuerza superior a mi voluntad de no escribir, y ciertamente iba más allá
de la idea de que se escribe para alguien.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> Jamás me he
preguntado, en general, porqué reaccionar del modo en que reacciono a las
cosas. Reacciono y ya. Normalmente la consecuencia de esa reacción es un
cambio íntimo, personal. A veces el poema. No soy un tipo al que le interesa
mover mazas o levantar pancartas, no creo en esas cosas. Opino, eso sí,
cuando lo considero útil. Pero en general mi reacción es una cosa interna que
se revela en mi conducta, en el día a día.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Claro
que me preocupou, digamos, ou melhor: me intrigou. No meu caso pessoal
concluí que escrevo para não morrer, como afirmei recentemente numa
entrevista dada a um grande poeta brasileiro. Neste não morrer fica tudo
incluído: a solidariedade com os seres e as coisas, o trabalho específico da
demanda na escrita, o <i>perfume de viver</i> (título dum trabalho
meu), a amargura de ter que deixar o mundo, tudo o que nos faz ser homens no
universo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">El impulso
que me hace escribir responde al instinto de rastrear en lo hollado por el
ser humano, tanto en la realidad como en la otredad del mundo, es decir en lo
visible y en lo no visible. Escribo desde lo aprehendido en esas huellas,
empero sospecho y celebro el hecho de que no es posible imprimir dos veces
una huella en un mismo punto. Podría agregar que mi oficio como escritor es
relatar el frágil instante de tales huellas, lo contundente y efímero de su
intervención. Para ello me sirvo de los signos y de las palabras que durante
siglos la vasta tribu humana ha confeccionado. Agregarle siquiera una coma a
esa escritura es mi obsesión.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">No me preocupa, sale
espontáneamente, nada más, como las pequeñas flores de entre algunos
insospechados muros de la urbe.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">El motivo que me impulsa
a escribir es comunicar mis ideas, sentimientos, críticas sobre situaciones
que deploro, mis puntos de vista sobre los diferentes temas que bullen en ese
volcán que no suele estar dormido. Creo que lo dicho puede hermanar a las
personas que piensan igual e incluso cambiar el pensamiento de otras, puede
ayudar a una mayor comprensión de las individualidades, a la comunión de
grupos humanos distintos; mediante la escritura se muestran las carencias o
abundancia de la gente, sus modos de ser, sus idiosincrasias, sus culturas,
tan diversas. Escribir es dejar testimonio de cómo uno ve y siente las cosas,
la vida y la muerte, sabiendo que a pesar de los grados de educación moral o
intelectual de cada uno todos somos iguales ante el Supremo hacedor del universo
y que estamos en un viaje hacia la elevación de nuestro espíritu hasta llegar
a ese bien absoluto, pasando por otros mundos, tal vez por otras vidas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Escribo casi desde que me acuerdo y creo que es
lo único que de verdad he hecho en mi vida, consciente e inconscientemente, y
por supuesto es algo en lo que también he pensado mucho: ahora puedo decir,
no como conclusión, pero sí como un motivo, que he escrito como compensación
a algunas faltas de mi niñez y juventud. La escritura, como conocimiento y
búsqueda, ha sido un refugio, un arma y una felicidad imprescindibles.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Escribo
porque siento la necesidad de comunicar con otros con quienes comparto la
vida en lo social. También escribo en la intimidad para simplemente lograr sobrevivir
mis problemas y clarificar mis ideas. Para escribir hay que traer cosas a la
conciencia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Depende de lo que se
entienda por satisfactoria, pero nunca me quitó el sueño.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">03</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
Reflexionando sobre la tradición literaria de tu país, ¿Cuáles libros crees
que nunca deberían haber sido escritos y por qué motivo?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">¿Algunos libros no deberían haber sido escritos? ¿Te parece? ¿No es
darles un peso que esos libros no tienen? Se sobrevive a libros malos,
quédate tranquilo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Nunca diría que un libro no debe ser escrito,
aunque sea una porquería; me parece suicida y antidemocrático.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> No me gustan los libros patrióticos, de
exaltación heroica de políticos o militares; ni las malas novelas históricas
con sus “licencias poéticas” que terminan impostando el pasado; reniego de la
oleada de libros de auto ayuda que te explican la vida paso a paso con
fórmulas mágicas para divorciarse o lograr tener buenos amigos en la oficina;
acuso y rechazo a las versiones (históricas o noveladas) del mundo en
blanco-negro, impregnadas de la teoría de la conjura: nosotros los buenos
versus los otros, los malvados, relacionados en forma casi genética a lo
largo del tiempo; me producen vergüenza ajena los magros y malos libritos
escritos por plumas mediocres que reclaman el título de poeta o novelista
como condecoración existencial. Sin embargo, no puedo (deformación
profesional, quizás) dejar de pensar que cada una de estos libros son
producto de un momento histórico y expresan una necesidad y/o realidad
colectiva. No podría, por lo tanto, comportarme contra-factualmente y decir
que nunca deberían haber sido escritos. Fueron escritos y yo los detesto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><i><span lang="ES-TRAD">María </span></i><span lang="ES-TRAD">de Jorge
Isaacs y <i>Cien años de soledad</i> de García Márquez, porque
incrementaron la pereza.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No he leído
tanto como para contestar con autoridad. Pero creo que todo libro tiene algo
que dar. La clave está en saberlo leer.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Todos debieron haber sido escritos, mas jamás leídos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> Imposible de
responder. Salvo los libros de los poetas que reconozco como tales, hay tanto
publicado en Cuba que no vale la pena leer! Pero me temo que esto se aplica a
todos los países del mundo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b><i>Quais</i> …
? A maioria…! Uns 96% … ! Quanta inutilidade, bobagem, desperdício de papel e
dinheiro! Dendroclastas, agressores do meio ambiente! Prefiro inverter: quais
livros que deveriam ser mais lidos, que deveriam ter uma recepção e
circulação melhor (talvez as duas questões estejam interligadas)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Conocer las tradiciones de un país fortalece
la vida y el espíritu. En mi caso, conocer la tradición literaria de mi país
sirve de una gran fortaleza. Siempre se aprende de las lecciones del pasado.
En Puerto Rico hay importantes y excelentes escritores que permiten mirarnos
en sus obras y comprender los rasgos que moldean nuestro carácter. La
tradición nos ayuda a establecer diferencias y contrastes, y juicios
valorativos sobre las obras que se escriben en el presente. Decir que una
obra nunca debió ser escrita, creo que es un acto de soberbia de parte de
uno. A veces estos son juicios motivados por ciertos gustos literarios o por
animadversión o rechazo a la obra de un autor. Y no deben tenerse en cuanta a
menos que el comentario venga acompañado de un estudio crítico que explique
la razón que motivó ese juicio. Creo, sin embargo, que el tiempo es el mejor
juez. ¡Cuántos escritores en su tiempo fueron rechazados y hoy día no podemos
prescindir de sus libros!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Al igual
que Gabriel Zaid creo que hay demasiados libros aunque comprendo a los
autores que se pagan su propia edición porque así se sienten realizados.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Todos los libros deben ser escritos, si es el deseo de sus escribas.
Incluso publicarlos. Pero todos, sin rechazar los que son estéticamente
substanciosos o los que cuestionan duramente la condición humana y sus
infiernos artificiales.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Pregunta complicada. Dejando a un lado las obras
deleznables, cuya existencia o inexistencia da igual, no creo que entre los
libros significativos de la tradición literaria boliviana haya algunos que
jamás debieran haber sido escritos. Eso sí, hay varios –entre los mejores-
que no deberían haber sido leídos tal y como lo fueron: con ciega idolatría,
confundiendo al autor con su obra y a la creación con la vida. Pienso en
Felipe Delgado y en la maravillosa obra poética de Jaime Saénz, cuya lectura
hizo estragos en toda una generación (y hasta en más) de jóvenes autores, que
amén de imitar su registro hasta la fatiga, se extraviaron en el alcohol y
otros márgenes, persuadidos –no sin cierto snobismo- de que <i>sacarse
el cuerpo</i> era la única manera válida de hacer literatura.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Por lo regular no pongo
atención en el arte que no debió ser en México, pero creo que el muralismo y
la obra monstruosa de Frida Khalo debería ser escondida con vergüenza. Antes
de pintar esos cuadros que dan lástima, la Khalo hizo obra espléndida, que
los mercachifles y el nacionalismo esconden. De libros no recuerdo gran cosa,
quizá no debieron publicarse los de Arturo Azuela ni los de Octavio Paz; los
del primero envejecieron rapidísimo y los del segundo ya están envejeciendo y
no tardarán en ser una rareza a pie de página (se salvarán alguno que otro
poema; sus ensayos son insufribles como los de Carlos Fuentes, aunque este
autor es uno de nuestros mejores novelistas y muy buen cuentista).</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">No se me ocurre ninguno. La
mayoría supongo que lo mismo da que existan o no (todo es cosa de retirarlos
del librero para dejar espacio a los libros buenos, o al menos de algún
interés). Son tantos los que agradezco. Y los que no he leído o no terminé,
si acaso los empecé, no me sugieran nada. Habrá quien diga que los libros
fascistas o los libelos no debieran existir; digamos que yo también lo digo,
sin detenerme demasiado en ello.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Sólo los dioses saben,
aunque me temo que ellos nunca han leído un libro. Es posible que también lo
sepan los duendes que aún transitan por los túneles de las bibliotecas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Todos
deveriam ser escritos. Não condenaria nenhum à fogueira. Não sabemos as
consequências de cada gesto ou ato. Os que não se realizaram, os de pouco
alcance, serão esquecidos. <span lang="ES">É só isto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Mi comunión con el
quehacer literario de mi país es sólo ocasional. Conozco y leo lo que me dice
algo, pero no cultivo ese conocimiento sistemáticamente. En varias ocasiones
que he intentado hacerlo, me he llevado profundas decepciones. Ahora sólo leo
lo que me produce verdadero y comprobado placer. El libro que en las primeras
25 páginas no me ha cautivado, lo dejo. Sobre mi país, me nutro de lo que leí
en mi niñez y juventud. Las vicisitudes nacionales no me inspiran
literariamente. Largas e incesantes estadas en el extranjero me han llevado a
leer más literaturas en otros idiomas. Sigo con interés las publicaciones en
otros países. No sé qué libro habría que quemar en mi país. </span>Quizá muchos porque hay una mediocridad dominante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Os livros que foram escritos têm o
peso próprio de uma existência real que não pode ser negada e a tradição
literária alimenta-se dessas existências todas, independentemente dos nossos
gostos pessoais, das nossas ideologias ou correntes literárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">El 70 por ciento. La computación ha puesto la
edición casi al alcance de cualquiera, lo que <i>podría</i> ser muy
bueno…</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">Ya Gabriel Zaid apunta sobre el fenómeno de los
demasiados libros, los que repiten y soban lo que ya fue escrito, los
innecesarios libros. No hay uno o unos en particular, pero son todos esos que
se me caen de las manos o abandono.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No sé, exactamente, qué libros mexicanos no
debieron escribirse. Lo que sí sé es que hay una buena cantidad de libros
publicados que no hacen mal a nadie, pero tampoco bien. Escribirlos, pasa;
pero ya publicarlos es un exceso. Lo malo es que no sabemos cuáles son estos
libros, y es obvio que todo autor excluye los suyos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Si dijera lo que me vino
a la mente, me odiaría tanta gente dentro y fuera de mi país que prefiero
callar, pero no al extremo de decir “no debió escribirse”. En última
instancia la historia puede olvidarlo, ignorarlo, debilitar su importancia.
No me gustaría pensar en quemas de libros. Durante gran parte de mi vida
reaccioné en contra de casi toda la literatura puertorriqueña y sus grandes
hitos. Aclaro, sin embargo, que de esa misma literatura hay muchas páginas
hermosas rescatables, altamente originales, finas, que valen la pena darse a
conocer. A los héroes o heroínas de la literatura nacional los amo por
razones de carácter no literario. La tradición literaria debe establecer
límites entre fronteras afectivas y las meramente literarias. Quizá
tendríamos menos escritores, o leeríamos la mitad de lo que se nos vende,
pero habríamos tenido más verdad. Los defectos de apreciación literaria de mi
país los observo en todo el Caribe. En la actualidad reproducimos en la
literatura los mismos artificios y mecanismos que mueve la industria del
turismo y la cultura popular. A partir de los 60 se buscó darle una voz a
aquellos que no la habían tenido. El resultado en términos generales,
independientemente de la necesaria democratización, me parece lamentable,
sensacionalista, estridente, de mal gusto, con buenos momentos que prometen
pero no se sostienen a lo largo de un libro. No debería escribirse pero si ya
se hizo, entonces decir lo que digo aquí para tener nuevos críticos que sepan
enfrentar su historia con menos ceguera y menos fanatismo nacional.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> La mayor parte del
acervo ‘nuevo’ de las librerías actuales no debería haber sido escrito. Hablo
de los libros que se venden como receta médica, disfrazados de literatura:
libros de autoayuda, libros para hacerse rico, libros de casi-pensamiento
literario… son mentiras, llanamente. No creo que la mentira deba ser la base
de una industria que pretende llenar vacíos. Creo firmemente que los libros
de poesía mala (ésa, la que se escribe sin talento y por publicar algo)
tampoco deberían ser publicados, porque ya son muchos, y porque ese papel
hace falta para cosas más dignas: libros de texto, abanicos, papalotes… En
cambio, esto sí, esos libros deben ser escritos, porque todo poeta hace
textos malos y llega luego a los otros, los que son poesía y no su búsqueda, su
intento. Ésos son los que se deben publicar. Creo que, al menos en México,
puede hablarse de una tal vez (tal vez no) nociva sobreabundancia editorial.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Sem
personalizar – também porque um rol cabal seria extenso e atravancaria uma
resposta salubre e sucinta: aqueles livros que alguns escrevem para
estabelecer o domínio de opressões sociais, religiosas ou políticas. Ou seja,
todos os livros desses “escritores” que fazem das suas obras nefandas armas
de extermínio moral, que geralmente tenta preceder outros extermínios. E,
também, aqueles livros medíocres que as capelinhas infames dum meio
societário infame tentam epigrafar como valorosos, criando o ambiente
lamentável da mentira e da burla intelectual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">Entre
tantos otros, en la figura literaria de Rafael Núñez se representa cuanto no
debió ser escrito en Colombia. El artificio y la retórica estilados por las
élites sociales y culturales que tramaron la “regeneración” de Colombia
durante la segunda mitad del siglo XIX, hizo posible la figura de Rafael
Núñez (1825-1894). La escritura de Núñez consigue proyectar tal artificio e
imponerlo como arquetipo literario. Es así como la literatura colombiana se
extravía en lo impostado de una realidad y una retórica que consiguen
despersonalizar lo realizable de un carácter. Prueba de ello son las líneas
escritas por Núñez utilizadas para componer la música del himno de Colombia.
Una nación no debe permitirse ser caracterizada por una retórica huera que
sólo busca falsear su identidad. Permitirlo es condenarse a la desfiguración
de su presente y su destino, lo cual resulta imperdonable.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">En el Perú nunca debería
haber sido escrito <i>Trilce</i>, porque nos recuerda que la poesía
puede existir… y no es un reconocimiento meramente exterior siempre: de la
institución literaria en funciones, de criterios políticamente correctos, de
los amigotes del poeta tras el poder, etc. Es el único organismo completo y
vivo <i>made in</i>, el resto de la poesía
peruana son fragmentos, versos, hebras, huesecillos como en Luis Hernández
Camarero, alguna carta de Miguel Grau, esas hembras núbiles que fueron
enterradas para siempre -atadas a un tronco- junto al Señor de Sicán de su
natal Ferreñafe.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Pregunta difícil que me
niego a contestar. No quiero caer en la soberbia de descalificar a ningún
libro, aunque sé que se podría.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Creo que entrar en esta discusión es tanto como
abonar en pro o en contra de las capillas literarias que tanto daño han hecho
y hacen a la literatura mexicana. Sabemos que hay muchas razones para que los
libros se escriban y no todas tienen que ver con la calidad, por otra parte
los lectores son quienes deciden qué libros se leen y la mayoría de las veces
éstos prefieren la facilidad (por decirlo de algún modo), así que volvamos a
apelar a una educación crítica y responsable, que es la única forma de hacer
y continuar una tradición literaria.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Para
mantener un ambiente de libertad debo concederlo a santos y canallas. Puedo
comentar y criticar lo escrito por otros, combatirlos de esa forma.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Ninguno, no soy
partidario de las prohibiciones, lo peor no fueron los que nunca debieron ser
escritos, lo peor fueron los libros que nos obligaron a leer y aquellos otros
que nos prohibieron.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">04</span></b><span lang="ES-TRAD"> | ¿El
método de trabajo es fundamental e indispensable a la creación artística?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">Depende de lo que llames “método de trabajo”. Si hablas se cierto
número de horas por día, ciertos rituales que uno tiene etc,, entonces no es
muy importante. Pero si hablas de la construcción de una lógica interna,
“metódica” de la obra, entonces el “método” es fundamental. El método, como
el estilo, <i>c’est l’homme</i>.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Quizá en un principio no, pero si se está
trabajando en una obra continua, en la obra que sigue a otra obra y acompaña
un camino vital, es indispensable. Ahora, cada quién tiene su método, e
incluso la falta de método, esperar la sorpresa, puede ser un método.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Sin duda, las musas no nos visitan
aleatoriamente. Existe el trabajo, y luego la rara conexión de las cosas en
el proceso de creatividad, que llega como corolario. El trabajo a veces
consiste en vivir, a veces en estudiar e investigar. Generalmente consiste en
ambas cosas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Sí, no
importa si esto significa escribir con la cabeza en los pies.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Ser
metódica, disciplinada, ordenada, a mí me ha dado muy buenos resultados.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">El método siempre persigue al estilo. De ahí que se pueda prescindir
del método, el cual brota en el proceso mismo de la escritura.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> El único método
(aunque confieso que no me gustan los métodos, ni los cánones), es el
cartesiano, que nos convenció que existíamos porque pensamos. A eso yo le
añadiría porque imaginamos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b><span lang="ES">Depende do que se entende
por método. </span>Disponibilidade, deixar-se levar pelo
acaso, é método? Apaixonar-se, ser capaz de fascinar-se por alguém ou por
algum lugar? Curiosidade, atração pela informação nova, isso é método? Claro
que para escrever bem tem que ler muito. O desregramento <i>raisonné</i>de
todos os sentidos de Rimbaud: o <i>raisonné</i> supõe um propósito,
um método – <i>raisonné</i> pode traduzir-se por metódico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Cada escritor tiene su propio método de
trabajo, y para algunos el método de trabajo es fundamental a la hora de
escribir. No creo, sin embargo, que sea fundamental e indispensable en mi
caso. En poesía, posiblemente no tan cierto en otros géneros y disciplinas
artísticas, se puede escribir un poema en cualquier lugar y a cualquier hora.
Hay poetas que hasta ebrios dicen que han escrito sus mejores poemas. No
quita que algunos escritores conciban el acto de escribir como un ritual.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Si creo en
la disciplina y en el trabajo diario porque algún día después de mucho tirar
a la basura, puede salir una buena página.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">El método es la elección de un camino que nos lleva a un sitio
deseado. Es naturalmente indispensable su presencia. No hay trasgresión sin
método, lo mismo que la lírica más apasionada.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No en todos los casos. Sí lo es para la prosa –un
trabajo de culo donde los haya (quiero decir, de estar sentado horas y
horas). También sí para el teatro o la danza. No –o no de la misma manera-
para la poesía, que por su misma forma de ser puede y suele gestarse de un
modo anárquico, si bien habrá después que <i>trabajarla </i>y
organizarla.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">No puedo opinar en
general. Yo no tengo ningún método de trabajo; se trata de un método
creativo, artístico, y este método que surge del fondo sensible de mi cuerpo
es el que me guía, de tal forma que puedo tener una temporada de dos o tres
años sin escribir, pero después viene una intenso período de trabajo
creativo, en el cual a veces no duermo. Me dejo guiar por la “dinámica
oscura” a la que se refería José Lezama Lima, la cual se va gestando dentro
del escritor y la ventaja, cuando ya está madura, es que trae estructuras,
universo de lenguaje e imágenes. Cuando llega esta dinámica llega con toda su
potencia: ese es el método.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Más que indispensable, es
inevitable. No conozco a ningún creador que no tenga un método propio: mañas,
fijaciones debilidades, ritmos biológicos, disciplina, creencias,
intencionalidades. Incluso en el caos (y la locura, como dijera Shakespeare)
hay método. Y habiendo creación, o sea resultados, cualquier método es bueno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Me parece que en este asunto
no hay nada escrito con fuego y para siempre. Aquí conviven los métodos y los
antimétodos. Algunos colegas son metódicos en su oficio, y otros escriben
anárquicamente y cuando están en el quinto sueño. Y por ahí me han dicho que
hay colegas que lo están haciendo muy bien sin escribir hoy, ayer o mañana.
Supongamos que jamás nunca, sefiní, jamás de los jamases y sin faltas de
ortografía. ¡Coño, carajo, caballero!, como hubiese dicho el recordado y
querido Efraín Huerta.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>O
fundamental é a criação artística e ela cria o seu próprio método. A
disciplina começa no fazer artístico, e é uma manifestação do esforço de dar
forma. Ela vem de dentro, não é uma armadura externa. O método sempre existe,
é fundamental, mas ele é uma manifestação interna e não uma imposição
exterior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">El método de trabajo es
imprescindible. No existe la obra de arte surgida de una simple inspiración.
Puede producir un cierto golpe estético en un primer momento. Pero pronto se
le verá la trampa. El genio tiene que tener un trabajar sistemáticamente para
darle forma a su flechazo, comunicarlo y convertirlo en un hecho universal.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Quanto ao meu caso pessoal, não só o
trabalho me é indispensável como a criação artística impõe uma disciplina ao
meu quotidiano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">El trabajo, sin duda. Con método o sin él.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">Definitivamente. Aún el caso es un método. No se
puede construir sin tener noción de las estructuras.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Eso dicen los teóricos. Y dicen también que la
inspiración no existe: que todo es trabajo duro y maldito del que uno no
puede huir. Que sea menos. Si en eso consiste la creación artística y,
especialmente, la literatura, más vale abandonar tal sufrimiento. No soy de
los que creen que escribir tenga que ser un infierno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Sí. Hace falta una cierta disciplina para poderse informar y expresar
adecuadamente lo que se siente.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">No creo en la idea de un
método de trabajo como si cada escritor tuviera idóneamente las condiciones
dadas para sentarse a escribir con cierta disciplina. Si no puede, el método
de trabajo proviene de la persistencia y de la pasión.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> Sí, el método es
fundamental para la creación del objeto artístico. Sin embargo en arte la
palabra <i>método</i> no debe ser entendida a la manera cartesiana,
sino como su (posible) reverso. Me explico: en las disciplinas no artísticas
el método antecede al producto y posibilita su obtención y entendimiento. En
arte es al revés: el latido de la obra dicta su ejecución, y probablemente
oscurezca todavía más su naturaleza porque su método incluye, deseándolo, el
azar. Así, escribir únicamente borracho puede ser un método tan válido como
escribir con la corbata puesta, de dos a cinco, todos los días. Pienso que
todos los artistas tienen método, lo acepten o no. Unos, como yo, son
bastante convencionales. Otros tienen un metódico anti-método.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> É,
pelo menos, muito útil para que a criação artística chegue a bom porto.
Picasso referia que uma obra de arte é um terço de inspiração e dois terços
de transpiração e eu estou em crer que assistia muita razão a esta aparente
“boutade” do grande pintor malaguenho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES-TRAD">Me
fundamento en la disciplina, la cual en ninguna de sus posibilidades vitales
la relaciono con la obediencia, menos con la creencia en una idolología o fe
religiosa. La disciplina y la soberbia son requisitos necesarios para asumir
la creación artística, máxime en la escritura dado el grado de soledad que
este hacer involucra. Existo porque tengo disciplina y esta me permite lograr
ámbitos para la desobediencia. Cuanto he escrito y publicado responde a este
principio. Descreo de la inspiración que se sostiene en el repentismo
ocasional. La inspiración es el resultado del ejercicio por aprehender la
realidad y la otredad a través de la lucidez alcanzada por la disciplina.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Estar personalmente
disponible, básico, que es una cuestión más de ética, de amor, de
encandilamiento, de odio que de horarios… pero poder estar tranquilo (como
ahora) también ayuda.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Para mí el método de
trabajo es fundamental, sobre todo si uno se embarca en grandes proyectos. La
inspiración es uno de los elementos de la creación, es nada más la mecha que
enciende la imaginación, la idea, el propósito inicial, luego viene el
desarrollo, la meditación, la creación de una estructura posible, la
escritura misma, las distintas versiones, la corrección, la relectura, y el
momento en que debes desprenderte de un texto, pues sino no terminaría nunca,
y hasta podrías dañarlo. En la poesía es indispensable una fuerte emoción,
decantar los sentimientos, y enfrenarse al papel con la mente fría y el
corazón ardiente. En la novela tienes que tener un tema que es el tronco del
texto y las ramas pueden surgir por el camino o estar predeterminadas, es un
esfuerzo de largo aliento, está sujeto al desgaste, al desencantando más
fácilmente que un cuento, en el cual tienes una historia o situación que
quieres contar. El cuento como el poema constituyes un mundo cerrado en que
nada puede faltar ni sobrar; en la obra teatral la autora o autor se ven
disputados por los personajes y esto es bastante agotador; por lo general una
pieza de teatro se escribe rápido, como son los diálogos en la vida real, las
discusiones, las peleas y las grandes manifestaciones del amor. Sea el género
que sea el método es trabajar con el arsenal de ideas que tienes en la mente
y el vocabulario que te has hecho a través de la lectura, la cual es
indispensable.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">Sí, de hecho creo que todo lo que hacemos para
escribir es un método, aunque sea lo más anticonvencional.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Sí,
me parece necesario mantener cierto método para trabajar. Es necesario tener
un espacio, aunque sea mínimo y la posibilidad de la intimidad. Un cuarto
propio, como decía V. Woolf.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Quizá fundamental pero
nunca indispensable, el azar y la improvisación también son parte de muchas
creaciones artísticas.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">05</span></b><span lang="ES-TRAD"> |
Cuando estás en algún lugar público en que tocan el himno de tu país, ¿Cómo
reaccionas y por cuál razón?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ALFREDO
FRESSIA </span></b><span lang="ES-MX">¿El himno? ¿Reacciones? ¿”Orientales, la patria o la tumba”? Conozco a
un gran artista que respondió: ¡La Tumba! (Es el narrador Juan Introini, y su
libro, magnífico, se llama justamente “La Tumba”). Siento, como todos, cierta
necesidad de pertenencia, digamos, pero con mi amada patria no presento
reacciones físicas. ¿Debería tenerlas?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ANA
GARCÍA BERGUA </span></b><span lang="ES-TRAD">Espontáneamente, lo canto, porque la letra me
llama mucho la atención. Cuando era niña, me enseñaron a ponerme la mano en
el corazón cuando cantaba el himno y quedarme en una especie de arrobamiento.
Si tengo que hacerlo, lo hago, más por miedo que por otra cosa: las
ceremonias que tienen un sesgo militar, como la de la bandera, me provocan
rechazo y sentimiento de absurdo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ANA RIBEIRO</span></b><span lang="ES"> Cuando los años de dictadura cantábamos
más fuerte la estrofa que decía “tiranos temblad!”. Hoy lo canto sin
problemas, con más emoción si estoy fuera de Uruguay y eso evoca mi lugar,
mis afectos. Racionalizo todo y se quién lo compuso, cómo se relaciona con el
estado -nación, la construcción de identidades nacionales y el valor de los
símbolos en esos procesos. Pero no por saber el proceso del <i>constructo</i>,
dejo de cumplir con el ceremonial, ni amordazo los sentimientos de
pertenencia que el estado, la familia y la escuela uruguaya fomentaron en mí.
Puedo preguntarme qué significan algunos versos, cuestionar palabras y
conceptos envejecidos dentro de sus estrofas, pero la racionalidad no logra
paralizar el mecanismo de pertenencia ni la emotividad que el símbolo-himno
posee.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Salgo
corriendo, porque me doy cuenta que estoy de nuevo en mi país.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BÁRBARA
JACOBS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Ser
mexicana, nieta de cuatro abuelos libaneses emigrantes; hija de papá
estadounidense emigrante; esposa en primeras nupcias de guatemalteco exiliado
y, en segundas, de catalán refugiado (nacionalizado mexicano), me hace
emocionarme con diferentes himnos nacionales, por diferentes razones, los
oiga cuando los oiga y donde los oiga.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">BASILIO
BELIARD</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Yo nunca reacciono, reaccionan mi piel y mi corazón.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">CARLOS M. LUIS</span></b><span lang="ES-MX"> No soy patriota de
manera que no tengo reacción alguna antes los himnos, aunque considero que
algunos están mejor compuestos que otros.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">CLAUDIO WILLER </span></b>Mudo de canal de TV nas transmissões de jogos.
Engulo o enfado em cerimônias públicas. Nada contra o Brasil – e símbolos
pátrios tornaram-se menos aversivos com o fim da euforia do regime militar.
Mas o hino nacional brasileiro é besta, muito ruim, aquela letra com o mais
acintoso beletrismo e as bobagens, a ‘clava forte’ etc. Hinos costumam ser
sanguinolentos, chamados de adversários à briga, mas pelo menos os de outros
países, tipo Marselhesa e <i>Home of the Brave</i>, são em linguagem que
todo mundo entende.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">DAVID CORTÉS CABÁN</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Pienso que los himnos nacionales poseen cierta
particularidad, cierta solemnidad que hace que uno se sienta sobrecogido al
momento de escucharlos. Cuando tocan el himno nacional de mi país, Puerto
Rico, es inevitable sentir una especie de convulsión de espíritu que, a
veces, es difícil de explicar. La música, la melodía cadenciosa va como
arrullando los sentidos y uno se deja llenar de una emoción que parece
revelarnos que hay algo profundo en ese himno que nos identifica con la
tierra en que nacimos y que, en cierta forma, es también una nota distintiva
de nuestra realidad histórica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">ELENA PONIATOWSKA</span></b><span lang="ES"> </span><span lang="ES-TRAD">Si me
emociono y canto aunque no me sé todas las estrofas, sólo las dos primeras.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">FLORIANO
MARTINS</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Siempre pienso en el himno brasileño como una riquísima pieza musical
que tiene una de las letras más malas que se puede imaginar. Pero como
símbolo nacional no funciona, una vez que carecemos entre nosotros de la idea
de una nación.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">GABRIEL
CHÁVEZ CASAZOLA</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Con un orgullo mezclado con lástima, porque su
letra miente: <i>es ya libre, ya libre este suelo, ya cesó su servil
condición, </i>dice,<i> </i>y a lo largo de toda nuestra vida
republicana no hemos hecho más que cambiar de amos, unos mejores y otros
peores, pero amos al fin.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">GUILLERMO SAMPERIO</span></b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-MX">Cuando escucho el himno
de mi país en cualquier parte del mundo no reacciono de ninguna manera; no me
interesa. En general, son himnos de guerra; no me importa la guerra.
Promueven el nacionalismo; no me interesa el nacionalismo. Como soy mexicano,
me gusta más la “Marcha de Zacatecas”; es más alegre, tiene un arreglo
musical de alta calidad. Nuestro himno es un pobre himno. Me molesta mucho
cuando mezclan los himnos de países con el deporte y otras actividades que no
tienen nada que ver con la política ni con la guerra.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERMANN BELLIGHAUSEN </span></b><span lang="ES">Se supone que uno debe
sentir una cierta clase de emoción, un orgullo (con o sin fundamento), una
nostalgia o afirmación personal y colectiva. Por referirme al de México: con
él se identifican los luchadores más honestos y valientes, y también los
usurpadores del poder, los manipuladores y los ladrones capitalistas, los
niños en la escuela, los deportistas y su público. No es una pieza musical
especialmente inspirada o agradable (al igual que casi todos los himnos
nacionales que conozco). Mi innegable y profundo amor a México no tiene mucho
que ver con su himno, su bandera u otros símbolos patrios. Lo que sí me
emociona, sobre todo en contextos de resistencia y lucha, es la emoción de
los demás al escucharlo: la de aquellos que me enorgullece considerar mis
compañeros.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">HERNÁN LAVÍN CERDA </span></b><span lang="ES">Por lo general, todos los
himnos suelen dispararme un ataque de alergias múltiples, y así viene
ocurriéndome desde el siglo pasado. Me pongo nervioso y se me estremece no
sólo la pituitaria. Es un fenómeno inconsútil que no puedo controlar. Y a
propósito: ¿Alguien de ustedes sabe lo que significa inconsútil? A mí me
suena a un producto del mar, oui monsieur, una especie de serpiente marina
muy veloz y con ojos orientales. Sé muy bien lo que digo. “¿Qué o la tumba
serás de los libres o el asilo contra la opresión?” (se dice en el himno de
Chile). Ayyy, Dios mío, ya no nos hagan sufrir como en el siglo pasado,
porque empezaría a llorar y llorar y llorar como Libertad Lamarque o José
Alfredo Jiménez, y ¿después cómo le hago para escapar de estas alergias
múltiples como también le sucede al frágil y entrañable Woody Allen, cuya
neurosis de índole neorromántica es muy superior a la mía? No se olviden de
mí, quiéranme como yo los quiero. Soy aún más romántico que Tin Tan y me
quieren cada vez más esos lectores y cómplices que van multiplicándose como
hormigas no sólo en esta dimensión de lo real, de modo sutil y subrepticio,
porque dicen que así está escrito en el aire del mundo, aunque sólo algunos
de ustedes no lo crean. Y a propósito de los himnos patrios, me hacen llorar
y reír simultáneamente, lo cual es un poderoso estimulante para el cuerpo y
el alma, sí, una especie de cardiotónico y de afrodisiaco. Ojo: no confundir
afrodisiaco con afroasiático, que no siempre son lo mismo, sí, lo mismo de lo
mismo, sí, ¿de otro modo lo mismo?</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JACOB KLINTOWITZ</span></b><span style="color: #003366;"> </span>As letras
dos hinos nacionais não são do meu gosto. Também o lado épico e guerreiro do
hino me deixa desconfiado. E quando se trata do apelo ao nacionalismo, sempre
penso se não será um convite ao atraso e à justificativa de maus governos ou
governos totalitários. No mais, tudo o que é do meu país tem ligação afetiva
comigo. Mas invocar o hino nacional para justificar uma visão hegemônica ou excludente
do mundo me é aversivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JAVIER
SOLÍS</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">Lo primero que siento
es vergüenza. Soy refractario al patriotismo. Eso inclusive me pasaba cuando
ocupé posiciones oficiales. Me siento parte de este pueblo, pero quiero que
se integre a la universalidad, que supere el provincianismo, que vea el mundo
que empieza en sus fronteras.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">JOANA RUAS</span></b><span style="color: #003366;"> </span>Com respeito porque o hino faz parte
da vida colectiva, da minha cidadania.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JORGE
ARIEL MADRAZO </span></b><span lang="ES-MX">Una reacción de profundo rechazo a la hipocresía.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JOSÉ
ÁNGEL LEYVA </span></b><span lang="ES-MX">Me emociono más por sugerir mi pertenencia a la
patria de la infancia que a su significado nacionalista. Abomino de los
nacionalismos y de los patrioterismos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">JUAN
DOMINGO ARGUELLES</span></b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-TRAD">No hay que confundir el amor a la patria con el
patriotismo. El patriotismo es algo con él se puede justificar cualquier
cosa. El amor a la patria tiene sus escrúpulos. Detesto que el himno nacional
se entone en los partidos de fútbol o en las peleas de box. Pero eso es
precisamente patriotismo.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">LUDWIG
ZELLER </span></b><span lang="ES-TRAD">Me trae recuerdos de infancia.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">MADELINE
MILÁN</span></b><span lang="ES-TRAD"> </span><span lang="ES-MX">Mi país está tan lejos de
mí, que sí, reacciono como la mayoría porque no estoy allí hace más de 20
años y me toca de una forma muy emocional. Somos colonia de los Estados
Unidos, de esos pequeños momentos nos agarramos para afirmar alguna ilusa
identidad.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-MX" style="color: #003366;">MANUEL IRIS</span></b><span lang="ES-MX"> No soy patriótico.
Sin embargo, algo sucede cuando escucho el himno mexicano en otro sitio.
Observo que la gente es capaz de amar un país con una historia lejana y
actual llena de traiciones, de mentiras, de errores terribles y de ideales en
venta. Esa multitudes no se fijan en eso sino en cosas acaso más profundas:
sabores, lugares, música…, veo su emoción y me emociona. Ésa gente, y no la
otra, es mi país. Por eso a veces me emociona (me pone emocional) ver cantar
mi himno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="color: #003366;">NICOLAU SAIÃO</span></b> Sinto
simultaneamente gosto e vergonha: gosto porque esse hino existe na sequência
da instauração de uma sociedade que se buscou mais justa (republicana) e
porque sintetiza ideais de liberdade e democracia. Vergonha porque esse hino
é também usado por gente desacreditada, mesmo nefasta, que se serve dele para
lançar poeira nos olhos dos cidadãos sobre os quais tripudia cinicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">OMAR CASTILLO </span></b><span lang="ES">De niño, mientras era
conducido por la enseñanza escolar, fui condicionado a ponerme de pie cuando
sonaba el himno de Colombia. Con los años pude apartarme de la obediencia
educacional y reflexionar sobre las razones de ser de una nación. Desde
entonces mi participación en lo que esto implica y significa para quienes
hacemos los hechos que consolidan una nacionalidad, no se siente
representado, ni por la letra, ni por la música impuesta como el himno de
Colombia. Un himno debe ser la voz de una identidad nacional, debe reflejar
las nociones y razones que la configuran. Un himno no puede servir para caricaturizar
un conglomerado humano en sus ideales y principios.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">PEDRO GRANADOS</span></b><span lang="ES" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES">Aceptando mi destino
sudamericano.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES-PY" style="color: #003366;"> </span><span lang="ES-PY">Por lo general canto el
himno no porque sufra el síndrome de un patriotismo a ultranza, sino porque
amo a mi país, el Paraguay con sus defectos y sus virtudes, sobre todo sus
muchas posibilidades de humanas, sus valores, tan distorsionados en el
presente. El Paraguay es mi tierra, de todo el planeta éste es el lugar que
me tocó para nacer, vivir, amar; en él escribí todos mis libros. Sería
inmensamente feliz si el Paraguay fuese respetado por la valía de los que nos
concentramos en algo positivo con una amplia visión de futuro, ya sea en el
arte, la ciencia, en el campo, en la ciudad, en cualquier rama del saber y
del trabajo, bajo una justicia verdadera, una seguridad para la vida y una
posibilidad real de llegar a tener el país que queremos.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">ROCÍO
GONZÁLEZ </span></b><span lang="ES-TRAD">No tengo un sentimiento patriótico muy arraigado
y en eso suscribo plenamente el poema de Pacheco, pero debo confesar que si
estoy en el extranjero y escucho el himno sí me emociona y si oigo hablar mal
de México, me indigno.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="color: #003366;">SUSANA
WALD </span></b><span lang="ES-TRAD">Varios
son los países que considero “míos”. Ningún himno de ningún país me parece
mejor que otro.</span><span lang="ES"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #003366;">UBERTO STABILE</span></b><span lang="ES"> Me es indiferente
porque no me siento súbdito de ningún país.</span><span lang="ES" style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2010]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span lang="ES" style="color: #365f91; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;">E</span></b><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;">l número # 115-116 de la revista <i>Blanco
Móvil</i>, de México, como a lo largo de 2010, forma parte de un deseo de
celebrar, con números especiales que estén relacionados de alguna manera, con
los 25 años transcurridos, y esos años en relación con la revista y los creadores.
Presentamos un cuestionario y la respuesta de algunos amigos y amigas
escritores, gran parte de México y una muestra pequeña de Iberoamérica. Este es
el cuestionario que hemos enviado, el cual fue realizado por Floriano Martins
(permanente colaborador de la revista, poeta brasileño) y Eduardo Mosches.</span></span><span lang="ES" style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-33962065051796678412014-08-21T18:15:00.002-07:002014-08-30T04:45:31.180-07:00FLORIANO MARTINS | La esfinge insurrecta: poesía en Hispanoamérica | Encuesta<br /><div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 100%px;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7qVTG10a-y_uw4ikZcwfmAtOD-k7rRlkrGxXicZoBjko7SO4RBHgoevO5QkmDdAHYBdgM0IUJS3PeNIe8oWBcACeSxdcEbEhNkgXR6SP6NB29rzOK8KbD5exscaQI5BeI2HOdnq-VImKH/s1600/Logo+Banda+Hisp%C3%A2nica.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7qVTG10a-y_uw4ikZcwfmAtOD-k7rRlkrGxXicZoBjko7SO4RBHgoevO5QkmDdAHYBdgM0IUJS3PeNIe8oWBcACeSxdcEbEhNkgXR6SP6NB29rzOK8KbD5exscaQI5BeI2HOdnq-VImKH/s1600/Logo+Banda+Hisp%C3%A2nica.jpg" height="55" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #365f91;">1. ¿Cuáles son tus afinidades estéticas con otros
poetas hispanoamericanos?</span></b><span lang="ES" style="color: #365f91;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">ALFREDO FRESSIA</span></b><span lang="ES"> | Una de las características de las sociedades
y de las literaturas rioplatenses, y hablo de la uruguaya, que es donde se inscribe
mi obra, es el cosmopolitismo, una marca como que intrínseca que la distingue
inmediatamente del resto del continente (incluso de la literatura en idioma portugués).
Si mencionara algunas corrientes estéticas hispanoamericanas, o algunos poetas,
incluso los “gigantes”, un Vallejo, pongamos por caso, acabaría por estrechar
el campo de interacciones estéticas desde el que uno escribe. Eso queda potenciado
en mi caso por esa formación francesa (o afrancesada, o francesoide) que tuve
desde niño, y esa “binacionalidad” en la que vivo, eso de ser uruguayo y brasileño,
y no sólo legalmente, esa <i>frontera móvil</i> que también significa no ser ni
lo uno ni lo otro, o por lo menos escribir desde un <i>lugar </i>rebelde, de referencias
arduas. Por todo esto prefiero responder de un modo más abarcador. Si hay un juego
dialéctico entre “clásicos” y “románticos”, que se suceden a veces en la misma
diacronía literaria; si hay una especie de doble estructura en el genoma poético,
que incluye por un lado la investigación formal, el trabajo del significante,
hasta la exacerbación, hasta la intolerancia, y por otro, el juego complejo de
los significados, tantas veces sucios por la vida, por la historia, y rescatados
por el poema como un organismo histórico; entonces, me inscribo sin vacilar en
ese segundo círculo del “ADN” poético, pero a sabiendas de que la estructura genética
es una, y que el privilegio excesivo de una de esas líneas y el consiguiente desdén
de la otra es una especie de hybris, de pecado mortal cuya víctima es la propia
poesía.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> | Como poeta y narrador me tocó en suerte compartir
el entusiasmo, la rabia, las ilusiones y la inocencia de la generación del 60,
que en nuestra versión colombiana tuvo un grupo estelar: El Nadaísmo, donde figuran
poetas de talla mayor como Jotamario Arbeláez, Jaime Jaramillo Escobar, Eduardo
Escobar, Amilkar Osorio, entre otros. Mi filiación generacional, nadaísta, con
todo lo que sonara a vanguardia, a respuesta violenta contra la violencia de los
hombres de poder, me llevó a sentir afinidad por ese grupo de poetas y escritores
que desde diversos ángulos había desafiado a la sociedad conservadora, fascista,
reaccionaria que nos dominaba. No importaba su inclinación política, lo importante
era que se desafiaran los poderes establecidos, ya fuese en lo artístico como
en lo social. Los nombres en América Latina, ampliando la mira, podían barajarse
desde Macedonio Fernández, Borges, Vallejo, Huidobro, Paz hasta la generación
posterior, la gente de Mandrágora o poetas como Gonzalo Rojas en Chile, de Poesía
Buenos Aires (Bayley, Aguirre, Madariaga) o surrealistas declarados y maravillosos
como Enrique Molina o Aldo Pellegrini, en Argentina. En la misma Colombia Alvaro
Mutis es voz central para mí, así como algunos de sus compañeros de generación,
Jorge Gaitán Durán, Fernando Charry Lara, Rogelio Echavarría. También la voz de
César Moro en el Perú, y del otro gran César Dávila Andrade en Ecuador, los venezolanos
Vicente Gerbasi, Juan Sánchez Peláez, Ramón Palomares, y la gente allí tan afín,
tan querida de “El Techo de la ballena”, Juan Calzadilla, Carlos Contramaestre,
Ludovico Silva, Caupolicán Ovalles, y ya hacia el norte, los poetas grandes de
Nicaragua, los que han hecho del verbo de Darío realidad geográfica, Carlos Martínez
Rivas, Pablo Antonio Cuadra, Coronel Ortecho, y Roque Dalton en El Salvador, y
en el México de las grandes águilas y espinosos nopales poetas como Jaime Sabines,
Efrain Huerta, la gente de “La espiga amotinada”, y es mejor parar de contar porque
son muchos más. Debo sí hablar de la importancia de la poesía brasilera, de cómo
ordeñábamos con delicia esas pocas revistas o publicaciones que nos traían la
voz de poetas grandes y maravillosos de ese lado de nuestra realidad: Manuel Bandeira,
Carlos Drummond de Andrade, Vinicios de Moraes. Los años han mantenido en firme
todos los afectos, con pocas excepciones, y han ampliado la lista, aunque a medida
que nos internamos más en los claroscuros de nuestra propia retórica empezamos
a ver más con el espejo de Narciso que con el espejo de Alicia. En mi caso particular,
mis inclinaciones por la poesía de corte narrativo, por el poema en prosa, me
han ubicado en una dirección bastante directa con lo referencial del poema, aunque
mis cuentos, los que se salen del marco del poema en prosa, se dan media vuelta
hacia un barroquismo complejo, de juego idiomático, sintáctico, de libre y anárquica
estructura. Es por eso quizás que mi afecto por la poesía pueda abrirse más allá
de las líneas tradicionales que los poetas se trazan al seguir las coordenadas
de su propia poesía. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">DINA POSADA</span></b><span lang="ES"> Es difícil determinar nuestras propias influencias.
Cuando se lee a muchos poetas, las diversas huellas se van grabando en el subconsciente
y ahí se entrelazan sin poder precisar a la hora de crear quiénes nos están marcando
el paso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">En cuanto a mis inclinaciones estéticas por ciertos
poetas hispanoamericanos sería una lista interminable. A veces, y sin conocer
toda su obra, un autor nos llama repetidamente desde sus versos, tal es mi caso
con Joao Cabral de Melo Neto. Pero hay poetas de cabecera a los que uno vuelve
voluntaria o involuntariamente con sabrosa obsesión. No cambio por nada la fuerza
de Neruda, el lenguaje innovador de Vallejo, la riqueza verbal de Octavio Paz
y, sobre todos, los perfectos y mesurados endecasílabos donde Borges, con inigualable
sabiduría, supo ocultar su propia experiencia en personajes y hechos del pasado.
Eternamente magistrales Quevedo y Lope de Vega. Continúo con la Generación del
27 y termino con Olga Orozco y Dulce María Loynaz.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">EDUARDO MOSCHES</span></b><span lang="ES"> | Esta se da con aquellos poetas que se acercan
a la poesía como espejo de la vida. Que se vislumbran dentro de esta realidad,
en la visible y en la que potencialmente se nos encuentra oculta y por lo tanto,
debemos acercarnos a descubrirla. La poesía es vida, experiencia de vida, de historia
personal. La poesía es aquello que se nos presenta como testimonio, de una sociedad
que se quiebra entre retortijones de dolor y de pasión, entre la sensualidad amorosa,
de lo percibible y todo aquello que expulsa la sociedad como excrecencia dolorosa.
Me siento cercano a aquellos que desean insertar la poesía, la propia, en la realidad
contemporánea, insertarla como un hecho, un acto, un proceso de producción material
y no como un simple filtro enaltecedor. Me identifico con aquellos que pretenden
anexarla a las realidades concretas, embeberla de actualidad y de historia. Con
los que practican una poética polivalente, de muchas voces, y múltiple en concordancia
con este mundo que es visualizable de forma inestable y variable, con una visión
de mundo heterogénea, pero unida al deseo de avanzada política como con la artística.
Para dar nombre propio a algunos poetas muy cercanos iniciaría con Cesar Vallejo,
Enrique Molina, Olga Orozco, Antonio Cisneros y Juan Gelman.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">GLADYS MENDÍA</span></b><span lang="ES"> | Siento afinidades con Enrique Verástegui, escritor
de Perú (integrante del movimiento Hora Zero), a quien encuentro verdaderamente
genial e innovador en su estética. Esa perfecta unión entre las artes y las ciencias,
lo sutil y lo meramente cotidiano. Admiro la fe de su poética, la capacidad de
mezclar los discursos amorosos con los de protesta, la metapoesía y lo marginal,
los versos simples, a veces burdos, con otros esencialmente cerebrales y oscuros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De mi país, tengo mucha cercanía hacia Ida Gramko,
esa búsqueda interior a través del lenguaje, hacedora de un único y brillante
nuevo barroco nuestramericano. Ida, a través de su poética llena de ritmo, rima,
plástica, visualidad, anécdotas, símbolos, conceptos, lo místico, lo mítico...todo
reunido, conjugado en forma lúcida y mágica; hace que admire profundamente a esta
mujer excepcional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Otro poeta de mi país, de los Andes venezolanos,
el gran Pablo Mora; quien posee una riqueza y dominio del lenguaje junto a la
voz que denuncia, que más que ofrecer respuestas, sugiere preguntas y nos llama
al insomnio “¡Insomnio para el hombre de este tiempo!”... Pablo Mora sacude y
estremece el alma, me conecta con la esencia múltiple, la de ser todos y todo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JORGE ARIEL MADRAZO</span></b><span lang="ES"> | La poesía hispanoamericana abarca un riquísimo
friso (como ocurre con la escrita en lengua portuguesa, cuyos autores pasados
y actuales tanto han influido en nuestro propio quehacer poético). Desde ya, no
creo posible producir una palabra viva -vale decir, aquella que sea en sí misma
un cuerpo dotado de una peculiar respiración, jadeo y latido- sin fecundarla con
la mejor tradición poética, la que aun hoy es dadora de vida. Y, sobre todo, con
el aporte de quienes echaron los cimientos de un lenguaje y una “lógica” poética
radicalmente diferenciados del discurso meramente narrativo-explicativo. Así,
resulta ineludible nuestra deuda con un Rubén Darío en su momento, o un Huidobro
o Vallejo más tarde y siempre, junto a una fecunda pléyade de poetas enrolados
en estéticas diversas pero afines en su búsqueda refundadora. <i>Poesía como palabra
en libertad, en las antípodas de cualquier forma de poder, incluido el de una
lengua fascista.</i><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por citar, arbitrariamente, otros pocos nombres: desde los poetas de la
generación del '27 en España o Pessoa-Drummond y el movimiento modernista y el
“antropofagismo” en Brasil, hasta -en el Plata- Alfonsina Storni, Delmira Agustini,
Amelia Biagioni, Olga Orozco, Idea Vilariño, Oliverio Girondo, Juan L. Ortiz,
Enrique Molina, Edgar Bayley, Francisco Madariaga. Más José Antonio Ramos Sucre,
Eunice Odio, Lezama Lima, César Moro, Díaz Casanueva, Parra, Sologuren, C.G. Belli…
¿Que estos nombres -y otros, por supuesto- encarnan estéticas muy distintas y
hasta contrapuestas? No me importa, en tanto en ellos la poesía esté viva y no
sea mero tributo a la palabra abstracta, “bella”, fosilizada. Es decir: poema
como cuerpo que se genera desde sus propias entrañas y dotado de autonomía. Aquello
de que: “Lo que el poema dice, no existía antes de que el poema fuera escrito”.
Poema que<i> no significa, sino que es.</i><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JOSÉ ÁNGEL LEYVA</span></b><span lang="ES"> | La tradición inscrita en nuestras grandes figuras
desde Sor Juana Inés de la Cruz, Rubén Darío, Ramón López Velarde, José Martí,
Leopoldo Lugones, por mencionar algunos, toca la inquietud de búsqueda natural
en poetas de vanguardia y de aspiración universalista como son los casos de Vicente
Huidobro, Manuel Maples Arce, Jorge Luis Borges, Pablo Neruda, Lezama Lima, Nicanor
Parra, y los mexicanos José Juan Tablada, Salvador Novo, José Gorostiza, Xavier
Villaurrutia, además de Octavio Paz. Todos ellos forman el canon referencial de
mis lecturas poéticas. Pero son indudables los hilos de admiración por poetas
como Roberto Juarroz, Ferreira Gullar, Olga Orozco, Carlos Drummond de Andrade,
Cintio Vitier, Eliseo Diego.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quiero decir entonces que no es el canto al paisaje,
sino la búsqueda del lenguaje, su renovación.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JUAN CALZADILLA</span></b><span lang="ES"> | No quiero que mi respuesta me comprometa en
grado tal que usted vaya a pensar que hablo en representación de mi país. Vivo
en Venezuela pero en general lo que hago, lo que escribo y pienso sólo apenas
roza lo que aquí se considera como nuestra tradición poética, una tradición en
la que por lo demás, si es que existiera, me he visto poco involucrado. Disfruto
de lo que ustedes llaman mal de exilio. Una enfermedad que se adquiere en todas
partes. En todo caso, me parece interesante observar, en el mapa actual, que el
rasgo más sobresaliente de la poesía que se hace Venezuela, si al caso vamos,
está asociado a una reflexión sobre ella, a una reflexión entendida como poética
o como una crítica que se hace desde el interior mismo de la poesía. Es decir,
como ese tipo de discurso que, en ausencia de la llamada crítica universitaria
o académica, ha tenido que ser asumido por los poetas mismos. Los casos de Rafael
Cadenas, Eugenio Montejo, Silva Estada, Ludovico Silva, Margara Russotto y, más
recientemente, Alejandro Oliveros y Armando Rojas Guardia son elocuentes en el
sentido de que ellos, al par que la escriben, se pronuncian por un compromiso
teórico con la poesía, a través de libros y ensayos, cuando no, como en mi caso,
mediante un lenguaje metafórico que se da en el seno mismo de la poesía. Esto
es importante pero no suficiente; la poesía venezolana -en el caso de que se pueda
hablar de una poesía venezolana, que lo dudo- se está quedando rezagada en el
concierto latinoamericano y deploro que tenga que reconocerse que con la reflexión
lo que estamos es aceptando o, si prefiere, celebrando su derrota.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">LINA ZERÓN</span></b><span lang="ES"> | Creo que las preferencias no necesariamente
se convierten en influencias, aunque pueden permear, inconcientemente, en la obra
propia, sin que uno se lo proponga. Es importante admirar la obra de poetas, empezar
con referencias sin perder de vista tu propio sentir y tu estilo. De esta forma,
a los 11 años, Pablo Neruda y los románticos de principio de siglo atraparon mi
alma, con los años me sentí atraída sobre todo por la obra de Jaime Sabines, que
para mí es el poeta más grande de México junto con Efraín Huerta, luego Octavio
Paz, Rubén Bonifaz Nuño, Ramón López Velarde, Eduardo Lizalde, René Char, Delmira
Austini, Alejandra Pizarnik etc. Me interesa mucho trabajar cosas a la manera
de los poetas malditos con su antipoesía y admiro la obra de Huidobro sobre todo
por la búsqueda formal y la renovación del lenguaje que puede uno encontrar en
sus obras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MANUEL MORA SERRANO</span></b><span lang="ES"> | Regularmente, más que afinidades, existen coincidencias
epocales. Los de mi generación, aunque no sigamos fieles a los parámetros que
encontramos y a las influencias primeras que padecimos, algo de ello se trasparenta.
Hay una reacción natural contra lo que los jóvenes hacen, sólo porque lo hacen
los jóvenes, porque existe, en estos momentos, una invasión de versificadores,
más que de poetas reales en toda Hispanoamérica y es posible que en otras lenguas
que no sea el español. Hay tantos libros de poesía en prosa y verso libre que
ciertamente estamos observando muy descreídos, más que leyendo a los nuevos, con
el temor de que nos estén tomando el pelo y copien y roben para destacarse, con
las facilidades que le ofrece el internet. Cada vez sentimos menos autenticidad
y un palabrerío que no nos convence, sobre todo por un afán universalista que
convierte en neutro lo que debería ser múltiple y complejo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MILAGRO HAACK</span></b><span lang="ES"> | Mis afinidades son más cercanas que lejanas,
sobre todo en lo visual poético de las artes. Siento que los poetas hispanos son
buscadores en la diversidad del arte, renovadores del diálogo. Siento además,
esa apertura de puertas donde uno se encuentra horizontes ampliamente recorridos,
por recorrer. Soy una buscadora de espacios, cruzando cada instante por un círculo
esplendido de voces al ser y volver ser lectores de fusiones sensoriales, por
ello leo mucho a los poetas hispanoamericanos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NANCY MOREJÓN</span></b><span lang="ES"> Siempre he compartido la idea de que al juzgar
cualquier fenómeno, cualquier cosa, es prácticamente imposible ser juez y parte. En el dominio del arte y la literatura esto
se convierte en una verdad de Perogrullo. Respeto mi lengua materna que es el
castellano, por consiguiente todo lo que escribo se ampara de su historia y tradición
renacidas en Hispanoamérica muy particularmente en el ámbito antillano, fértil
territorio espiritual y material de un prócer de la independencia continental
como lo fuera José Martí (1853-1895). Mi generación, por ejemplo, comenzó a escribir
cuando ya eran paradigmas de la poesía latinoamericana nombres fundadores como
César Vallejo, Pablo Neruda y Nicolás Guillén. Los tres representaron tres tendencias
fundamentales que se instalaron por su propio peso en los cánones de la poesía
castellana. El término hispanoamericano
no es el mismo en boca de Marcelino Menéndez y Pelayo que en la de Federico de
Onís o en manos de los autores de la célebre antología Laurel. Los poetas hispanoamericanos
trajeron su marca, su diferencia, con el nacimiento del modernismo, es decir,
con el nicaragüense Rubén Darío y Martí. Mi poesía no habría existido sin los
nombres que acabo de mencionar ni sin los de Gabriela Mistral, Alfonsina Storni,
Fina García Marruz, Carilda Oliver Labra, Mario Benedetti, Claribel Alegría, Roberto
Fernández Retamar, Pablo Armando Fernández, Efraín Huerta, Jaime Sabines, Gonzalo
Rojas, Juan Gelman y Miguel Barnet, entre muchos otros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NICASIO URBINA</span></b><span lang="ES"> Creo que en poesía hay una preocupación general
por el lenguaje, por una desarticulación del lenguaje conversacional para abrir
sus posibilidades semánticas e interpretativas. En los últimos tiempos veo un
regreso a la metáfora, a la poesía barroca, y un distanciamiento de la poesía
conversacional, exteriorista y narrativa, que predominó en la segunda mitad del
siglo XX. Esto me parece un cambio positivo, un paso importante en el desarrollo
de la poesía hispanoamericana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES"> | Mis afinidades estéticas con otros poetas hispanoamericanos
han variado a lo largo de mis libros. Desde <i>Hay surcos que no se llenan,</i>publicado
en 1965 al último <i>Las cruces del olvido</i>, referente a l masacre del Marzo
Paraguayo, editado en 2001 he pasado por diversas influencias. Desde Gustavo Adolfo
Bécquer y Amado Nervo en los versos iniciales a Pablo Neruda y los poetas de la
generación del 27, en creaciones posteriores. Desde los españoles Juan Ramón Jiménez
y Vicente Alexaindre a Gonzalo Rojas o César Vallejo, aunque éste último siempre
me ha parecido irrepetible. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SAÚL IBARGOYEN</span></b><span lang="ES"> | Yo diría “poetas indolatinoamericanos”, aunque
el término no sea demasiado preciso. Las que a veces tomamos por afinidades estéticas
suelen ser identificaciones o aproximaciones de otro tipo, más allá de distancias
históricas, socioculturales y lingüísticas con sus incontables variantes y similares
propuestas. Los aspectos predominantemente formales son asunto aparte. Así, para
mí están la desgarradura viva de Vallejo, el derrumbe existencial y orgánico de
las Residencias nerudianas, la dramática y a veces burlona cotidianidad de Drummond
de Andrade, la dolida y luminosa fugacidad de los poetas nahuas, la madurez renovadora
e irrepetible de Girondo, los riesgos del vuelo altazoriano, los insondables conjuros
y cánticos de los bardos esquimales y pieles rojas, las laceradas verbalizaciones
de los poetas del bolero y del tango, las no apagadas voces de payadores y decimeros,
algunas hiperbólicas construcciones experimentalistas y posvanguardistas, y tantas
otras presencias y resonancias que se agregan al discurso poético personal. Habría
que incluir, sin duda, a ese extraño montevideano, el mestizo Lautréamont.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SUSY DELGADO</span></b><span lang="ES"> La primera figura que se me aparece ante esta
pregunta no es precisamente un poeta, aunque podríamos decir que su obra está
impregnada de una fuerte poesía: el mexicano Juan Rulfo. Me siento marcada y emparentada
con ese realismo especial, mágico y feroz donde los muertos están vivos y los
vivos están muertos, donde las orfandades, las dudas y las sospechas son tan concretas
como el retazo de páramo que nos ha tocado. Y ese modo de dar este complejo paisaje,
esa economía expresiva que raya en el hermetismo, donde lo dicho tiene un peso
tan fuerte como lo no dicho, es un modelo para mi búsqueda.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">En segundo lugar, pienso en este momento en la
boliviana Blanca Wiethüchter, por esa voz que es una y es también voz colectiva,
polifónica. Esa voz que se nutre de la identidad femenina y de la identidad indígena
y de la mezcolanza cultural occidental en una especie de conflicto irrenunciable,
esa voz que por un lado es viaje interior y por otro, es representación del mundo.
Naturalmente, me han conmovido especialmente esos poemas en que la autora rescata
la palabra guaraní, con su carga de soledad.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Y si hablo de palabra guaraní, no puedo dejar de
mencionar a esos “poetas de la selva” como alguien llamó a quienes amasaron ese
canto extenso y profundo que ha sido condensado en el Ayvu Rapyta, el libro sagrado
de los guaraní. Sobre todo, no puedo dejar de rescatar el valor esencial que tiene
en esta poesía la palabra, sinónimo de vida y de potencialidad humana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Y para no desbarrancarme con tantos nombres que
podría citar, menciono aquí solo uno más: Gonzalo Rojas, no solo por su recorrido
apasionado en las grandes preguntas de la existencia, sino por su creación de
un lenguaje singular, profundo y juguetón, místico y desfachatado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">YOLANDA PANTÍN</span></b><span lang="ES"> | Mi primer libro publicado es de 1981 por lo
tanto me inscribo naturalmente dentro de la generación de los años ochenta en
Venezuela. Algunas líneas de mi trabajo encuentran correspondencia con las que
siguieron poetas de esa misma generación en Latinoamérica, particularmente las
mujeres, esto es: a-desacralización del texto literario, b-enmascaramiento del
yo lírico, c- extrañamiento ante la realidad, d- cosmopolitismo exótico, e- desplazamiento
del sujeto etc.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #365f91;">2. ¿Cuáles son las contribuciones esenciales que existen en la poesía que
se hace en tu país que deberían tener repercusión o reconocimiento internacional?</span></b><span lang="ES" style="color: #365f91;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">ALFREDO FRESSIA</span></b><span lang="ES"> | La literatura es hecha por seres individuales,
y solitarios, por lo menos al ser flagrados en la escritura. Por eso las “contribuciones
esenciales” son tantas como el mismo número de los poetas. No quiero escapar con
esto por una tangente de la pregunta, ni limitarme a señalar la importancia “internacional”
(que es una noción enrarecida en la globalización que hoy se goza y se padece)
de tal o cual poeta en particular. Prefiero insistir en el cosmopolitismo que
mencionaba, y del que uno aquí, en Brasil, que es mi “situación”, siente tanta
falta. O en esa otra característica de la literatura uruguaya que es “no caber”
en el territorio chiquito del país. El Uruguay, y estoy hablando de su literatura,
va siempre más allá de sus fronteras, por lo pronto de sus vecinos. Se mete como
Perico por su casa (y es su casa) con los argentinos, y no se asusta frente al
cambio de idiomas cuando penetra en la gauchesca de João Simões Lopes Neto, por
dar un ejemplo, y al mismo tiempo Lopes Neto es un inesperado abuelo de ese nativismo
que es uruguayo, pero que pasa también por la Argentina. (Y conste que esto no
ocurre sólo con la literatura gauchesca; podría mencionar la literatura urbana
de un Dionélio Machado, por ejemplo). Otro valor que debería tener “repercusión”
es esa cultura uruguaya siempre abierta, aireada, de una autorreferencia “leve”,
y en eso, tan opuesta a la brasileña, siempre aislada, bastante incapaz de dialogar,
y mucho menos, oh paradojas, con “<i>los hermanos</i>”, como si la sociedad brasileña
ignorara que ocupa la mitad del territorio de América del Sur, y que lo hace con
una enorme originalidad. (Perdón por “irme del tema”, pero hablar de Brasil es
casi inevitable en mi caso).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">ARMANDO ROMERO</span></b><span lang="ES"> | Si debo colocar a mi país como Colombia, lugar
donde nací y viví hasta los 23 años, entonces debería decir que muchos de mis
compañeros de generación no han recibido ese reconocimiento latinoamericano que
se merecen, especialmente dos poetas nadaistas, Jotamario Arbeláez y Eduardo Escobar.
Jotamario es uno de los grandes poetas latinoamericanos, así lo reconoció Aldo
Pellegrini en su ya antológica <i>Antología de la poesía viva en América Latina</i>.
Sin embargo, y a pesar de este temprano reconocimiento, su obra sigue siendo casi
desconocida en el plano internacional, no así en Colombia donde se lo quiere y
respeta. Mucho hay que hacer en este sentido. Pero mi país, en América Latina,
no es uno solo, son muchos los países que me han acogido y brindado todo el afecto
y el calor de tierra chica, Venezuela entre ellos. Y allí ya te encontrarás con
una mina de poetas escondidos tras las capas de olvido y desconocimiento que crea
nuestra casi incorregible incomunicación latinoamericana. Muchos de los poetas
que he citado en la respuesta anterior estarían en este grupo. El trabajo de desenterrar
a nuestros grandes poetas de un injusto y prematuro olvido es inmenso y lo debemos
emprender todos. El hecho mismo de que poetas argentinos como Edgar Bayley, Raúl
Gustavo Aguirre, Juan Antonio Vasco, Mario Trejo, sean nombres extraños para los
poetas más jóvenes en América Latina es abrumador, desolador. Y así, cada país,
cada región, tiene un montón de poetas que como soldados desconocidos contribuyen
a la poesía difundida con una llamita sin nombre ni rostro, cuando en verdad tienen
candela de la buena por dentro. Pedro Lastra, el gran poeta chileno, él mismo
un poeta todavía no bien reconocido por la crítica y los antologistas, ha recogido
en una serie bellísima de trabajos el nombre y la obra de algunos de estos poetas
asesinados por el olvido. El es pionero de esta campaña que debemos emprender
desde ya para enriquecernos con nuestra propia riqueza. “Es infinita esta riqueza
abandonada”, decía claramente Edgar Bayley. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">DINA POSADA</span></b><span lang="ES"> Si se trata de valorar las voces con presencia
en el aquí y el ahora debo referirme a Roque Dalton aunque él ya goza de ese reconocimiento
local e internacional. Y es un deber mencionar a Claudia Lars, la Madre Poeta
salvadoreña. Ella es un referente ineludible en lo que escribimos las mujeres
de El Salvador. Claudia Lars es una poeta completa y extrañamente pocas veces
sale a relucir fuera de nuestras fronteras. Mi afirmación está apoyada por su
extensa obra de fuerte expresión y hondura existencial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">EDUARDO MOSCHES</span></b><span lang="ES"> | No creo en excesivo en una poética nacional.
Creo que la poesía hispanoamericana contemporánea es una e indivisible. Es sumamente
artificial fragmentarla en poesías nacionales. La extensión de los movimientos
estéticos no coincide con arbitrarios límites geográficos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Podemos hablar de poetas que formaron parte de
corrientes poéticas importantes, de la vanguardia, y han sido estos poetas los
que concretaron su presencia en el ámbito poético nacional e internacional. En
el ámbito de México es imposible no nombrar al premio Nobel Octavio Paz, y además,
a José Gorostiza, Efraín Huerta, Jaime Sabines, José Emilio Pacheco, Homero Aridjis
y otros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">GLADYS MENDÍA</span></b><span lang="ES"> | Encuentro que Venezuela tiene grandes poetas,
que han realizado y realizan inumerables aportes; por ejemplo esa mezcla perfecta
entre el mundo interior profundo, reflexivo y la vinculación poderosa con la exuberante
naturaleza, que dan como resultado líricas preciosas tanto en la forma, como telúricas
en el contenido. El poeta venezolano tiene una sensibilidad especial con la naturaleza
que lo rodea y siento que ella aporta el ritmo, ese ritmo envolvente que apasiona
al lector. Según la crítica nacional, circunstancias históricas, como por ejemplo,
las dictaduras militares, hicieron de Venezuela un país al margen de muchos acontecimientos
poéticos importantes durante las primeras tres décadas del siglo XX, por más que
el aporte de la Generación del 18 haya sido esencial, y en ella se destaquen los
nombres y las obras de José Antonio Ramos Sucre, Paz Castillo y Enriqueta Arvelo
Larriva. Nuestra poesía se enriquece notablemente a partir de la aparición del
grupo Viernes, y en particular de la poesía de Vicente Gerbasi, que luego encuentra
continuidad, en su modernidad, en la obra de Juan Sánchez Peláez, en aportes de
Juan Liscano, y en la obra de la llamada generación de los años sesenta, momento
en el que la poesía venezolana no sólo sintoniza con su tiempo histórico sino
que comienza a caminar hacia la riqueza de los años posteriores, donde predomina
la conciencia de una nueva realidad urbana, enmarcada en una difícil situación
política y económica, manifestándose en diversas líricas: formalistas, trascendentalistas,
otras de subversión lingüística y política, otras oníricas o surrealistas…sin
poder dejar de nombrar el valioso aporte del grupo El techo de la Ballena, quienes
realizaban una verdadera militancia en contra de la burguesía de esos años, con
sus poemas y manifiestos provocadores, existenciales, lúdicos, irónicos, a mi
modo de ver urgentes y necesarios para el despertar de las conciencias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JORGE ARIEL MADRAZO</span></b><span lang="ES"> | Tal vez una contribución importante de la poesía
argentina, a través de varios de sus cultores más destacados -comenzando por el
mismo gran poema nacional, el “Martin Fierro”, y llegando al propio Borges, a
un Alberto Girri o un Roberto Juarroz- sea la exploración de las posibles fusiones-aleaciones
entre lo poético y lo conceptual, lo sensible y lo intelectivo. Sin caer, es claro,
en la subordinación del lenguaje de la poesía al de la narrativa o la filosofía.
Es una suerte de “intelectualismo” que tiene virtudes y defectos, pero que acaso
sea un sello distintivo de muchos poetas de estas latitudes a partir de nuestras
marcas culturales y nuestro predominante origen de clase media (en acelerado deterioro).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JOSÉ ÁNGEL LEYVA</span></b><span lang="ES"> | Me parece necesario conocer más la obra de:
Sor Juana Inés de la Cruz, Ramón López Velarde, Manuel Maples Arce, del grupo
Los Contemporáneos y José Carlos Becerra. Todos ellos aportan una visión diferente,
plena de inteligencia, que trasciende su momento histórico y su entorno cultural.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JUAN CALZADILLA</span></b><span lang="ES"> | Hubo una época en que me interesó mucho la actividad
del grupo de poetas argentinos desarrollada en torno a las figuras paradigmáticas
de Aldo Pellegrini y Enrique Molina. Pellegrini fue el encargado de lanzar continentalmente
a la generación del sesenta en su ya clásica Antología Poesía Viva Latinoamericana
(Seix Barral edit.). De allí se desprendió el apoyo que le dio a El techo de la
ballena y las coincidencias que en materia de lenguaje por un tiempo mantuvimos
con el grupo que venía de Letra y Linea, y que más tarde fundó la revista Poesía
Buenos Aires. Una de cuyas consecuencias fue el hecho de que Juan Antonio Vasco
se quedara a vivir entre nosotros por los años sesenta. Ese fue un momento trascendental,
que, por lo que a mí respecta, coincide con un acercamiento productivo al grupo
surrealista que para l965 integraban en Sao Paolo Sergio Lima, Piva y Claudio
Willer. Igual le puedo hablar de las propuestas que compartíamos con el movimiento
nadaísta de Colombia, el cual contribuyó con su tono coloquialista y directo a
mantener el clima de insurrección y la actitud disidente de la vanguardia poética
de finales del sesenta y comienzos de los setenta. Después de tanta deserción
y entrega como aquellas a la que hemos asistido en nuestros movimientos, no puede
extrañarle a usted que me sienta un tanto escéptico y que ésta sea la vía en que
me expreso más habitualmente. Sigo ganado para oír a los jóvenes y trato de mantenerme
informado de lo que ocurre en nuestros países, con una intención más tolerante.
Menos convocado supongo por una intransigencia que ha ido gradualmente escondiendo
las uñas para solicitar, de mí mismo, también, un mayor esfuerzo de comprensión
y solidaridad generacional. En fin, son muchas las coincidencias, sobre todo en
este momento en que hay gran cantidad de jóvenes poetas antisistema reclamándonos.
¿Qué hacer? Uno envejece, la poesía no.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">LINA ZERÓN</span></b><span lang="ES"> | Encuentro dos primordiales: la aportación de
nuevo vocabulario y lenguaje, no se puede encontrar en poesía de otros países
sobre todo por la influencia indígena y la historia nacional de México. Y la otra
es la intensa búsqueda formal que sobre todo los jóvenes poetas mexicanos están
emprendiendo. La poesía que está llena de vida, de fuerza, la autenticidad que
quizá falta ahora en los países de Europa, hasta cuando las situaciones son más
duras, hay siempre una cierta alegría de vivir en la poesía mexicana, por eso
es que nos estamos imponiendo los latinos en Europa, de a poco, porque en la medida
que la poesía sea humana y menos intelecturalizada, que tenga garra, fuerza, entrañas,
corazón será más comprensible para el grueso de los lectores que toman nuestra
voz para dar cuenta de lo que pasa en el mundo y sienten ellos mismos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MANUEL MORA SERRANO</span></b><span lang="ES"> | Lo que he dicho más arriba es lo que observo
en mi país. Abro multitud (sin exagerar) de volúmenes impresos y no encuentro
logros ni atisbos felices de poesía verdadera. Hay excepciones notables, como
en todas partes, pero esas son marginadas, porque todo el mundo quiere parecerse
a todo el mundo, como si no tuvieran vida propia, ni sentimientos, ni sueños por
realizar. De modo que espero, más que creer en ello, que esta crisis de autenticidad
pueda terminar un día, pero los concursos y los premios incitan a gentes que no
están en el secreto poético, a usar todo un arsenal de palabras y colocar versos
o párrafos unos debajo de otros, creyendo que la poesía se hace con palabras y
no con esas otras cosas que componen su esencia. Algún día, esperamos, que como
en el cuento de Perrault, alguien grite que el traje del emperador no existe y
abran los ojos, al comprobar que están desnudos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MILAGRO HAACK</span></b><span lang="ES"> | En sí, comprendo, que muchos escritores de mi
país no tienen la publicidad como grandes maestros que son. En Venezuela existen
artistas como Teresa de la Parra, Rómulo Gallegos, Ramos Sucre, (reconocidos a
nivel internacional), sin embargo, la literatura venezolana no se quedó allí,
existe, también otro movimiento tras movimientos, entre los cuales puedo citar
algunos como, Ida Gramcko, Vicente Gerbasi, Fernando Paz Castillo, Elizabeth Schön,
Luz Machado, Enriqueta Arvelo Larriva, Juan Sánchez Peláez (me imagino que estoy
aludiendo a los más conocidos), ellos, entre muchos oleajes de este vasto universo,
porque sé que dejo mucho por señalar, no tienen difusión merecida, como los contemporáneos,
Un poeta como Eugenio Montejo, Alejandro Oliveros, Edras Parra, que marcan un
punto muy importante en nuestra literatura, así mismo, nombrándolos a ellos, cito
un universo de creadores, en cualquier espacio artístico de nuestro país que sin
duda aportan sus creaciones a todo Hispanoamérica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NANCY MOREJÓN</span></b><span lang="ES"> La poesía es el género rey, como se sabe. En Cuba,
es el género de mayor concurrencia autoral y, al mismo tiempo, el más ininterrumpido.
Hace poco celebramos los cuatro siglos de su existencia que data de 1608 cuando
Silvestre de Balboa publica el todavía polémico y largo poema <i>Espejo de paciencia</i>.
Los aportes de la poesía cubana a la hispanoamericana son vitales y las generaciones
más jóvenes escriben afincadas en una tradición americana innegable. Llámense
líricos, conversacionalistas, exterioristas, poetas de la experiencia o poetas
en donde el lenguaje metafórico predomine, todos han contribuido de modo ejemplar
a la presencia de una poesía con identidad propia ya desde fines del siglo XIX.
Los poetas jóvenes de mi país publican muchísimo. La valoración de su expresión
no pasa por el mercado del mercado sino por juicios de valor que tienen en cuenta
su excelencia literaria. A pesar del bloqueo, hay una repercusión de las obras
más significativas en el ámbito mundial pues, como conoces, la poesía en la última
década se difunde promueve mejor y con más propiedad en los festivales de poesía,
se enmarquen dentro o fuera de las famosas Ferias del Libro. También la poesía
cubana de hoy se vierte en la canción, en la trova de todos los tiempos, en expresiones
plásticas y digitales como manifestación segura de que nos importa la modernidad
aunque hayan conspirado para enajenarnos ese derecho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NICASIO URBINA</span></b><span lang="ES"> | Actualmente en Nicaragua hay varios grupos de
poetas jóvenes de gran talento, que están escribiendo muy buena poesía, y que
están luchando por recibir el reconocimiento internacional que se merecen. 400
elefantes, y el Grupo Leteo son los dos ejemplos que se me vienen a la mente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES"> | Paraguay tiene muy buenos poetas. No se puede
olvidar la renovación que representó para la literatura paraguaya el grupo de
Josefina Plá, española de nacimiento y paraguayo por adopción, Herib Campos Cervera,
poeta de la nostalgia de la tierra perdida, Ricardo Mazó y Oscar Ferreiro, de
tinte surrealista, Elvio Remero, poeta de la denuncia y el amor, por citar sólo
algunos. Los poetas de la generación llamada del 50, tales como Rubén Bareiro
Saguier, con su nostalgia del exilio y su identificación con la lengua autóctona;
Carlos Villagra Marsal con su “júbilo difícil” poblado por los pájaros del Paraguay
a manera de una enciclopedia poética de las aves autóctonas; José Luis Appleyard
con sabor a infancia y paraguayidad; José María Gómez Sanjurjo, gran poeta intimista.
Luego vienen Jacobo Rauskin, con su poesía de la cotidianeidad, plena de ironía
y caridad; Gladys Carmagnola, manantial de vivencias personales y de denuncia
social; Susy Delgado, poeta bilingüe en español y en guaraní. La lista no termina
y la pluralidad de voces merecería un estudio más profundo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SAÚL IBARGOYEN</span></b><span lang="ES"> | Las realizadas, sobre todo, por poetas como
Clara Silva, Amanda Berenguer, Marosa Di Giorgio, Sara de Ibáñez, Circe Maia,
Selva Casal, Idea Vilariño.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SUSY DELGADO</span></b><span lang="ES"> Esta pregunta me lleva de nuevo al Ayvu Rapyta
y a toda esa maravillosa poesía en la que los indígenas volcaron su concepción
del mundo y de la humanidad, esa concepción dentro de la cual el hombre es una
encarnación de la palabra. Por extensión, pienso en la importante poesía guaraní
ya elaborada por los poetas mestizos o blancos, que guarda y proyecta esta impronta
indígena hacia un lenguaje contemporáneo, pero esta poesía está poco traducida,
precisa del puente del castellano para llegar a otros públicos que no sean el
local. En definitiva, creo que la palabra guaraní, con su música propia y su universo
propio, está entre lo más singular que puede apreciarse dentro de la poesía paraguaya.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Además de este capítulo especial, podría mencionar
el legado fundamental de la generación del 40, que tuvo figuras fundadoras como
las de Josefina Plá –española de origen pero indudablemente paraguaya en su obra-
y Hérib Campos Cervera, que abrieron camino a los nuevos acentos de la poesía
contemporánea, y asimismo la contribución importante de algunos poetas posteriores
como José Luis Appleyard y Rubén Bareiro Saguier, cuya poesía bebe de la realidad
social para inaugurar una nueva lírica, más libre y fresca que la anterior. Y
si mencionamos el contenido social, hay que decir que el mismo ha marcado profundamente
toda la poesía paraguaya contemporánea, incluyendo sus mejores exponentes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Podría mencionar otros aportes como el de Joaquín
Morales, poeta que se cuenta entre los más innovadores de las últimas décadas,
cuya palabra desmitificadora y desolemnizadora se nutre de lo histórico y lo cultural.
Pero cualquiera de estas contribuciones se enfrenta al problema antiguo y no superado
de la mediterraneidad cultural que afecta profundamente a la literatura paraguaya.
Esta mediterraneidad viene encontrando algunas rendijas de aire en los últimos
lustros, especialmente a partir de la caída de la dictadura, en 1989, pero el
proceso es todavía muy lento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">YOLANDA PANTÍN</span></b><span lang="ES"> | Estimo que en Venezuela han habido y hay grandes
poetas, la mayoría de ellos desconocidos fuera del país: José Antonio Ramos Sucre,
Enriqueta Arvelo Larriva, Ana Enriqueta Terán, Ida Gramcko, Juán Sánchez Pelaez,
Ramón Palomares, Rafael Cadenas, Eugenio Montejo, Luis Alberto Crespo, son algunos
de nuestros mayores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES" style="color: #365f91;">3. ¿Qué impide una existencia de relaciones más estrechas entre los diversos
países que conforman Hispanoamérica?</span></b><span lang="ES" style="color: #365f91;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">ALFREDO FRESSIA</span></b><span lang="ES"> | Creo que las relaciones son más “estrechas”
de lo que uno imagina desde el Brasil. Pero es cierto que hay una queja general,
tal vez proveniente de la incapacidad (provisoria, sin duda) de asumir el fin
de los “centros” y de las “periferias”. Tomemos los suplementos culturales de
grandes capitales del continente. Frecuentemente lo que vemos allí es un conjunto
de formadores de opinión bastante deslumbrados y obedientes frente lo que se hace
en Europa (y en esto el Brasil se supera: llega a la caricatura). Otra hipótesis:
probablemente lo que inhibe esas relaciones es pura y simplemente que la unidad
de la “América Hispánica” es un mito. Queridísimo, como todos los mitos, con consecuencias
estéticas en varios momentos, como todos los mitos, dramático, con enemigos en
común, como en todos los mitos. Y uno querría hacerlo realidad, como todos los
mitos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> <b>ARMANDO
ROMERO</b> | Si a nuestra realidad geográfica, tan maravillosa y difícil, le añadimos
nuestra peculiaridad barroca de pensar que el camino más corto entre un punto
y otro es salir a dar una vuelta, entonces podemos empezar a entender por qué,
ni siquiera a los gritos, podemos oírnos de un país al otro. Una encuesta entre
los poetas colombianos nos daría como realidad un casi total desconocimiento de
los poetas de Ecuador o Venezuela, países que están a un salto en la frontera.
Yo he oído a poetas latinoamericanos hablar con toda propiedad de Wislawa Szymborska
y a la vez desconocer la poesía de Blanca Varela, regodearse con los versos de
Mark Strand y no saber de qué se trata cuando hablamos de Eduardo Espina. Medimos
nuestras distancias con años luz olvidando que con un metro estaríamos mejor servidos,
seríamos más precisos. La arrogancia de nuestra pequeñez nos impide ver la realidad
de nuestra grandeza. Qué grandes se tornan los poetas mexicanos paseando por Reforma,
los poetas argentinos en los cafés de la calle Florida, los colombianos en sus
zonas rosas, los venezolanos en su metro a caballo, los peruanos en sus ceviche
limeño: las narices hacia el centro del plato, el olor de uno mismo como reflejo
de todos los olores, el rostro aumentándose en mayúsculas. Sin embargo, y valga
esta crítica ácida, los poetas latinoamericanos tal vez son los únicos que, paradójicamente,
buscan romper con el aislamiento, o por lo menos, algunos de ellos bien lo tratan.
Los narradores, aprisionados en la red provinciana, de países como parcelas, que
ha diseñado bien la industria editorial, se atropellan en la búsqueda de un reconocimiento
local, y con dificultad miran al exterior, que de cierto, como lo quería Martí,
es también nuestro interior.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Yo pienso que este aislamiento bien se puede romper
si, además de apoyar abiertamente festivales de poesía, ejemplo mejor el de la
gente de “Prometeo” en Medellín, o revistas como la recientemente creada en Texas,
y en español, a pesar de su nombre, <i>Hispanic Poetry Review</i>, acudimos a
las ventajas que nos brinda la nueva tecnología del Internet, donde las páginas
de poesía serán nuestra mejor vía de conocimiento. La ciencia no ha sido una compañera
fiel de la poesía, y viceversa, pero desde la imprenta a este ordenador en que
te escribo, creo que podemos utilizarla para hacer volar las palabras de país
en país. Preocupación grande es la comunicación entre los poetas brasileros y
los del resto de América Latina. Hay allí un bache que nos corresponde rellenar,
y mucho debe venir del lado de los que escribimos en español.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Salir a dar una vuelta es una buena manera de ir
a un punto al otro, especialmente si nos encontramos en el trayecto con el rostro
de los poetas hermanos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">DINA POSADA</span></b><span lang="ES"> Por la falta de entusiasmo de parte de las editoriales,
las probabilidades de publicar poesía cada vez son más difíciles. Los poemarios
salen a luz en escaso número de ejemplares y a falta de una buena distribución,
se quedan dando vueltas en el mismo país, entre los mismos escritores interesados
en no gastar sus energías en promover lo ajeno sino lo propio, tal vez junto a
algún título de los amigos o de su grupo generacional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Los poetas deberíamos ser más solidarios y detenernos
a pensar: nadie puede opacar un trabajo valioso así tratemos de ignorarlo o borrarlo
del horizonte. La verdadera poesía no se deja callar. Entre más sobresalga una
obra, se acepte y se difunda, mejor será nuestra producción pues nos compromete
a dar saltos más fuertes y elevados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para paliar esta deficiencia también sería importante
el apoyo gubernamental cuya principal excusa es carecer de fondos. Pero como no
se le puede pedir peras al olmo, poco podemos esperar de nuestros políticos que
a su vez no tienen cultura, ni amor al arte y mucho menos curiosidad por conocer
las verdades sublimadas del ser humano.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Las dos soluciones inmediatas y expansivas son
Internet y los encuentros de poesía como el Festival Internacional de Poesía de
Medellín. En la red urgen más páginas de poesía en manos responsables y conocedoras
del tema, con un compromiso serio para divulgarla de una manera objetiva dejando
a un lado al Poderoso Señor don Ego y a favoritismos de índole amistosa o ideológica.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">EDUARDO MOSCHES</span></b><span lang="ES"> | Presumo, que la pregunta va asociada al ámbito
de la cultura y la literatura. Esta difícil existencia de relaciones es, muy probablemente,
resultado del síndrome de la balcanización mental y política que ha convertido
a esta parte del continente en un collar de cuentas separadas. La falta de canales
reales de comunicación e interrelación entre los sectores de la cultura de los
países, es quizá, sólo parte de la política actual de dependencia económica y
política con el imperio dominante: los Estados Unidos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Hubo momentos históricos, los años setenta, quizá,
donde la sociedad civil, los sectores directamente interesados en la cultura creaban
formas de relación a través de acciones concretas, desde encuentros a revistas
no nacionales, y en momentos, apoyados por los gobiernos de algunos países.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Hoy son pocos los procesos que presuponen un acercamiento
entre los países. Solo el actuar a través de acciones por proyectos nos llevará
a romper este autocerco en que nos encontramos los ciudadanos y que han construido
los gobiernos y sus políticas de encierro televisivo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Aumentar la distribución y difusión de lo que se
realiza en cada país, en las regiones. En cada pequeño proyecto literario y cultural
y la difusión al exterior de las fronteras políticas-geográficas permitirá restituir
un poco de nuestra buscada esencia latinoamericana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">GLADYS MENDÍA</span></b><span lang="ES"> | En la actualidad, donde tenemos tantas herramientas
tecnológicas a mano, como la internet, se ha hecho mucho más fácil estrechar las
relaciones con los escritores nuestramericanos. En mi día a día, es común recibir
y enviar varios emails, donde de forma fraternal, trabajo con compañeros escritores
y editores en diversos proyectos sin importar las distancias, realizamos intercambios
literarios, nos apoyamos y ayudamos en la difusión; es decir, veo un crecimiento
exponencial en las redes de escritores que propician el conocimiento y la inclusión
de toda la diversidad literaria Hispanoamericana. No observo ningún impedimento
en la existencia de relaciones más estrechas, salvo las diferencias de personalidad
y gustos de cada ser humano, lo que es totalmente natural.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JORGE ARIEL MADRAZO</span></b><span lang="ES"> | La pauperización y balcanización social-cultural,
la supeditación a los centros mundiales de poder y, por añadidura, la mal llamada
“globalización”, creo que figuran entre las causas principales de nuestro desconocimiento
e incomunicación mutuos. Sin que esto implique disminuir el papel atribuible a
la desidia, el desinterés y la falta de proyecto propios, por parte de quienes
deberían mirar más allá de sus propias narices.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JOSÉ ÁNGEL LEYVA</span></b><span lang="ES"> | La miseria intelectual de nuestros gobiernos
y la escasa generosidad entre la comunidad artística, salvo honrosas excepciones
como Colombia y, quizás, México.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">JUAN CALZADILLA</span></b><span lang="ES"> | En principio, continuando en el mismo tema,
creo que la falta de contactos más frecuentes entre los propios poetas para realizar
acciones comunes, más allá de los congresos y festivales que se organizan por
arriba. Es posible que se haya agotado el interés por los agrupamientos y que
esto explique tanta dispersión. Internet y el correo electrónico están ayudando
mucho a reiniciar el diálogo perdido, pero todavía el distanciamiento es grande,
sobre todo por la dificultad de encontrarnos físicamente, de compartir la misma
mesa y de emprender trabajos colectivos, programáticos, como las revistas, por
ejemplo. Pero lo virtual es una relación incompleta, y a veces frustrante, como
el enamoramiento a distancia, por cartas. A mi parecer, la edad de la oro de nuestra
poesía ocurrió en la década del sesenta, quizás porque, para los venezolanos al
menos, la moneda era dura y rendía más que en el resto de los países. Tuvimos
así, por suerte, durante tres lustros, a una hornada de poetas avenidos de varios
lugares, y especialmente del sur, lamentablemente generada por causas políticas,
y aprendimos mucho de ellos, al menos a comportarnos bien. Por aquellos tiempos
se viajaba mucho, era fácil que pudieras subirte a un avión y durante una semana
visitar varias ciudades latinoamericanas con un boleto abierto. Hoy esto es una
hazaña prohibitiva, salvo que lo hagas nadando en Internet, pero quién garantiza
que el resultado es el mismo? Creo que en nuestras países se ha empobrecido de
más en más la economía cultural, ¿tú no lo sientes así?, y en consecuencia también
las comunicaciones y la información. Ya no hay muchos congresos y encuentros.
El boom que nos prometía Romano de Santa Ana resultó un fraude. Para mí que, en
lo personal, comenzamos a transitar una etapa consagrada a la sobrevivencia, con
la ventaja quizás de que esto nos está haciendo más atento a nuestras carencias,
y que tenga más sentido en ese momento vivir pegados a la ventana de nuestro ordenador
es una gran verdad. No sé qué ventaja representa para nosotros esta situación
límite pero creo que cada vez experimentamos más la poesía como un desierto, al
menos en cuanto a falta de sentido y compromiso. Y en esto consiste su tragedia
actual.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">LINA ZERÓN</span></b><span lang="ES"> | El principal obstáculo es el criterio rapaz
de las editoriales trasnacionales a las cuales sólo les interesa el beneficio
inmediato que pueden obtener con la edición de un libro. En toda la historia de
la humanidad no ha existido un solo libro de poesía que pueda considerarse best
seller, salvo los casos de poetas consagrados. En tanto persista el criterio mercantilista
de las editoriales en cuanto a la edición de poesía es muy difícil mantenerse
al día no solo con la producción poética del propio país, sino con la de otras
naciones del continente. La falta de promoción a los nuevos valores, a las generaciones
que venimos jalando fuerte pero que ellos enfermos de tortícolis sólo les importa
vender nombres para sacar cifras. Sin embargo, la internet ha venido a traer nuevos
bríos a la difusión de la poesía, aunque tiene sus bemoles pues lo mismo conviven
malos y buenos poetas en el ciberespacio por la facilidad existente de dar a conocer
por ese medio la obra poética, ningún esfuerzo es vano cuando de difundir la palabra
se trata. Los Festivales de poesía son otro buen vehículo para encontrarte con
lo que se escribe en la actualidad y que de otra forma no podríamos conocer por
la falta de difusión, de apoyo, pero el que nace poeta del cielo le vienen las
letras y el tiempo será el único que decida quién hizo una obra que perdurará
y quién no, lo importante es que todos hagamos equipo, una cadena de apoyo de
unos con otros. Los poetas sabremos imponer la palabra sagrada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MANUEL MORA SERRANO</span></b><span lang="ES"> | Muchas cosas conspiran. Lo primero es que en
nuestros países se ha perdido aquella hermosa tradición de enviar talentos de
primer orden como representantes diplomáticos o como ministros consejeros. Todo
lo que existe hoy en la modernidad, internet, blogs, etc., conspira, porque todos
pensamos que estamos pendientes de ello. Por ejemplo, revistas como El Cuento
en México, El Pez y la Serpiente en Nicaragua, la revista puente entre dos lenguas
como fue <i>O Cruzeiro</i> y muchas otras como Carteles y Bohemia en Cuba, circulaban
y se guardaban en las bibliotecas porque eran textos de lectura obligada y pasaban
de mano en mano. Ahora sería más fácil, pero creo que la gran cantidad es lo que
impide que tengamos un conocimiento más detenido de lo que pasa en nuestros países.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> Además,
noto, que existe una mayor egolatría. Cada quien se siente realizado cuando el
texto es editado o circula en buenos blogs y no hay una crítica alerta, demoledora,
que en medio de esta crisis de mediocridades expulse a los mercaderes del templo
y grite que su casa es casa de poesía.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> No obstante
eso, esperamos que mientras transcurren los años, los que realmente tengan vocaciones
de boxeadores, de jugadores de fútbol o de béisbol, se dediquen a esas actividades
que pagan más y dejen a los auténticos poetas recuperar sus espacios. La cantidad
está ocupando el lugar de la calidad y así no se vale.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">MILAGRO HAACK</span></b><span lang="ES"> | Quizás, el mismo artista, quizás, sea un grupo
de escritores con límites de fronteras. Siento que ser muy regionalista no ayuda
a la globalización de un creador. Quizás, también la forma en que se llevan las
relaciones internacionales de un país a otro. Son muchos límites, por eso, el
artista mismo con su voz y su búsqueda debe romper barreras, porque es un creador
en movimiento, libre pensador, siempre y cuando asuma su realidad de espacio y
vivencias con una sana conciencia de la totalidad con otros terruños. En Hispanoamérica
se siente que hay un movimiento que está, dando pasos hacia los encuentros plasmados
en el plano artístico, ese más allá, y con las herramientas como Internet, puede
mostrar ese pensamiento creativo, sin dogmas, y menos con términos políticos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NANCY MOREJÓN</span></b><span lang="ES"> Hay una relación más estrecha desde la fundación
de la Casa de las Américas que es una institución creada precisamente para establecer
vínculos directos, por lo tanto estrechos, entre los escritores, intelectuales
y artistas latinoamericanos. La Casa, durante medio siglo, ha sido un puente irreversible
entre los creadores del continente quienes, en muchos casos, fungen como una vanguardia
entregada a la creación y a la promoción de sus propias producciones. Tan es así
que en su historia puede advertirse el instante en que no sólo atendió al ámbito
propiamente hispano de Nuestra América sino al de aquellas culturas, igualmente
americanas, que no se expresan en español. Fue trascendental el momento en que
la vida de la Casa se abrió al Caribe y a Brasil. De alguna manera nunca ha sido
ajena a las producciones latinoamericanas asentadas en países como Canadá y Estados
Unidos, en eso que conocemos hoy día como diáspora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">NICASIO URBINA</span></b><span lang="ES"> | Hay varios impedimentos, siendo el principal
la distribución de los libros. La carestía en el transporte y distribución de
los libros hace muy difícil que los poetas de los diferentes países de Hispanoamérica
nos conozcamos y nos leamos. Excepto por los poetas que publican en grandes editoriales,
y en poesía no hay muchas, las pequeñas editoriales que publican poesía no pueden
darse el lujo de distribuir masivamente. La popularidad del internet sin embargo
nos ha acercado muchísimo y ha facilitado el conocimiento de lo que está sucediendo
en otros países. Creo que hoy en día todo el que esté interesado en saber qué
se está escribiendo en cualquier país, puede encontrar suficiente material en
la red. En cierta forma esto es abrumador. Hay tanta información que es prácticamente
imposible cubrirlo todo y uno tiene que decidir y discriminar sobre lo que quiere
leer o no. Hay muchísimos movimientos poéticos y poco tiempo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">RENÉE FERRER</span></b><span lang="ES"> | El impedimento para la existencia de relaciones
más estrechas en el caso de Paraguay es la poca difusión de nuestras obras en
el exterior, el factor económico, la carencia de revistas que permitirían un intercambio
más fluido, el individualismo. El relacionamiento se da generalmente en los congresos
y encuentros de poetas, donde se intercambian libros y amistad.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SAÚL IBARGOYEN</span></b><span lang="ES"> | Es un tema añejo. Hay distancias físicas reales
y las hay mentales, ideológicas, culturales; también están las tomadas bajo la
influencia de los centros del poder internacional. Tal vez tendríamos que empezar
a buscar una posible respuesta en los procesos generales de la relativa emancipación
histórica y de la mediatizada democratización de nuestros países, tanto como en
su sorprendente diversidad lingüística, étnica y cultural. Quizás los actuales
medios de comunicación puedan ayudar, p. ej., a mejores relaciones de conocimiento
e intercambio, aunque esto conlleva el riesgo de una “globalización” regional
que se expanda indiscriminadamente como un componente de la globalización mundial.
Los gobiernos de base democrática, dentro o fuera de acuerdos regionales, y la
sociedad civil con sus formas organizadas o aun con expresiones particulares o
grupales, tienen la responsabilidad fundamental. Esto implica políticas educativas,
culturales y de intercambio efectivo de productores y productos de la educación,
el arte y la cultura, que sean proyectadas y ejercidas con igual vigor, al menos,
que los acuerdos comerciales o las competencias deportivas. Debe ser precisamente
la extraordinaria diversidad de la vida espiritual y material de los pueblos indolatinoamericanos,
el más incitante empuje para ese acercamiento global apoyado en las particularidades.
¿Qué mayor estímulo que conocernos entre todos y reconocernos en nosotros mismos?
Si bien se perciben indicios y esfuerzos, que incluso vienen de tiempo atrás,
la gran tarea colectiva aún no empezó. Muchos son los obstáculos económicos y
políticos, y no pocos los enemigos, representados y aun sostenidos por el viejo
imperialismo, disfrazado de modernidad. Y no pocas son las autolimitaciones y
los propios prejuicios a vencer, en cuanto tarea inmediata e inexcusable.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">SUSY DELGADO</span></b><span lang="ES"> | Seguramente este problema tiene causas complejas,
pero creo que una de las más importantes sigue siendo el desconocimiento que persiste
entre nuestros países, a pesar del tremendo avance de las comunicaciones. Y si
todavía existe un gran desconocimiento a pesar de todo el avance de las comunicaciones,
es porque siguen siendo insuficientes los esfuerzos que se realizan para acercar
nuestras realidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">YOLANDA PANTÍN</span></b><span lang="ES"> | Parafraseando a Gottfried Benn esa es una pregunta
“imponentemente incontestable” siendo el caso venezolano muy particular. En este
país no se le otorga demasiado valor a la comunicación fuera del cerco natural,
prefiriendo los poetas y escritores permanecer protegidos en “casa”. Sobre el
delicado tema de la venezolanidad han reflexionado ciertos autores, que recuerde,
José Balza, Antonio López Ortega, Ana Teresa Torres, y María Fernanda Palacios,
las dos últimas en algunas de sus novelas y ensayos. Por lo que a mí respecta,
no encuentro explicación, tampoco entiendo por qué Brasil permanece como una inmensa
isla dentro del continente, siendo que somos vecinos. Los libros no circulan.
Yo, que formo parte del consejo editorial de una editorial (Pequeña Venecia),
doy fe de la dificultad de distribuir nuestros libros aun dentro del territorio
nacional.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<b><span lang="ES" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES" style="font-size: 9pt;">E</span><span lang="ES" style="font-size: 9pt;">l <b>Proyecto Editorial Banda Hispánica</b> (<b><a href="http://www.jornaldepoesia.jor.br/BHBHportal.htm"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">www.jornaldepoesia.jor.br/BHBHportal.htm</span></a></b>)
fue creado en enero de 2001 para atender a una necesidad de concentrar en un mismo
sitio informaciones acerca de la poesía de lengua española. En su acervo contiene
ensayos, reseñas, declaraciones, entrevistas, datos bibliográficos y poemas, reuniendo
autores de distintas generaciones y tendencias, inclusive inéditos en términos de
mercado editorial impreso. Por dos años la revista <b><i>Agulha Hispânica</i></b>
ha integrado este proyecto, así que ahora, en su última edición, destacamos una
selección de poetas, de 10 países, con la intención principal de llamar atención
para lo que seguimos realizando, al mismo tiempo que invitar a muchos que todavía
no están en nuestro acervo que envíen sus textos. Todos aquellos que deseen participar
deben remitir a la coordinación general del <b>Proyecto Editorial Banda Hispánica</b>
sus datos biobibliográficos, fotografía, selección de 10 poemas y respuesta a las
tres preguntas que hacen parte del material que aquí publicamos. El correo es <b><a href="mailto:bandahispanica@gmail.com"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">bandahispanica@gmail.com</span></a></b>.
Poco a poco estamos actualizando las secciones dedicadas a cada país. </span><span style="font-size: 9pt;">Un brindis nuestro a todos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Visite a página de cada um
dos poetas no <b>Projeto Editorial Banda Hispânica</b>:
www.jornaldepoesia.jor.br/BHBHportal.htm. Enquete publicada na revista <i>Agulha Hispânica</i> # 12 - Novembro de 2011.]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-81685515573895470252014-08-21T13:55:00.000-07:002014-08-30T04:44:15.187-07:00JORGE RODRÍGUEZ PADRÓN | La incuestionable presencia, III<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvYLcD5Jp7vu1T_OO-6hvInHHgA1engMc_wywjzqs100AmPFGxqe20a6LM5WHa3peG5rkYXKhr8EM0aAazZ-XZyfHHRSRCRqMeACTTJmSGy5K6JiZjFwM8UTEZ-vuo_dvpP-N3vztgsgd/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvYLcD5Jp7vu1T_OO-6hvInHHgA1engMc_wywjzqs100AmPFGxqe20a6LM5WHa3peG5rkYXKhr8EM0aAazZ-XZyfHHRSRCRqMeACTTJmSGy5K6JiZjFwM8UTEZ-vuo_dvpP-N3vztgsgd/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" height="200" width="146" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Si hablamos de poesía española,
es conocida la discusión en torno de la palabra </span></i><span lang="ES-TRAD">modernismo<i>, que puede significar a la vez una escuela literaria
y la definición de una época. Es verdad que el modernismo español (lo mismo que
el modernismo hispanoamericano) presenta rasgos distintivos del modernismo de los
demás países europeos (lo mismo que el modernismo brasileño). Antes de todo, tu
opinión acerca del sentido exacto del modernismo español. Después, sus relaciones
con el modernismo en las Islas Canarias.<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— No habría motivo de discusión a este respecto, si no se hubiese utilizado
esa misma denominación (<i>modernismo</i>) para
movimientos literarios que, en realidad, responden a propuestas estéticas diversas,
aunque coincidan en el hecho de afrontar ese período histórico, también necesitado
de una más justa denominación y que, para entendernos, llamamos <i>modernidad</i>. ¿Ves? Tú mismo aludes ahora,
por ejemplo, al modernismo español y al modernismo europeo (que tuvo más bien poco
de literario) y al modernismo brasileño… Podríamos incluso complicar un poco más
la cuestión sumando a este debate el <i>modernism</i>
norteamericano. Prefiero, pues, centrarme en el modernismo en lengua española que,
en propiedad, llenaría la casilla vacía del verdadero romanticismo que no tuvo nuestra
literatura. Verdadero romanticismo porque implica ruptura de la imaginación y transitividad
consecuente hacia ese lugar reclamado con urgencia por G. A. Bécquer como el espacio
“donde el vértigo / con la razón me arranque la memoria”. Y si Bécquer lo solicitaba
como deseo, su configuración corporal, su <i>encarnadura</i>
en imagen, la completa el modernismo desde Hispanoamérica. Principio fue de una
experiencia poética que lo es también histórica: Hispanoamérica da a luz, con el
modernismo, la imagen de su futuro en tanto que único espacio para establecer su
identidad posible. Por eso será comienzo contemporáneo; doble con el cual le era
imprescindible dialogar — para entenderse a sí misma — a la identidad española.
Sucedió, sin embargo, que la situación histórica española, en ese momento, no era
augural — como sucedía en América — sino final: la respuesta de los escritores peninsulares
se vio así forzosamente condicionada por una reflexión sobre su pasado, que concluye
en voluntad <i>regeneradora</i> (ello es, una
vuelta ao principio y una revisión de todo el proceso histórico nacional: memoria
y razón requeridas para explicar lo sólo poéticamente explicable). Esa fue la contradicción
de los noventayochistas. Y su evidente limitación. Más aun: en ellos actuó un temor
grande ante la libertad imaginativa -formal y rítmica — que el modernismo planteaba;
y deseosos de dar con el espíritu o esencia de <i>lo español</i>, se vieron deslumbrados, pero también asustados, ante el
atrevimiento modernista. Insensibles a la sensualidad y a la pasión amorosa, serían
escritores negados al amor (y al erotismo), pues entendían a la mujer sólo como
<i>hospitalidad</i>, como cobijo. Y por ese mismo
camino se explica su difícil relación con <i>el
otro</i> (para Machado, “el otro que siempre va conmigo”; para Unamuno, la conciencia
trágica del ser impar). Se comprenderá, pues, que los escritores peninsulares que
se llamaron modernistas apenas fueran imitadores de una estética; no vivieron la
experiencia existencial que habría de obligarles a subvertir el orden convencional
de la expresión literaria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Los escritores de fin de siglo en las Islas Canarias, por su parte, se
encontrarán ante la evidencia de su diferencia cuando — como resultado del desastre
colonial de 1898 — este archipiélago atlántico se convierta en territorio fronterizo
que debe afrontar el principio de su andadura histórica en el espacio de la modernidad,
donde su reconocimiento aguarda entre la incertidumbre de lo posible. Islas al fin
y al cabo, su condición doble se refleja en el debate permanente entre la seguridad
de su centro y la proyección excéntrica, centrífuga, de su identidad, sólo completa
cuando se asume la manquedad que obliga a ese tránsito hacia lo desconocido. Canarias
coincide así con Hispanoamérica en este principio, pues — a mayor abundamiento —
ese lugar de confluencia y mestizaje que fue el archipiélago desde finales del siglo
XVI, vive en permanente relación con el mundo. El cosmopolitismo de su actividad
comercial y portuaria, que se dispara a finales del siglo XIX con la presencia singular
de los colonos ingleses (hombres de negocios, pero también exiliados que esperan
sanar de su enfermedad irreversible), facilita aquel reconocimiento por medio del
reflejo en (y diálogo con) <i>el otro</i>. Y
tal experiencia, ayudada de su irreverencia lingüística dialectal, basada en el
uso de un ritmo (acento) diferente y de una riquísima capacidad expresiva del habla
(gestualidad y silencio como elementos básicos de significado), hará que la escritura
literaria finisecular en las Islas Canarias constituya una <i>facción</i> singular del modernismo hispánico, movida por idéntico sentido
a la que impulsara ese movimiento en Hispanoamérica, y no ha de entenderse como
subsidiaria de aquella inauguración. Desde un precursor como Domingo Rivera (1852-1929)
hasta un postmodernista (y algo más) como es Rafael Romero, <i>Alonso Quesada</i> (1886-1925), pasando por el
escritor paradigmático que fue Tomás Morales (1884-1921), ausentes casi siempre
del debate histórico y crítico del modernismo español, aunque Federico de Onís,
Díez Canedo o Valbuena Prat llamaran la atención sobre ellos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Hablando de la aventura
poética de las Islas Canarias, recuerda Valbuena Prat sus dos características centrales:
el aislamiento y el sentimiento del mar. A su vez nos habla Pérez Minik de “unos
temas singulares autónomos”, la adaptación de unas características de la lírica
europea. En el escenario de la gran variedad cultural hispánica, cuál es la aportación
estética que mejor define la poesía canaria?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Ya he insinuado algo de esto en lo que te decía antes. Retomo el termino
<i>facción</i>, del propio Pérea Minik, que él
utilizó para historiar y reflexionar sobre su propio movimiento generacional, el
de <i>Gaceta de arte</i>. Pienso que <i>facción</i> es la forma más precisa para determinar
toda la aportación peculiar (yo diría la <i>diferencia</i>)
de la poesía escrita en las Islas. Nombras también al profesor Valbuena Prat; en
efecto, fue el primero en advertir el particularísimo fenómeno de esa poesía. Quizá
su método de análisis, en exceso ajustado a la periodización histórica peninsular
y de carácter exclusivamente histórico, fue un obstáculo para definir con exactitud
el proceso seguido en Canarias por la poesía. Valbuena habló, junto al aislamiento
y el sentimiento del mar, de cosmopolitismo e intimidad… Si te fijas, lo que Valbuena
propone, aunque no lo dice de forma explícita, es el carácter doble de esa escritura:
una poesía que, para ser, necesita arraigar en lo propio (aislamiento, intimidad)
pero entendido como prolongación o transitividad en lo que, como contrario complementario,
necesita para completarse (cosmopolitismo, sentimiento del mar). Por ello, me parece
certero el criterio de la profesora María Rosa Alonso quien señala la tensión entre
un impulso centrípeto y otro contrífugo, que viene a ser lo mismo, pero subrayando
el sentido dialógico y dramático de la relación entre ambos extremos, lo que explica
cómo la poesía de las Islas, desde su comienzo, en la frontera entre renacimiento
y barroco, tiene siempre el carácter de algo inacabado que busca completarse en
lo inefable o invisible, en su prolongación hacia lo vacío y en la <i>habitación</i> de ese espacio inquietante o sugerente.
No tiende hacia la confirmación de algo sino hacia la preocupación por lo ambiguo
o posible. Siempre se ha explicado (y se ha explicado mal) el principio histórico
de esta poesía en relación estrecha con los grandes ciclos de la poesía pre-renacentista
española. Pero un poeta como Bartolomé Cairasco (1538-1610) no es, como se dice,
un aventurero del esdrújulo, sino el primer intérprete — como sor Juana Inés de
la Cruz, en la tradición americana — del sentido doble de la <i>diferencia</i> insular: descendiente de nizardos
instalados en Canarias, su identidad doble no sólo le permitirá comprender el sentido
de aquella bipolaridad, sino hallar el lenguaje, y los temas precisos, que han de
explicarla para acabar dándole carta de naturaleza poética. Su barroco no es ni
el culteranismo gongorino ni el conceptismo; es otra cosa, porque a otra realidad
atiende. Su traducción de la <i>Jerusalem liberata</i>
es algo más que una traducción, una explicación de suidentidad en ese contraste,
que es reflejo, con el otro rostro de su propia identidad. Y su libro <i>Templo militante</i>, galería de rostros que
operan en idéntico sentido. Esre título, además, nos remite a un espacio cerrado
(y sagrado) donde ha de producirse la revelación del origen, y a la conciencia testimonial
que anima la visión que el poeta da de esa revelación.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Su misma propuesta la encontramos, y con paralela intención, en los ilustrados
insulares (Viera y Clavijo o Clavijo y Fajardo o el vizconde de Buen Paso), <i>habitantes</i> del debate europeo del siglo XVIII,
en donde se reconocen mucho mejor que en la reducida polémica entre castizos y afrancesados
que cierra entonces el camino a la modernidad española. Se suele llamar plagiario
al vizconde de Buen Paso porque su “Soneto al Teide” venía a repetir (reflejo en
el cual reconoce su propio imaginario) el “Soneto al Tajo”, del portugués Francisco
Rodrigues Lobo. Y lo mismo sucede con los modernistas y postmodernistas a quienes
antes me he referido. Y a través de ellos llegaríamos a los surrealistas (o mejor,
vanguardistas) que desde 1928 (aparición de la revista <i>La rosa de los vientos</i>) hasta 1936 (comienzo de la guerra civil y dispersión
del grupo de <i>Gaceta de arte</i>) se establecen
de nuevo, bien que con un sentido más polémico y agresivo y arriesgado, en esa misma
bipolaridad que los convierte en fenómeno singularísimo de la literatura española
contemporánea.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Tus lecturas apuntan un
gran momento de la cultura canaria centrado en la presencia indiscutible del surrealismo
de los años treinta, los escritores reunidos en torno de la revista </span></i><span lang="ES-TRAD">Gaceta de arte<i> — con sus treinta
y dos números publicados, desde 1932 hasta 1936, es indudable que se trata de una
de las más importantes revistas dedicadas exclusivamente al surrealismo en todo
el mundo —, destacadamente Eduardo Westerdhal, Pérez Minik y García Cabrera. Sin
embargo, son frecuentes todavía las negaciones de existencia de surrealismo en España,
lo mismo que en Brasil. Los argumentos, en ambas laderas, son los mismos: la no
utilización de la escritura automática y la falta de una formación grupal. Es evidente
la debilidad de tales argumentos. Mi interés se refiere al motivo real de tan obstinada
negación, verdaderamente una obsesión de cierta facción de la cultura de nuestros
países. Habla un poco de eso.<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Siguiendo con mi razonamiento anterior, satisfaría tu curiosidad en este
aspecto. Estoy completamente de acuerdo con lo que dices (sé que lo estamos en muchas
cosas). ¿Cómo decir que el surrealismo, para ser, <i>debe ser</i> escritura automática o conciencia de grupo? Todo lo que sea
deber, imposición, es asunto ajeno al verdadero surrealismo. Sucede — esto sí —
que el surrealismo introdujo tal grado de violencia en el pensamiento y en la escritura,
tal dispersión en el conocimiento y tanto riesgo en la visión de la realidad y en
su expresión artística o literaria (estoy pensando ahora, por ejemplo, en el cine
de Luis Buñuel, que obligó a los escritores de <i>Gaceta de arte</i> a vivir su anécdota más “surrealista”), que la literatura
española — en paralela reacción a la habida ante la inauguración modernista — manifestó
un temor y un retraimiento que los poetas del 27 avalarían inmediatamente con su
reverencia ante los clásicos y su respecto a la tradición. Por contra, la <i>facción</i> surrealista de Tenerife apostaría
por la aventura del inconsciente y por el riesgo de la revelación nacida de esa
apuesta. La poesía surrealista de Canarias (López Torres o García Cabrera, Agustín
Espinosa o Gutiérrez Albelo) fue una manifestación fugaz en el tiempo, cierto; pero
no podía instalarse como fórmula, género o movimiento, pues su espíritu surrealista
se lo impedía; si a ello sumamos que la represión con que se inicia la guerra civil
acabó de golpe con el vigor revolucionario de sus protagonistas, queda dicho todo.
Resistente fue, y por esa resistencia iluminó el carácter inconcluso y doble de
una <i>diferencia</i> indiscutible. Juan Manuel
Trujillo, fundador de <i>La rosa de los vientos</i>
y polemista con Eduardo Westerdahl, afirmaría (y eto en 1934) que “las islas siguen
buscándose, buscando autor. Quieren tener conciencia de sí mismas (…) pero sobre
todo buscan a los poetas. Buscan a los poetas escarmentadas de los literatos. Sólo
un poeta podrá hacer el milagro. Mejor dicho, dicho exactamente: sólo en un poeta
podrán hacer las islas ese milagro”. ¿Nos es éste el mismo poeta que reclamaba,
para la fundación de su modernidad, el portugués Fernando Pessoa?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Una cuestión más en torno
del surrealismo: la afirmación de Vittorio Bodini de que Juan Larrea hubiera sido
“el padre desconocido del surrealismo español”. En tal sentido, como podríamos ubicar
la importancia de nombres tales como Agustín Espinosa (el “cazador de metáforas”)
y José María Hinojosa?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Ahí tienes un ejemplo de lo que te decía. ¿Por qué Juan Larrea deja la
sombra protectora de la generación del 27 para instalarse en París y escribir en
francés? Porque la iluminación creacionista que le ha transmitido Vicente Huidobro
será, para el escritor español, principio de una aventura sin retorno. El riesgo
de una lengua poética que supere las formas obligadas de su lengua <i>materna</i>. La afirmación de Bodini es muy certera.
Pero yo diría más: Larrea fue ese “padre” del surrealismo español. Agustín Espinosa
es un caso similar. Aunque hizo alguna incursión en la poesía propiamente dicha,
su lengua es la prosa a la que convierte en forma de la poesía, contradiciendo su
sentido natural. <i>Crimen</i>, su obra máxima
(de 1934), ¿es una novela? Como novela se ha difundido; su lectura, sin embargo,
nos convence de lo contrario: es la poesía que se derrama más allá de su límite
extremo. Dijo José Bergamín que la poesía empieza justo donde acaba la novela. Pero
es el caso que Espinosa continúa esa escritura peculiar en el terreno del ensayo
y de la crítica: “Media hora jugando a los dados” es — presuntamente — una conferencia
sobre la obra del pintor autodidacta grancanario Jorge Oramas; la lectura de este
texto singular en el abismo de la sugestión poética nos precipita.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i><span lang="ES-TRAD">— Una vez más el barroco:
su pasión prodigiosa y esa erotización de la palabra que se ha defendido, la seducción
de la escritura, su cuerpo a la vez revelación y gustación. El sentido de ambigüedad
y síntesis que ha tomado el barroco en la poesía hispanoamericana. Las relaciones
posibles entre una lógica conceptual y la vertiginosa lucidez. ¿Hasta que punto
busca tu libro </span></i><span lang="ES-TRAD">El barco de la luna<i> una relectura del barroco en la escritura poética
hispanoamericana?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Si te soy sincero, no lo había pensado así. Pero no es extraño: nunca
el proyecto de un libro — y de un libro tan aventurado como éste — se corresponde
con el resultado final. No me lo había planteado de esa forma, insisto. Aunque,
por lo que me dices, algo de eso existe en él. Su punto de partida es la inauguración
barroca de sor Juana Inés de la Cruz, y cómo su <i>sueño</i> augural prolifera en la larga trama que las poetas hispanoamericanas
van tejiendo sucesivamente, con una voz que se multiplica, y diversifica, pero que
permanece fiel a aquel principio colisivo que, no sólo entre las mujeres, se desarrolla
como línea poética lateral que, por su arriesgada condición, se observa siempre
como ajena (o paralela) a la lectura, tenazmente histórica y viciosamente política,
de la poesía hispanoamericana. Erotismo y cuerpo, pero no en el sentido anecdótico
que se dice habitualmente, sino en tanto que penetración y fecundación del cuerpo
de la realidad con el impulso seminal de una palabra que también, para obtener esa
energía, debe ser fecundada recíprocamente en el mismo acto creador. Mi libro quiere
ser — como siempre, en mi caso — una lectura muy personal y, por ello, una propuesta
de debate; lo que ofrece es la imagen (ya sé que a las escritoras militantes el
término les repugna, pero es así) oscura, lunar, movida por el impulso de aquel
<i>sueño</i> intelectual (nunca enajenación)
que sor Juana experimentó como drama de su doblez que resultó ser la doblez hispanoamericana.
No he querido hacer una lectura que ceda ante criterios femeninos; leo desde mi
posición masculina la diferencia propuesta por la visión de la mujer. Y así he llegado
a la conclusión de que, sin esa clave femenina, nada se explicará del todo en la
escritura poética hispanoamericana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM </span></b><i><span lang="ES-TRAD">— Ha señalado José Ángel
Valente que “la relación entre eros y mística ha sido oscurecida en nuestra tradición
por obvios condicionamientos culturales. Tanto desde un monismo espiritualista como
desde un monismo materialista reactivo, experiencia erótica y experiencia mística
han sido abusiva y parcialmente interpretadas.” ¿Cómo observar el planteamiento
de Valente en el ámbito de la poesía hispano-americana? ¿Hasta qué punto la presencia
de las mujeres — pienso en Alejandra Pizarnik, Julia de Burgos, Olga Orozco, Blanca
Varela, Circe Maia, Marosa di Giorgio, entre tantas otras — ha influido en la subversión
de estos condicionamientos?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— ¿Ves? Citas a José Ángel Valente (a quien tanto admiro y a quien leo
siempre con tanto interés), y nos encontramos con que sus palabras nos remiten al
mismo temor que — antes decíamos — provocara el surrealismo. Porque la experiencia
mística (por cierto, la verdadera ruptura con el orden clásico, y no el barroco
como nos dicen las historias de la poesía española), como la experiencia erótica,
nada son sin el abandono y la entrega a ese vértigo conceptual y pasional ante lo
desconocido. Entrega atrevida y asumiendo todas las consecuencias. Yo no entiendo
de otra manera la experiencia de la poesía. Y por eso la representa mejor que nadie
la mujer. Ella no se encuentra condicionada por ninguno de los incontables <i>intereses</i> que mueven la escritura de los
protagonistas masculinos de nuestra poesía. Ellos pretenden ocupar, y mantener,
un lugar central en la historia. Por eso actúan desde la prudencia y el cálculo.
Ellas, desde el margen, no quieren suplantarlos en el centro, sino proponer su diferencia
como polo excéntrico de un debate. Aquellas escritoras que niegan la diferencia,
sólo remedan la cautela y la dependencia de sus pares masculinos, pero no aportan
la singularidad, evidente y necesaria, que las caracteriza.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM </span></b><i><span lang="ES-TRAD">— Una propuesta de Borges
habla del Diablo como el responsable del bautismo de todas las cosas en el mundo,
lo que vincula el nacimiento a su lado oscuro, proscrito, transgresor, y conduce
a Lilith: “La palabra, por consiguiente, lleva consigo la magia violadora de Lilith,
y para ser callada tendrá que sufrir un vaciamiento ritual” (Teresa Cristófani Barreto.
</span></i><span lang="ES-TRAD">Letras sobre o espelho. Sor Juana Inés de la Cruz<i>). Hay una pasaje en tu </i>El barco de la luna<i> en que hablas de sor Juana, donde señalas como
“discutible la vieja posición crítica de un remedo gongorino por parte de la poeta
mexicana”. En su silencio solitario, ha nombrado muchas cosas sor Juana. La visión
insostenible de la crítica acerca de esta mujer notable, acaso ¿no la explica el
inaceptable que sea justo una mujer quien inaugure e ilumine, con su experiencia
verbal, el imaginario poético del continente americano?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Aquí te contestaría mejor que yo, Lezama Lima, desde su sabiduría tan
abundante como su humanidad y, como su palabra, “multifragmentada por el incesante
despliegue de la subdividida respiración de un asmático”, que dijera el poeta Eugenio
Padorno. Porque fue Lezama, gongorino profeso y confeso, quien advirtió la carencia
de la iluminación culterana de aquel cordobés agrio y huraño. Faltaba en su escritura,
precisamente, el riesgo de lo oscuro, el convencimiento poético de que sólo en el
sueño está la verdadera vida. Y esa aventura no se podía cumplir con el reconocimiento
afirmativo de la realidad que él hace, por desmedido que fuese en su plasmación
imaginativa, sino habitando su revés, su <i>otro
lado</i>. Sor Juana Inés de la Cruz le llevaba esa ventaja: ella habitaba en, y
hablaba desde, ese otro lado, desde el doble donde lo español se había proyectado
sin entenderlo como complementario necesario; la escritora mexicana vio, además,
cómo esa <i>habitación</i> y esa palabra suyas
conformaban su existencia más que su propia biografía o su más próxima circunstancia
histórica. ¿Mujer o monja? Su elección, sin duda, la poesía. No podía llegar a ella
siendo mujer; aceptar el hábito teligioso tampoco solucionaba su dilema. Su voz
se revela entonces como la palabra original de ese ser que sólo se cumple y reconoce
en la experiencia poética. Y nos revela, además, la doblez donde toma origen el
imaginario poético americano, porque lo era también la del ser doble que a tal experiencia
se entrega para afirmar su identidad en la incertidumbre. Naturalmente, tras ella
ya no hubo tregua, ni regresión: el <i>sueño</i>
proliferó. Y no como tema o recurso literario, como espacio imprescindible para
el ser y la palabra americanos. Pero habitar el sueño es aceptar el abismo que —
como tú dices, recordando a Borges — es “el lado oscuro, proscrito, transgresor”.
La mujer es el sujeto mejor dispuesto para aceptar ese reto que es un riesgo definitivo:
su radical marginalidad la convierte en el <i>médium</i>
idóneo que nos conecta con ese espacio y eso cuerpo de lo sagrado, en donde cumplir
el verdadero debate del origen. Ella, la depositaria de la palabra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM </span></b><i><span lang="ES-TRAD">— En una entrevista con
Gerardo Deniz, me dijo el poeta mexicano: “aun renunciando a hacer juicios literarios,
estoy convencido de que, sin su comunismo, ni Vallejo ni Neruda serían tan apreciados”.
Creo que es acertada su afirmación a cerca de Neruda. No la comparto en torno a
Vallejo. En tu mismo libro, hablas que Vallejo fue “secuestrado por una lectura
utilitaria, sistemáticamente equivocada”.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Gerardo Déniz, poeta — por cierto — a quien he leído mucho y cuya escritura
me parece necesitada de una reivindicación imprescindible, pone el dedo en la llaga,
y dice verdad cuando subraya esa intromisión de la política (de la disciplina ideológica,
más bien) en la valoración de Vallejo y de Neruda. Yo iría más allá: me arriesgaría
a afirmar que la valoración que se ha hecho de la moderna poesía en lengua española,
y su rutinaria ordenación histórica, están construidas casi exclusivamente por (y
sobre) esa infiltración política. Déniz insiste: “sin su comunismo, ni Vallejo ni
Neruda serían tan apreciados”. Habría que matizar. Y no para excluir, como tú dices,
a uno de ellos. Lo que se nos ha dicho que <i>es</i>
Vallejo o que <i>es</i> Neruda, aparte de un
mayor o menor aprecio crítico, no resulta ser lo que son de verdad ni el uno ni
el otro. Por eso, yo me refería a la recepción de Vallejo en los términos que tú
citas: es un escritor secuestrado. Convenía que fuese así, y que su pasión <i>crística</i> o su desgarradura terrosa y carnal
que agrietan su escritura que es su cuerpo, y la hacen saltar por encima de convenciones
y circunstancias literarias, no se asumiera sino en el nivel más burdo e inmediato
de significación, que es el del utilitarismo ideológico. Y no es una opinión mía,
que soy — a fin de cuentas — un advenedizo. Observa lo que vallejianos ilustres
como Xavier Abril o Américo Ferrari muestran a través de sus mejores aproximaciones
críticas. Y lo mismo ocurre con Neruda. ¿Qué Neruda conocí yo cuando empecé a aventurarme
por su obra, en los primeros años sesenta? El que críticos e historiadores se habían
empeñado en ofrecer desde la ladera única y excluyente de su <i>poesía impura</i>, de esa escritura pedestre
y confirmadora que acabaría cercenando el vuelo iluminativo y la energía indudable
de su escritura anterior. Pronto comprendí el subterfugio, y pude situarme frente
a su obra y ver que el Neruda de los años treinta, en torno a <i>Residencia en la tierra</i>, vertiginoso y revelador,
se apagó en su empeño de asumir la <i>impureza</i>
como dictado único para su escritura. Este desvío voluntario (y yo diría que obligatorio,
desde la coherencia ideológica que acepta, a partir de entonces, su poesía) la cerraría
todo acceso al especio renovador (y de verdad poético) que, en ese mismo tramo cronológico,
abrieron y habitaron Lezama Lima y Westphalen y Gorostiza (y no menos Moro, Martín
Adán o Girondo), para configurar esa <i>vanguardia
otra</i> que no es la que Octavio Paz se empeña en identificar con el período de
la segunda posguerra, centrado en la experiencia poética que él mismo protagoniza.
Este es un tema que debe ser revisado con atención, y que me preocupa de modo especial:
hace poco, he impartido un seminario sobre ello, en Brigham Young University (Utah,
USA), e intento que aquellas notas y reflexiones deriven en un ensayo que me ilusionaría
escribir.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM </span></b><i><span lang="ES-TRAD">— Volvamos a Hölderlin
y su inquietud mayor: ¿para qué poetas? Giambatista Vico ha postulado un ciclo de
tres eras en el ámbito de la historia de la humanidad — Teocrática, Aristocrática
y Democrática —, culminadas por una era de caos, de donde resurgen las demás para
repetirse incesantemente. Ernst Jünger, a su vez, recuerda que “cada uno de los
siglos tiene su forma propia de ataque — el siglo XVIII, la subordinación, el XIX,
la proletarización, el XX, la numerificación”, concluyendo que “en el próximo la
persona singular habrá de decidir si se entrega o no se entrega completamente al
titanismo, pese a que participar en él es algo que no sólo entraña peligros, sino
que produce fascinación”. Por último, según el crítico Harold Bloom vivimos ya en
la “era del caos”. Y la misma inquietud perdura: ¿para qué poetas? <o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— No tenemos que ir hasta Vico. Las <i>eras imaginarias</i>, de nuestro entrañable Lezama Lima, en esta misma idea
se fundan y explican. Y además, sin la simplificación exigida por los <i>media</i>, que mueve a Harold Bloom (y a sus
editores) para reducir a anécdota — y, por tanto, a best-seller — lo que es categoría
— y, por tanto, necesita una más compleja reflexión. El viejo Jünger, por sabio
y por viejo, intuye que nos aguarda un momento histórico — yo diría que esperanzador
— en el que este gregarismo que se nos impone día a día deberá desembocar, por extinción
natural, en la frontera de la decisión personal y transitiva, proyectada hacia una
<i>era poética</i>. Se demonstrará que la novela
es una forma literaria sin futuro (ya lo estamos viendo: ¿no es víctima de este
tiempo utilitario y vulgar, por más que los novelistas profesos se consideren los
grandes triunfadores de la literatura de hoy?), que su agotamiento — y vuelvo a
las palabras de Bergamín — hará que resplandezca la verdadera y original expresión
creativa del lenguaje, sólo producida sí, con ella, se entrega la vida: consumación
y consumisión que debe ser la poesía. ¿Para qué poetas? Yo diría, más bien, lo contrario:
¿para qué novelistas? La memoria verdadera, la que nos identifica, no puede ser
ese artificio aprendido para repetir evidencias, reside en un encuentro y reconocimiento
vertiginosos con el origen. Claro, esto impone renuncias, y que las máscaras caigan
y que arrostremos, con todas sus consecuencias, nuestra verdadera identidad. La
de cada uno. El filósofo español Eugenio Trías concluye <i>La edad del espíritu</i>, un libro interesantísimo y revelador aun en su
complejidad, con una reflexión a la que valdrá la pena volver siempre, y no sólo
desde el punto de vista literario. “Sería preciso imaginar — escribe — un verdadero
encuentro (…) de la razón ilustrada referida a la transformación de <i>este</i> mundo y de la <i>razón poética</i> capaz de reencantar poéticamente el mundo. Ya que sólo
en forma poética (<i>dichterisch</i>) habita
el hombre, testigo de lo sagrado, esta tierra que constituye su ámbito de expansión
y de despliegue. Pero esta forma poética no debería hallarse en completa disonancia
con las exigencias de la vida que la razón ilustrada satisface.”<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1996]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Jorge
Rodríguez Padrón (Islas Canarias, 1943). Crítico de literatura, ensaísta, autor
de inúmeras obras sobre poesia e poetas hispano-americanos.]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-58680006358574747142014-08-21T13:53:00.002-07:002014-08-30T04:43:46.317-07:00JORGE RODRÍGUEZ PADRÓN | La incuestionable presencia, II<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmkqPNxzTWRZHWths_h4tZlQVSR1psyipiNU2t6q3h75l2LzD3tVpHNIGGuJlgDuyrF4Qvz0vXYZkLqBP3OGN6ox_TcIvrsEiMTnk7-ghC-mNMQleZTeD7ZBAa8NzFCiC_tGj4M-2n2t5/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmkqPNxzTWRZHWths_h4tZlQVSR1psyipiNU2t6q3h75l2LzD3tVpHNIGGuJlgDuyrF4Qvz0vXYZkLqBP3OGN6ox_TcIvrsEiMTnk7-ghC-mNMQleZTeD7ZBAa8NzFCiC_tGj4M-2n2t5/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" height="200" width="146" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">En tu defesa de una aventura
de la lectura del poema, de la escritura poética en su “agitación y entusiasmo explosivos;
pero centrada en la quietud sacramental”, sagrado oficio que habita en el secreto
y lo ilumina, es decir, oficio de convivencia plena, oficio de entrañamiento, con
lo que estoy de acuerdo en todo, despiértame una curiosidad, que es con exactitud
lo centrado interés por la poesía hispanoamericana, como se en ella hubiese establecido
la más iluminadora confluencia de tu visión crítica en consonancia con el escenario
mundial de las poéticas contemporáneas.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— No. no soy tan maximalista. Ni creo que la poesía hispanoamericana sea
la única, en el contexto de la poesía contemporánea, que asuma tal condición. Pero
sí lo es en el ámbito de mi lengua (y, sin duda, de mi tradición), y por eso a mí
me importa de manera especial. Te digo más: para mí supone un permanente desafío
la lectura de ese lenguaje de la diferencia que la poesía hispanoamericana establece
y desarrolla desde su mismo principio, desde que Sor Juana Inés de la Cruz escribe
con unas formas poéticas y una lengua heredadas que pasan el quicio, que se desquician
en lo visionario: ella descubre esa particular energía verbal cuyo motor es la <i>quietud sacramental</i> que tú citas. Y eso se
derrama seminal — y prolifera — en toda la tradición otra que, a partir de ella
(de forma paralela) se establece en la lengua poética española. ¿Sabes tú de otra
tradición poética en la que exista un proceso paralelo? ¿No fue el empeño de Pound
y Eliot un propósito similar, aunque bloqueado por una evidente diferencia de <i>principio</i>? Te digo más: mi trabajo crítico,
a lo largo de todos estos años, empezó por abordar indiscriminadamente, y con inconsciente
ecletismo, muy diversos aspectos de la creación literaria; hasta que no fui capaz
de <i>radicalizarlo</i> (hablo de exigencia,
pero también de ajustarlo a su raíz) en la lectura e indagación de la escritura
poética (única forma que entiendo capaz de alumbramiento), no encontré verdadero
sentido a mi propia escritura crítica (servil hasta entonces, corroboradora, reiterativa
de lo evidente). Hoy escribo con muchísima mayor dificultad; lo que quiere decir
que me atrevo a sondear espacios más problemáticos (y <i>sagrados</i>, también; por qué no) de la escritura poética de mi lengua.
Y escribo, igualmente, atendiendo (y entendiendo) mejor la doblez en que se <i>realiza</i> y completa la poesía moderna de lengua
española: ¿hasta dónde se implican, y desde dónde empiezan las diferencias, entre
la poesía escrita en España y en la escritura hispanoamericana? ¿Cuáles son sus
débitos recíprocos y hasta qué punto es imprescindible un diálogo (debate) permanente?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Tienes una deliciosa referencia
acerca de Darío: “Voz de la poesía, voz del principio irradiante, anterior a la
historia, en el espacio del mito”. ¿En cuales otros poetas hispanoamericanos podríamos
encontrar la presencia de esta zona esencial a la tradición poética?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Esta pregunta me obligaría a una larga y compleja respuesta; me estás
pidiendo — nada más y nada menos — que una explicación de toda esa tradición paralela
a la que antes aludí. No me parece éste el momento, ni el lugar adecuado, para hacerla.
Procuraré ser preciso (y también conciso), aunque haciéndolo así pueda pecar de
excesivo esquematismo. Verás: el criterio común para ordenar y valorar la moderna
poesía hispanoamericana repite siempre un esquema derivado o del respeto a una crítica
académica y taxonómica (forzada incorporación de nombres y de obras a sus plazos
históricos, a los agrupamientos generacionales o a movimientos estéticos previamente
establecidos) o de una ordenación — académica también — que fija sus propios plazos,
sus propias generaciones, sus movimientos específicos. Hacerlo así ha dejado siempre
en un segundo plano (o ha entendido inclasificables) a los escritores que — a mi
entender — constituyen la peculiaridad vertebral de la diferencia poética hispanoamericana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Si partimos de esa afirmación mía que tú recuerdas ahora, comprobaríamos
como los poetas <i>menos habituales</i> en las
nóminas históricas, o los <i>resistentes</i>
a clasificación, o los que — diríamos — son ellos mismos <i>una estética</i>, quienes darían fe de ese proceso, para mí fundamental
e imprescindible de la poesía hispanoamericana. Si digo José María Eguren o César
Vallejo (no el Vallejo “saqueado” sin piedad por exégetas torpes e imitadores sin
escrúpulos); si digo Gorostiza o Girondo; si digo Emilio Adolfo Westphalen o Lezama
Lima. O si — viniéndonos más cerca — digo Enrique Molina o Joaquín Pasos o Jorge
Eduardo Eielson, creo que estoy describiendo un flujo poético que no puede acomodarse
a gregarismo alguno, y que ilumina un principio radicalmente poético e hispanoamericano.
No trato de ser excluyente; quiero llamar la atención sobre esta línea vertebral
por la cual me preguntas. Y en este sentido se imponen las dos revisiones que, en
este momento, me ocupan: una, hacer un poco de luz en el confuso panorama de los
años 1920-1940, tal y como lo hemos heredado de la crítica habitual. Desde hace
años, trato de releer a los poetas representativos de ese período crucial sin las
ortopedias de ese aparato crítico, y el resultado es muy esclarecedor. Otra, una
lectura — sin prejuicios adquiridos, de cualquier signo — de la poesía escrita por
mujeres. Ellas se instalan en esa misma orilla de riesgo, articulación siempre fronteriza,
habitada por los poetas citados. Digo desde sor Juana hasta Alejandra Pizarnik.
Ellas (su escritura) dan la imagen más reveladora de una particularidad hispanoamericana.
En mi libro, ya casi concluido,<i> El barco de
la luna</i>, abordo la cuestión con todo pormenor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Entre los innumerables
aspectos contradictorios que podemos encontrar en el curso evolutivo de la poesía
hispanoamericana, sobre todo en lo que corresponde al estudio de esa poesía, anoto
dos puntos que juzgo merecedores de una mejor atención: la paternidad del modernismo,
una vez que algunos escritores cubanos todavía hoy insisten en señalar el nombre
de José Martí, sin con todo aceptar la casi absoluta concordancia en torno de Rubén
Darío; y la influencia directa de la revolución cubana en los destinos, notadamente
estéticos, de esa misma poesía.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Vuelves a ponerme en un difícil compromiso: para contestar adecuadamente,
se requeriría toda una exposición teórica, y ahora — además — una detenida reflexión
ideológica. Hagámosle el favor a los presuntos lectores de no meternos en casuísticas
tales. Responderé, aún a riesgo de insistir en lo obvio. Eso sí, mi pretensión no
es hacer afirmaciones absolutas, sino propuestas abiertas para un debate. Vayamos
a lo que me preguntas: la paternidad del modernismo. Aunque se haya hecho así, no
me parece adecuado plantear la cuestión en tales términos. Como te decía antes,
¿para qué repetir posiciones críticas que pretenden clasificar, ordenar, uniformar
criterios, en lugar de explorar las diferencias que — incluso dentro de un mismo
período literario — deben existir, y que — además — lo enriquecen? El modernismo
es el principio contemporáneo de la poesía en lengua española, y quiere dar fe con
la palabra de lo que sólo es intuición de futuro; dar cuerpo verbal, materialidad
sonora y plástica (música y pintura, dijo Antonio Machado sin entenderlo muy bien,
o ante el temor de lo nuevo generado por su propia lengua) a lo que en ese momento
era proyecto histórico, existencia posible. Que se retrase su principio cronológico
hasta José Martí resulta irrelevante para lo que importa. No me cabe duda de que
Martí escribe entendiendo la escritura como único espacio donde su idea de “nuestra
América” se hace <i>realidad</i>, organismo vivo
y fundación: la lengua como acento (ritmo) y como representación (imagen) es la
forma más pura de ser. Pero — me pregunto — ¿qué otra cosa hará Rubén Darío? Es
más, ¿no añade este último una distancia irónica más atrevida, una más arriesgada
imaginación, la doblez reflexiva de la incertidumbre, al impulso pasional, entusiasta,
del escritor cubano? Que todo eso estaba en Martí, lo sabemos; que Darío lo lleva
a su culminación, también. Habría que incorporar al debate (y aclararía muchas cosas)
la actitud vital de cada uno: volcado en la idea, y en la turbulencia aún romántica
de la afirmación, José Martí; entregado a la vida, y en el arrebato ya contemporáneo
de la explicación existencial, el nicaragüense. No dos principios del modernismo,
los dos principios de la escritura contemporánea.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por ahí podríamos reflexionar también sobre la influencia de la revolución
cubana en el desarrollo de la última poesía hispanoamericana. Yo empecé a escribir
bajo el signo del compromiso político a que obligaba, en mi país, la dictadura del
general Franco y muy pronto, también, movido por la adhesión entusiasta, solidaria,
a la revolución cubana. En ambos casos, quiero decirte, fui muy cauteloso: nunca
entendí (ni entiendo; y así nos va) esa obligada reducción de la historia a sus
aspectos menos nobles: la política (disciplina ideológica) y la economía (espacio
de intereses). Por ello me resistí a creer que el trabajo intelectual debiera limitarse,
de forma incondicional, a la defensa y propagación de todo eso. Para hacerlo, hay
otros medios, y mucho más eficaces. La poesía jamás podrá ser <i>un arma cargada de futuro</i>. Y si lo hace,
si cree serlo, su lenguaje se simplificará y empobrecerá, y la visión de la realidad
que nos ofrece será tan mezquina como la que intenta suplantar: repite el mismo
discurso de la propaganda oficial, sólo que con signo evidentemente contrario. Lo
que en España se denominó <i>poesía social</i>
fue tan nociva para la evolución posterior de la escritura poética que aún estamos
sufriendo sus consecuencias. De igual manera, el proceso revolucionario que se inicia
en Hispanoamérica en 1958, y la intromisión de los intelectuales en el mismo, más
la subsiguiente imposición de una escritura al servicio de la ideología nacida en
tal coyuntura, ha originado una maniquea bipolaridad, perturbadora y confundidora
de la verdadera creación literaria. Que el entusiasmo demuestra sobradamente la
obra de los más relevantes narradores hispanoamericanos de los años sesenta y setenta;
en ellos, en sus obras, el lenguaje nace y crece de aquella razón de libertad, no
por una servidumbre ideológica: discurso indisciplinado de la imaginación agitando
la pétrea máscara de aquella realidad. Lo que no se entendió — lamentablemente —
fue que toda esa vigorosa escritura arraigaba en la fuerza poética que alimentaba
ese lenguaje desde su principio (piénsese en Rulfo y Onetti, por ejemplo). El error
fue <i>cantar</i> y <i>contar</i> la revolución, desdeñando o velando toda escritura poética que
no se aviniera a tal compromiso. Una poesía urgente, una poesía que no reflexionaba
sobre sus instrumentos expresivos ni ponía en duda los significados, que se confundió
torpemente con la canción, mal servicio hizo a la causa de la libertad, salvo —
claro — aumentar el entusiasmo gregario en torno suyo. Mi antología de 1984 quiso,
por una parte, introducir en España el nombre y la obra de una serie de poetas hasta
entonces desconocidos aquí, o poco difundidos; pero pretendía, por otra parte, dar
fe de lo que yo entiendo por como lenguaje en libertad. Y todavía por esas fechas,
Mario Benedetti descalificaría mi trabajo, censurándolo como defensa de una poética
que negaba en compromiso existencial y político, en favor de la evasión y la despreocupación.
Puede que su crítica derivara de su descontento personal, al ver que su poesía no
tenía cabida en aquella selección. Años después, Roberto Fernández Retamar comprendería
en sus justos términos mi propuesta, y me ha hecho ver cómo esta poesía nutrió aquella
narrativa. Yo iría un poco más allá: ambas, narrativa y poética, se alimentaron
del más juicioso y vigoroso entendimiento del lenguaje como la forma más radical
de libertad, al margen de ociosas (y perniciosas) servidumbres ideológicas. Y —
como decía antes — una escritura que no introduce la madurez reflexiva (con la complejidad
que lleva aparejada), poco o nada contribuirá a la renovación de la literatura.
Limitando la palabra a sus significados, el lenguaje pierde casi por completo su
fuerza crítica y libertadora; por el contrario, una palabra abierta a la pluralidad
de sentidos dinamita, desde su propia raíz, toda seguridad preservadora del poder,
conservadora en las ideas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">¿Cuáles las relaciones
directas entre el mestizaje (“la fuente de la novedad americana”, segundo Arturo
Uslar Pietri) y el padecimiento de la historia (aspecto defendido por Octavio Paz,
cuando afirma que el hispanoamericano ha se relacionado con la historia en el sentido
de una catástrofe o de un castigo), en la formación de esa cultura? ¿Acaso no será
una contradicción que lo mismo continente que se supone generador de “la raza de
las razas” (recordemos José Vasconcelos) no lo consiga sino sufrir las acciones
de la historia? La consabida potencialidad latente de esa cultura, ¿residiría exactamente
en qué? Cuando Ortega y Gasset define que no tiene el hombre naturaleza y sí historia,
indago entonces se la poca historia con que cuenta hoy la Hispanoamérica no tiene
sido acaso escrita por su literatura, correspondiendo a la poesía su parcela de
mayor importancia.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Es tan clara tu reflexión que, implícitamente, contestas a la pregunta.
Cierto: el mestizaje es la verdadera novedad americana, su identidad indiscutible.
No sólo un mestizaje racial, por supuesto; sobre todo, un mestizaje cultural en
el más amplio sentido del término: una permeabilidad para asumir y amalgamar vigorosamente
las sucesivas presencias culturales que, desde el descubrimiento hasta hoy mismo,
se encuentran y entrecruzan en el continente. Que exista esa contradicción entre
potencialidad de futuro y negación persistente de ese futuro, no significa otra
cosa sino que ese capital histórico ha sido torpemente dilapidado desde dentro mismo
de la historia, por los sujetos responsables de la misma. Dos problemas me parecen
fundamentales: uno, el pudor, y hasta la vergüenza, ante el origen colonial de esta
identidad histórica mostrado — desde el momento mismo de la independencia — por
la sociedad criolla dominante. Se construye de esa forma una máscara que impide
toda visión transparente de la identidad. La doblez se condena interesadamente.
Dos, y como consecuencia, el empeño por construir mimética, artificialmente, las
estructuras de la sociedad naciente, procurando una falsa estabilidad o uniformidad,
cuando el proceso histórico que abre el mestizaje requiere especial atención por
lo ambiguo y lo incierto, por lo arriesgado y aventurado. Debe basarse en la fuerza
de la imaginación, y no en la imposición de determinadas estructuras ideológicas,
administrativas y culturales siempre extrañas al ser de lo hispanoamericano, ni
en la obligación que se exige a la sociedad para acomodarse a ellas. Cuando precisamente
debía ser todo lo contrario. Lo denunciaba ya — en los primeros lustros de la independencia
— José Martí. Y la escritora peruana Blanca Varela lo dice de forma bien elocuente:
“estamos pagando las consecuencias de una bastardía. Yo creo que padecemos una bastardía
histórica e intelectual”. Y si recuerdas a César Vallejo, verás con qué apasionada
insistencia (y lucidez) reclamó siempre un sentido de plenitud que sólo dimana de
aquel “impar potente de orfandad” que dijo. No es de extrañar entonces, como tú
muy bien apuntas, que la verdadera historia hispanoamericana, la emprendida por
los hispanoamericanos y no la padecida por ellos (la que constituye y explica verdaderamente
a ese mundo) esté en su literatura, y especialmente en su constante alumbramiento
poético. Nunca en la ceguera interesada de los sistemas políticos. De aquélla, desprendimiento
y entrega; de ésta, simplemente explotación.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Es perfectamente clara
la existencia de una fuerte influencia de Lezama Lima, Octavio Paz y Nicanor Parra
en el período comprendido entre 1940 y 1950, tan bien emplazado por ti como “síntesis
abarcadora”. En tal sentido, ¿qué factores definirían la existencia de tal influencia
y cuando exactamente se registra la ruptura con tal fase?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Aquí tienes de nuevo — como te decía — los peligros de la crítica establecida:
yo incurrí en el error de no cuestionar el esquema histórico ofrecido y heredado
(¿temor reverente o simple comodidad?); acentué, sin más, ese planteamiento que
tú resumes en esta pregunta. Sin embargo, tras más de diez años e atenta lectura,
y tras incorporar a mi reflexión la obra de otros escritores, o silenciados o marginados
en aquel panorama crítico, entiendo la cuestión de modo bien distinto. No discuto
— por supuesto — los valores literarios de Lezama, de Paz, de Parra, aunque sí discrepo
— por ejemplo — de ciertas actitudes públicas de Octavio Paz en los últimos tiempos,
que — por desgracia — han influido de manera negativa en su obra, reduciendo notablemente
mi interés hacia su literatura y hacia su influencia intelectual: no hablo de posiciones
políticas, hablo de opciones estéticas, poéticas y críticas; como tampoco me interesa
mucho el camino seguido por Nicanor Parra: su <i>antipoesía</i> deriva en trivialización, en broma más o menos ingeniosa,
pero no en explotación seria de lenguaje; queda ello claro en la <i>secuela</i> (que no escuela) de imitadores que
remiten con facilidad clisés y fórmulas graciosas, pero sin la densidad suficiente
para renovar un discurso poético.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Aunque lo parezca, no me alejo de la cuestión que propones. ¿En qué ha
cambiado mi posición con respecto a aquella postura inicial? Verás: me he dado cuenta
de que esa estrecha dependencia histórica limita en exceso la verdadera aportación
de la poesía hispanoamericana, al tiempo que simplifica — excesivamente también
— su valoración. Más: he descubierto que la <i>ordenación</i>
de esa década se ha hecho, de forma casi exclusiva, por escritores que no sólo eran
testigos sino también protagonistas de tales acontecimientos, o por críticos fieles
a ellos. Como es lógico, esa circunstancia ha condicionado el juicio a los particulares
criterios estéticos defendidos por esos autores, cuyo prestigio — por otra parte
— evitó o retrasó la disidencia necesaria. A pesar de esos, el erros básico está
— según entiendo — en haber mantenido el criterio histórico, con esos compartimientos
impermeables que son, en este caso, las décadas con las que se quiere hacer coincidir
estas actitudes estéticas. Un ejemplo muy concreto: ¿por qué Octavio Paz define
esa encrucijada oponiendo a poetas y obras tan distantes y distintos como Gorostiza
y Neruda, como <i>Muerte sin fin</i> y <i>Canto General</i>?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Me pides que apunte el momento en que, en mi opinión, se produce la ruptura.
Pues bien, la verdadera ruptura sólo se producirá cuando incorporemos a este debate
a los poetas hispanoamericanos de los años treinta, a los cuales se ha entendido
— al menos hasta ahora — como de presencia marginal e influencia más bien escasa
en el desarrollo de la poesía posterior. Salvo las clarificadoras aproximaciones
de Américo Ferrari a este asunto, no conozco otra posición similar. Así alcanzaríamos
a dilucidar, además, el verdadero significado de la vanguardia en todo este proceso.
Paz habla — interesadamente, por cierto — de una vanguardia <i>académica</i> (agotada en los años en que él
comienza a escribir) y de una <i>vanguardia otra</i>,
crítica de aquella (la que él representa, a la que él quiere adscribirse). Implícitamente,
pasa de los años veinte a los cuarenta, como si en los treinta (período a mi entender
fundamental) no se hubiese desarrollado libremente, renovadoramente, aquella vanguardia
primera. ¿Qué significado tienen, si no, obras como las de Oliverio Girondo o Emilio
Adolfo Westphalen, como las de José Gorostiza y el primer Lezama Lima? Y más, ¿qué
nos transmiten actitudes como las de Martín Adán, Villaurrutia, Joaquín Pasos, aunque
los poemas de este último tarden algún tiempo en ver la luz? ¿Qué hizo, en fin,
Pablo de Rokha, en Chile, y cómo se recibió su herencia entre los poetas inmediatamente
posteriores? Es todo un síntoma que estos escritores hayan sido estudiados en tanto
que excepciones, cuando son ellos quienes mantienen la viveza de un discurso poético
que alcanzará su plenitud en los poetas que desarrollan su peculiarísima variedad
y su agudísima renovación de la poesía hispanoamericana a partir de los últimos
ãnos cuarenta y que, durante lustros, hubieron de buscar esa puerta lateral por
donde manifestarse con toda normalidad.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Bajo la luz de tus definiciones
estéticas acerca de la poesía hispanoamericana, ¿lo que piensas a respecto de las
defensas críticas formuladas por autores como Guillermo Sucre, Pedro Lastra, Saúl
Yurkievich e Juan Gustavo Cobo Borda? ¿Cuáles serian las confluencias y disensiones
de tu pensamiento al relacionarlo con las opiniones críticas largamente expuestas
por estos autores?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— A todos los escritores que nombras les tengo un respeto grande. Con algunos
me une — creo — una muy buena amistad, nacida — como es lógico — de compartir este
empeño común. De la sabiduría y claro juicio de Guillermo Sucre he aprendido casi
todo, y sus aproximaciones me han ayudado a reflexionar con atención sobre los problemas
de la poesía hispanoamericana: <i>La máscara,
la transparencia</i> sigue siendo, para mí, imprescindible. Pedro Lastra ha dilucidado,
como pocos, los puntos de inflexión y articulación más significativos de la última
y penúltima poesía hispanoamericana; no en vano es un atento estudioso de toda la
tradición literaria hispanoamericana. Saúl Yurkievich, tras su abordaje a los fundadores,
ha continuado con su minuciosa exploración textual, la zona más conflictiva (y por
ello más rica) de esa escritura poética. Cobo Borda, en fin, lector voraz y animoso
crítico, ha sido ecuánime en sus juicios y ha ordenado ese vasto y complejo panorama
al que nos venimos refiriendo. ¿Mi posición frente a sus criterios? Más bien un
deseo: que mi discurso crítico pudiera incorporarse como un elemento más al debate
necesario que todos ellos — de forma más o menos explícita — han abierto. En un
texto mío de 1985, <i>Notas para un diálogo de
antologías</i>, defiendo — frente a Cobo Borda — la necesidad de una postura más
arriesgada y menos contemporizadora, aun a cosa de equivocarnos. Pediría, en relación
con la postura de Yurkievich, una menor servidumbre al esquema histórico dado y,
en lugar de lecturas parciales, una dilucidación de la concurrencia en la diferencia.
De Pedro Lastra siempre aguardo que la agudeza de sus vislumbres dé paso a la detenida
construcción de un discurso crítico. Sucre también se muestra respetuoso con el
análisis académico. Añado el nombre de Américo Ferrari (ya citado), crítico con
el cual sintonizo de manera muy particular en esa apreciación de conjunto que digo.
De todas formas, lo importante para mí es que exista esta posibilidad de debate;
y que en ella, mi posición establezca una distancia que es también equidistancia:
como isleño atlántico que soy, mi mirada se configura en la confluencia del discurso
de la poesía española con su doble renovado que es esa otra poesía que, hablando
en su misma lengua, lo hace desde la otra ladera, como renovado principio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Dijo el boliviano Jaime
Sáenz (1921-1985): “Conocer el mundo es para mí conocer el secreto de la esfera.
Y para conocer el secreto de la esfera hay que haber bajado al abismo y haber subido
más allá de la superficie”. Entre los poetas hispanoamericanos que han tomado ese
camino, juntamente con la presencia de Sáenz considero al colombiano Jorge Gaitán
Durán (1924-1962) y al venezolano Rafael José Muñoz (1928-1981), los tres actualmente
muertos. Ellos son los poetas malditos, a ejemplo del nicaragüense Alfonso Cortés
(1893-1969), del colombiano León de Greiff (1895-1976) y del chileno Enrique Gómez-Correa
(1915-), poetas de la materia luminosa, insurrectos contra el positivismo y el racionalismo,
dotados de aquello que Juan Liscano, hablando de uno de ellos, emplaza como “resplandeciente
liberación por el absurdo”. Eso linaje sigue, sin embargo, poco merecedor de atención
crítica, aunque tengan los poetas producido libros de indiscutible frescor en el
descorrer del escenario poético contemporáneo, tales como </span></i><span lang="ES-TRAD">Muerte por el tacto<i> (Sáenz, 1957),
</i>Amantes<i> (Durán, 1959) y </i>El círculo
de los tres soles <i>(Muñoz, 1969). También en
tus estudios sobre la poesía hispanoamericana no encuentro menciones a estos poetas.
Desconocimiento o sistemática ocultación, ¿qué te parece sea eso de que padece la
obra de tales autores?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Quisiera hacer alguna precisión al respecto, antes de contestar concretamente
a lo que me preguntas. Yo soy — como sabes — partidario decidido de una poesía del
conocimiento de lo secreto (y sagrado), del descendimiento al lado oscuro de la
existencia y la realidad, de una poesía que se arriesgue a mostrar lo invisible
y a nombrar lo inefable: ésa me parece la única experiencia poética de verdad; porque
la poesía no es sólo un ejercicio literario, también es — primordialmente — una
entrega existencial. Ahora bien, con idéntica radicalidad, me parece importante
(y necesario) decir que lo visionario solo, sólo <i>el malditismo</i>, no hacen al poeta. Habría que determinar ambos conceptos
con atención y cuidado, y saber hasta dónde son válidos poéticamente hablando; ello
es, hasta dónde alumbran un camino que sea también <i>construcción verbal</i>. Tal vez la escasa atención que — tú dices — se
les presta a poetas que adoptan una militancia visionaria o se muestran como <i>malditos</i>, se debe a esa desconfianza que
digo. No hablo de los tres nombres que citas (el de Muñoz, sobre todo, a mi me importa
de manera muy particular), me refiero a una línea poética que en este momento me
interesa revisar a fondo, pues tanta incidencia tiene en la configuración del discurso
de las poetas hispanoamericanas, según explico en <i>El barco de la luna</i>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Que no me haya ocupado de Durán o de Sáenz o de Muñoz no es cuestión de
desconocimiento, ni de que para mí sean poetas menores; es una cuestión de mera
circunstancia, de que mi trabajo ha discurrido por otros derroteros, y en ellos
he consumido el tiempo — nunca suficiente — del que puedo disponer. Por otro lado,
yo trabajo con mucha lentitud, vuelvo muchas veces — desconfiado — sobre las cosas
que escribo, reviso mis afirmaciones, dudo constantemente, y eso me obliga a parcelar
el trabajo y a no dispersarme en exceso. No quiero decir con esto que, si en un
momento determinado me decidiera por explorar las obras de estos autores, y no me
despertaran un interés particular, tuviera que dedicarles una particular atención
crítica. Cada día entiendo más el trabajo del crítico como algo que no puede realizarse
sino en perfecta simpatía y sintonía con la obra a la cual se acerca. Y hablo de
ambos conceptos con su valor etimológico. Cada día me convenzo más de que la verdadera
exploración crítica, que tiene que ser independiente, no tiene nunca que ser objetiva,
en el sentido aséptico que se suele dar a lo objetivo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">¿Cómo has observado las
relaciones establecidas entre barroco e surrealismo que, es lo que pienso, tendrían
en poetas como Emilio Adolfo Westphalen, Enrique Molina e José Kozer, algunos de
sus más expresivas definiciones?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Convendrás conmigo en que, tanto el barroco como el surrealismo (y su
punto de equidistancia, el romanticismo) aportan los ingredientes imprescindibles
para un lenguaje y para la construcción de un mundo esencialmente poéticos. Yo,
al menos, no entiendo la poesía en lengua española, y en particular su fundación
americana, si no es como hija de la agitación barroca (ahí, sor Juana y también
Lezama Lima) que pone siempre en entredicho la imagen de la realidad (no su corroboración,
su contradicción; no su reproducción, su fundación); si no es movida por el turbulento
impulso afirmativo — entrega y consumación existencial — del romanticismo (ahí,
José Martí o Darío y los demás modernistas; pero también Vallejo), ese lenguaje
con vocación de libertad frente a los dictados de la autoridad académica, la norma
literaria o la imposición del significado frente a la proliferación de sentidos;
si no se manifiesta, en fin, como deseo de habitar el espacio abierto por la imaginación,
donde es posible <i>realizar</i> el sueño (ahí,
de nuevo, sor Juana y Lezama, poetas que — a su vez — no tuvieron reparo en despeñarse
por aquel vértigo existencial).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tú nombras ahora a poetas que no sólo son herederos de esa tradición de
resistencia (y por lo mismo de la fundación americana) sino que muestran los diversos
aspectos en que tal tradición se proyecta y prolonga. En mi libro <i>El pájaro parado</i> — lectura muy personal de
la obra del peruano Emilio Adolfo Westphalen — me atrevo a exponer las coincidencias
entre ese discurso poético y el de Lezama Lima: para mí, la obra de Westphalen —
en su ascético rigor andino — es la otra cara de la misma experiencia que Lezama
cumple desde la exuberancia insular caribeña. Pero — en ambos — el arraigo en su
identidad no es limitación, sino enriquecimiento, para el lenguaje. Esto ha sorprendido
a más de uno, entre los lectores de mi libro, y les ha provocado no poco desconcierto.
Sin embargo, estoy persuadido de que el espacio verbal de uno y de otro — tan singular
y extremo, en ambos casos — se vincula estrechamente a lo que, simplificando, llamaríamos
lo oscuro, selvático y laberíntico que el barroco en su complejidad sensorial, o
el surrealismo al materializar lo inconsciente en un espacio poblado de imágenes,
instalaron para siempre como semilla de la disidencia poética, en el lenguaje y
en su configuración literaria. ¿No fue la comunión de Westphalen con César Moro
el principio generador del mundo poético y de la escritura que habrá de decirlo?
Ni en uno ni en otro el surrealismo — que sí es principio nutriente — se tradujo
en torpe militancia estética.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tampoco lo será en el caso de Enrique Molina, a pesar de que su viaje existencial
— que lo es verbal — suponga el cumplimiento de un conocimiento alucinado, de un
orden encantatorio. Su escritura se derrama en abundancia barroca e iluminación
surrealista; es una forma de hallar el ritmo existencial más allá de toda apariencia
física del mundo, abordando la zona del deseo. El resultado, sin embargo, es una
épica inversa: no se exalta o celebra un acontecimiento, porque la escritura es
el acontecimiento: mutilación y orfandad existencial, persecución tenaz de la identidad,
como en el paradigma vallejiano. Exuberancia (y patetismo intencionado) próxima
a Lezama, pues el poema — también — es caída y desprendimiento: riesgo de ser, experiencia
verbal del ser. Algo más: esta escritura de Enrique Molina, como antes la de Westphalen,
no niega el valor de la palabra, se constituye como discurso <i>natural</i>, incluso sometido como está a la
agitación existencial y al asombro del hallazgo (de nuevo, remito a Lezama); genera
el espacio adecuado para <i>realizar</i> su tiempo:
nada del artificio vano de los estereotipos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Y así llegamos a José Kozer. Todos simplifican, aludiendo la paternidad
lezamiana de su poesía. Que existe, pero que no es fundamental: la poesía de Kozer,
voluntariamente contaminada y mestiza, exuberante por aluvial, resulta una voz tan
original, tan personal, porque se sitúa frente a sus múltiples orígenes (y no sólo
poético, ni sólo literario) con irónico atrevimiento que lo pone todo en evidencia.
En su escritura, incluso lo más sagrado manifiesta su manquedad, su condición defectuosa
o risible; incluso el lenguaje y su respetada prosapia histórica, es cuerpo siempre
violado, imagen que desnuda su revés; incluso la sabiduría, y su sólida solemnidad,
deja siempre a la vista ese torpe costurón con el que, inútilmente, se pretende
contener el desorden o vergüenza (hasta las mismas íntimas limitaciones del miedo
y del dolor) que en su seno se agitan. Orden y caos, armonía y desmesura, polos
de la rotación en esta esfera imperfecta que es su poesía.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">En nuestro primero encuentro
hube una referencia tuya acerca del mimetismo artificioso que “se detecta, de manera
abundante, entre los poetas, españoles e hispanoamericanos, más jóvenes; en aquellos
que inician su obra, cuando se diría que el escritor hace (o debe hacer) apuestas
más atrevidas”. Estoy de acuerdo con tu observación acerca de la simple repetición
de “ciertos mecanismos viciados de la vanguardia”, pero ¿no estaría este aspecto
más directamente vinculado a una obsesión por lo nuevo, a uno insaciable juego producido
por la publicidad, en el sentido de no se permitir la fundación de algo verdaderamente
nuevo, de su necesario establecimiento?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Bien. Déjame decirte algo sobre esa “obsesión por lo nuevo” en la que
se verían implicados los — por así llamarlos — <i>nuevos lenguajes</i>. Tú te refieres a la publicidad; yo añadiría todas
las otras formas expresivas derivadas de la saturación presuntuosa de los <i>media</i> que padecemos en este final de siglo.
Tú dices que tal inclinación, casi generalizada en la escritura poética más joven,
podría entenderse como asunción de lo efímero, de lo resistente a todo <i>establecimiento</i>… Ahí, me parece, está la
clave de este asunto, esos lenguajes que nos invaden — servidumbre quizá inevitable
de esta época — pueden ser expresión adecuada de la aceleración histórica que vivimos,
de la condición perecedera de todo: lo que se dice vale — tan sólo — durante el
tiempo en que se dice. Ahora bien, desde el punto de vista de la creación literaria
(y poética, en concreto), lo que yo me planteo es que ese lenguaje de los <i>media</i>, construido sobre esquemas muy simples
y reiterativos, sobre fórmulas equivalentes (han de servir siempre a una única —
y urgente — necesidad: corroborar un suceso), basado en el lugar común, la frase
hecha o el <i>slogan</i> más o menos ingenioso,
sólo entorpece la riqueza creativa de la lengua, su capacidad generativa y renovadora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Que habitamos un tiempo donde todo está sujeto a su perecedera condición,
donde ya ni siquiera los valores tienen tiempo para incorporarse y arraigar en la
sociedad, me parece fuera de toda duda. Pero ¿debe la creación literaria — y poética
— estar al servicio de una coyuntura como ésa (de cualquier coyuntura, añado)? ¿No
será — más bien — su cometido contradecirla, ponerla en evidencia? Cada día soy
más radical en esto: si la lengua literaria no se despliega a partir de un sustantivo
<i>anacronismo</i> (si no nace ajena a los avatares
del tiempo), sólo servirá, con mayor o menor fortuna estética, a los dictados de
una moda, o — lo que es lo mismo — a las imposiciones del poder, siempre — político
o cultural — secuestrador interesado de los sentidos que toda lengua encierra, y
que es capaz de desplegar al margen de toda utilidad práctica. Si este riesgo no
se le exige a la escritura poética más joven, ya me dirás tú quién será capaz de
atreverse a dar el salto permanente en el vacío que toda verdadera poesía debe dar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Y una cosa más: si, para hacerlo, los poetas más jóvenes vuelven sobre
lo que he llamado “mecanismos viciados de la vanguardia” (esa envejecida — y limitada
— poesía del silencio y los ritmos visuales, ecos de los ecos mallarmeanos; esa
poesía — ya estereotipo sin valor — que trabaja sobre la falsilla de una irracionalidad
convencional), lo único que consiguen es una mimética reiteración de fórmulas, sin
cumplir la necesaria reflexión que el corrompido lenguaje de su tiempo exige, sin
completar la construcción poética como espacio único de libertad. No hay por qué
(y me parece igualmente censurable) temer a los eternos conflictos existenciales,
ni a la impregnación emocional de las vivencias personales, incluso en relación
con el tiempo presente; pero sí hay que trabajar la palabra y su funcionalidad poética
para que la imagen que de todo eso nos ofrezca sea una apuesta de rebeldía y libertad,
nunca una forma — consciente o inconsciente — de regocijada aceptación.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Dentro de esta misma mirada
que aquí hemos enfocado, ¿lo que te parece la persistencia de algunos poetas, sobre
todo argentinos e uruguayos, en la fundación de lo que denominan </span></i><span lang="ES-TRAD">neo-barroco<i> (o </i>neobarroso<i>, como lo ha preferido el argentino Nestor Perlongher)?
¿En eso acaso no tendríamos un riesgo inmenso de dilución de las conquistas estéticas
de la poesía hispanoamericana?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Ahí tienes un buen ejemplo. Hasta donde se me alcanza, lo que tu llamas
<i>neo-barroco</i> (y la denominación juguetona
que le da Perlongher — <i>neobarroso</i> — nos
remite a aquella ingeniosidad inoperante de la que hablaba) no me parece que sea
más cosa que una forma graciosa de <i>épater
le bourgeois</i>; y estarás de acuerdo en que ese <i>burgués</i> se halla curado de todo espanto, y no le va a hacer más caso
a la poesía del que ahora le hace; es decir, ninguno. Conozco la obra de Perlongher,
y la de Roberto Echavarren (lo cito porque las opiniones de ambos quieren ser coincidentes),
y así como la escritura del primero me parece ociosa y derivativa, la del segundo
me resulta más indagadora e iluminadora, y precisamente porque esquiva — saludablemente
— todo estereotipo; y su abundancia discursiva tiene la necesaria densidad reflexiva
para establecer un espacio de alumbramiento que en Perlongher — y quizá sea limitación
mía, de lector poco hábil — no se consigue, pues su escritura es (y él lo manifiesta
sin rubor) tributaria de una ingeniosidad para mí agotada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Reproduzco la definición que Perlongher hace de su <i>neobarroso</i>: una “desterritorialización devastadora
que tomò la vida de una artificialización extrema del lenguaje”; recuerdo su entusiasmo
lezamiano o su pasión por el <i>malditismo</i>
más tópico… Que el barroco es artificio, ya lo sé; y que la escritura lezamiana
es barroca, en tanto que construcción de un artificio de lenguaje, pero ¿lo es en
la medida en que Perlongher lo entiende? Lo que él escribe, como <i>neo-barroco</i>, ¿surge de una necesidad natural
con naturalidad o es tributo obligado a su condición de hijo del tiempo? Esa fue
la ceguera de los superficiales y nerviosos años sesenta donde yo me inicié, en
los que entonces creí), su ligereza cultural del consumo (el pop, el rock, el impacto
de los <i>media</i>) fue el polvo que ha traído
estos lodos: un artificio por el artificio, no el laberinto denso, intenso, por
donde ahonda la escritura de Lezama, o en donde alimenta su vuelo libre la poesía
de José Kozer, a quien ellos quieren asimilar al <i>neo-barroco</i>. La de éstos, palabrería que oscurece, no visión que ilumina
e implica como la de Lezama y Kozer. A mí, al menos, me mantienen ajeno y lejano.
No soy machadiano (y lo he confesado muchas veces), pero en la poesía quiero oír
voces y no ecos; quiero personalidad y no forzada “originalidad”. Pertenezco — por
insular e atlántico — a un mundo mestizo, mi lengua se halla contaminada (y no lo
evito); pero ese mestizaje no es una simple mezcla de formas captadas aquí o allá,
indiscriminadamente: son mías, en ellas me reconozco. El mestizaje tiene su valor
(y vigor) en tanto que vivencia plural de la lengua, nunca será construcción (o
<i>desconstrucción</i>) de un discurso. Para
el mestizaje, la ironía; nunca el dogma.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Prefiero, pues, la afirmación de Echavarren (“no de la historia sino del
fin de la historia y del comienzo de las historias, versiones, centros difusos de
lectura y situación”<i>)</i>, y prefiero su mayor
densidad que no diluye la responsabilidad de un mayor implicación existencial en
el discurso: observa su debate con los ritmos modernistas y simbolistas; no tienes
más que ver su coincidencia en Laforgue, Lautréamont o Herrera y Reissig, en Saint-John
Perse, aun con reparos; presta atención al que considera principio de su escritura,
el debate entre un discurso religioso-confesional y un discurso artístico-filosófico…<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">La cuestión no es, por tanto, buscar una <i>denominación de origen</i> para una determinada marca poética. Tú mismo
dices que esta opción <i>neo-barroca</i> se observa,
primordialmente, entre los poetas argentinos y uruguayos. No tiene por qué ser así,
por más que pudiéramos explicar esa tendencia como lógica en una expresión tendente
a lo verbigerativo (el habla urbana de Río de la Plata), producto — como en pocos
lugares de América — de una afluencia y confluencia permanente de hablas, de palabrería
deslumbradora. Partir de una hipótesis como la tuya nos obliga a hallar un estereotipo
que configure verbalmente aquella <i>denominación</i>.
Y las cosas no son tan simples; en poesía no pueden serlo. Como te dije, que barroco
o romanticismo o surrealismo alienten en la fundación poética hispanoamericana no
tiene por qué significar (muchas veces resulta lo contrario) que los escritores
se sometan a las formulaciones normativas de tales movimientos estéticos. Una cosa
es que la doblez y el mestizaje y la capacidad visionaria de todos ellos sean concomitantes
con el lenguaje definitorio de la identidad americana, siempre fronteriza, nunca
del todo definida (o definida por esa orfandad, precisamente), y otra bien distinta
el entender — obligadamente — que la poesía hispanoamericana haya de ser o barroca
o romántica o surrealista: eso, para los profesores y su crítica académica, con
su perseverante (y simplificadora y acomodaticia) ceguera; no lo hagan también los
poetas, cuya apuesta debe ser rebelde y resistente y liberadora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Aunque sea constante en
tu obra crítica el tema de la poesía hispanoamericana, ¿es posible todavía encontrar
una reluctancia, bajo el punto de visión editorial, en la difusión de esta poesía
en tu país? ¿En lo qué debemos basar eso?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Esta es una vieja cuestión pendiente entre la poesía española y la poesía
hispanoamericana. Mi trabajo crítico se ha propuesto, durante años, reducir al menos
ese hiato grande y profundo entre ambas escrituras poéticas de una misma lengua.
El resultado ha sido descorazonador. No sólo por la incomprensión española con respecto
a Hispanoamérica; también por el escaso (y defectuoso) conocimiento que se tiene
de la poesía española en Hispanoamérica, a lo que ha contribuido la complacencia
con que el lector hispanoamericano acepta la visión que de la poesía peninsular
le llega a través de la crítica establecida y dominante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Durante algún tiempo (en especial en los años setenta), las editoriales
españolas más solventes publicaron obra de los poetas hispanoamericanos de los últimos
y penúltimos plazos históricos, rompiendo así la rutinaria imagen que desde España
se tenía de una historia poética que concluía en Neruda y Paz, a partir de los cuales
el espacio literario era de los narradores encumbrados por el lanzamiento del <i>boom</i>; narradores que pronto comprendieron
que la solución era constituirse en <i>sociedades
anónimas</i>, en lugar de seguir escribiendo desde la marginalidad y el riesgo en
que todo verdadero escritor debe situarse. Pues bien, aun difundiéndose en España
aquella obra poética, poca o ninguna influencia ha tenido en los poetas de <i>este lado</i>. ¿Mi opinión? Que el temor al riesgo,
la tendencia particularmente respetuosa con la tradición y la configuración tercamente
histórica de la poesía en España forman una barrera insalvable para que esa necesaria
permeabilidad, ese imprescindible debate entre las dos voces de una misma lengua,
se haya cumplido debidamente. Añade otra cosa más: la literatura española lo es
de la palabrería vana, de la repentización ingeniosa, y ¿cómo puede entenderse así
una poesía como la hispanoamericana que nace — incluso en sus manifestaciones más
exuberantes — del lento destilar de la palabra, de un silencio alerta y desconfiado,
de una mirada intensa y una madura reflexión?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Yo no defiendo la necesidad de suplantar la identidad que una escritura
manifiesta, obligándola a expresar otra; lo que considero imprescindible, y urgente,
aunque lo creo ya imposible, es la recíproca contemplación de uno y otro discursos,
y el meditado análisis de las posibilidades que la lengua común ofrece, teniendo
en cuenta su diversidad, su riqueza, su capacidad de resistencia y su voluntad de
riesgo. Pero ya te digo: soy escéptico, después de más de veinte años intentando
decirlo frente a tantos inconvenientes.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1995]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Jorge
Rodríguez Padrón (Islas Canarias, 1943). Crítico de literatura, ensaísta, autor
de inúmeras obras sobre poesia e poetas hispano-americanos.]</span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-91338559473544665502014-08-21T13:51:00.004-07:002014-08-30T04:43:24.011-07:00JORGE RODRÍGUEZ PADRÓN | La incuestionable presencia, I<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2ZHiGlgzPAItZjt1082C1vOCFIXPu-KFzFxiWCwcvbfRT8cs_7CMvlBd90QtZAIzY-ZIzlsdmRRmlaSKijdKbr3HXcGFWLpdHOoYZhyphenhyphenOO4GBDbxCqS8h5kK5RFa5yhoGjFs_thutGM0EH/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2ZHiGlgzPAItZjt1082C1vOCFIXPu-KFzFxiWCwcvbfRT8cs_7CMvlBd90QtZAIzY-ZIzlsdmRRmlaSKijdKbr3HXcGFWLpdHOoYZhyphenhyphenOO4GBDbxCqS8h5kK5RFa5yhoGjFs_thutGM0EH/s1600/Jorge+Rodr%C3%ADguez+Padr%C3%B3n.png" height="200" width="146" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Una cita de Valéry: “error
de los críticos: remontar al autor, en vez de remontar a la máquina que hace la
propia cosa. Error máximo, es lo que pienso”. En cuanto a usted, ¿qué piensa a este
respecto? ¿Lo que usted </span></i><span lang="ES-TRAD">busca<i>, en cuanto crítico?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP — </span></b><span lang="ES-TRAD">En cierto modo, mi apuesta crítica se basa en la idea contenida en esa
cita de Valéry. He hablado de apuesta y quiero insistir en ello: no entiendo el
trabajo crítico como confirmación complaciente y complacida del producto literario,
de lo ya existente en poesía, narrativa, ensayo… Para mí, la crítica es un riesgo,
una aventura que el crítico debe correr, precisamente a partir del momento en que
aparece en el proceso literario; preguntándose lo que ha habido hasta entonces,
pero — especialmente — indagando qué puede y qué debe haber desde ese momento en
adelante: iluminar, así, nuevos territorios, desbrozar nuevos senderos y alertar
sobre los límites a que puede haber llegado aquella producción literaria. Pensar
y trabajar en esta zona fronteriza (y, como tal, incierta, abierta a lo posible)
es la verdadera función de un crítico. Los que hacen otra cosa son historiadores
de la literatura, parceladores y ordenadores de lo anterior. Y eso no me interesa
en absoluto. Y aquí enlazo con su pregunta: sólo podré asomarme a ese nuevo territorio
si mi indagación crítica se centra en “la máquina que hace la propia cosa”, es decir,
en las posibilidades que la lengua literaria ha dejado sin explorar, y en cuáles
son los caminos adecuados para dar ese nuevo paso, imprescindible, para que la literatura
se manifieste como un organismo vivo, cuya vida depende no de las circunstancias
geográficas o políticas, sino de la más o menos amplia <i>respiración</i> que alcanza la lengua en la cual se escribe. Ahora bien,
si junto a ello no tengo en cuenta que el producto literario, la obra ya acabada,
no se puede entender desvinculada de su autor, puesto que por esa estrecha vinculación
vive; si no entiendo quién es ese hombre (o mujer) que ha padecido, que se ha alegrado
o entristecido, que se halla confundido o perdido, o quizá perfectamente bien consigo
mismo o con su mundo; si no entiendo bien eso, muy mal podré explicar las claves
de esos caminos que me cumple alumbrar con mi trabajo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">¿Es posible concordar con
el poeta y crítico brasileño Sebastião Uchoa Leite, cuando él afirma que el lenguaje
de la crítica es circular, que “está siempre volviendo a la duda donde se ha originado
y contradiciéndose a ella misma”?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP — </span></b><span lang="ES-TRAD">Bueno, ése podría ser un grave problema; y de hecho se revela como una
sospechosa constante en la crítica, en cierta clase de crítica que es la más abundante.
Porque suceden dos cosas: que la crítica parece buscar la comodidad, la seguridad;
quiere encasillarlo todo, clasificarlo rigurosamente, puesto que así le resulta
más fácil, pero también inútil y hasta aburrido, creo yo, su oficio. Por otra parte,
la crítica, como todo trabajo investigador, maneja una específica nomenclatura,
unos recursos y métodos determinados, y así se ve fácil y viciosamente inclinada
hacia la teoría, hacia lo abstruso o lo oculto, buscando — consciente o inconscientemente
— sólo ser alimento para iniciados. Y, como diría el poeta español José Ángel Valente,
toda teoría es gris y acaba siendo devorada por su propio método, retomando una
idea que ya preocupara al mismísimo Goethe. Y todo eso la crítica lo hace como índice
de la superioridad que quiere mostrar y del poder que quiere conservar. Quienes
así actúan son, para mí, <i>secuestradores</i>
de la literatura, que <i>sólo</i> la manipulan
a la medida de sus intereses: los profesores, los académicos, los santones que tienen
en sus manos la posibilidad de crear determinadas influencias en la opinión pública,
que, al final descubrimos, revierten en su propio beneficio. Pero ninguno de ellos
será, de verdad, crítico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Y así, otra de mis preocupaciones es hacer del lenguaje de la crítica un
lenguaje comprensible y claro, lo que no quiere decir simplificador, porque la función
de la crítica — si es que tiene alguna — es conseguir que se establezca un diálogo
fructífero a tres voces: la del crítico, la del autor, la del lector. Diálogo implícito,
diálogo silencioso, pero sin el cual, sin las interrogantes que en él puedan plantearse
y que nos conducen a nuevos diálogos, la literatura se convierte en un objeto muerto,
en una pieza arqueológica, de museo, que debe ser venerada; y no un territorio de
comunión, de encuentro y de reconocimiento común.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Suspensión de los sentidos,
cambio permanente de anacronismos y utopías, juego de virtualidades efímeras, reflexión
acerca de los límites, implosión de las imposibilidades, etc. ¿Cuál es la tarea
más alta de un texto literario? ¿La literatura debe sólo provocar respuestas?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP — </span></b><span lang="ES-TRAD">Me parece que esta cuestión se responde con algo de lo dicho antes. Quiero
reconocer que su cuestionario, en este orden de cosas, resulta no sólo coherente
sino muy inteligente, pues pone el dedo en las llagas decisivas de este complejo
tema que es la crítica. Perdone la digresión; vuelvo a su pregunta. No me parece
que la literatura deba renunciar a nada de eso, porque — como ya le he dicho — no
la entiendo desvinculada de la complejidad y del desarrollo imprevisible de la vida;
y precisamente vinculada a esas zonas más críticas y conflictivas de la existencia,
a esas zonas que nos obligan a ponernos cara a cara frente a lo posible, no frente
a lo evidente; a asumir lo imposible, el sueño, las utopías, como la materia sustantiva
que ha de conformarla. Y no para dar respuestas, ni para dejarlo todo claro, todo
resuelto. Al contrario, para situarnos ante nuevos interrogantes, para ponernos
frente a frente con nuestra propia imagen y seguir preguntándonos por la dramática
dualidad, o pluralidad, que nos constituye. De ahí que el lenguaje literario sea
un lenguaje universal, que se resista siempre a ser encerrado en límites <i>nacionales</i>; y que sea un absurdo conocer
y enseñar únicamente la literatura de nuestro país o de nuestra lengua, puesto que
todas se integran en un diálogo espejeante que resulta, por ello mismo, enormemente
revelador.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">¿Es posible sintetizar
las interrelaciones existentes en Octavio Paz, Paul Valéry e Cesare Pavese, interrelaciones
que pienso llevaran a usted a escribir un libro sobre la obra de éstos tres poetas?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Quisiera puntualizar una cuestión. Anecdótica, si usted quiere, pero
que a la larga no resulta tan circunstancial. En efecto, en 1973 publiqué en Canarias,
donde entonces residía, un libro (por desgracia hoy inencontrable: la edición fue
muy reducida y la distribución sólo cubría el ámbito de las islas) que reunía tres
largos ensayos escritos, precisamente, bajo esos supuestos que digo: lecturas de
poetas no españoles, de lenguas diferentes, pero unidos en el criterio común de
indagar en los límites de la poesía como lenguaje, sin renunciar a la cálida vivencia
existencial. Se me dirá que Octavio Paz es un poeta de lengua española; y así es.
Pero sucedía que el libro estaba pensado como una unidad cuyo título era <i>Tres poetas mediterráneos</i> (juntando a los
ensayos sobre Valéry y Pavese otro sobre el poeta catalán Salvador Espríu). Por
razones que ahora no viene al caso pormenorizar, no pude completar este último ensayo
sobre Espríu y, urgiéndome los editores, opté por añadir al libro un trabajo mío
anterior (creo que de los primeros análisis que de la obra de Paz se publicaron
en España) que sintonizaba con los otros y mantuviera una cierta unidad, e de ahí
el título final de <i>Tres poetas contemporáneos</i>.
Y elegí el ensayo sobre Octavio Paz porque, si bien era un escritor en lengua española,
su español era otro: el español de América, reflejo y contestación del español peninsular,
ladera sin la cual no se puede entender la evolución literaria de nuestra lengua.
El libro, además, abordaba el tema de la traducción, en el caso de Pavese y de Valéry.
Lo digo porque, contestar a su pregunta, me obliga a subrayar cómo las interrelaciones
existentes entre los poetas que finalmente compusieron el libro tienen que ver con
la preocupación por los límites, por la aventura creadora que los tres llevan a
término, o que para los tres resulta ser eje de su esfuerzo creador: en Valéry,
adelgazando el lenguaje y haciéndolo materia de la propia imagen: el paisaje como
palabra, diríamos: en Pavese, porque — narrador en gran parte de su obra, y narrador
contemplativo — desliza su lenguaje narrativo y analítico hasta el encuentro con
la síntesis poética, nacida precisamente del hallazgo, y de la perplejidad consecuente,
de las zonas ocultas de la existencia, en tanto que gozosa asunción de los sentidos
(sensualidad que también actúa, y de forma decisiva, en la indagación poética de
Valéry); en Paz, en fin, porque contesta abiertamente a su herencia lingüística
y literaria, haciendo que en su obra confluyan no ya reflejos de lenguas distintas,
sino incorporando a ella procesos mentales y espirituales lejanos y distintos (el
mundo oriental, por ejemplo, con su peculiar manera de entender la palabra poética),
para traspasar las fronteras de la modernidad, tan conocidas por él desde su activa
y nunca negada fe surrealista. Además, no es casualidad, ni circunstancia a despreciar
aquí, la constante preocupación de Octavio Paz por la actividad poética que la traducción
encierra; sobre todo en la operación de reescritura que — en diversas ocasiones
— se ha atrevido a realizar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Usted ha traducido a Pavese,
Valéry, Pessoa; ¿la traducción, como han querido Eliot y Pound, es una operación
inseparable, indisociable de la crítica poética?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— No. No he traducido a Pessoa. No me he atrevido a hacerlo, por que su
particular concepción del lenguaje, sobre todo de la prosodia y de la sintaxis poética,
los problemas que plantea su concepción del ritmo, me parecen dificultades insuperables.
Cuantas traducciones al castellano he podido consultar creo que acusan, de manera
evidente, esa dificultad, salvada en contadísimas ocasiones por los traductores.
Pero sí he traducido mucho a Pavese, parcialmente a Valéry, y — en gran medida —
a diversos poetas ingleses. La traducción de poesía es una tarea que me interesa
mucho, y que me apasiona. Yo no diría que la traducción sea inseparable de la creación
poética; pero sí que traducir poesía exige poseer una sensibilidad peculiar, y contar
con una especial predisposición para sintonizar con el poeta traducido y con los
recursos poéticos de la lengua en que escribe. No sabría definirla, pero sí que
resulta una labor iluminadora, inaugural, que nos descubre la clave última de toda
poesía: ser espacio de comunión, de encuentro y diálogo con otro; pero también espacio
de reconocimiento de uno mismo. Tarea poética, en suma; sin ningún género de dudas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Estamos frente a dos </span></i><span lang="ES-TRAD">extremos<i> del lenguaje poético: de
un lado, el surrealismo; de otro, Mallarmé, Joyce. ¿Es posible decir hasta que punto
estos extremos se tocan?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— ¿En verdad los entiende como extremos del lenguaje poético? Yo pienso
lo contrario: se tratan de dos momentos sucesivos, de una progresión lógica que
la escritura poética contemporánea no puede eludir, y que la explica y justifica
en sus aspectos más radicales: la irracionalidad, el vacío, la perplejidad. Hay
en ambas propuestas una conciencia que es una exigencia, un rigor extremo (en este
sentido sí puede hablarse de extremos): desatados los niveles más profundos de la
conciencia, al ser habitados por el inconsciente, el sueño o la locura, la palabra
deja de ser ancla o atadura a la realidad para abrirse a lo inesperado y dar, inmediatamente
después, un salto al vacío. Pero lo peligroso de esto no radica — como sugieren
algunos timoratos — en que el escritor se quede desasistido, sin amparo en el lenguaje,
sino en aceptar estos límites — aparentemente últimos e inseparables — de una forma
pasiva, o reverencial, que es peor, convirtiéndolos en modelo, en fórmula, que facilite
<i>una producción en serie</i> de obras poéticas
que no lo son en absoluto, por mucha apariencia que de ello tengan. Hablar hoy del
surrealismo o de las experiencias lingüísticas de la vanguardia como ideales a conseguir
me parece, no una señal de progreso para la escritura poética, sino una certificación
del temor que atenaza a muchos escritores ante el riesgo de dar pasos hacia adelante:
cosa que nunca temieron escritores como los que usted cita, ni Mallarmé, ni Joyce.
Hay mucho poeta falso, sin aliento creador, que se cree justificado con repetir
ciertos mecanismos viciados de la vanguardia, con reproducir — sin haberlo asimilado
— ese modelo de descomposición espacial del texto, porque así se creen mallarmeanos,
y muy modernos. No se dan cuenta de que su mimetismo no va más allá de lo superficial.
Y lo más alarmante es que esa situación se detecta, de manera abudante, entre los
poetas, españoles e hispanoamericanos, más jóvenes; en aquellos que inician su obra,
cuando se diría que el escritor hace (o debe hacer) apuestas más atrevidas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">A respecto de su </span></i><span lang="ES-TRAD">Antología de la poesía hispanoamericana 1915-1980 <i>(Espasa-Calpe, Madrid, 1984), ¿cuáles son los criterios por usted adoptados
para la selección de los 24 poetas allí antologados? Conforme le había ya comentado,
lamento la ausencia de nombres como Severo Sarduy, Arturo Carrera, Roberto Echavarren,
entre otros. ¿Es posible que nos hable a este respecto?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— De poetas hispanoamericanos hablaba, y su pregunta resulta — una vez
más — extraordinariamente oportuna. Porque mi antología a la cual se refiere (que,
por cierto, ha tenido escasa difusión editorial, por razones que sigo sin entender)
se origina, en gran medida, en esa reflexión que acabo de hacer. Como explico en
el estudio introductorio del libro, dos fueron las preocupaciones que me llevaron
a preparar la antología. En primer lugar, una razón inmediata: mostrar en España,
al lector y a los escritores españoles, la obra de unos poetas que — en su propia
lengua — estaban haciendo apuestas distintas a las del escritor peninsular, y de
un gran interés para la evolución de la poesía contemporánea en lengua española;
poetas, además, que los editores españoles de poesía ni habían incorporado a sus
colecciones, ni — creo yo — conocían suficientemente. La antología, por eso, quiso
llamarse <i>Puerta lateral</i> (conveniencias
editoriales impidieron que se publicara con ese título): abrir una salida pública
a los poetas hispanoamericanos nacidos entre 1915 y 1945, aproximadamente, y cuya
obra seguía sin editarse aquí, porque se seguía situando el final de la poesía contemporánea
de Hispanoamérica en Octavio Paz. Mi deber era poner al alcance de los españoles
una realidade poética que contaba con nombres tan significativos, y de obra ya cumplida,
como podían ser Gonzalo Rojas, Carlos Germán Belli o Javier Sologuren; Enrique Lihn
o Roberto Juarroz; José Kozer o Antonio Cisneros…, por citar sólo a algunos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES-TRAD"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">La segunda preocupación era dar cierta unidad, y cierto sentido, a una
obra que, obligatoriamente, debía ser plural, diversa. Y ese criterio unificador
nació de mi lectura, de la lectura personal que yo hice de esos poetas últimos (o
ya penúltimos, para ser más precisos). Dejé a un lado — de manera consciente — a
poetas (los que usted cita, precisamente, y otros) que habían abrazado una opción
poética testimonial e prosaica, que no me interesaban como tales poetas, o a aquellos
que se limitaban a explotar una falsa modernidad mallarmeana o estructuralista,
como epígonos de algo que Octavio Paz había incorporado a nuestra poesía y había
resuelto de modo muy satisfactorio. En este sentido, decía en el prólogo y repito
ahora, creo muy justo afirmar que la antología responde a mi criterio, que quiere
expresar mi posición ante una obra irrelevante, aunque sea lo que más suele señalarse
en los comentarios recibidos: quise ofrecer una muestra representativa de toda la
poesía continental. Sabía entonces, y sé ahora, que faltan nombres, muchos nombres
y nombres muy conocidos, pero — para mi propósito — sigo creyendo que cualquiera
que pueda citarse entre los ausentes es equivalente a otros de los incorporados
a la antología, siempre dentro de ese criterio unitario que he señalado. Sólo lamento
que, por circunstancias diversas (achacables a la distancia geográfica y a las dificultades
de distribución editorial), no pudiera recoger una muestra de poetas que admiro
y que debían haber estado en mi antología: es el caso de Blanca Varela, peruana;
de Joaquín Pasos, nicaragüense; de Rafael Cadenas, venezolano; entre otros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">¿Es posible hablar al respecto
de </span></i><span lang="ES-TRAD">Fablas<i>?<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— En 1969, un pequeño grupo de escritores canarios entre los que me encontraba,
fuímos convocados por otro poeta y narrador, Domingo Velázquez (1911), para formar
parte de lo que sería el consejo de redacción de una revista que él proyectaba.
Una revista que nacería de esas conversaciones iniciales con el propósito de superar
las limitaciones geográficas de la insularidad, el riesgo de provincianismo que
se corría al desarrollar una obra literaria dentro de aquellos parámetros, y en
un ambiente intelectual hostil a cualquier experiencia de este tipo, considerada
entonces, desde los poderes públicos y desde la cultura establecida, como algo sospechoso
y hasta subversivo. Esa idea se materializó en una muy cuidada publicación que,
con el título de <i>Fablas</i>, apareció regularmente
(aunque ciertas dicifultades económicas obligaron a alterar su periodicidad) a lo
largo de diez años, a lo que contribuyó decisivamente la tenacidad, el esfuerzo
y el entusiasmo de su director y editor, Domingo Velázquez. <i>Fablas</i> quiso ver, desde el comienzo de su
andadura pública, un lugar de encuentro para escritores españoles (de las islas
y de la Península) e hispanoamericanos; quiso ser un enclave similar, en lo literario,
a lo que las Islas Canarias han sido siempre, en lo geográfico y en lo cultural.
Junto a textos de creación y de crítica, incorporamos diversas traducciones del
inglés, del alemán, del francés…, como muestra del deseo de la revista, y del grupo,
de abrirse a todas las voces, a todas las <i>fablas</i>.
Fue una revista primordialmente poética; pero no exclusivamente poética. Incluso,
en varias ocasiones, publicamos ensayos y artículos de política, de antropología,
de arte… Y quisimos ser también abiertamente generosos en cuanto a lo ideológico.
Y fue esto, sin duda, lo que nos mantuvo tanto tiempo: no la asepsia, sino la concurrencia
de nombres e criterios. Tal vez, en la última etapa de la revista, incorporados
a su consejo de redacción otros nombres con otras ideas, se pretendió someterla
— creo que de manera excesiva — a los bandazos de las circunstancias históricas
de la recuperación democrática española (hablo de los años 1977-1978, más o menos),
y ello — a mi modo de ver — supuso un empequeñecimiento de las propuestas iniciales
y, en consecuencia, una limitación grande en su difusión e interés general. La revista
acabó, como suelen acabar todas las aventuras de este tipo, debido a los problemas
económicos. Durante los diez años de vida, sólo contó con una pequeña subvención
de una entidad bancaria insular y con el producto, exíguo, de la venta en librerías.
Apenas se cubrian los gastos de edición, y la mayor aportación económica la hacía
el propio editor y director de la revista. Llegó un momento en que resultaba insostenible
su publicación; algunos miembros del consejo inicial nos fuimos a residir, por razones
personales, fuera de las islas; el criterio uniforme que presidió su fundación y
la mayor parte de su vida pública, cedió ante otras opiniones que, como digo, desvirtuaron
su inicial propósito. De todas formas, vista desde hoy, aquella empresa fue algo
importante, tanto en las islas como fuera de ellas, y creo yo que cuantos trabajamos
para la revista es ahora cuando empezamos a considerar esa importancia que, en los
años de actividad editorial, no podíamos sospechar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">FM — </span></b><i><span lang="ES-TRAD">Dos citas: “nuestras creaciones
nos juzgan” (Octavio Paz); “la estética engendra la ética, y no al contrario” (Joseph
Brodsky). ¿Concuerda con ambas? ¿La belleza redimirá al mundo?<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES-TRAD">JRP </span></b><span lang="ES-TRAD">— Sin duda. Nuestras creaciones somos nosotros mismos. En ellas no sólo
nos manifestamos o nos confesamos, sino que con ellas quedamos a disposición de
nuestros posibles lectores, y allí estos pueden confrontar las suyas con nuestras
propuestas ideológicas o estéticas. Pero hay más: si la creación es realmente tal,
su dimensión temporal, su mayor o menor perdurabilidad, queda como prueba de nuestras
posiciones, de nuestros aciertos y errores, de nuestra lealtad o de nuestras deslealtades…
Quizá de ahí provenga el temor que — llegado un determinado momento de su andadura
— el escritor debe sentir (al menos, yo lo siento; y cada día más); temor que es
responsabilidad ante el compromiso que supone el uso del lenguaje, la apuesta por
determinadas afirmaciones, que son palabras que son ideas; pero temor que es, también,
incertidumbre por desconocer el alcance de las propuestas que esa palabra, manejada
con intención, pueda tener. Puedo hablarle de mi experiencia en este sentido que
— curiosamente — se ajusta muy bien a su pregunta. Durante más de quince años, desde
los primeros sesenta hasta 1976, mi trabajo crítico se desarrolló de una manera
constante, continua e incansable. Escribía, y publicava, con una gran urgencia que
hoy sólo justificaría por ser años de juventud, y por un nunca del todo vencido
punto de vanidad. No hubo entonces libro que no leyera y comentara; no hubo publicación,
literaria o no, donde no colaborara; no hubo acontecimiento literario sobre el que
no indagara con entusiasmo y con pasión… Pero, en el fondo, yo no calculaba qué
trascendencia podía tener aquel trabajo mío; ni me preocupaba tal cosa. Hasta que,
poco a poco, descubría que mis propuestas empezaban a ser oídas, a ser necesarias
para algunos lectores o escritores. Pero en 1976, al tiempo que España iniciaba
el período de transición democrática, después de cuarenta años de régimen autoritario,
me veo sorprendido por la necesidad imperiosa, surgida de no se sabe dónde, de abandonar
aquella febril actividad, de considerar simples cantos de sirena cuantas voces me
hablaban en sentido contrario, alabando mi trabajo y subrayando la necesidad de
que mi voz se mantuviera en el concurso de la literatura española de aquellos años.
Mi convencimiento, sin embargo, era que ni podía seguir diciendo las mismas cosas
que hasta ese momento, ni de la misma forma que lo decía, ni siquiera entendía bien
se ése debía ser mi compromiso, literario o no. Era una cuestión de posiciones intelectuales,
pero — en especial — de autoanálisis sobre el lenguaje hasta ahora utilizado para
manifestarlas. Inicio entonces un proceso extraño y complejo en mi trabajo (proceso
aún no superado), donde se alternan los largos períodos de silencio (el primero,
entre 1976 y 1980, más o menos) con etapas en las que vuelvo a la escritura crítica,
y a la publicación. Pero ya sin absoluta convicción anterior, sin aquella liviana
tranquilidad que hacía fácil cualquier cosa que emprendiera. Ahora escribir suponía
para mí un ejercicio muy duro, lleno de dudas, de temores, y hasta presidido por
una conciencia de atenazadora incapacidad. Desde esos años hasta hoy he reflexionado
mucho sobre esta situación, y he indagado serenamente sobre el porqué de encontrarme
en tan compleja encrucijada. Por una parte, reconozco que actúa en mi ánimo una
rigurosa exigencia que me hace renunciar a repetir fórmulas, esquemas y actitudes
acomodaticias (que era lo conseguido hasta entonces: unas fórmulas prácticas, unos
esquemas fijos que era fácil aplicar en cualquier circunstancia), y que me obliga
a escribir con la conciencia del riesgo, con la conciencia de que esas obras me
juzgan y me comprometen en una apuesta que, no sé si acertada o no, entiendo que
me supera, que no soy capaz de asumir en su totalidad. Me obliga, también, a entender
que el lenguaje, la forma, la estética, es un compromiso ético: que ya no soy parte
de un juego, sino que — en cada caso, en cada propuesta crítica que hago — dejo
una parte fundamental de mí mismo, con la pretensión de que pueda servir a los demás.
No pienso — ingenuamente — que la belleza pueda redimir al mundo caótico que nos
ha tocado vivir en este fin de siglo; pero sí estoy convencido de que a quienes
hemos optado por la creación artística o literaria se nos debe exigir — por encima
de toda otra cosa — entregarnos a ella, convertirnos a ella, y en ella asentar un
compromiso moral, puesto que con ideas, opiniones, imaginación, pero también con
construcciones verbales (o plásticas) que justifican a las primeras (y a nosotros
en ellas), nos entregamos a los otros, en un verdadero acto de comunión. No evito,
sino que subrayo, el matiz religioso de los términos que uso, porque estoy convencido
de que aquel escritor que no sea capaz de aceptar, con todas sus consecuencias,
tal conversión, no podrá ser nunca un verdadero escritor.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1989]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Jorge
Rodríguez Padrón (Islas Canarias, 1943). Crítico de literatura, ensaísta, autor
de inúmeras obras sobre poesia e poetas hispano-americanos.]</span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-47196451247584216312014-08-21T13:23:00.005-07:002014-08-30T04:42:29.216-07:00THELMA NAVA | Pájaro Cascabel y otras memorias de los años 1960 en México<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yXK7kin_ISRgLa5Q9yJOhGDI0Bn_2UoFzfVqq30qfWZOlM5oJdUy175j0MBHeSWke1R30nZ9XL_QCYgb78Mbp6dC3XdpoOGzKL4aYLxiPNbVPK9TChPKGM3kc2Dtpji0tNb1pJijjq5M/s1600/Thelma+Nava.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3yXK7kin_ISRgLa5Q9yJOhGDI0Bn_2UoFzfVqq30qfWZOlM5oJdUy175j0MBHeSWke1R30nZ9XL_QCYgb78Mbp6dC3XdpoOGzKL4aYLxiPNbVPK9TChPKGM3kc2Dtpji0tNb1pJijjq5M/s1600/Thelma+Nava.jpg" height="200" width="138" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Como surge <i>Pájaro Cascabel</i>,
incluindo este simpático e sugestivo nome? Por quem está formada sua equipe
editorial inicial e quais modificações são verificadas, enquanto dura o
projeto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> El proyecto surge a
iniciativa del escritor y crítico argentino Luis Mario Schneider, quien vivió
en nuestro país durante casi toda su vida profesional y afectiva. Recuerdo que
traía una revista que editaba en Córdoba, Argentina, <i>Caballo verde</i>, con un formato similar al de los primeros números de
<i>Pájaro Cascabel</i>. El título constituía
un homenaje a una revista editada por breve tiempo por Pablo Neruda, que se
llamaba <i>Caballo verde de la poesía</i>.
Lo original de nuestra propuesta era utilizar papel cartoncillo y más adelante
de envoltura en las primeras plaquettes que publicamos. En aquella época
resultaba muy original hacerlo y fuimos los primeros en realizar este tipo de
ediciones. En cuanto al nombre, “pájaro cascabel” era la denominación que se le
daba al poeta en los tiempos prehispánicos, porque se decía que “llevaba su
canto de flor en flor”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">En un
principio Luis Mario Schneider proponía que la revista fuera esencialmente una
revista de un grupo determinado de poetas, entre los que se encontraban muchos
de mi generación: Homero Aridjis y Marco Antonio Montes de Oca entre otros. Nos
proponíamos asimismo publicar casi en todos los números algún poema
prehispánico, en versiones castellanas del antropólogo Demetrio Sodi (del maya
fundamentalmente), así como la concepción que tenían de la poesía algunos de
los poetas a los que publicábamos, o sea su canon literario. Varios poetas nos
entregaron valiosos testimonios, entre ellos Jaime Sabines, Homero Aridjis,
Marco Antonio Montes de Oca, Efraín Huerta, Salvador Novo y el nicaraguense
Ernesto Mejía Sánchez entre otros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">En el equipo
inicial aparecíamos como responsables Luis Mario Schneider, el poeta argentino
(de muy breve paso por la revista), Armando Zárate y yo. Zárate se regresó a
Argentina y en un momento determinado Schneider se marchó a una Universidad de
los Estados Unidos a impartir cátedras de literatura. Fue entonces cuando asumí
la dirección de la revista e invité a participar como Secretario de Redacción
al entonces joven poeta Dionicio Morales. Prácticamente fue en esa época cuando
se dio inicio a la segunda época de la revista, con un nuevo formato y un
considerable número de páginas, otro tipo de papel, lo que volvió a la revista
digamos que más convencional, con portada a color y un suplemento, que formaba
parte de la misma, para publicación de anuncios de algunos de los
patrocinadores, noticias diversas y textos de diversa índole. En el último
número publicado, que fue el 5/6 (dedicado a la poesía de Cuba),
correspondiente a los meses enero-julio de 1967, se había formado ya un Comité
de Redacción integrado por Juan Bañuelos, Efraín Huerta, Marco Antonio Montes
de Oca y Jaime Sabines, yo seguía apareciendo como Directora y ya no figuraba
Dionicio Morales. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">El proyecto
duró cinco años, de septiembre de <st1:metricconverter productid="1962 a" w:st="on">1962 a</st1:metricconverter> julio de 1967.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Deseo señalar
la importancia y trascendencia que tuvo en nuestro país particularmente, la
publicación del número 19/20 (septiembre-noviembre de 1965) dedicado a la
poesía de México. Se trataba de un panorama -nunca una antología, aunque fue
tomada como tal-, que decidí realizar a partir de la generación de la revista <i>Taller</i>, es decir de Octavio Paz, Efraín
Huerta y Rafael Solana (nacidos los dos primeros en 1914), que rompió todos los
esquemas que nos antecedieron. En aquellos momentos la única antología mexicana
existente era <i>La poesía mexicana moderna </i>de Antonio Castro Leal,
publicada en 1953 por el Fondo de Cultura Económica, que recogía setenta y
cinco años de poesía mexicana, a partir de Manuel Gutiérrez Nájera. Sin
embargo, en lo que se refería a la poesía que se escribía en las décadas de los
50 y 60, no era muy preciso que digamos el panorama, ya que el antologador no
era muy estricto en su selección. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nuestro panorama o antología como se consideró en
la práctica e incluso fue llamada “la antología del escándalo”, publicaba a
poetas de <st1:personname productid="la Generacin" w:st="on">la Generación</st1:personname>
de <i>Taller</i> hasta los jóvenes que en
aquellos momentos acababan de rebasar los veinte años. A partir de la
publicación de ese número de <i>Pájaro
Cascabel</i> los críticos comprendieron la necesidad de publicar antologías más
actualizadas y con nuevos criterios. Muy poco tiempo después, en 1966,
aparecerían las antologías <i>La poesía mexicana del Siglo XX </i>de Carlos
Monsiváis, con notas, selección y resumen cronológico de su autor y en ese mismo
año <i>Poesía en movimiento</i>, con selecciones y notas de Octavio Paz, Alí
Chumacero, José Emilio Pacheco y Homero Aridjis y un extenso prólogo de Octavio
Paz, que a 40 años de haberse editado sigue siendo un importantísimo punto de
referencia de la poesía mexicana y mantiene todavía una gran vigencia y que
continúa reeditándose a través de los años. Curiosamente estas dos antologías
dieron cabida únicamente a tres mujeres en cada una de ellas. En la de Octavio
Paz, que fue siempre muy generoso con los jóvenes, se incluyó mi poesía, lo que
constituyó un gran estímulo para mi obra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Tenho comigo uns poucos exemplares de <i>Pájaro Cascabel</i>, de maneira que não sei ao certo se, no geral, era
revista que se dedica exclusivamente à criação poética. Já me dirás se esta
minha observação é correta e qual o motivo desta opção. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Ciertamente la
revista <i>Pájaro Cascabel</i> se dedicaba
exclusivamente a la creación poética. Es importante señalar que desde los
inicios de la revista iniciamos la publicación simultánea de plaquettes y
posteriormente de libros formales en diversas colecciones, casi todas pagadas
por los autores que contribuían al financiamiento de la revista y en donde
llegamos a publicar también libros de cuentos de autores hispanoamericanos.
Llegamos a editar casi 40 libros que tenían, al igual que la revista, una
amplia distribución en muchos países y que fueron siempre muy bien recibidos
por la crítica. Recuerdo que entre los autores que publicamos, se encontraba Marcos Ricardo Barnatán, a
quien conocí personalmente en Argentina y quien a través de los años llegó a
convertirse en prácticamente el investigador número uno de la obra de Borges.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Quantos números foram publicados? Nas edições que tenho comigo não
constam editoriais, porém não sei se esta era a tônica de <i>Pájaro Cascabel</i>. Eram comuns os editoriais nas revistas da época,
alguns deles bem polêmicos. Gostaria que me falasses a respeito. Também indago
sobre esses livros que foram publicados, se é possível destacar aqui alguns dos
autores ali destacados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> De la primera época
publicamos 20 números ,incluido un número doble y de la segunda época se
publicaron 6 números, incluyendo dos números dobles. Dado el formato de nuestra
revista no nos propusimos jamás incluir editoriales, de hecho casi ninguna de las
revistas de la época los utilizaba.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De la colección de libros y plaquetas que
publicamos, podríamos destacar los siguientes títulos: <i>La difícil ceremonia</i>,
de Homero Aridjis; <i>El Tajín</i>, de Efraín Huerta; <i>Valparaíso</i>, de
Luis Mario Schneider y <i>Pido la palabra</i> de Rafael Solana. En la colección
de plaquetas. En la de libros destacan <i>Otoño encarcelado</i>, de Ramón
Martínez Ocaranza; <i>La palabra a solas</i>, de Guillermo Fernández; <i>Poemas
para</i> <i>leer sin música</i>, del salvadoreño Rafael Góchez Sosa; <i>Oh, San
Roque</i>, del crítico francés André Coyné; <i>El dominó </i>de Jaime Cardeña
(libros de cuento) y <i>Los ojos de la clepsidra</i>, libro de cuento y poesía
del colombiano René Rebetez.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">FM</span></b><span lang="ES"> Ao referir-se aos números
especiais que <i>Pájaro Cascabel</i>
costumava editar, Dionicio Morales observa que em tais edições “podemos contar
a los que hoy son los poetas más representativos de nuestro continente y
España”.</span><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[1]</span><!--[endif]--></span></a> De que maneira consideras a
existência de uma segunda vanguarda, no continente americano, que se configura
nos anos 60, ou seja, que não pode ser entendida como uma manifestação tardia
da vanguarda européia e seus primeiros reflexos em todo o mundo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Creo que sí es
posible quizá hablar de una segunda vanguardia en el continente americano la
que se configuró en los años 60, porque nada nace por generación espontánea y
en todo caso no podría ser calificada como una manifestación tardía, sino como
algo innovador en América Latina a partir de experiencias anteriores. Creo que
en este sentido habría que preguntarles a los representantes de esas
vanguardias cuales fueron son sus puntos de vista en su momento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Não te consideras representante disto que chamo de 2ª vanguarda?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> No, de ninguna
manera.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">FM </span></b><span lang="ES">¿Hay alguna relación entre Surrealismo y Beat Generation?
Pregunto esto porque pienso que la configuración de las vanguardias en América
Latina en los años 60 posee una mezcla de estos dos movimientos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Por supuesto que sí
considero que hubo siempre una relación muy estrecha en estos movimientos que
configuraron las vanguardias latinoamricanas precisamente en aquellos años. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Qual diálogo buscava com outras publicações similares no restante do
continente?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> – Desde sus inicios <i>Pájaro Cascabel</i> mantuvo un diálogo
constante con otras revistas de nuestro continente y de España, gracias a nuestros
representantes en muchos países. Aun cuando no hacíamos tirajes muy grandes de
la revista y de los libros, los escritores que nos ayudaban en otras latitudes
las hacían llegar a lugares clave y por ello llegó a ser muy conocida nuestra
labor. Recuerdo que publicamos en la revista “Palabras nadaístas a los poetas
de América Latina”, de Gonzalo Arango, colaboración que tuvo una enorme
repercusión en el continente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span lang="ES">Existía en esa época una gran solidaridad entre
todos los editores de revistas independientes de nuestro país, ya que nos
promovíamos a través de nuestras páginas y nos ayudábamos en todo lo que
podíamos, además del diálogo literario constante que manteníamos. Incluso
algunos de los representantes que teníamos en otros países eran los mismos de <i>El Corno Emplumado</i>. Fue precisamente a
través del editor de la revista <i>Cuadernos
del viento</i>, Humberto Batis, que conocimos al impresor con el que
publicábamos la revista y los libros que editábamos. </span>Eso sería tal vez impensable en la época actual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Estava observando as conexões do argentino Aldo Pellegrini com os
poetas [grupos, revistas etc.] de todo o continente americano por ocasião da
edição daquela sua antologia em 1966. Se por um lado ele menciona grupos
atuantes na Colômbia [Nadaístas], no Equador [Tzántzicos] e na Venezuela [El
Techo de <st1:personname productid="la Ballena" w:st="on">la Ballena</st1:personname>],
por outro demonstra desconhecer o que se passava no México, se pensarmos em
termos de <i>El Corno Emplumado</i> e <i>Pájaro Cascabel</i>. Esta ausência te parece
que seja um desconhecimento ou certa restrição de Pellegrini às novas conexões
estabelecidas entre poetas hispano-americanos e a Beat Generation?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Creo que habría que
investigar un poco más a fondo la razón por la que Aldo Pellegrini no haga
ninguna referencia a <i>El Corno Emplumado</i>
y a <i>Pájaro Cascabel</i> en esa antología
que tú mencionas y que nunca llegué a conocer. Probablemente Sergio Mondragón
tenga alguna idea más precisa de todo esto. En lo que se refiere
particularmente a <st1:personname productid="la Beat Generation" w:st="on">la
Beat Generation</st1:personname>, que como sabes es un movimiento que se gestó
en los Estados Unidos, Margaret Randall, que formó parte del mismo tendría
mucho qué decir al respecto, aunque en lo personal considero que Pellegrini no
estuvo particularmente interesado en el tema, porque como afirma José Angel
Leyva en la contraportada del libro de José Vicente Anaya <i>Los poetas que
cayeron del cielo</i>, que es uno de los mejores estudios que he leído sobre <st1:personname productid="la Beat Generation" w:st="on">la Beat Generation</st1:personname>,
fue “un grupo de estadounidenses que hicieron del arte, la literatura, y en
particular de la poesía, su refugio espiritual dentro de una civilización
machacada por la enajenación, el consumismo y el culto a la violencia”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Conta-me a respeito do 1º Encuentro Americano de Poetas – preparação,
realização e repercussão – e tua avaliação hoje do Movimiento Nueva
Solidaridad. <span lang="ES">O anúncio era bastante claro
quanto aos objetivos: “conocimiento mutuo, establecimiento de lazos fraternos,
diálogo abierto sobre el hombre y la poesía”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> El 1er. Encuentro
Americano de Poetas fue una actividad sin precedentes en nuestro país, fue de
hecho el primer encuentro literario realizado en México, en el que los poetas
llegaron por sus propios medios, ya que no teníamos patrocinios de ninguna
índole y fue un encuentro independiente que constituyó un gran hito en nuestro
país, al grado de que el periódico más importante de la época, el <i>Excelsior</i> destacó a un periodista muy
importante para cubrir todas las actividades realizadas. Llegaron poetas de 15
países, tanto latinoamericanos, como de EEUU, a quienes alojábamos en casas de
amigos solidarios con este movimiento Nueva Solidaridad planteado por Miguel
Grinberg, editor de la revista <i>Eco
Contemporáneo</i>, de Argentina. Todos los grandes escritores que publicaban
artículos en los principales diarios, se ocuparon de ese encuentro durante toda
una semana. Participaron no solamente poetas sino grandes novelistas como José
Revueltas, actores y público en general. No faltó por supuesto uno que otro
provocador, como suele suceder en este tipo de actividades. El mundo literario
mexicano estaba de fiesta con el encuentro y fue también la primera vez que los
poetas fuimos a leer nuestra poesía al Bosque de Chapultepec, en <st1:personname productid="la Calzada" w:st="on">la Calzada</st1:personname> de los Poetas.
Jamás antes se habían realizado actividades en lugares abiertos, lo que resultó
también muy novedoso. Se realizó una exposición de aproximadamente cien
revistas latinoamericanas, que nos habían proporcionado los poetas asistentes
al encuentro y que fue muy visitada durante los días que duró.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">FM</span></b><span lang="ES"> Lemos na
“Declaración de México”, balanço do Movimiento Nueva Solidariedade, o seguinte
trecho: “El proceso de <i>cambio</i>,
reflejado por los poetas y los artistas, a partir del que se está operando en
cada ser humano – resistido por los que se conforman con respuestas y pretextos
que les sacan de la realidad – nos ha llevado a hablar de un ser que trabaja
para consolidar una nueva era”. Em seguida se observa: “Este <i>ser</i> se evidencia en actitudes valientes
y creativas, pero deberá convertirse en una formidable realidad que exprese
nuestro tiempo. La nueva era ya se presiente en todo el Continente y se observa
en el empeño de sus habitantes por construir un mundo diferente, adquiriendo
contenido real en la expresión de un espíritu rebelde ante todo chantaje
ideológico, político o económico.”<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
</span>Eu gostaria de saber a tua opinião a este
respeito. Até que ponto se sentia fortalecida a idéia de um novo ser nos anos
60 e em que medida se concretizaram tais expectativas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Lamentablemente no
guardo en mis archivos un ejemplar de esa declaración a la que haces referencia
y de la que no recuerdo sus términos, pero por lo que me comentas
definitivamente creo que no lograron concretarse esas expectativas que ahora
nos parecen una utopía, a la luz de los acontecimientos que se fueron dando no
solamente en nuestro Continente sino en el mundo entero. Sí recuerdo que se
hablaba de organizar encuentros semejantes en otros países, lo que tampoco pudo
darse. Considero que quienes organizaron el encuentro pueden aportar una visión
más precisa del asunto, ya que mi participación se dio de manera incidental en
la última etapa del mismo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em uma entrevista mencionas que Octavio Paz não se deixava publicar tão
facilmente, que era um poeta que “se cuidaba mucho”.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[3]</span><!--[endif]--></span></a>
Paz é uma das figuras mais controversas dentre as que participaram de todo este
período de vanguardas no continente americano e que envolve mais de uma
geração. A idéia de que ele “se cuidaba mucho” está intrinsecamente ligada a
alguém que planejava em detalhes uma carreira literária. <span lang="ES">Estás de acordo?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Sin duda alguna debo
haber afirmado eso debido a que él cuidaba mucho su prestigio y publicaba
solamente en aquellas revistas que editaban los intelectuales más afines a él.
No se hubiera aventurado a publicar en cualquier revista que no tuviera la
suficiente calidad para merecer su confianza. De ahí que de las múltiples
revistas independientes que se publicaban él confiaba en el prestigio tanto de
“El corno emplumado” como de “Pájaro Cascabel”. No sé si realmente haya
planeado en detalle su carrera literaria, pero sí por lo anterior que te
comento, cuidaba mucho su prestigio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> As duas entrevistadoras te perguntaram pelas razões de se publicar uma
revista com as características de El Corno Emplumado. <span lang="ES">A íntegra de tua resposta foi a seguinte: “Parecia sumamente original
que se publicara y más como ellos lo explicaban, por qué se llamaba el Corno
emplumado, lo que significaba el mismo título: la fusión de dos culturas, que
era la serpiente emplumada y el corno del jazz, era ese simbolismo de las dos
culturas, porque desde un principio publicaron a escritores como Octavio Paz,
como Efraín Huerta, los poetas integrantes del grupo <st1:personname productid="la Espiga Amotinada" w:st="on">la <i>Espiga Amotinada</i></st1:personname> (Bque no era tan fácil que se
publicaran, particularmente en el caso de Octavio Paz, que no publicaba en
todas las revistas, él se cuidaba mucho. Además, otro elemento muy importante
fue esa relación que existía entre el <i>Corno
Emplumado </i>y los demás editores que hacían una enorme cantidad de revistas
de nuestro en nuestro país en aquella época.” </span>Além da pergunta que te fiz, peço que comentes um pouco sobre essa
“enorme cantidad de revistas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> No es que se tratara
precisamente de una “enorme cantidad de revistas”, pero sí, como ha pasado
siempre en nuestro país, hay revistas de las que sólo aparecen dos o tres
números y desaparecen más que nada por razones de índole económica. Y te aclaro
que no todas eran revistas de poesía. Algunas eran revistas de otras
características, que reflejaba búsquedas distintas. Estoy hablando por supuesto
de revistas independientes, como la revista “Snob” que publicaba Salvador
Elizondo y otras que no recuerdo, que pertenecen al siglo pasado y mi memoria
no es tan buena…<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Leio poemas teus publicados no <i>Jornal
do Commercio</i><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[4]</span><!--[endif]--></span></a>,
no Brasil, nos anos 60, na tradução de Stella Leonardos. Como ela chegou à tua
poesia e quais as relações estabelecidas entre poetas brasileiros e <i>Pájaro Cascabel</i>?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> Durante los años 60
no conocía a muy pocos escritores brasileños, que por aquel entonces no tenían
una gran difusión en nuestro país. Realicé un viaje por varios países del
continente americano y llegué a Brasil. El único contacto que tenía era con un
joven escritor argentino, Alejandro Vignati, quien estaba en el grupo de Miguel
Grinberg y que trabajaba en ese entonces en <st1:personname productid="la Embajada Argentina" w:st="on">la Embajada Argentina</st1:personname>
en Brasil. A través suyo conocí, entre otras personas a Stella Leonardos y a
Walmir Ayala. Vignati me llevó en una ocasión a visitar a su entonces amigo
Manuel Bandeira, a quien tanto admiraba y con el que conversé un poco. De hecho
nunca se estableció una relación de ningún poeta brasileño con <i>Pájaro Cascabel</i>. Un poco de tiempo
después comencé a escribirme con Fernando Ferreira de Loanda, quien vivió en
Río durante casi toda su vida y quien generosamente editó diversas antologías
de la nueva poesía brasileña, en su editorial Orfeu. El fue muy conocido en
México, adonde viajó en muchísimas ocasiones, difundió la poesía mexicana allá
y tuvo relaciones con innumerables poetas mexicanos. Esa fue en verdad la única
relación que tuvo la revista <i>Pájaro
Cascabel</i> con los poetas brasileños. Creo que me llegaban algunas de las publicaciones
de la poesía concreta y conocía a Haroldo de Campos, a través de <i>El Corno Emplumado</i>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">FM</span></b><span lang="ES"> Na enquete (<i>encuesta</i>) preparada por Miguel Grinberg
em 1964, um dos poetas consultados, Pablo Antonio Cuadra, comentou: “Lo absurdo
del mundo moderno es que quiere obligar al artista y al poeta a colocarse en
uno o el otro lado del MURO. El puesto del artista es <i>a</i> uno y <i>a</i> otro lado;
contra uno y otro lado.”<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="ES">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
</span>A pergunta indagava sobre independência do espírito e sua expressão, e
justamente a partir deste tema eu gostaria que comentasses tua criação poética,
desde um primeiro momento: como surge em ti a poesia e o que ela expressa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">TN</span></b><span lang="ES"> En el autorretrato que
publicaste en tu revista Agulha hablo bastante de eso, comencé a escribir
poesía desde muy niña y años después, habría de descubrir a los poetas que
fueron fundamentales en mi vida. Puedes si quieres mencionar muchas de las
cosas que digo allí. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mi poesía es expresión de la vida y sus
contradicciones y expresa las vivencias y anhelos más importantes de una existencia
que si bien no ha sido dedicada íntegramente a la poesía, sí ha sabido nutrirse
de ella, lo que nos convierte en seres humanos más congruentes.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES" style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2006]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 9pt;">[Thelma Nava (México, 1932) é poeta, ensaísta e
agitadora cultural. Em 1962 fundou a revista <i>El Rehilete</i>. No mesmo ano, ao lado de Luis Maria Schneider, seria a
vez a legendária revista <i>Pájaro Cascabel</i>.
Juntamente com Sergio Mondragón e Margaret Randall, diretores da revista El
Corno Emplumado, organizou o Primeiro Encontro Interamericano de Poetas, em
1964.]</span><span lang="ES" style="font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br clear="all" />
</span><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="ES" style="font-size: 9pt;"> Morales, Dionicio. <i>La palabra y la
imagen</i>. </span><span style="font-size: 9pt;">UAM.
México. 1995.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 9pt;"> Balanço datado de
Fevereiro de 1964, incluído na edição <i>Arte
y rebelión</i>. </span><span lang="ES" style="font-size: 9pt;">The Angel Press. Buenos Aires. 1965.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="ES" style="font-size: 9pt;"> “Un pájaro cascabel”. Entrevista a Anne Mette W. Nielsen e Nicolenka
Beltrán. Edição especial – <i>Un corno
emplumado – un homenaje</i> – de <st1:personname productid="la Revista Generacin" w:st="on">la Revista <i>Generación</i></st1:personname> # 61. </span><span style="font-size: 9pt;">México, 2005.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-align: justify; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-size: 9pt;"> “Thelma Nava: dois
poemas”, <i>Jornal do Commercio</i>, Rio de
Janeiro, 03/05/1964.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-left: 7.1pt; text-indent: -7.1pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7185070826386738856#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 9pt;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="ES" style="font-size: 9pt;"> “Arte y libertad” [encuesta], incluída na edição <i>Arte y rebelión</i>. The Angel Press. </span></span><span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Buenos Aires. 1965.</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
</div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-81777558937056396142014-08-21T13:11:00.002-07:002014-08-30T04:41:45.589-07:00ULISES ESTRELLA | Sobre Pucuna, La Bufanda del Sol y otras magias del Ecuador<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg6qG5UkPGGY1XIHn47_WBD3rrb9YIW17PT0hdEqIX2-T7nlhB4oCwbYbjdjKbb0QjjoixYzT90rslAy_2Y-H-pV8Af86KDfCtEUdM_zPvfD7PJH0pLzOBmsTd4hhjbpd0eH7cRzi5DFaQ/s1600/Ulises+Estrella.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg6qG5UkPGGY1XIHn47_WBD3rrb9YIW17PT0hdEqIX2-T7nlhB4oCwbYbjdjKbb0QjjoixYzT90rslAy_2Y-H-pV8Af86KDfCtEUdM_zPvfD7PJH0pLzOBmsTd4hhjbpd0eH7cRzi5DFaQ/s1600/Ulises+Estrella.jpg" height="200" width="133" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Há um ponto em comum entre o surgimento de <i>Pucuna</i> (1961) e <st1:personname productid="La Bufanda" w:st="on"><i>La Bufanda</i></st1:personname><i> del Sol</i> (1965)? Que lembranças tens
hoje do momento de criação de cada uma das revistas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">UE</span></b><span lang="ES"> En Ecuador no había revistas
culturales contestatarias, por ello la vinculación entre <i>Pucuna</i> y <st1:personname productid="La Bufanda" w:st="on"><i>La Bufanda</i></st1:personname>…era lógica
y necesaria, cada una tenía su ámbito y se abría a públicos específicos de
estudiantes e intelectuales. <i>La bufanda</i>
se extendió en contactos latinoamericanos, tanto es así que allí salió una
entrevista con Claudio Willer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em <i>Memoria incandescente</i>
(2003), mencionas a importância das viagens empreendidas pelos poetas de vários
países no continente, período de deslocamentos provocados tanto pelo espírito
nômade que se manifestava quanto pelos aspectos políticos, os exílios em função
da instauração dos governos militares. <span lang="ES">“Haciendo verdad la cultura del riesgo, los poetas fuimos con versos e
ilusiones bajo el brazo a conocer el mundo.” </span>A década é
iniciada por revistas como <i>Eco
Contemporáneo</i> (Argentina), <i>Rayados
sobre el Techo</i> (Venezuela) e <i>Pucuna</i>
(Equador). Havia algum ponto em comum entre essas publicações?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">UE</span></b><span lang="ES"> El punto en común fue
precisamente la integración de los poetas, el sueño de la utopía, del hombre
nuevo y de la revolución de los poetas, como trashumantes poníamos las
metáforas por encima de la fuerza bruta, de la corrupción y de la política, una
fraternidad sin dioses y sin dogmas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Aldo Pellegrini faz carinhosa referência à atuação dos Tzántzicos em
sua antologia publicada em 1966. Ès um dos poetas incluídos nesta antologia que
é hoje referência internacional. <span lang="ES">Logo no prólogo, Pellegrini observa que, sobretudo em países como Colômbia,
Venezuela e Equador, “los poetas unen a una poesía de forma y contenido
revolucionario una posición combativa directa que va desde el orden de lo
político hasta la crítica de las costumbres y de la cultura oficializada”. </span>Como avalias hoje estes dois aspectos em separado, de um lado a
revolução lírica referida por Pellegrini, e de outro a resultante desse combate
à cultura oficial?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">UE</span></b><span lang="ES"> La crítica tomada en forma
radical efectivamente se extendía a todas las instancias de la sociedad y dejó
sembrada una huella que, al menos en mí, se mantiene con otros matices y
expresiones. Sin pretender que haya sido una "es cuela" dejó pautas y
analogías que tiene valor y actualidad en el tercer milenio. La "cultura
oficial" de entonces, actualmente está matizada por aberraciones estéticas
y populismos degradantes, farandulizaciones frente a estancamientos que
trastocan cualquier lógica y equilibrio. Se necesita, pues, más poesía y más
cultura del riesgo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">FM</span></b><span lang="ES"> Quando da publicação de <i>Los años de la fiebre</i> (2005), Jorge
Dávila Vázquez, em uma resenha, escreveu: “Sin llegar a la exageración de creer
que los tzántzicos fueron el <i>no plus
ultra</i> de la literatura de los sesenta, necesario es reconocer que sin
ellos, no hubiésemos tenido hoy la literatura de un Ubidia, un Proaño Arandi, un
Moreano, un Carvajal, los directos y mejores herederos del movimiento.”
Concordas com ele?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">UE</span></b><span lang="ES"> Concuerdo con la mención de
Dávila y añado que existen otras presencias e influencias quizás subterráneas
que actualizan nuevamente el gesto tzántzico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Entendo tua consideração por Pasolini como uma afinidade e não
propriamente como o que se pode entender em termos de influência. A idéia de
organizar a sociedade sem perder de vista seu aspecto humano. Fazer conciliar
sociedade organizada e livre arbítrio, este segue sendo um desafio
extraordinário. Onde está o erro, na idealização de uma sociedade organizada,
na idealização de um livre arbítrio, ou na idealização de convivência entre
estes dois elementos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.25pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span lang="ES">UE</span></b><span lang="ES"> El gesto, la palabra y la
acción pasoliniana es plena trasgresión y no llega a modelos ni fórmulas pero
sí a una iracundia, una necesidad de nuevas reflexiones, pero sin
estancamientos ni reposos. Quizá la nueva apertura surrealista coincide al
momento con estos desafíos.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="ES"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[2006]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[Ulisses
Estrella (Ecuador, 1939). Poeta, dramaturgo, narrador, ensaísta e diretor
cinematográfico.]</span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-46077822885859498352014-08-21T12:51:00.001-07:002014-08-30T04:40:28.119-07:00ASTRID CABRAL | Uma breve conversa<div class="MsoTitle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt5qCwBiXJ7wbDWXiTM3Wn6Jy1daSmrfyyHaQKa9yesX6SuHQGuOQ4KmhS3yAAsctPj0O_-elVYsU_wVpRzK_K5jGlOhJE6FHDjhpKwOg3Pi8CypGdu13dUrC1kl6ocgAIKRjqxHQL99gC/s1600/Astrid+Cabral.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt5qCwBiXJ7wbDWXiTM3Wn6Jy1daSmrfyyHaQKa9yesX6SuHQGuOQ4KmhS3yAAsctPj0O_-elVYsU_wVpRzK_K5jGlOhJE6FHDjhpKwOg3Pi8CypGdu13dUrC1kl6ocgAIKRjqxHQL99gC/s1600/Astrid+Cabral.jpg" height="200" width="143" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em uma entrevista dizes
que “exprimir emoção não é apenas uma questão estética, é questão de saúde. O
que tem buscado a poesia através da Astrid Cabral e como ela tem reagido a
isto, ao longo de sua obra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Sou um ser de muita
compaixão. A doença é algo que me comove e abala. Na infância quando visitava o
tio-avô Teófilo, que em consequência de queda de rede tinha uma grande mala nas
costas, começava a sentir doer as minhas. As pessoas brincavam comigo, quem tem
pena é galinha, menina. A preocupação com saúde resultou de ter presenciado meu
pai no hospital, de turbante na cabeça já sem algum osso do crânio, meu avô
vítima de esclerose a falar de uma máquina monstruosa que um inimigo construíra
para eliminá-lo, minha irmã perdendo o fôlego em constantes crises de asma. Até
os 11, quando fui a Fortaleza conhecer a família de meu pai, meu projeto era
estudar medicina. Mas o sonho foi enterrado com o cadáver que eu vi na
Faculdade de Medicina, desfigurado, boiando em formol. Passei muito mal. Eu não
tinha os nervos, a devida serenidade para enfrentar tais situações. Ao longo da
vida, minha resposta foi valorizar a saúde e ocupar-me com a prevenção. Leio
apaixonadamente sobre o assunto e faço o possível para mantê-la. Acho que, de
um modo geral, as pessoas menosprezam o corpo, desrespeitando-lhe as
exigências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por outro lado essa idolatria
no mundo atual, a obsessiva malhação nas academias, não me convence. Não passa
de modismo meio mórbido. Uma falta de equilíbrio bastante insana, que aponta
para um vazio interior deplorável. As pessoas descartaram o fanatismo religioso
e adotaram o fanatismo atlético.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Saúde para mim brota do
reconhecimento e preenchimento das profundas necessidades de cada um. Acho que
tem a ver com o que Yung fala sobre o processo de individuação, a possibilidade
de desabrochar-se em plenitude. Essa história de amordaçar os sentimentos é uma
submissão covarde ao culto das aparências. Puro medo de manifestar fraqueza. E
quem não tem as suas? Mas se fraqueza disfarçada é altamente corrosiva, quando
assumida perde o travo, fica mais convivível, mais combatível. Que história é
essa dos homens posarem de deuses? Não quererem confessar que levaram porrada?
Adoro o poema de Pessoa em que ele desmascara tal vaidade covarde. Nos dias de
hoje o mito do sucesso é tão ditatorial que as pessoas não ousam admitir suas
falhas e incapacidades. Tudo porque o próximo é antes de tudo visto como um
competidor em potencial. Ninguém quer ficar por baixo. Tem que levar a melhor
nem que seja de fachada. As pessoas vivendo a vida como se estivessem o tempo
todo no palco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vejo a poesia como um eficaz
“conhece-te a ti mesmo”, isso na modalidade lírica, um “conheçamo-nos a nós
mesmos” na modalidade épica. Suponho que nunca recorri a psicanálise por causa
desse hábito de descer sozinha ao meu porão. E até comprazer-me nesses
mergulhos no escuro. Além de suspeitar de tudo por onde passa o dinheiro, de
tudo que cheira a negócio e dá espaço para charlatanismo, sempre detestei
tutelas. A poesia me compraz por ser atividade de absoluta independência. Me
faz sentir livre (embora, a rigor, a liberdade não passe de uma utopia), é um
vinho reconstituinte. Produzi-la me dá também uma sensação de poder. Só eu
posso executar a minha poesia. Não posso delegar a ninguém a tarefa. Gosto
muito de cozinhar e já ensinei muita gente a fazer do meu jeito. E as pessoas
executam como se fosse com as minhas mãos. Mas poesia não é <i>ensinável</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tem muito autor por aí
falando no sofrimento do ato de escrever. Cada um fala da sua experiência
particular, é claro. No meu caso seria uma mentira descarada, pois se a vida me
faz penar e já me feriu muitas vezes, a literatura sempre me proporcionou
prazer. Através dela posso dialogar com a dor e transfigurá-la. Escrever para
mim só foi desagradável quando no serviço público eu tinha que “redigir”, isto
é, utilizar-me da linguagem convencional, rígida, fossilizada. Era um uniforme
com que eu tinha de vestir o pensamento alugado, que não era meu. Tratava-se de
um ato de disciplina, nada a ver com o ato de criação. Mas a criação é uma
dança da alma. Vale o tempo empregado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como lidar com palavras é um
ato altamente aprazível (poucos fazem poesia, mas muitos brincam de palavras
cruzadas), temos aí uma ocupação terapêutica. O prazer sempre foi manancial de
saúde. Eu consegui através da poesia restabelecer o equilíbrio pessoal ameaçado
pelas exigências familiares e profissionais. Os encargos particulares e
públicos eram tantos que eu me sentia sugada por força centrífuga, afastada de
mim mesma, girando em torno dos outros. É comum as mulheres passarem pelo
processo de perda de identidade, não saberem quem são além de filhas, esposas,
mães, amantes, secretárias, profissionais, etc. Abdicarem até da primazia do
pensamento sobre a vida. Passarem a pensar conforme vivem e não o inverso. A
entrega total ao outro é nociva, tem que haver momentos de pausa e retorno ao
âmago de cada um. De vez em quando precisa ocorrer revolução na casa
antropófaga que vai engolindo nossos pensamentos, mãos, pés e sobretudo nosso
tempo. Temos que reagir sem sentimento de culpa contra o canibalismo do excesso
altruístico, o auto-esvaziamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Através da poesia busquei e
cultivo a minha identidade. Sempre quis me descobrir. Tentar saber o que se
esconde em mim. Toda uma trajetória de vida pode ser rastreada nos meus textos:
os arroubos da juventude, as indagações existenciais que me perturbam, os
momentos cruciais, os espaços por onde andei e que me causaram deslumbramentos
ou decepções, os encontros transformadores. É um itinerário emocional. Nunca me
debrucei sobre temas puramente (será que existem?) intelectuais e abstratos. As
tragédias que me sacodem são as que vivencio ou testemunho, de pessoas próximas
de carne e osso, não de ilustres e remotos gregos e troianos. Talvez por
contingências específicas não tenha enveredado a fundo pelos caminhos da
cultura como gostaria e sonhei na juventude. Mas quando converso com certas
pessoas simples do povo, com crianças e velhos (que ainda não foram iniciados
na cultura oficial ou já esqueceram tudo), aprendo coisas sobre a condição
humana e a natureza, nuvens, formigas, hábitos dos bichos, e convenço-me de que
a vida é um livro aberto, onde letras e páginas não fazem falta. A questão é
abrir os olhos e aprender a enxergar diretamente, sem intermediação. Como já
dizia o nosso Oswald, “ver com olhos livres” e que até adotei como lema para
meus alunos de formação, a fim de ousarem pensar sozinhos sobre o que liam, sem
se valer de interpretações alheias, nem sempre de boa qualidade. Exercitar a
própria intuição sempre me pareceu um hábito mais enriquecedor do que entupir a
memória de material em abundância, sem processá-lo de modo crítico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Não creio que o Oswald
de Andrade praticasse o que preconizava, mas entendo o que dizes. De que
maneira busca e cultivo de identidade se mostram, em teu caso, em termos de
poética? É possível que te distancies da Astrid Cabral e comentes a percepção
crítica que tens de sua obra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Para início de conversa
vale dizer que não tenho grande paixão pela obra do Oswald. Considero-o
supervalorizado. Dele eu pinço e adoto um ou outro relâmpago de intuição. Meu
enorme respeito é mesmo pelo Mário, que tanto trabalhou pela identidade
nacional, com seriedade em vez de humor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quanto à questão da identidade
sempre agucei o ouvido para a voz interior. Nunca me deixei levar pelas
expectativas que os outros possam ter de mim. Nem adolescente me importei pela
moda reinante. Sempre fui “inner directed”, pelo menos nas minhas intenções
conscientes. Nos anos 50, a maioria dos meus amigos do Clube da Madrugada
cultivava o soneto e as formas fixas. Eu escrevia à solta. Quando, ginasiana
ainda, eu descobri o modernismo, vibrei. Era o direito ao verso fora da gaiola,
em que eu, timidamente, ensaiava. Aliás, a essa altura, eu me exercitava muito
mais na prosa, e foi nela que me inaugurei nas letras. Em 52, no curso clássico
do colégio Pedro II, organizou-se um debate para comemorar os 30 anos da
Semana. A província ainda era tão impregnada de parnasianismo que ninguém
queria participar na bancada de defesa. Fiquei cabalando até encontrar dois
colegas para atuarem comigo em prol do modernismo. Convivi com poetas da
geração de 45 e apreciava a competência técnica deles, mas não me submetia
àquela disciplina. Comecei a praticar o soneto ao traduzir Petrarca como tarefa
do curso de língua e literatura italianas, já na faculdade. Gostei da
experiência, mas há na minha natureza uma espécie de rebeldia a balizas e
portas fechadas. Sou claustrófoba por natureza e estou sempre com um pé atrás
diante de leis e convenções.(Enquanto minha avó beijava o anel do bispo, eu
apenas lhe estendia a mão.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ao analisar minha obra vejo
nela a manifestação das contradições e conflitos, indagações e descobertas que
me habitam desde que me entendo por gente. Em testes de psicologia empato
extroversão com introversão, daí uma espécie de força centrífuga que me conduz
à descrição e crítica do mundo real circundante, e de uma força centrípeta que
me reconduz ao âmago de mim mesma, à ponderação e reflexão de questões
filosóficas, invisíveis. Adepta da linguagem mais concreta, uso metáforas para
expressar realidades imateriais. (Por exemplo, me refiro à morte como onça sem
pelo, bicho de sete cabeças, coisas assim.) Amazonense, nascida e criada em Manaus,
aberração de cidade sofisticada no meio do mato, sou atraída pela natureza e
pela cultura. O balanço entre esses pólos pode ser rastreado na temática e
também na fatura dos meus poemas. Acolho o popular e o erudito, o coloquial e o
requintado, o regional e o universal, sem preconceitos. A vida é feita de
aspectos contraditórios e quero apreendê-la no seu todo, sem preocupação
elitista, no calor da paixão, sem a frieza das coisas idealizadas. Por isso é
que tanto leio os clássicos como ando de ouvidos abertos para o que as pessoas
dizem nos ambientes informais das feiras, das filas, etc. Tudo me apraz. A
linguagem oral é também um espetáculo imperdível e a vida incessante
aprendizagem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Creio que meu foco poético
está no existencial e não no metalinguístico. A linguagem para mim, só
eventualmente constitui-se em tema. Ela é sobretudo meu instrumento de sondagem
e apropriação direta da realidade, sem intermediários, a não ser os que o
inconsciente convoca. Não utilizo o que Benedito Nunes chama de “esfolhamento
das tradições”. De um modo geral, meu discurso poético decorre mais da
intuição, filtrada, é claro, pelo conhecimento de várias tradições literárias
(leio poesia em várias línguas), que da memória consciente de outros textos e
autores. Já li tanto que se tivesse boa memória até que teria armazenado
razoável erudição, mas minha cabeça funciona em sínteses, não se detém muito
nos detalhes, a não ser os que a emoção sublinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Como se deu tua
experiência de ensino por ocasião da criação de Brasília. Ali te encontraste,
por exemplo, com o poeta Santiago Naud. Que espécie de esperança alimentava
então aqueles dias de surgimento da nova capital e até que ponto esta esperança
foi abortada pelo golpe militar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Entrei para UnB pela
mão de José Carlos Lisboa, irmão de nossa querida Henriqueta, que nem ela, um
ser culto e sensível. Foi meu professor de língua e literatura espanhola na
Faculdade Nacional de Filosofia do Rio, onde cursei neolatinas, idos de 55-58.
Devo a ele minha formação como professora. Era desses que não se limitava a
trazer os peixes. Ensinava efetivamente a pescar. Tinha metodologia e estava
sempre interessado no crescimento pessoal de cada aluno de <i>per si</i>.
Tanto lidava com os grandes painéis, como descia às minúcias do texto. Era um
dissecador dos problemas linguísticos, dos recursos literários e exigia
produção e aperfeiçoamento. Estava sempre avaliando o progresso ou a estagnação
do aluno. Mantendo uma estreita aliança com seus discípulos, conhecendo-os em
suas potencialidades, escolhia os autores e os temas em que cada aluno deveria
trabalhar com extrema perspicácia psicológica. Impossibilitado de se transferir
definitivamente para Brasília (era catedrático no Rio e em Belo Horizonte),
passou o cargo ao Cyro dos Anjos que me recebeu muito bem, pois apreciara a
contista de Alameda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na UnB tínhamos contratos
semestrais e com isso estávamos sempre trabalhando em áreas diferentes, como
auxiliares jovens de professores mais velhos e experientes. Trabalhei em teoria
literária com Oswaldino Marques, em língua portuguesa com Adriano da Gama Kury,
em literatura portuguesa com o professor George Agostinho da Silva. Foi na
equipe deste que me encontrei com o Santiago Naud, até hoje meu grande amigo.
Tenho por ele uma admiração total, pela alta qualidade de seu trabalho e pela
figura humana extremamente digna. É um ser como o Afonso Félix de Sousa era, de
alta espiritualidade. Nos idos de Brasília estávamos todos unidos pela utopia
de um Brasil melhor, de uma universidade de alto nível. Mas nós, idealistas,
volta e meia nos defrontávamos com fatos reais decepcionantes. Darcy Ribeiro,
por exemplo, a despeito de toda bagagem etnográfica e sociológica, era de uma
prepotência terrível. Queria sempre ditar as leis, não sabia dialogar. Uma de
suas propostas era de que o mestrado em letras devia incluir obrigatoriamente
línguas indígenas, podendo até dispensar o latim e o grego. Um dia um colega
lhe disse de cara que ele não parecia um reitor de universidade, mas um feitor
de fazenda. Havia também muita rivalidade entre equipes oriundas de regiões
diferentes, o grupo paulista, o grupo baiano, o mineiro. Farpas e mais farpas.
Porém a degringolada veio com o golpe militar, pois a degola começou pelas
figuras de proa. Eu trabalhava num curso de morfologia dos gêneros literários
com o professor Oswaldino Marques, quando ele foi cassado. Pedi exoneração em
solidariedade e também porque o ambiente estava lúgubre. Apareciam figuras
suspeitas a paisana espionando as aulas e até policiais certa vez invadiram
minha sala dando busca em papéis e livros. (Vários amigos me aconselharam a
queimar os livros de esquerda que eu tinha em casa. O Afonso estava viajando e
eu podia ser surpreendida por uma visita de inspeção. Felizmente eu não cometi
o crime de jogar fora os livros.) As vagas dos cassados foram preenchidas por
pessoas favoráveis à ditadura e incapazes na profissão, espertalhões que
avidamente abocanharam os empregos sem o menor escrúpulo. Por outro lado os
professores que permaneceram durante a instalação da ditadura passaram por
grandes apuros. Quando retornei à UnB, depois da anistia em 88, observei que
com o passar dos anos tinha havido uma certa recuperação e o nível no
departamento de letras estava bom.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Bom exatamente em que
sentido, Astrid? Quais relações poderiam ser traçadas, em termos de qualidade
de ensino, entre o que se tinha no período do regime militar e o que se tem
hoje em âmbito democrático?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Observei, Floriano,
contrariando minhas expectativas pessimistas, que o nível dos alunos era de
melhor qualidade. Brasília dispõe hoje de bons colégios de nível médio. Nos
idos de 60, os candidatos afluíam de vários pontos do país, eram moradores
recentes, com bagagem educacional de origem muito variada. Já nas últimas
décadas, a seleção mais apertada no vestibular, devido à forte competição,
redundou em turmas mais aptas e homogêneas. Os três ou quatro alunos que não
consegui aprovar por total falta de base, eram beneficiados por lei de
transferência dos servidores públicos, com dispensa de vestibular para o ingresso
na UnB.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nesses mais de 20 anos de
ausência, a competição entre maior número de professores determinou processos
de avaliação, em princípio mais difíceis, maior cobrança de produção acadêmica.
O atual quadro docente é basicamente constituído de doutores com
especialização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cabe lembrar que não
testemunhei o terrível período da ditadura no poder, a não ser no primeiro ano
de sua instalação. Isso me impede de traçar uma análise profunda das
transformações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De certo modo, acho que dei
uma pequena contribuição à democracia quando, ao reassumir o magistério,
incentivei vivamente os alunos a fazerem uma avaliação do meu curso. O fato é
que eu, na condição de oficial de chancelaria do Ministério das Relações
Exteriores, durante vinte anos fui julgada pelos chefes diplomatas, o que
sempre me pareceu um abuso de poder, dada a inexistência de julgamento em
sentido inverso. Pude portanto ver com alegria o diretório estudantil começar a
avaliar semestralmente os cursos, dando nota aos professores, contribuindo portanto
diretamente no aperfeiçoamento do processo de aprendizagem. Se a gente abre bem
os olhos, vê que no Brasil ainda se tem uma democracia muito de fachada. A todo
momento deparamos situações de flagrante autoritarismo, as pessoas crentes que
os cargos lhes concedem poderes absolutos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Falemos sobre poetas
brasileiros com os quais acaso tenhas dialogado no desenho de uma poética que
te define. Mencionaste em algum momento o “fôlego épico-lírico” de Jorge de
Lima. Que importância tem este poeta para ti?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Pergunto onde falei do
“fôlego épico-lírico” de Jorge de Lima, pois não estou me lembrando. Tenho uma
verdadeira paixão pela poesia dele, em particular pelo <i>Invenção de
Orfeu</i>, que tanto me seduz quanto me escapa. Acho de uma complexidade
fascinante. Esse poema tem uma dimensão de mistério que me atrai. É um
labirinto que convoca ao desafio. Meu poeta preferido é Drummond, mais ao
alcance do meu entendimento, mais em sintonia com a minha cosmovisão prosaica.
Jorge de Lima me ultrapassa em seus oníricos périplos, seus altíssimos vôos. Eu
não me alço muito alto, tenho asas de galinha, mas tenho o desejo de
ultrapassar meus limites. Aliás, a minha proposta para dissertação de mestrado
(1963/1964) era sobre os processos de criação vocabular em <i>Invenção de
Orfeu</i>, que terminei por abandonar a meio caminho. O primeiro obstáculo foi
a morte do meu orientador, o Hélcio Martins que faleceu de uma anemia
perniciosa. Depois veio a ditadura e a essa altura, aos 29 anos, eu já estava
com uma escadinha de 4 filhos e outros problemas de pesada sabotagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quanto a outros poetas
brasileiros, estou à espera de que alguém me diga onde me encaixo, quais são
meus antepassados. Já me aproximaram de Ungaretti, Francis Ponge, Elizabeth
Bishop. O Otávio Mora já me falou até de um poeta escocês, de quem esqueci o
nome, mas que segundo ele tem tudo a ver comigo. E eu que sou escancaradamente
brasileira, não sei mesmo onde me entronco, com quem me aparento. Será que você
me ajudaria? Uma coisa é certa, nunca me preocupei em imitar ninguém. Não sou
furta-cor e qualquer semelhança é mera coincidência, ou fruto de uma elaboração
gratuita do inconsciente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Não pretendia falar em
semelhanças ou coincidências, mas antes em afinidades, ou seja, quem te chama a
atenção em termos de poesia brasileira, e que importância atribuis a tais
afinidades em tua poética. Mencionaste aqui uma grande poeta brasileira
raramente lembrada, a Henriqueta Lisboa. O que disseste sobre o Jorge de Lima
foi em resenha escrita sobre livro do Reynaldo Valinho Alvarez. Não me
interessa com quem te aparentas. Eu tampouco me aparento com ninguém, por
exemplo, mas sei observar algum diálogo valioso que minha poesia traçou, em
algum momento, com poetas como Roberto Piva, Ferreira Gullar e o próprio Jorge
de Lima. É disto que quero que fales.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Muitos poetas
brasileiros me tocam fundo, além de Drummond e Jorge de Lima. Gosto imensamente
de Gregório de Matos e Augusto dos Anjos. São poetas de incontida força,
vulcões em erupção. Dos árcades prefiro Claudio Manuel da Costa e dos românticos,
me amarrei primeiro em Castro Alves e mais amadurecida, vim a preferir
Gonçalves Dias, mais épico e menos altissonante. Entre os modernistas, além dos
já mencionados, gosto do Bopp com quem comungo do telurismo amazônico, e
sobretudo de Joaquim Cardoso e Mario Quintana. Estes dois sempre me arrebatam e
iluminam. Cecília Meireles me embala com sua finíssima musicalidade e
imagética. Gilka Machado me atrai por sua sensualidade e coragem, precursoras
do aflorar da voz feminina, secularmente reprimida. A importância dela ainda
não foi devidamente aferida nas gerações que lhe sucederam. Creio, em certo
aspecto temático, estar mais próxima dela do que de Cecília. Dos contemporâneos
mantenho intercâmbio com grupos em vários pontos do Brasil, mas acho difícil
apontar afinidades. Nutro admiração por alguns autores de expressão singular,
que não nomeio para evitar os infalíveis esquecimentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Segundo teu
entendimento, se tem praticado a crítica no Brasil dando-se importância menor à
obra literária, ou seja, nossos críticos “servem-se dela mais como pretexto do
que como núcleo de análise”. Poderíamos conversar mais claramente, em torno de
nomes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Floriano, lógico que há
muita gente séria, tipo Wilson Martins, Antônio Cândido, Alfredo Bosi, Fábio
Lucas, etc. Peço que você guarde segredo sobre os nomes dos outros. De muitos
eu nem gravo os nomes, desisto no meio do caminho, só vejo lá no pé do texto
que o autor é doutor em letras. Quando um aluno meu me apresentava texto mal
elaborado, eu assinalava todas as falhas para que ele corrigisse raciocinando.
Alguns apresentavam várias versões como exercício até a definitiva. Tenho ganas
de mandar certos críticos de volta a uma classe de redação. O ensaísta ou o
crítico, a meu ver, não pode ser ambíguo, nem lacônico. Sua função é
desembrulhar e não embrulhar. Ele tem que ter uma postura preferencialmente
didática. Fico espera de que alguém traduza, em linguagem legível, os
críticos de pensamento confuso. <span lang="FR">Penso com Boileau, “ce que
l’on conçoit bien, s’ennonce clairement”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Mas não te parece que
os próprios escritores, sobretudo pensando naqueles que exercitam a crítica,
são muito coniventes com essa linguagem cifrada de teus dois belos exemplos?
Observo ainda que é muito pouco substantiva a pretensão crítica em nossos poetas.
Isto acaso deriva de alguma falha de cultura? Seria reflexo inclusive de tanta
imaturidade poética, como a que sabe existir desenfreadamente e até conviver
muito bem com esses libelos da crítica acadêmica? Isto acaso nos levaria a um
círculo vicioso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AC</b> Sim, há muitos cultores
de linguagem cifrada, tanto entre criadores como entre críticos. Será um estilo
de expressão típico da atualidade? Mais um modismo vigente? Um barroquismo
pós-moderno? Por que estarei eu a exigir tanta claridade? A luz equatorial que
me banhou na infância me viciou até hoje? Ou lê-se tanto hoje em dia que a
assimilação se processa de modo atropelado e imperfeito? As pessoas, em geral,
não mais se debruçam sobre coisas, fatos e palavras com o devido vagar. São
engolidas pela voragem da leitura, enfeitiçados pela erudição. Não lhes sobra
tempo para refletir. Empanturradas de informações, se perdem ao dissecar e
analisar. Não se dão as pausas necessárias para chegar ao amálgama da síntese.
Que existe falha de cultura e imaturidade poética, falta de pretensão crítica
da parte de muitos criadores é um fato. Nesse caso, estarão expostos ao crivo
dos leitores e entendidos. Mas a crítica hermética acaso poderá resolver isso?
Para ser de alguma utilidade, ela precisa mostrar com precisão as deficiências
ou apontar as qualidades de modo convincente. Afinal, espera-se da crítica como
gênero secundário, uma atitude auxiliar, avaliadora. Cito aqui o Fausto Cunha,
um dos críticos mais lúcidos que o país já produziu: “A crítica não supre o
conhecimento da obra, como o conhecimento da obra quase sempre dispensa o
conhecimento da crítica” . A impressão que tenho é de que a crítica está
disputando o primeiro plano, competindo com a obra de criação, usando-a apenas
como ponto de partida para uma criação paralela de outra natureza, analítica,
parafrásica, sei lá, desdenhando portanto de sua função original. Bem,
Floriano, estás a ver que não sou nenhuma teórica, uso apenas o bom senso que
às vezes não passa de uma incapacidade para atingir alvos mais distantes ou
mais profundos.<span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[2004]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[Astrid
Cabral (Amazonas, 1936)]</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-45910152518994070162014-08-21T12:44:00.001-07:002014-08-30T04:39:28.791-07:00JOSÉ KOZER | Dois encontros incessantes<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5lEkt70WZ7rOZw44fl6owPVlMtwno7u1ZfWacRsD9Zx6XDXy24sSZFgFVqG7mP1fVLaBKvSrlL_o6CEjk95VpJPdCEnUuDFyGwO5SnQXaxAXcpySsDXIUdGWgusbiLkV7BNGU42B3Yd83/s1600/Jos%C3%A9+Kozer.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5lEkt70WZ7rOZw44fl6owPVlMtwno7u1ZfWacRsD9Zx6XDXy24sSZFgFVqG7mP1fVLaBKvSrlL_o6CEjk95VpJPdCEnUuDFyGwO5SnQXaxAXcpySsDXIUdGWgusbiLkV7BNGU42B3Yd83/s1600/Jos%C3%A9+Kozer.jpg" height="135" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #4a442a;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">PRIMEIRO
ENCONTRO<o:p></o:p></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Você chegou a New York em
1960, ano marcado pelo início do Estado socialista em Cuba, seu país de origem.
Nos anos seguintes teríamos, entre outros acontecimentos, a instalação dos
mísseis soviéticos em território cubano e o fracasso daquela invasão
anticastrista na baía dos Porcos. Entretanto, para você que desembarcava no</i>
inferninho<i> contracultural nova-iorquino
aos vinte anos de idade, que significado teriam as notícias vindas da ilha? E
que impacto inicial teria lhe provocado a entrada <st1:personname productid="em New York" w:st="on">em New York</st1:personname>, ou seja, em que
circunstâncias você saía de Cuba e entrava nos Estados Unidos?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - É interessante que se comece com uma pergunta <i>política</i>. Parece que na América Latina o escritor está condenado a
“meter-se em política”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Saí de Cuba em 1960, com vinte anos de idade, mais por razões poéticas
do que por razões políticas. Não é fácil aclará-las mas, a princípio, a vocação
poética pode exigir o movimento para fora, a viagem, a transumância. E sentia
que se ficasse em Cuba minha dedicação teria que ser outra, e que a viagem, o
traslado, não seria possível. Sou claustrofóbico, tenho essa tendência: e ficar
implicava a claustrofobia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tinha vinte anos, estava inquieto. <st1:personname productid="La Habana" w:st="on"><span lang="ES-TRAD">La Habana</span></st1:personname><span lang="ES-TRAD">, todo o país, se politizava. </span>Isto não me agrada.
Cortázar fala, em certa ocasião, de poder ouvir Bela Bartók sem ter que ouvir
os alto-falantes da praça com a voz de Perón. Interessa-me essa idéia, essa
outra idéia de cidadania, essa outra pátria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sucede então que a revolução estipula: “Aqui se deve estar contra ou a
favor da revolução”. Isto, e minha inquietude, decidiram minha saída. Não
tenho, é o que me digo, porque estar contra ou a favor. Entendo, claro está,
que há momentos em que a radicalização é imprescindível. Porém a radicalização,
o extremo, deve ser apenas um momento e não um ideal ou, muito menos, o Ideal.
Opino que ser radical é ser irreal, e que é um modo fácil de obviar a vida
trocando-a pelo heróico, essa outra banalidade burguesa, essa porcaria de grandezas
e mortos e batalhas campais e utopias. O real, o complexo, o viril é a <i>normalidade</i>. Uma revolução permanente me
exige algo que não posso dar nem muito menos fazer. Eu aceito a radicalização,
a revolução <i>impermanente</i>, momentânea,
e estou “disposto a tudo” durante um tempo, contraditoriamente breve, mas
realmente radical. Depois, à normalidade: aos arados e ao “deixem-me quieto”
para escrever ou quebrar a cara. Para mim o permanente é o <i>impermanente</i>, a sucessão contínua, a vida para adiante, que se
acaba, e não a vida unívoca e inequivocamente política e revolucionária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E assim, pois, me fui. Ao sair de minha pátria (nós não dizemos país,
como se diz em muitos países da América Latina), optei pela vida que levava
dentro de mim: a da escritura, a da desaforada boêmia, a dos erros da
aprendizagem; as notícias dali passaram a ser notícias de jornal, certo que
íntimas e dolorosas porém em última instância, por serem políticas, de menor
interesse para mim. Não sou um homem político; e, dentro do homem político que
irremediavelmente sou, minha única política se firma em desejar,
fervorosamente, que desapareça a política, que se viva sem essa anormalidade
demasiado freqüente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cheguei a New York, trabalhei <st1:personname productid="em Wall Street" w:st="on">em Wall Street</st1:personname>, casei, falei inglês, deixei de viver
em espanhol, fui estudante, me graduei, me tornei professor, me divorciei, tive
filhas, tornei a casar, fui feliz e comi perdizes. Nada mais. E 2.300 poemas
escritos desde 1970.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Você publicou seu primeiro
livro aos 32 anos de idade. Como se deu sua entrada na poesia? Como se dá o
diálogo entre José Kozer e seus textos? Há uma espécie de planejamento estético
que orientaria a feitura de seus poemas?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Publiquei tardiamente, por razões puramente circunstanciais. Estava
fora de minha pátria, não tinha contatos, não vivia próximo de nenhum mundo
editorial. Além do mais, eu que havia começado a escrever muito cedo, com
catorze anos de idade, de repente deixei de escrever durante dez anos. Tinha
muito o que dizer, não tinha o instrumental de trabalho para dizê-lo. Perdi o
idioma, e um poeta sem idioma, o que faz? Bem, seria interessante investigar
essa pergunta, ver que tendência para o silêncio pode servir à poesia do <i>futuro</i>. Somente em 1970 recomecei a
bombardear com a poesia; só que agora, quase <i>milagrosamente</i>, cada vez que me punha a escrever, escrevia. E essa
operação da escritura, que então se reatou, não mais cessou: seu vestígio,
repito, são os 2.300 poemas escritos entre 1970 e 1987.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Assim sendo, em nenhuma ocasião planejei ou perpetrei uma estética, nem
muito menos um poema. Saem, sucedem, ocorrem: são ocorrências e desdobramentos
do inconsciente. Deve haver uma lógica do inconsciente, porém eu não sou o dono
dessa lógica, não a manejo, ao contrário, por ela sou manejado. Maneja-me e me
faz escrever <i>automaticamente</i>, por
assim dizer. Prefiro dizer que me faz escrever incessantemente: disto, sim, me
sinto responsável. Peco por grafomania e estou disposto a pagar o alto preço da
proliferação, da minuciosidade, do excesso. Sou excessivo: se um anjo descesse
do céu a dizer-me que perco meu tempo fazendo poesia lhe daria as graças pela
informação e me sentaria a escrever poesia. E de maneira excessiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porém careço de uma orientação estética. Escrevo. E essa escritura é
sempre a mesma e sempre (aparentemente) mutante. Troquel trocante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E como os poemas que saem estão e não estão relacionados entre si, opino
que mais que livros tenho (e faço) poemas; e que esses poemas, todos e
sucessivamente, são meu livro; um único livro, primeiro e último, que venho
fazendo. E fazendo desde esta perversão que em Whitman se manifestou como
necessidade de escritura que incluía longas listas de palavras que ia deixando
em seus cadernos, listas que fazia, suponho, simplesmente para sentir-se a
escrever. Não há nada que me dê maior prazer do que sentir que escrevo, que a
pluma e a tinta correm sobre a planície nevada, deixando suas trilhas de bico e
garra de pássaro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Reinaldo Arenas já declarou,
certa vez, que “o maior mérito da denúncia em uma obra literária é o de que a
obra seja literária”. Crê que a poesia (por extensão, a própria arte) deva
expressar algum ponto de vista?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Concordo, nisto, com a opinião de Reinaldo Arenas. E mesmo que a
poesia diga e aluda a coisas concretas e tenha, por conseguinte e
necessariamente, um ponto de vista, o essencial da poesia não é o ponto de
vista, mas sim o ponto de cegueira e de não-vista por onde se mete: digamos, a
zona branca, do olho cego, por onde faz sua travessia. Creio nos poemas e não
nas opiniões implícitas nos poemas; confio mais no ininteligível do que no
expresso. Apoio as palavras do velho Mallarmé<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Mallarmé, Stéphane"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> quando diz que “a poesia é feita
com palavras, não com idéias ou pensamentos”. Em última instância, a poesia não
diz nada nem é verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Há uma fatalidade implícita
no ato de criação de um mundo paralelo (imaginário), inevitavelmente
conflitante com o chamado mundo real? A arte, neste sentido, seria então </i>negação<i> da vida?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Separar Arte e Vida, sobretudo assim, com maiúsculas, é um vício do
século XIX, parte da invenção romântica. Não existe tal separação: um poeta é
um cidadão, por mais que possa detestar a função da cidadania. Enquanto
cidadão, ganha a vida, vive como pode, come e defeca; e dentro dessa <i>realidade</i>, e com a maior naturalidade, quase
sem dar-se conta, faz seus poemas, cumpre com a origem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O mundo real é o mundo poético. Não se pode separar o mundo real do
mundo poético, pois não podem haver nem dois presentes nem duas circunstâncias
a um só tempo. Quando faço um poema não sou menos cidadão ou quando dou uma
aula não sou menos poeta. Se é que sou cidadão ou poeta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A vida em um poema é como a vida em uma vida: em ambos casos há
epifania, inércia, sujeira. Inseparáveis. Saio pela manhã, a caminho de meu
trabalho universitário, ando umas catorze quadras para pegar o ônibus que me
leva à universidade. Por esse caminho vejo coisas: árvores, corvos, melros,
algum transeunte da madrugada, casas estilo Tudor. E minha imaginação voa;
minha imaginação imagina. E pode surgir um verso, inclusive um poema completo
durante esse trajeto de catorze quadras, durante essa caminhada rumo ao
trabalho. Ou seja, por esse caminho, simbolicamente, os dois trabalhos se
reúnem, inseparavelmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>É possível afirmar que a
literatura cubana esteja</i> condenada<i> ao
barroco? Em que sentido?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Nenhuma literatura está condenada a nada. E muito menos a essa
questão de gêneros, escolas literárias, modos: isto é coisa do tempo, do
momento histórico; isto é máscara. A literatura cubana nem é nem foi
exclusivamente barroca, não está nem esteve condenada com exclusividade ao
barroco. Isto seria uma condenação: ou seja, por definição, algo que produz a
necessidade de romper cadeias, de romper com a condenação. Sucede que Lezama<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Lima, José Lezama"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> impôs ao estrangeiro sua voz,
como se Lezama fosse a voz cubana. Lezama, uma grande voz, não é senão outra
voz, outra voz do universal e do universal cubano. Outro poeta, com sua
maneira, sua respiração, sua asma, sua grossura, sua formosura católica,
ecumênica, familiar. Em Lezama, e não sei quando acabarão por reconhecê-lo, há
também um poeta não-barroco, um poeta linear e, por suposto, sumamente legível.
O trabalhoso é lê-lo desde sua legibilidade e não desde sua aparente
dificuldade. Cuba, como qualquer outro país, tem vivido suas etapas literárias,
processo incessante que, como é lógico, continua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>E no rol dos autores que
acaso teriam lhe influenciado, podemos pensar em Lezama Lima</i><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span>
XE "</span></i><span style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";
mso-bidi-font-family:Arial;mso-no-proof:yes'>Lima, José Lezama"</span><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'> </span></i><![endif]--><!--[if supportFields]><i
style='mso-bidi-font-style:normal'><span style='font-size:10.0pt;font-family:
"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span></i><![endif]--><i>, Virgilio Piñera, Eugenio
Florit, Mariano Brull? O que pensa a respeito destes escritores?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - O tema das influências corresponde à crítica. Dentro do que sei,
minha primeira vocação foi Martí, e a este, muito mais à frente, seguiram os
simbolistas franceses. Em seguida, veio Lorca<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Lorca, Federico García"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> e, já <st1:personname productid="em New York" w:st="on">em New York</st1:personname> e ali pelo final
da década de 60, Vallejo<!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span style='mso-no-proof:
yes'>Vallejo, César"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, Neruda, Parra<!--[if supportFields]><span style='font-size:
10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span style='mso-no-proof:
yes'>Parra, Nicanor"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->. Pois bem, toda escritura é ocultamento (entre outras coisas) e todo
escritor oculta os impactos que recebe, que ama, que o agridem. Sinto que a mim
me influiu mais um quadro que um poema; e que me influi mais uma ambientação
interior, um <i>vermeer</i> espiritual, ou
uma palavra repentina e que repentinamente me sobressalta do que, digamos,
outro escritor, outro poeta concreto. Com respeito a Lezama Lima<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Lima, José Lezama"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, apenas o li, resistindo-lhe amorosamente. Se há coincidências, digamos
que de tom, são coincidências, e possivelmente coincidências espanholas e,
claro está, cubanas. Talvez exista um tom poético cubano que Lezama captou, não
o sei; se existe, é parte, pois, de minha existência, Iniludivelmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Penso que em certos momentos a crítica, às vezes tão empobrecedora e
míope, sempre necessitada de <i>aclarar</i>,
de ditar cátedra, de afirmar-se (por insegura?), cai na vaidade das
influências, atribuindo a muitos poetas a energia de um chamado Mestre: e o faz
por facilitação e conveniência. E, no caso cubano, Lezama<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Lima, José Lezama"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> torna-se o gigantesco armazém
aonde vão parar os poetas que escrevem de uma maneira, sendo, essa maneira, <i>difícil</i>. Ou seja, se o poeta é difícil é
lezamiano. E não há tal coisa: o lezamiano é difícil e não vice-versa, de modo
que um poeta difícil é somente um poeta difícil e não, necessariamente, um
poeta lezamiano. Porém à crítica lhe é mais fácil dirigir sua energia à
explicação e não à surpreendente implicação da misteriosa graça da poesia cuja
única influência, se o poeta é autêntico, próximo, é precisamente a misteriosa
graça da poesia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quero acrescentar que a mim me influi todo o mundo. Me influem todos os
demais escritores e todos e cada um dos livros que leio, e as coisas que vejo e
observo e sonho. Sou filho de Vallejo<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Vallejo, César"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, de Lorca<!--[if supportFields]><span style='font-size:10.0pt;
font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:Arial'><span
style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span style='mso-no-proof:
yes'>Lorca, Federico García"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]-->, de Büchner, de Trakl, de Stevens, de Munch, de Turner, de Bonnard; sou
descendente da Bíblia, da mesma forma que da voz de meu avô na sinagoga. Tudo
me afeta, tudo me lacera, tudo me dá vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>A poesia vence a morte?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Nada vence a morte. Nada a vence em um sentido presente e concreto.
Se a sua pergunta implica se depois de minha morte minha obra é válida, se esta
me perpetua, pois bem: que me perpetue. Porém eu estarei mortinho e acalorado.
Disforme e lápide e a mim quem quiser que me leia. Preferia não ter que morrer.
Não quero ser o rei dos mortos mas sim o pastor mais pobre da terra, como disse
Aquiles a Odisseu. A função da poesia não é vencer a morte nem a função dos
poemas é perpetuar seu autor. A poesia é um ato apenas levemente funcional,
apenas levemente catártico: carece de ulterioridade, é presente, presença,
repetição efêmera no efêmero, fato e esquecimento, graça e desaparecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Exatamente como a morte. Todo poema, a um certo nível, está tocado pela
graça da morte: caso contrário não seria verdadeiro, posto que o verdadeiro não
pode esguelhar a morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Comer e escrever poemas. Tem
conseguido fazer as duas coisas sem que uma destrua a outra?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Perfeitamente. Eu sou um homem prático. Tenho uma família, levo uma
vida normal, me administro. Minhas filhas comem, em casa levamos uma vida
frugalmente burguesa, limpa, muito alegre e tranqüila. Sem luxos e sem
espaventos, dentro das medidas que um salário de professor e alguns horários
profissionais impõem. Minha situação prática é boa; às vezes desejo mais,
desejo largar-me daqui, ter dinheiro para viver ruralmente e não ter que
ensinar, malgastar forças do <i>ditoso</i>
(em cubano esta palavra, neste contexto, significa <i>horrível</i>) ensino. Porém não posso me queixar, seria abominável
queixar-me: tenho tido sorte; uma sorte <i>profissional</i>,
uma grande sorte matrimonial e minha casa está <st1:personname productid="em ordem. Por" w:st="on">em ordem. Por</st1:personname> isto, para
mim New York não é o inferno que pode ser para outros, mais visionários que eu,
menos práticos e normais que eu; para outros mais Artaud que eu. Para mim, New
York é uma casa <st1:personname productid="em Forest Hills" w:st="on">em Forest
Hills</st1:personname> onde durmo, como, embriago-me, converso, calo, vivo
furtiva e silenciosamente: para escrever escrever escrever.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não me considero um homem astuto mas, sim, tenho alguma astúcia: a de
ordenar-me para escrever. Sacar tempo ao tempo, digamos, para as coisas da escritura,
para reaparecer em um cenário de silêncio e habitação, de repente escrevendo um
poema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Tentamos inutilmente
dissimular a agonia do real com uma excessiva dose de obsessão pelo objetivo. A
poesia, que é por natureza uma fonte de subjetividades, como se move em meio a
esse ricochete frenético de simulações e banalidades que é a era em que
vivemos?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Toda época tem sua dose forte e imensa de mediocridade, de filisteísmo,
de imundície: toda época é preponderantemente mediocridade e banalidade. A
poesia acolhe e recolhe também essa banalidade, essa imundície de seu momento
histórico: o faz, resistindo. E, a partir desta perspectiva de resistência,
exclama, reclama: se impõe. Impõe-se, expondo (refiro-me à frase atribuída a
Paul Celan, que dizem que disse: “A poesia não impõe, expõe”). E enche o mundo
de suas “subjetividades inventoras, simuladoras, fingidoras” (recordemos o
famoso verso de Pessoa).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Você já tem dez livros
publicados. Como poderíamos situar sua obra no âmbito da poesia cubana?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Se minha poesia entra no âmbito da poesia cubana e, supostamente,
no âmbito da poesia, que é o que todo poeta preferiria, rompendo barreiras
nacionais e efêmeras, é coisa que não sei, nem saberei: nem é coisa que me
corresponda saber ou dizer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Sendo assim, creio que a respeito da trajetória cubana há algo em meu
trabalho que não se encaixa de todo com o cubano. Esse algo, suponho, tem a ver
com meus numerosos exílios: o da personalidade, o de ser um cubano (primeira e
última geração) de pais judeus, o de ser um judeu de origem ashkenazi na cidade
de <st1:personname productid="La Habana" w:st="on">La Habana</st1:personname>,
o de ser filho de um polaco ateu e comunista e filho de uma checa burguesa e de
pais judeus ortodoxos: esses exílios que implicam, desde o início, uma voz
dupla, uma voz no árido terreno da sarça ardente e no tropical terreno da
umidade, do cipó e do desaforado crescimento; voz onde se reúnem a
perpetuidade, suponho, a ancestral voz de meus antepassados e a atual e
ancestral voz de minha pátria de nascimento que, em um sentido misterioso, é, ao
mesmo tempo, pátria de nascimento e de <i>adoção</i>.
E, em seguida, o desenraizamento, a saída, o não voltar nunca a ver Cuba, o
levar mais anos <st1:personname productid="em New York" w:st="on">em New York</st1:personname>
do que os que vivi em minha pátria. Tudo isto se junta para fazer de meu trabalho
algo aparentemente menos cubano do que o dos outros cubanos, algo menos
referencialmente cubano e que talvez tenha muito a ver com o cubano atual, com
o cubano <i>novo </i>que é uma espécie de
cubano judeu, de mulato judeu, de híbrido múltiplo e desenraizado, que
perambula e deriva por toda a terra, conhecendo finalmente a diáspora, mãe
nutritiva e verdadeira de toda criação. Agora o cubano é Joyce<!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-begin'></span> XE "<span
style='mso-no-proof:yes'>Joyce, James"</span> </span><![endif]--><!--[if supportFields]><span
style='font-size:10.0pt;font-family:"Georgia","serif";mso-bidi-font-family:
Arial'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--> ou é Proust em seu quarto macio
entre painéis de cortiça. Agora o cubano deixou de ter uma voz e uma
experiência unívocas e tem vozes, máscaras, experiências. Neste sentido,
estamos por ver qual será o resultado literário desta nova experiência, da
experiência de viver entre eslavos, orientais, entre norte-americanos e entre outros
latino-americanos. Em Cuba eu nunca vi um porto-riquenho ou um dominicano;
nunca vi um mexicano ou um equatoriano; nunca vi um uruguaio ou um argentino. <st1:personname productid="em New York" w:st="on">Em New York</st1:personname>, tenho visto até
paraguaios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Desde </i>Padres y otras
profesiones<i> (1972) até</i> El carrilón de
los muertos<i> (1987), sua obra mais recente,
quais modificações e sedimentações ocorreram em sua poesia?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - A reta tornou-se estilhaços. A linha se bifurcou e, bifurcando-se,
entrou em outras bifurcações e itinerários. Se encheu de parênteses, de
rupturas, de vazios; a linha pôs-se a ziguezaguear, a arquejar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Esta, simbolicamente, é a modificação que sofreu meu trabalho. Do modo
mais natural e feliz; ou seja, quase sem dar-me conta e, naturalmente, sem que
o tenha proposto. Um amigo me perguntava há pouco se era necessário escrever de
modo tão arrevesado. Lhe respondi: nada disto é forçado, tudo isto é natural. A
escritura é mimética: em meu caso o arrevesamento ou a densidade respondem a
uma matéria densa e arrevesada que não se dobra, que é avara e que o poeta, eco
de ecos, quer entregar tal e qual, indomável, densa, arrevesada. Isto é tudo:
não há uma aposta pelo difícil, mas sim um afazer naturalmente difícil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Fale-nos deste novo livro que
sairá <st1:personname productid="em Barcelona. Em" w:st="on">em Barcelona. Em</st1:personname>
que sentido você me diz que ele é uma espécie de continuação de</i> La rueca de
los<i> </i>semblantes<i> (1980) e</i> La garza sin sombras<i>
(1985)?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Daí que o livro que fará este ano as Ediciones del Mall, de Barcelona,
um desses poucos editores que ainda restam, dispostos a seguir publicando, e em
esmeradíssimas e cuidadas, realmente belas edições, uma dose de livros de
poesia… seja um livro onde desemboca a dificuldade a que me refiro em minha
resposta anterior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>La rueca de los semblantes </i>é ainda preciosista no sentido de que ali, creio, o estético vence o
espiritual. Em <i>La garza sin sombras</i> o
espiritual e o estético se unificam. O novo livro tem um título que implica, na
realidade, a presença de dois livros. Chama-se <i>Díptico </i>e, como em todo díptico, há dois painéis: um, que é um
livro, se chama <i>Carece de causa</i>; o
outro painel (livro) intitula-se <i>De donde
oscilan los</i> <i>seres en sus proporciones</i>.
Este livro satura, extrema os anteriores; e satura e leva a seu extremo toda a
trajetória de dez livros que conformam minhas publicações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A partir deste livro há um amplo material inédito onde se desenvolve uma
poesia que creio reage ante esse processo de saturação que recolhe o livro que
Ediciones del Mall publicará este ano. E reage procurando uma maior
espiritualidade, no sentido de ascese, de despojamento, de lavagem e, caso
queira, de purgação e laxativa. De fato, nos últimos meses os poemas se tornam
mais breves, menos enredados, menos retorcidos; menos jângal e menos cipó.
Tendem, desejam uma velha e nova linearidade: aspiram a uma simplicidade que,
supostamente, não constitui nem um simplismo nem uma simplificação mecanicista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Além disto, nada mais sei. Temos que ver qual poema escreverei hoje ou
amanhã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Gostaria de retornar à ilha,
ou pensa, como Cabrera Infante, que para vocês, exilados, isto jamais será possível?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Claro que gostaria de regressar a Cuba, e creio que, depois da
morte, regressarei. Se isto é possível ou não depende das circunstâncias.
Quisera ver algo parecido ao que sucedeu na Espanha por ocasião da morte de
Franco. Não algo idêntico, mas sim parecido, e em princípio esta é a única
possibilidade cordial que reconheço para minha pátria. E poderia acontecer. Há
muita gente de boa vontade ali e aqui. Às vezes os escritores não são essa
gente de boa vontade, mas tampouco devem ser os escritores os que façam a ponte
do regresso. A história é longa, regressará. Não necessariamente a uma
monarquia ou a um estado socialista ou a um estado capitalista: poderia acontecer
que regressemos, pela primeira vez na história de minha pátria, a um país que
se chama Cuba.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1988]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #4a442a;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">SEGUNDO
ENCONTRO<o:p></o:p></span></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>A suntuosidade de imagens, a
voracidade do verbo, os resíduos de uma saga familiar - em que consiste o
estilo Kozer? Imitação, aparência, perversão - que espécie de relação sua
escrita mantém com o mundo à sua volta?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Um estilo Kozer? Melhor diria um ocultamento Kozer. Uma capacidade
de escrever roubando, <i>collageando</i> e
recompondo o alheio, preenchendo vazios. Uma maneira voraz de fazer, não
enquanto desejo nem vontade, mas sim como necessidade: estar na escritura é
para mim estar no irremediável. Escrever é não suicidar-se. Escrever é
nutrir-se para defecar. O mundo que me rodeia está por momentos gritando para
tornar-se escritura; tomo - reativamente - uma de suas esquírolas e torno-a
poema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Considera a poesia um
exercício de ordenamento das palavras, a construção de momentos que nada
poderiam significar sem o manejo das palavras?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - A poesia é um desordenar de palavras que pretende fazer-se ordenado.
A pretensão de ordem, o poema, é o presente que nos damos para sobreviver e, de
alguma maneira, assistir na sobrevivência de uma Ordem. Esta sucessão, que é um
sucesso, sucede e desaparece. Quem escreve o faz a partir de uma ordem, a ordem
de um poema, e esquece: desaparece.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>A utopia é o tema central de
nossa existência? Há uma utopia da escrita? De onde partem os poemas?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Utopia? Esse é o não lugar; o poema ou o momento perecedouro que
nos toca viver é espaço, lugar. Por conseqüência, não é utópico. Deseja-se a
utopia? Inútil desejar. Inútil desejar o lugar utópico político ou poético ou
transcendente. Não há. Só há efêmera efeméride e desaparição: fato, fatalidade,
instante. Golpe e ausência, leve eco (relativo). Os poemas surgem, em certa
medida, da ontológica necessidade de emparelhar-se com o vazio e tentar,
paradoxalmente, desde esse emparelhamento, sacar matéria sólida, carne e letra.
Os poemas se fazem preenchendo interstício.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Algumas vozes críticas
referem-se à notável fusão de esplendor verbal e coloquialismo em sua poesia.
Há também referências a uma ausência de relato, assim como à utilização da
mesma técnica do </i>collage<i>. Que
aspectos melhor definem sua poética?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Eu observo, claro que <i>a
posteriori</i>, que meus poemas necessitam de linguagens várias e outras; pode
haver uma linha mesclada e mestiça que sobrepõe coloquialismo e esplendor
verbal (isso é muito cubano), porém suspeito que ausculto continuamente outras
possibilidades, digamos que intersticiais, onde a linguagem varia segundo cada
um dos instantes da necessidade de escritura, e que esse variar ocorre no poema
e no momento de sua criação, tanto como ocorre no mundo dos sonhos e da
vigília, com seus inesperados deslocamentos e abruptas mudanças de direção.
Estamos falando de filosofia e uma voz nos chama a merendar: e viveram
abruptamente dois momentos, duas necessidades; para isto necessitam de duas
linguagens, intercalando-se.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Entre essas vozes críticas a
que me refiro anteriormente há uma que tem se detido de maneira admirável e
aprofundada em sua obra: o espanhol Jorge Rodríguez Padrón. Em seu livro </i>Del
ocio sagrado <i>chama a atenção para uma
reiteração temática em sua poesia: a oferenda, o celebratório. O poético e o
religioso encontram-se indissociáveis em sua concepção?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Olha, eu creio que Jorge vê muito claramente minha necessidade mais
profunda e, vendo-a, a reconhece nos textos que faço. Vivo desde menino no
último susto. E, como não sei o que fazer, escrevo, que mais ou menos é o que
posso fazer. Não digo que seja o que sei fazer, somente o que creio poder
fazer. E o faço a partir de todo um aparato (verbal) que tende ao iniludível, a
morte. E quem diz morte e teme, adere como lapa ou mofo ao misterioso que de
alguma maneira encara a religião. Evidentemente, não a religião oficial e
institucionalizada, mas sim a intenção religiosa que brota do horror, do momento
atônito diante da possibilidade do nada, a grande obra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Ao contrário de muitos
poetas, que afirmam não ler muita poesia, você encontra na leitura de poemas
uma grande fonte de diálogos. Até que ponto sua dicção encontra-se impregnada
de tais leituras? A leitura de poesia resulta em grande fonte de influências?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Por parte. Não leio muita poesia, mas sim que em certas etapas leio
alguma poesia desordenadamente. Um exemplo: nestes dias li uma égloga de
Horácio (a primeira), uns poemas de Seferis e releio algo de Keats. Mas leio
essas coisas de maneira crepitante. Ou seja, de repente entra-me o repente da
poesia e leio. Pego Keats, leio em voz alta, e detenho-me em um ponto porque
aquilo me afeta a tal extremo que se não deixo de ler, morro. Exagero?
Certamente. Ninguém morre de ler poesia. Porém não exagero, pois da mesma forma
como podes morrer montado sobre uma fêmea, o coração pode faltar-te na
intensidade da leitura do <i>Endímion</i> de
Keats (que não é para mim um grande poema). Ou pode suceder que pego um livro
de poemas e, ao começar a ler, ao segundo verso, há algo que me surpreende, e
quase sem dar-me conta, ponho-me a escrever meu próprio poema. Um último ponto:
ler os outros estimula o meu; estimula e interfere. Às vezes, o que faço é
evitar ler poesia em castelhano, afeta-me demasiado e me influi demasiado. É
mais fácil para mim ler em voz alta poesia em outros idiomas, principalmente o
inglês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Segundo suas palavras, seu
“erro estratégico é escrever demasiado”. Exatamente em que sentido considera
prejudicial esta natureza excessivamente prolífera de sua escritura?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Bem, é um dizer como outro qualquer, outro modo de chamar a
atenção. Faz de conta que se trata de uma perversão. Saber e, no entanto,
fazer. Indo contra, contradizendo-se. Estrategicamente, escrever (publicar)
menos é útil: apoia a obra, glorifica-a, criando lenda, mistério, boêmia para
seu autor. Porém essa funcionalidade do distante e inacessível me incomoda.
Estou presente, falo muito, escrevo muito, publico, respondo, emboço-me.
Conseqüentemente, farto e canso o provável leitor. Bem, o que se vai fazer. Se
o fadigo e se farta de mim, pois então que leia Lope.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Após a publicação de </i>Carece
de causa<i> (1988), você confessou algo em
torno de que ali se encerrava uma etapa em sua poesia. “Talvez com este livro
tudo tenha terminado”. Que novo caminho se abriu desde então?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Desde <i>Carece de causa</i> me
repito e me repito. E depois me repito. E de tanto em tanto, entre uma e outra
repetição, encontro um desviozinho, um caminho estreito e pobre, quase estéril,
onde logo vejo a possibilidade de algo em aparência distinto. E instintivamente
o tomo e esqueço. Estive experimentando, por assim dizer, com séries de
auto-retratos, com minha própria descarnada velhice esquelética e rumbeira, e
com poemas que tendem a ser mais breves. Porém volto a insistir, não somente em
que não sei nada nem que entendo o que faço, mas também que o único que faço é
fazer um poema hoje, outro passado amanhã, e acumulá-los. Não há livro, não há
obra, não há totalidade; não há antes ou depois de <i>Carece de causa</i> (isto carece de causa): só há poemas, poemas e mais
poemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Em crítica escrita em torno
deste mesmo livro, Bernd Dietz assinala que “é possível que o maior desafio da
poesia moderna, desde o início do século XIX até hoje, resida em buscar um novo
papel para o Eu no discurso poético, eludindo o antropocentrismo sem desvirtuar
a situação do indivíduo que dá nome a sua experiência e convoca seus mortos”.
Concorda com ele? Até que ponto sua poesia teria vencido tal desafio?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Concordo. Minha trajetória implica, desde o princípio, não desejar
ser eu; ao mesmo tempo, só soube, tristemente, ser eu; cair uma e outra vez na
armadilha do eu. E isto, do ponto de vista vital, psicanalítico, político, pessoal,
relacional, funcional e, claro, nos próprios poemas, espelhos de toda a merda
própria do eu. Com o passar do tempo, de tanto desvirtuar esse eu prepotente e
antropóide, ao menos consegui seduzi-lo à fragmentação, a uma torpeza que quase
o dissolve. Os poemas dos últimos anos refletem esse eu desmembrado, inutilizado;
um eu ao qual a linguagem confunde, desordena e se desembaraça de si mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">FM - <i>Concordo com você que o
século XX seja o século do exílio e, por extensão, o século da mestiçagem. Por
outro lado, lamento que essa torrente mestiça, dolorosa e sombria, não tenha
ainda força suficiente para fundar uma igualdade entre os povos. Decerto que a
experiência do exílio lapida com mais veemência a expressão poética. O poeta,
por sua posição à margem da sociedade, jamais se privará de sua condição de
exilado permanente. Isto acaso não lhe faculta mais liberdade ao fundar seu próprio
presente?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">JK - Todos, por Deus, estamos exilados, porque todos, por Deus, temos
que morrer. O exílio político não é mais do que uma perversa manifestação: o
homem se diverte em perseguir o homem e em exilá-lo, para esquecer seu próprio
e miserável exílio. Cada patriarca tem seu outono, e ali o vemos entreter-se
com seu gado e suas galinhas, e suas mamãezinhas mandonas. O que faz o poeta é
assumir a fundo e irremediavelmente a condição geral de exílio. E, ao
assumi-la, entra em sua liberdade, como bem vês e manifestas em tua pergunta.
Pois bem, essa liberdade não só é fundacional, mas também que, sendo presente,
é santidade. Não há outra coisa para a vida espiritual; e não há outra
possibilidade profunda para a poesia. Porém encontrar liberdade, em princípio,
é tarefa terrível, que implica ao mesmo tempo um contínuo afastar-se e não
estar, que tem que seguir de mãos dadas com um contínuo estar com os demais.
Porém não com os demais em abstração, mas sim enquanto ação. Minha mulher
Guadalupe e eu agora empenhamos toda a nossa energia e habilidade em conseguir
um dinheiro suficiente para podermos ir de New York e deitar os restos em um
pequeno lugar que temos na montanha, em um povoado da Andaluzia chamado Torrox.
Ali me sinto muito mais livre do que <st1:personname productid="em New York" w:st="on">em New York</st1:personname>, e me sinto duplamente livre. Estou “com
os pobres da terra”, como dizia Martí e entre eles aprendo e a eles ensino minhas
coisas; e estou situado em um espaço mediterrâneo de luz e azul e espaço, onde
realmente respiro. Ou seja, onde não faço nada. Somente, como as crianças, ler
e escrever.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[1997]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[José
Kozer (Cuba, 1940) A entrevista 1 foi originalmente publicada no jornal <i>Ponta de Lança</i> # 3 (Belo Horizonte,
abril de 1988). A entrevista 2 foi originalmente incluída na edição fora de
mercado de <i>Escritura Conquistada</i>
(1998).]</span></span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-91468354261097415812014-08-21T12:29:00.002-07:002014-08-30T04:38:13.472-07:00NICODEMOS SENA | Um romancista brasileiro<div class="MsoTitle" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVm-azU7OgQS9j5pMz8gqU7D0OjV6oX7iabKwupS7oxa-_ayJShxsgLFJi7HZdjQmDvjDn-grlBEDDS0iE8zmyUw1m_ebBVCVMWuj6FZNCM_vxV2vX_i3xonXNEFPsC0u-IjdcjyZCk-nF/s1600/NICODEMOS+SENA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVm-azU7OgQS9j5pMz8gqU7D0OjV6oX7iabKwupS7oxa-_ayJShxsgLFJi7HZdjQmDvjDn-grlBEDDS0iE8zmyUw1m_ebBVCVMWuj6FZNCM_vxV2vX_i3xonXNEFPsC0u-IjdcjyZCk-nF/s1600/NICODEMOS+SENA.jpg" height="200" width="149" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Qualquer leitor que busque um romance brasileiro
atual através de indicação de imprensa vai se deparar com um imaginário
truncado, uma escassez argumentativa e uma linguagem pontual, de cunho
jornalístico. Acreditas que haja uma crise do romance?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText3" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Tens razão: no Brasil, romances mal
construídos e vazios de sentido são anunciados como auspiciosas revelações.
Autores inexperientes têm quebrado desnecessariamente o gênero. A falta de
plano e de pesquisa inicial, por exemplo, tem gerado romances de tessitura
débil, inconsistente, obtusa. É preciso muito talento para se aventurar na
“escritura automática” dos surrealistas e não fracassar enquanto romancista.
Infelizmente, o que é simplesmente confusão e ausência de talento muitas vezes
acaba passando como coisa original, imaginosa. Mas a imaginação mesma, aquela
que alimenta toda grande arte, ficou de fora desses livros, afetados por um
desconexo psicologismo ou pela comezinha descrição do cotidiano. A partir
disso, há quem aponte para uma “crise na narrativa”. Crise há muito anunciada,
mas o romance continua firme, sempre se renovando e interagindo com outros
gêneros literários, pois os seus elementos não são estáticos. A sensação de
crise é mais efeito da proliferação dos romances ruins que ultimamente são
escritos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Teu romance é a mais absoluta contramão de todo
esse esplendor do vazio que se cultua hoje em nosso país. Como te sentes nessa
condição? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Esse “esplendor do vazio” não é primazia da
literatura ou do romance, mas uma tendência que se verifica em todos os setores
da vida social; tem muito a ver com a imposição dos valores de uma sociedade
que avançou materialmente mas vai retrocedendo à barbárie. Uma sociedade que
gera consumidores de produtos descartáveis e não homens que valorizem as
perenes coisas do espírito. Uma sociedade da imagem, do espetáculo e do corpo,
que valoriza o egoísmo e o sucesso a qualquer custo. Uma sociedade urbana onde
a palavra, que antes era sagrada e plena de sentido, chegou ao nível mais alto
de estafa e esvaziamento. Vivendo nessa sociedade, não estranha que um
romancista adote muitos dos seus valores, que acabam influenciando o seu
trabalho. A lógica do “vale tudo” também tem condicionado os romances. Tudo
pelo mercado, pelo sucesso, pelo público. E a arte, que nasceu para questionar
as aparências, revelar o oculto, esclarecer as consciências e elevar a alma, é
convertida em mera diversão que aos homens imbeciliza. Diversão do “público”,
que espera sempre coisas palatáveis. Ou diversão do autor, quando este se
contenta com a “arte-pela-arte” ou se alheia “na linguagem”, esquecendo-se de
que o artista, a arte e a vida precisam andar juntos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Numa época que
prima pela banalização de todas as coisas, eu quis resgatar antigos valores,
fazendo uma obra de arte digna desse nome, que não fosse mero artefato de
consumo. Levei sete anos sonhando (e trabalhando). Os sete anos mais felizes da
minha vida. Num país de relativamente poucos leitores, “A Espera do Nunca
Mais”, com as suas 876 páginas, não foi escrito para agradar ao mercado.
Tampouco pensei no “leitor” ou no “público”, personagens imaginárias, que “não
têm mais tempo para longas leituras”. Ainda sou daqueles que prezam o “estilo”
– ou seja, uma forma própria, individual, de dizer as coisas – pois acho que um
autor tem que correr riscos: não pode deixar-se escravizar pelos temas, ou pela
exigência editorial, na esperança de agradar a quem o lê e obter sucesso de
venda; precisa ser honesto naquilo que escreve e transparente consigo mesmo,
obedecendo somente à sua própria consciência. “Guerra e Paz”, “Crime e
Castigo”, “Ulisses”, “A Montanha Mágica”, “O Processo”, “Memórias Póstumas de
Brás Cubas” e “Grande Sertão: Veredas”, por exemplo, teriam sido escritos se
seus autores tivessem, no ato de criação, atendido ao gosto do “leitor” ou do
“público”? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Assim como na poesia brasileira mais recente já
diagnosticou a poeta Maria Esther Maciel uma “assepsia da imaginação”,
inclusive observando o desinteresse dos poetas brasileiros atuais pelo mítico e
o antigo, é possível um diagnóstico aproximado em relação ao romance? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Sim. O que acontece com a poesia também ocorre com
o romance. Muitos romancistas, como mariposas atraídas pela lâmpada, na ânsia
de agradarem ao público, deixam-se seduzir pelos temas mais explosivos,
escrevendo textos que pouco diferem do relato jornalístico. Há também um
desprezo pelo veio arcaico e primitivo, rotulado de “atrasado”, que também forma a nossa cultura. No afã de integrar-se
ao mundo civilizado, “moderno”, o escritor brasileiro, com poucas exceções, se
esquece de que, faça o que fizer, será sempre um brasileiro. E muitos gostariam
de não sê-lo! Toda uma tradição literária, forjada na busca de uma identidade
nacional – tradição que vem de Santa Rita Durão, Basílio da Gama, Gonçalves
Dias, José de Alencar, os modernistas de 1922, Cecília Meireles e Olga Savary –
foi de uma hora para outra abandonada. O mito e o primitivo, e com estes a
imaginação, entre nós ainda muito presentes e que são justamente os nossos
elementos distintivos, foram afastados de cena, mesmo tendo servido de
argamassa a pelo menos três obras-primas da nossa ficção – “Iracema”,
“Macunaíma” e “Grande Sertão: Veredas”. A vida rural, arcaica, bucólica e
tantas vezes àspera, que nos deu uma obra fundamental como “Vidas Secas”, foi
desprestigiada. Uma literatura fragmentária, despersonalizada, sem imaginação e
sem caráter, que simplesmente mimetiza a vida nas grandes cidades, ocupou o seu
lugar e se impôs como literatura nacional.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Ao escrever sobre teu livro, Oscar d’Ambrosio
disse que foges “dos estereótipos que cercam a Amazônia”. Que estereótipos são
esses?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Além de palco das personagens do meu romance, a
Amazônia é um lugar de disputa dos grandes interesses econômicos. Apesar de
pouco contemplada pelo olhar nacional, o mundo sempre dá provas de que quer
saber o que se passa no cenário amazônico. Pois a Amazônia sempre despertou
fascínio, principalmente dos EUA e da Europa. Por quê? É que nós temos o que
eles não têm mais, que é essa natureza exuberante, essa selva fechada com sua
biodiversidade, esses rios de águas cristalinas e seus peixes ornamentais, essa
monumentalidade indescritível e sua riqueza mineral incalculável. Isso fascina
crianças e adultos nos lugares mais distintos. Todavia, ao mesmo tempo que
desperta fascínio, em função do seu mistério, a
selva também gera uma espécie de medo. Então, fala-se muito na Amazônia,
mas pouco se conhece sobre ela. As pessoas pouco se arriscam a enfrentar essa
região, havendo, em conseqüência, muita ignorância, muito exotismo, com base no
qual muita literatura ruim, meramente fantasiosa, foi e continua sendo feita;
uma sub-literatura que reproduz acriticamente as lendas e mitos da região,
afastando as pessoas de uma compreensão exata das mazelas que aflige o caboclo
(em tupi, “homem que vive no mato”). Os problemas da Amazônia são enormes, como
a própria região, e complexos; dificilmente um “turista aprendiz” hoje
conseguiria captar os mistérios da vida amazônica. O mito, além de
compreendido, precisa ser recriado. Se repetirmos as velhas histórias, do modo
como os antepassados nos contaram, desgarradas do seu contexto antropológico,
social e histórico, permaneceremos sendo vistos pelo Brasil e pelo mundo como
elementos folclóricos na humanidade. Com esse ideário escrevi “A Espera do
Nunca Mais”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Também a Olga Savary já havia dito que escapas do
“regionalismo limitador”. Há casos em que os conceitos de contra-regionalismo
são tão limitadores quanto o reverso da moeda. Como te sentes em meio a isto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Nunca foi fácil entender o que se passa debaixo
daquelas florestas, pois até mesmo escritores nativos têm cedido ao exotismo.
Mas talvez alguém diga que, em literatura, importa a linguagem e não a
geografia. Acontece que, na Amazônia – e noutros lugares peculiares, como o
sertão nordestino – a paisagem natural gera uma cultura, gera o homem. Para
entrar na psique desse homem, para compreender o seu pensamento e a sua alma, é
preciso conhecer bem o seu ambiente natural, sem o qual toda uma cultura
desapareceria. Graciliano Ramos provou isso em “Vidas Secas”, João Cabral de
Melo Neto em “Morte e Vida Severina” e Dalcídio Jurandir em “Marajó”. Um
romance ambientado na Amazônia não pode deixar de refletir a simbiose do homem
com a natureza, tornando-se, até onde é permitido à obra de arte, um
instrumento ético em prol da vida. Não se trata de defender o romance
“ecológico” ou a natureza como um santuário intocável; mais do que a natureza
física agonizante, importa-me o homem amazônico e a sua cultura, os quais,
juntamente com a natureza, parecem estar aí com seus dias contados. Ao afirmar
que escapei do “regionalismo limitador”, Olga Savary me fez um tremendo elogio, mas não me livrou
de todas as dificuldades. Pois hoje, mesmo um regionalismo “não limitador” como
o de José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, Rachel de
Queiroz, Jorge Amado, Érico Veríssimo e João Guimarães Rosa, teria sérios
problemas com a crítica. Vai longe o tempo em que a vida local interessava às
metrópoles formadoras de opinião. Hoje, aquele Brasil rural, ou pouco
urbanizado, fora do eixo Rio-São Paulo, que irradiava cultura e trazia
inspiração, é visto como simples “periferia”. O Brasil “moderno” virou-se de
costas para os Brasis “arcaicos” e ajoelhou-se diante dos nossos atuais
colonizadores, repetindo-lhe os gestos e as palavras, numa patética e
incompreensível algaravia. Mesmo sabendo disso – aliás, porque sabia – escrevi
“A Espera do Nunca Mais”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Exceto pelo cultivo da saga, em que acreditas que
te aproximes de Érico Veríssimo e João Ubaldo Ribeiro? Por que se reflete tão
pouco sobre a história brasileira em nossa literatura?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Fiz de “A Espera do Nunca Mais” uma saga
unicamente porque me pareceu o modelo narrativo mais adequado ao meu propósito
de escrever um romance total da Amazônia, que refletisse a imensurável
grandeza, física e humana, da região. A saga não deve ser uma imposição, até
porque é um caminho muito longo e difícil, que exige vigor, persistência e
concentração, como as maratonas. Só um escritor com projeto definido e ambição
literária nela se arrisca. Por isso admiro Érico Veríssimo e João Ubaldo
Ribeiro, que se lançaram como dois titãs nessa aventura e não saíram vencidos.
Além disso, como Érico e Ubaldo, faço, a partir dos problemas da Amazônia, uma
reflexão sobre a história brasileira, sem repetir a velha fórmula do romance
“histórico”; ao contrário, em “A Espera do Nunca Mais”, a história oficial é
desmontada, mostrando a sua verdadeira face de miragem monstruosa. Socorri-me,
nessa operação, do próprio imaginário amazônico, que funde o real e o sonho.
Pois só a fábula insurrecta cravada na vida resgatará estética e historicamente
a Amazônia dessa miragem, imposta pelo colonizador. Busco o real, sim, mas não
o real manifesto, que está em toda parte, mas que sob o domínio do medo se
transforma em fantasia e fuga, o que talvez tenha levado Mário Quintana a
afirmar que “a imaginação é a memória enlouquecida”. “A Espera do Nunca Mais”,
porém, não é um romance politicamente “engajado”, apenas insere o homem
individual no drama coletivo de uma região machucada, que pouco a pouco vai
agonizando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Do ponto de vista do estilo, buscastes paradigmas
ou inspirações para escrever “A Espera do Nunca Mais”? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> É verdade. Não raro o escritor busca paradigmas no
meio físico ou social, ou em obras de outros escritores. Oswald de Andrade, por
exemplo, foi influenciado pelo telégrafo e pelo telefone, novidades de sua
época. Na grande aventura estilística que foi a “A Espera do Nunca Mais”
encontrei inspiração estética na própria geografia amazônica, com seus
labirintos de rios, a selva intrincada, os cipoais, a lentidão que a tudo rege.
Nessa geografia, não só os rios, mas também as idéias, os desejos, os projetos
de vir a ser, tramam labirintos. Alguém já me disse que meu livro é barroco.
Sim, é barroco, como barroca é a região em que se ambienta a história. Barroca,
aberta e canibal. O tempo na cultura amazônica é algo bem particular, suave. As
horas são medidas pelas luas, pelos dias de canoa ou de barco para chegar a tal
lugar. Pela época da piracema, a época da desova. O homem amazônico, o homem
dos rios, é fruto daquilo que o cerca. Na Amazônia, “o rio comanda a vida”,
como diz o título do célebre livro de Leandro Tocantins. “A Espera do Nunca
Mais”, refletindo tudo isso, é um livro líquido, extenso, com grandes remansos;
como nas lendas e mitos indígenas, a linearidade da trama é apenas aparente; a
história, ou as histórias, vão e voltam, e o narrador não tem pressa em acabar
o que está contando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Tens um segundo romance, a ser editado em
Portugal, <i>A noite é dos pássaros</i>. Em
que se confirma ou altera a poética anunciada no anterior? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Esse romance, que sairá em Portugal, terá apenas
140 paginas, e foi escrito em dois anos, o que não deve ser interpretado como
uma deliberada facilitação ao leitor, pois também é fruto de árdua pesquisa e
foi escrito com a mesma energia e esmero artesanal. Da primeira à última linha,
o leitor poderá encontrar vestígios, sincronizados na narrativa, de mais de uma
centena de livros, escritos em boa parte no século XVIII, época em que vivem as
personagens (índios e reinóis). Parto da história para lançar-me, com firmeza,
na estória, na literatura, enfim, na linguagem, como alguém que, com os pés na
vida e os olhos no relógio, mas cansado da claridade, mergulha na penumbra dos
sonhos. Não o sonho pelo sonho, fuga do real, mera crença. Através das janelas
abertas no “A Espera do Nunca Mais”, procuro nesse segundo livro captar a
sugestão onírica dos mitos indígenas, despindo-os da roupagem imposta pelo
colonizador, libertando o imaginário do medo que o alienou. Como escreveu
Vicente Franz Cecim em “Flagrados em delito contra a noite” (1983): “Nossa
História só terá realidade quando o nosso imaginário a refizer, a nosso favor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Alguns autores brasileiros começam a ser melhor
percebidos pelo mercado editorial português do que brasileiro ou o caso de
Vicente Franz Cecim é uma exceção?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>NS</b> Creio mais na última hipótese. Há mil barreiras
impedindo o intercâmbio cultural entre Portugal e Brasil. A começar pela forte
tributação aplicada na entrada e saída de livros de um país para outro, que
torna proibitivo o preço final do livro importado, inviabilizando a sua
comercialização. Além disso, Portugal se debate numa crise econômica que afeta
o movimento editorial lusitano. Mas o
sucesso de crítica e de venda de “Ó Serdespanto”, o mais recente livro do
Vicente Franz Cecim, também não foi por acaso. Foi o feliz encontro de um
grande escritor brasileiro com um editor português idealista e arrojado, amante
da literatura, o jornalista e escritor António Cabrita, da Íman Edições. A excelente
recepção do livro de Vicente Cecim em Portugal certamente chamou a atenção de
outros editores portugueses para a produção literária brasileira, o que pode
resultar em abertura de portas para outros escritores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2009]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="color: #4f6228;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O
que me parece mais interessante no diálogo que leremos a seguir é a franqueza
com que o entrevistado toca em assuntos que hoje assumiram uma conotação
traumatizante a ser evitada: os meandros da construção de uma linguagem e os
dilemas existenciais e estéticos de seus pares. E é tão natural a maneira como
o romancista Nicodemos Sena (Pará, 1958) aborda esses aspectos que voltamos a
nos sentir reconfortados: o autor é gente e não um boneco empalhado oferecido a
público em uma feira de variedades. Em linhas gerais a única coisa que se
espera de um romancista é que nos conte uma história, qualquer uma. E que nos
envolva com sua narrativa. O que parece ser tão simples complica-se diante de
um imaginário estagnado, uma presunção que converte em genial qualquer trunco
na linguagem, ausência completa de tensão existencial nos personagens etc. Não
há gente dentro ou fora do que se tem sido escrito em nome do romance na
literatura brasileira que hoje se encontra <st1:personname productid="em evidência. A" w:st="on">em evidência. <i>A</i></st1:personname><i>
espera do nunca mais</i>, de Nicodemos Sena, aponta neste sentido, o da
recuperação anímica do ser. Se foi bem sucedido, impossível dizer agora.
Julgamentos apressados já provocaram toda espécie de infortúnio na mente de um
artista. Este é seu livro de estreia e, por mais que o autor seja já um homem
maduro, consciente do ofício e suas perspectivas, realidade e ficção se
confundem quando menos em possibilitar revezes. A grande delícia me parece ser
a verdade com que fala Nicodemos Sena, como se sente à vontade para enfrentar
os dilemas existenciais da escritura e conversar ainda mais abertamente sobre
as perspectivas atuais do romance. Abraxas</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-87549079461628184662014-08-21T12:04:00.001-07:002014-08-30T04:37:32.179-07:00ZOFIA BESZCZYŃSKA | A alma verde<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipkxFYdCYF_XVmQZdMIfsvcjDtQ5POfpnFzYERJvzTeEhN4Tp8BCp5KqXSPhBd5ej0VA3ZlORW_VeU6CCuboXgQ8AmPZhtlGQir4jYdwOed_FebKydJhCXNjHf6p705r8h6dQX5VDP8wfY/s1600/ZOFIA+BESZCZY%C5%83SKA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipkxFYdCYF_XVmQZdMIfsvcjDtQ5POfpnFzYERJvzTeEhN4Tp8BCp5KqXSPhBd5ej0VA3ZlORW_VeU6CCuboXgQ8AmPZhtlGQir4jYdwOed_FebKydJhCXNjHf6p705r8h6dQX5VDP8wfY/s1600/ZOFIA+BESZCZY%C5%83SKA.jpg" height="200" width="131" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Como separas o que chamas de livros para crianças e
livros para adultos? Em que consiste a mudança de uma escrita para a outra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Não os separo! E não sei em que consiste a mudança.
Tanto uns como outros crescem do mesmo mundo: por vezes suave; por vezes
sombrio. A única diferença é por onde entramos, ali, e em que momento. Apenas
as sombras “adultas” parecem mais escuras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Um ambiente parecido é
o que sentimos na obra de Federico García Lora ou Rainer Maria Rilke… Como,
também, em nossos sonhos e desejos, pressentimentos e esperanças, ilusões ou
medos. E tudo neste mundo depende de nós, porque não somos senão nós que o
criamos. E podemos mudá-lo quando nos apetece, a cada momento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Além do espanhol, para quais outras línguas podes
traduzir, tu mesma, teus poemas? Imagino que as associações semânticas, a magia
que descobrimos na simbologia de outro idioma pode nos levar a mudar coisas
nesse exercício de tradução, assim como se estivéssemos a escrever outro poema.
Conta-me algumas de tuas experiências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Claro que sim! Muito amiúde inopinadamente aparece um
poema distinto – com distintas associações, melodia – e essas surpresas são
fascinantes. Tento traduzir para o inglês e o francês, porém sempre necessito
alguma ajuda. Laura, minha amiga espanhola, é a única com quem posso trabalhar,
penso, idealmente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No geral, é o idioma
que me leva – igual como em polonês – não somente sua música, o ritmo interior
(mais sentido do que ouvido), as rimas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E é verdade que o
espanhol chegou a ser o idioma mais próximo: sua simbologia, sua magia – como
dizes; as relações específicas entre as palavras; as imagens que surgem por
detrás delas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Tens uma escrita muito marcada por uma atmosfera de
pureza, como se fosse o primeiro olhar sobre as coisas, sempre esse tom de quem
está revelando um mundo sem preconceitos, sem julgar na natureza das coisas. É
uma descoberta de afinidades com cada coisa que tocas com tua escrita. O que
busca a poesia através de Zofia Beszczyńska?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Não sei como me vêm ou sentem os demais; a única
coisa que me interessa é abrir um diálogo com um leitor imaginável. Às crianças
eu costumo dizer que meus poemas são as cartas que mando ao desconhecido, aos
amigos desconhecidos – ainda. O interessante (ou raro, talvez) é que cada um
pode lê-los de uma maneira diferente. Assim como não sei, em sério, o que a
poesia através de mim, como chamar esse “algo” que não sou capaz de nomear eu
mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porém já que indagas
pela natureza – para mim o mundo é o organismo que vive, e que está sempre se
desenvolvendo. E minha escritura é parte dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Acreditas que é possível observar algum diálogo
secreto entre a tua poesia e a de Federico García Lorca? Que poetas fazem parte
de teu mundo de afinidades?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Tens absolutamente razão, Federico García Lorca é meu
primeiro poeta e o mais importante; no entanto, o que pode ser interessante, a
afinidade com seu mundo em minha poesia se revelou nas traduções para o
espanhol; somente então é que comecei a notá-la. A magia da Lua, a cor verde, a
presença sensível e constante da morte, inclusive as misteriosas cidades
brancas que surgem da noite…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas também, e muito
fortemente: Rainer Maria Rilke, com seus anjos e mortos que nos visitam quando
dormimos: caminhamos pelas colinas do sonho, sim? – tão semelhante à morte. E
os outros? Todos eles, como penso agora, relacionados com as distintas etapas
de minha vida… E não desaparecidos até hoje. Emily Dickinson. Fernando Pessoa.
Anne Sexton. E, recentemente descoberta, Gloria Fuertes, para quem, assim como
para mim, o mundo de pequenos e adultos não se diferencia, ao contrário, juntos
criam um lugar comum, mais rico, multidimensional e maravilhoso que é o que
chamamos de “real”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E de poloneses –
Zbigniew Herbert. Estupendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Seguramente que por força do prêmio Nobel, no Brasil
se conhece algo da poesia de <span class="apple-style-span">Czesław Miłosz e Wisława
Szymborska</span>. E
também a de Zbigniew Herbert – concordo contigo que seja estupenda. O trio
confirma a força de uma tradição lírica magnífica. Fala-me um pouco mais dessa
lírica, de como se renova na Polônia e como se relaciona com essa parte da
Europa em que está situada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB </b>Me custa muito falar de poesia, não sou crítica
e sempre me encontro desvalida diante de sua força e mistério. E não serei original
se digo que Szymborska deu à poesia polonesa o intelectual, a ironia aguda, a
distância consigo mesma, e o real: nacional, social, histórico… Sem dúvida, é
perfeita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Na escritura de Herbert
a distância se mostra através da mitologia e da civilização greco-romana,
embora isto não seja o mais importante, existe algo mais, não sei exatamente o
que, um mistério que me faz retornar e retornar à leitura, buscando e não
encontrando, a cada vez de maneira distinta. E, porque também tu o conheces,
sabes acaso que por ele o sal da ironia é algo primordial; talvez não haja nada
original em sua mensagem, porém como ele a conta (“Da mitologia”)! E penso:
será a ironia em si a própria essência da poesia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Conheci Miłosz um pouco
tarde e embora seja consciente e esteja convencida de seu valor e importância
para a literatura polonesa, não posso avaliar sua obra. Ela não se abre para
mim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É muito difícil falar
de poesia e talvez nem devêssemos: assim como do amor, não crês?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> A obra de Zofia Nałkowska alguma vez te despertou
interesse? Alguma outra mulher em especial?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Teu conhecimento da literatura polonesa me
impressiona! Conheço a prosa de Zofia Nałkowska, distante, perspicaz,
intelectual. Eu a respeito e aprecio, porém não vejo suas marcas em minha vida.
Em geral a recordo como leitura escolar, para mim é já um capítulo encerrado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E as poetas pononelas?
Sim, é verdade, há algumas, eis aqui os exemplos. Anna Kamieńska (1920-1986).
Anna Świrszczyńska (1909-1984). Maria Pawlikowska-Jasnorzewska (1891-1945): uma
rainha da lírica amorosa; sensível, mas não sentimental; muito inovadora e
moderna, até mesmo agora. Ewa Lipska, em sua obra inicial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para dizer a verdade
não leio muita poesia. Amiúde recebo os livros de meus colegas (e no mais das
vezes os leio), porém isto é outra coisa. Geralmente prefiro poemas a poetas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Fala-me de tua experiência de leitura, o contato com
o público, a maneira como reages frente a eles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Frequentemente tenho encontros com os jovens, e isto
é algo maravilhoso, sobretudo com os menores (5-6 anos). Pode ser bastante
difícil, claro, há que encontrar o idioma comum, a maneira de abrir o contato;
a comunicação. No entanto, como sempre, meu objetivo é criar o diálogo. Podem
me perguntar o que quiserem, sem exceção. E bem sabes como fazem? “Quantos anos
tens?” é muito comum, também “Quando dinheiro ganhas?” ou “Posso ir ao
banheiro?”. Mas observa, por exemplo: “Os desejos são cumpridos?”, “De que cor
é a magia?”, “Do que tens medo? Te envergonhas?”, “Qual poema (livro) seu não
lhe agrada?”, “O que pensa o silêncio?”. Impressionante, não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Muito amiúde brincamos
com as rimas, criando novos poemas loucos, por vezes nos divertimos fazendo
teatro baseado em meus textos…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com os adultos é mais difícil
mostrar-se sincera, são demasiado sérios. E não lhes apetece abrir-se, não
ousam; então, geralmente não há diálogo. Não há intercâmbio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Recordo que nos conhecemos em um festival em Granada,
Nicarágua. Ali mesmo, e depois seguimos através de e-mails, falamos de uma
íntima relação entre música brasileira e polonesa, intimidade estabelecida pela
Bossa Nova, sem que isto signifique propriamente uma influência do gênero
brasileiro na música polonesa, pois há algo de paralelo no desenvolvimento
dessa música nos dois países. Foi quando pensamos que a raiz das duas coisas
poderia estar em Chopin, que nessa época era um compositor muito popular entre
os músicos no Brasil. Bom, o tema exige a opinião de um músico, certamente,
porém aqui falaremos de literatura brasileira, algo que seja conhecido na
Polônia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Muito pouco, desgraçadamente. No entanto, graças ao
“boom” da literatura latino-americana nos ’70, conhecemos alguns destacados
escritores brasileiros e alguns seguem sendo populares e apreciados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O mais estimado é a
obra de Jorge Amado, para a maioria dos poloneses um verdadeiro símbolo da
literatura brasileira. Depois vem Clarice Lispector, a mágica. Também se
conhece Mario de Andrade (principalmente graças a seu <i>Macunaíma</i>, o livro e o filme), João Guimarães Rosa… E os poetas:
sobretudo Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ah sim, e a novela de
José Mauro de Vasconcelos, <i>Meu pé de
laranja-lima</i>, esta se encontra na lista de recomendação dos livros mais
importantes para jovens. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Esquecemos algo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>ZB</b> Na realidade, sim: de que cor é a magia?<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2010] <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #4f6228; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">NOTA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 14.2pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Zofia
Beszczyńska (Polônia, 1951). Poeta, autora de contos fantásticos, tradutora do
francês e crítica literária. Pertence à Associação de Escritores Poloneses e à
Seção Polonesa do IBBY (Organização Internacional para o Livro Infantil). Foi
bolsista da Biblioteca Internacional para Jovens de Munique (Alemanha, 1996) e
do Centro Báltico para Escritores e Tradutores de Visby (Suécia, 2003).
Participou de festivais de poesia em Sarajevo (Bósnia, 1998), Struga
(Macedônia, 2002-3), Havana (Cuba, 2007), Calicut (Índia, 2007), Granada
(Nicarágua, 2009) e Paris (2009). Publica seus textos – traduzidos, dentre
outros, para o alemão, tcheco, espanhol, inglês, lituano, maia, persa, romeno,
sérvio – em revistas e antologias polonesas e estrangeiras. Seus principais
livros de poesia são: <i>Janela na árvore</i>
(1992), <i>Lugares mágicos</i> (2003) <i>Ilha das luzes</i> (2004). Eu a conheci na
Nicarágua, em 2009, quando coincidimos no Festival de Poesia de Granada. Uma
noite desatamos a falar em um restaurante sobre música polonesa e sua possível
relação com a música brasileira. Desde então nos correspondemos e agora
finalmente me foi possível traduzir ao português um livro seu, sempre tomando o
espanhol como idioma-ponte. O mesmo fizemos no diálogo que segue. Abraxas</span></span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Tahoma; mso-bidi-language: #00FF;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-12793933032876817962014-08-21T07:40:00.000-07:002014-08-30T03:57:09.413-07:00ALBERTO PIMENTA | Os estatutos do crime semântico<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: 10pt;"> </span></b><span style="font-size: 10pt;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfkKBCNzC-B01RbgNSE0w6WBjDgO_ZR1ajYAfQjsHM5uPoSPyvqaKXM8oVpT_AbdIQlAa8DCSNX7886JTs2lQ1cjmdRJLvTw2gFHJHq-zc3h9j6cFONFkixPtmb_XpAQfAwRh_OdEGth6z/s1600/Alberto+Pimenta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfkKBCNzC-B01RbgNSE0w6WBjDgO_ZR1ajYAfQjsHM5uPoSPyvqaKXM8oVpT_AbdIQlAa8DCSNX7886JTs2lQ1cjmdRJLvTw2gFHJHq-zc3h9j6cFONFkixPtmb_XpAQfAwRh_OdEGth6z/s1600/Alberto+Pimenta.jpg" height="149" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Desde
quando inexistes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Desde
que Pádua Fernandes entendeu definir assim, por metonímia, a relação dos meus
textos com o público, ou melhor, do público com os meus textos. Acho que foi da
parte dele, a esta distância toda do Atlântico, um lance de dados com muita
perspicácia e sabedoria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em
que te distancias hoje do protagonista do <i>Discurso sobre o
filho-da-puta</i>?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Mas
quem é afinal o “protagonista” do <i>Discurso sobre o filho-da-puta</i>?
Deve ser o filho da puta, claro. Em 1977, no livro simbólico e realmente
autobiográfico Repetição do Caos, escrevi: “1956: uma noite prenderam-me por eu
berrar em plana rua e a plenos pulmões que a polícia, a autoridade em geral,
eram tudo filhos da puta. / É extraordinária a minha precocidade: hoje não
seria capaz de dizer melhor. Mas acrescentava: - Os outros também.” Assim, em
1956, como se vê, a minha opinião não estava ainda completa. Em 1977 (ano de
publicação da 1ª edição do Discurso), estava. Em 1997 não se havia alterado.
Nem hoje, como se pode ver pela mais recente edição do Discurso, que é de 2003.
Mas amanhã pode ser que eu chegue a outra opinião! O mundo está a mudar, não é?
O pior é que eu não dou ouvidos a noticiários e desportos em geral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Recordo
teus jogos em torno das palavras <i>nu</i> e <i>cu</i> ("Metade
da palavra cu / é como metade da palavra nu. / Mas a outra metade da palavra cu
/ não é como a outra metade da palavra nu"). O que é semelhante e
diferente se pensarmos na relação entre vida e arte que faz com que apenas
metade de uma seja como metade da outra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> O
que se passa com as palavras cu e nu não se passa com as palavras vida e arte:
só têm uma letra em comum, e ainda por cima uma no cabo, outra no rabo. Mas por
aí também lá chegamos: todos os caminhos vão do cabo para o rabo. O que sucede
com a vida é que ninguém sabe ao certo se ela é o que nos acontece ou o que nós
fazemos que aconteça. Já com a arte depende da perspectiva: há a de quem faz e
a de quem curte. Afinal está bem: depende de ser o nosso nu, ou o nu de outra
pessoa, e quem diz isto do nu diz do cu, claro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> De
que maneira o excesso inconseqüente, a recorrência banal, com um acentuado
ímpeto de apenas fazer rir, esfacela uma aventura tão radical quanto a do
teatro do absurdo de Ionesco?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Julgo
que Ionesco é que esfacela o discurso trivial do ser humano. Esfacela-o pela
técnica do espelho (um bocadinho côncavo ou um bocadinho convexo, e aí está a
arte, como no caso dos polidores de lentes). Claro que há outras técnicas, mais
aristotélicas: a da parede, do vidro, das nuvens etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> De
que maneira vês o tratamento paródico dado a Fernando Pessoa pelo Cesariny de <i>O
Virgem Negra</i> e o Saramago de <i>O ano da morte de Ricardo Reis</i>?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Nenhum
dos dois me parece que trate parodisticamente de Fernando Pessoa, mas sim de
alguns modos do culto (ou dos cultos) a Fernando Pessoa. Thomas Bernhard fez o
mesmo em relação a Gustav Mahler. De resto a paródia, como constatou Th. W.
Adorno na <i>Teoria estética</i>, é talvez, com o humor, a única forma não
kitsch de a modernidade homenagear o que já passou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Ao
prefaciar o livro <i>A vida é assim</i>, do brasileiro Alberto Pucheu (Ed.
Azougue, 2001), observas que a poesia, "sendo a voz de todos os tempos,
por fora se compõe do discurso do seu próprio tempo". Está bem. Mas logo
concluis o prólogo dizendo que o Brasil está "há pelo menos meio século na
crista da onda deste surf que começou com Homero". Isto soa falso para
brasileiros que convivem com distorções e desgastes em torno da linguagem
poética e seus desdobramentos. De que maneira Portugal não pega a mesma onda
que Homero?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> O
Brasil, desde meados dos anos 50, quando Haroldo de Campos, Augusto de Campos e
Décio Pignatari lançaram o modo concreto da poesia (na Europa foi o Gomringer
que o fez, mas houve um real entrelaçamento), colocou-se na crista da onda. Se
a onda entretanto espraiou, o defeito não é deles, é da natureza, que fez as
ondas assim. Mas até dentro da continuidade do modo lírico, noutra onda
portanto, creio que poetas como João Cabral e Drummond bastariam para
justificar o que eu digo. Ou o que eu disse. Portugal!? Tradicional e conservador
sim, mas tanto como voltar a Homero também não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Olha,
talvez o ludismo em torno da onda seja divertido mas a condizer-lhe com a
realidade há aspectos inúmeros. O beco sem saída a que nos levou o Concretismo
não possui elo algum com a dinâmica do surf, a menos que pensemos naquelas
esteiras de academias de musculação. Drummond e Cabral são de gerações
distintas e também não foram tão longevos no surf, cedo se desfazendo da
prancha. Sendo tão tênues os conhecimentos recíprocos de nossas culturas, é bem
natural que estejamos sempre a sublimar a realidade um do outro. Assim não
percebemos que há ondas que já nascem espraiadas, por um defeito especial
qualquer. É preciso conhecer bem os meandros da poesia portuguesa, por exemplo,
para saber da inexistência concreta do que se conhece como Poesia 61. Da mesma
maneira, há uma leitura excessiva dos desdobramentos do Concretismo no Brasil,
quando este, se não é inexistente, pende mais para um malefício do que o
contrário, em grande parte ao dar-nos uma falsa idéia de outro jogo semântico,
desta feita entre as palavras rigor e vigor. Resta saber onde está o nu, onde
está o cu. Como sabê-lo à distância, diante da quase inexistência de diálogo
entre nossas culturas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> É
curiosa a preocupação (luso-brasileira ou vice-versa) com o Concretismo… parece
a dos santos medievais com o diabo. Todos os movimentos estéticos nascem,
crescem e passam – Surrealismo, Futurismo, e por aí fora ou dentro. O
Concretismo teve um papel importante de depuração de muita enxúndia poética.
foi ao cerne, descascou, descascou, e pronto, ou ponto. O “Soldien” de Emmett
Williams, ou a “Elegia para o Che” do Joan Brossa, são clássicos no sentido
puro e próprio. A mim, do Concretismo (como de todos os movimentos) ficou-me a
sua lição, mas o que eu escrevo é a minha poesia, e, como não entrei num
caminho murado, não tenho problemas de saída. É até onde as pernas derem. Dizia
António Pedro (o poeta e homem de teatro que partiu do Surrealismo e depois fez
o seu próprio caminho dentro dele) que não há antigo ou moderno, ou correntes…
há bom e mau. Feliz de quem tem fé no bom, e não nas correntes em si até ao
fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Que
importância hoje se pode ver na atuação, em Portugal, de algo como <i>Os
Felizes da Fé</i>? Acaso as obsessões conceituais (performance, happening,
intervenções) não constituem um ardil para dissolver um princípio de
representação que é reflexão intensa da realidade ou acobertar uns maltrapilhos
estéticos espertalhões que roubam proveito de tudo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> <i>Os
Felizes da Fé</i> foram (quem sabe se poderão voltar) um grupo de Teatro
de Rua, com atuações muito brilhantes, outras menos, como acontece com todos os
grupos de teatro, de rua ou palco. Proveito? Não tenho notícia de que tivessem
tirado algum, econômico ou político, digamos, de poder. Discordo totalmente de
que a ação poética e também dramática (performance, happening) seja
necessariamente o que se chama conceptual. É ação! Claro, em relação à guerra
tem essa coisa de usar molho de tomate e não sangue. No tempo em que atuou teve
a importância que tem o Teatro de Rua desde que existe: divertir e
desinquietar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Não
me referia, ao falar em proveito, a <i>Os Felizes da Fé</i> e sim ao
que temos hoje em termos de performance e happening, à distorção prática e
conceitual dessas formas de representação. Talvez possam hoje ainda divertir,
mas já não inquietam. Até que ponto teriam sido desgastadas essas maneiras de
atuar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Hoje,
toda a atuação-espetáculo fora da bosta da TV (ou, vá, dos teatros residentes)
inquieta desde a manicure até ao catedrático.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em
Lisboa degustávamos um bom vinho, juntamente com a poeta Rosa Alice Branco,
enquanto apaixonadamente comentavas a respeito da sucessão no Vaticano e suas
implicações. Estava ali implícita a relação entre domínio e transfiguração da
vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Se
o vinho é o sangue de Cristo, então nada mais a propósito que uma boa conversa
sobre o seu vigário na Terra. Segundo a profecia de Malaquias, este bom polaco
será o penúltimo sucessor de Pedro. É inquietante! Que é que se seguirá? A água
ou a coca-cola?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Vês
alguma relação entre happening e Surrealismo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> As
exposições surrealistas foram quase sempre formas de happening, e o surrealista
Salvador Dalí um dos seus maiores profetas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Em
muitas coisas Brasil e Portugal se aproximam, a despeito da falácia em torno do
carnaval. Também temos medo do risco, nosso racismo é igualmente econômico, e
se acaso fazemos dançar melhor a língua, por outro lado, minguamos essa
aparente liberdade por falta de assunto. Este é o maior dilema de nossa
cultura: onde estamos, o que somos? Mesmo que igual dilema se possa viver em
Portugal, o que se espera aí do Brasil?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Eu
não espero nada nem do Brasil, nem de Portugal, nem de qualquer país ou grupo.
O que espero é de pessoas, de mim sobretudo, e confesso que é pouco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Qual
a tua ambição em relação à poesia, Alberto? Ou melhor, de que maneira poesia
pode constituir-se uma razão de ser?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 15.6pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AP</b> Uma
razão de ser parece-me que é de mais, mas no entanto cito-me de novo: “Uns
dizem que a arte dá alegria, outros dizem que infunde terror; o mundo poderá
estar à beira da hecatombe, mas o espírito humano não passa sem celebrar o seu
engenho. incessantemente. uma pessoa entra, desabotoa as calças, senta-se, muda
de traje, já nada é o que era. Que outra coisa faço eu desde que nasci? Sim, desde
que percebi que a saída era para o norte, quer dizer, para a morte. Aí está o
pólo, o pólo a nortear o caminho, mas a paixão é um norte e uma morte, e quanto
mais ao norte e mais morte mais a paixão se polariza, mais se torna pólo e
brilha de cada vez como uma estrela ou o cu de uma ursa quando se peida depois
de comer muito mel.”<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[2004]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">[Visite a página de Alberto
Pimenta (1937) no <b>Projeto Editorial
Banda Lusófona</b>: http://www.jornaldepoesia.jor.br/BLBLalbertopimenta01.htm.]</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-55954898171799014802014-08-21T07:34:00.000-07:002014-08-30T04:34:41.895-07:00ANA MARQUES GASTÃO | Uma breve conversa<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5bDQhyEvpzBew05WCZfNz7WJmZJvRYM-LXGOpN0qp_7iJZM2SJxXlX0vxUF3LqK091GJjpbykeEN-RnG9WKrN6dRZSTriFEuiKhwb4c8YNAz5KZoDY00APvbjj30PG4JDx3NIp0jPXNi/s1600/Ana+Marques+Gast%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5bDQhyEvpzBew05WCZfNz7WJmZJvRYM-LXGOpN0qp_7iJZM2SJxXlX0vxUF3LqK091GJjpbykeEN-RnG9WKrN6dRZSTriFEuiKhwb4c8YNAz5KZoDY00APvbjj30PG4JDx3NIp0jPXNi/s1600/Ana+Marques+Gast%C3%A3o.jpg" height="200" width="133" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Diz
o Kenneth White em um poema: “o que agora chamo arte não é a obra criada mas
sim pura patologia do corpo e da mente no centro de um mundo alegre e
terrível”. O que chamas poesia? Caberia acaso uma definição à poesia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> Alegre
e terrível, eis uma associação que me agrada, aliás um pouco rilkeana. O belo
é, muitas vezes, o começo do terrível. Não há, para mim, alegria sem dor, luz
sem sombra. À poesia considero-a indefinível, bem como à noite, metáfora que
arrasta, no contexto de <i>Nocturnos</i>, a ideia de impossibilidade do
amor. Há amores recíprocos infelizes… Já nos inéditos - parte integrante de um
outro livro que tenho para publicar, com a pintora Paula Rego – a noite é um
lugar mais terrífico, o das relações de poder, da violência intersubjectiva, da
ambiguidade amorosa. Esse jogo de contrários, claro-escuro, dir-se-ia também o
da escrita, da minha, pelo menos. O poema de que extraí o título da antologia
acabada de sair no Brasil fala disso, dessa desorganização em que escrevo,
brincando com o incurável, tentando vizualizar o impossível, o ilimitado ou o
insuportável. O entendimento passa, na minha perspectiva, pela criação e, como
escreveu Silesius, “a rosa é sem porquê”. Para quê explicar? Algures, em <i>A
Paixão segundo G. H.</i>, Clarice Lispector diz qualquer coisa como isto:
“Enquanto escrever (…) vou ter que fingir que alguém está segurando a minha
mão”. Prefiro tentar a invenção do que arriscar-me a viver só. Não deixa de ser
um risco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> E
exatamente por onde começa a poesia em ti?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> Na
fadiga, na vivência concreta e intensa das coisas (no êxtase ou na queda), na
observação, num certo sonambulismo que me traz a lucidez e, às vezes, no
apontar para algo que não atinjo. Mas nem todos os poemas são sobre a perda. As
palavras dão eco a um movimento íntimo, no desdobramento de um exercício de
racionalidade. O júbilo também pode entrar aí. A escrita começa quando descubro
a crueza perante o excesso de vida, de morte ou de impossibilidade ou no ponto
em que surge a pergunta e as palavras avançam na ausência de mim própria. Não
me interessa, muitas vezes, saber quem sou, mas quem sou com os outros. A
ignorância tem uma eficácia, ensina sempre qualquer coisa, como o poema, não no
sentido didáctico e pomposo do termo, mas nos mínimos estremecimentos e
transformações de uma interioridade. A casa da linguagem que a poesia é obriga
também, por outro lado, ao rigor existencial. No processo de escrita
encontra-se aquilo que une, como tão bem salientou Celan, mesmo no
desequilíbrio ou na percepção fragmentada das coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Concordas
então com o António Maria Lisboa quando afirma que “a Poesia não servirá fim
nenhum e jamais será o relato do destino do homem”, logo lembrando que ela
“conta a história na verdade mas só porque é já desde logo <i>toda a
história</i>”. Vem daí o rigor existencial a que te referes, dessa compreensão
de certa ubiquidade, não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> Não
considero a poesia, num sentido estrito, um objecto de consumo, muito menos
fácil; rebuçado a digerir num ápice. Gosto que o poema me resista. Nesse
sentido não tem utilidade prática, mas há risco e este exige rigor na medida em
que o poeta, e estou apenas a falar de mim, tem um Eu dentro, que fala a partir
dos diversos ângulos da sua existência, embora não numa perspectiva
confessional ou derramada. O meu rigor é o do espelho, ainda que inverso. Sou,
por outro lado, também, a minha própria ficção. Nesse sentido, aceito a ideia
de ubiquidade. Assumi, no entanto, um lugar biográfico em <i>Terra sem Mãe</i>,
aceitando com a escrita fazer perdurar a memória de minha mãe. A linguagem não
é, para mim, o único instrumento, embora seja vital. Não quero com isto dizer
que, quando escrevo, esteja sempre dentro do real, tendo em atenção que o “moi
se fait de tout (…) <span lang="FR">Si le oui est mien, le non est-il un deuxième moi?” </span><span lang="PT">(Michaux). Nunca sabemos
verdadeiramente quem somos, vivemos de um jogo de opostos. Mas procura-se
saber, não é?, então escrevemos, reescrevemos. No</span> caso
específico desse livro, quis debruçar-me sobre a morte, essa “passagem do
mediato ao imediato” sobre a qual Jankélevitch tão bem soube reflectir. A morte
de quem nos está próximo (o desaparecimento dos vivos é um processo semelhante,
mais cruel talvez) dir-se-ia uma partida sem regresso a não ser dentro de nós.
A morte do outro não nos é estrangeira, é a nossa própria morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Tens
uma relação intensa com a noite, imagem-chave que te define a poética. Contudo,
cabe uma distinção entre a noite que ilumina e a que enferma, por exemplo. A
noite que nos guia e aquela na qual nos extraviamos. De que está constituída
tua noite pessoal?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> De
incompletude, de desamparo, mas simultaneamente noite é, a meu ver, uma
totalidade inalcançável, lugar fundador, e aí existem ressonâncias de um
diálogo entre visível e invisível, no qual a materialidade da existência se
esvai. <i>Três Vezes Deus</i>, escrito em co-autoria com António Rego
Chaves e Armando Silva Carvalho, passa pela tentativa de escutar o silêncio, o
barulho excessivo de Deus ou por sentir a sua morte. São “histórias” de um
(des)encontro improvável. Quando falo de queda não quer dizer que exista uma
preferência íntima por uma infelicidade como no mito de Tristão; reconheço, sim
que o caos é estruturador e não receio a tristeza, nem esse fluxo perceptível
entre ficção e realidade. Descobrir-se em derrocada ajuda a caminhar por dentro
da luz. Há que conseguir essa distância interior, o jogo entre imaginação e
entendimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> O
jogo entre desejo e experiência, claro. E que espaço ocupariam os sonhos dentro
dessa ambientação da noite em tua poética?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> O
desejo é o maior companheiro na voragem da experiência, o que nos remete, de
novo, para a ideia de impossibilidade. Escreveu Heidegger: “Fazer uma
experiência do que quer que seja, uma coisa, um homem ou um deus, quer dizer:
deixá-la vir até nós, que ela nos atinja, nos caia em cima, nos perturbe e nos
transforme.” Esperemos que a pedra não seja demasiado pesada (risos). Nunca
chegamos a alcançar, essa a maior tragédia e também o maior impulso de vida. A
poesia, como lugar inter-relacional e de justeza da palavra, dir-se-ia esse
“redemoinhar” labiríntico em torno do nada que somos e que simultaneamente é
quase tudo. E retira-nos, ainda que por instantes, da nossa insuficiência. O
sonho, esse, pode ser, ocasionalmente, a gramática do poema e este um
cerimonial da noite, até no sentido de um agir erótico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Chegas
ao Brasil juntamente com outro importante poeta português, António Osório, num
momento em que não se pode mais desconsiderar a necessidade de diálogo entre
nossas culturas. O que conheces da poesia brasileira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> António
Osório, curiosamente, prefaciou o meu primeiro livro em Portugal. Foi uma
coincidência feliz publicarmos neste momento no Brasil, eu pela primeira vez.
Há muito para conhecer ainda da cultura literária brasileira, muito. Já é um
lugar-comum falar-se disso e não passarmos à prática. Carlos Drummond de
Andrade, João Cabral de Mello Neto, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Murilo
Mendes, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Manoel de Barros, Carlos Nejar,
recordo-os como nomes de sempre com toda a renovação da linguagem que de alguns
deles partiu, assimilada pelos portugueses também. Impossível nomear todos. Por
incrível que pareça, muitos dos históricos não estão editados entre nós; o
mesmo acontece no Brasil. Há poetas dentro de poetas, vozes dentro da voz,
assim se faz a revisão da literatura, transfusão construtiva. Não desprezemos a
língua em comum e as enriquecedoras divergências! Malraux escreveu que qualquer
processo inventivo é, em si mesmo, desde logo, uma resposta. Nada somos sem
quem nos precedeu. Mas isso de admirar poetas é só para alguns… Há que ter, no
entanto, a ousadia de editar os novos (cronologicamente ou porque são
desconhecidos até agora entre nós); e eles estão a chegar: Eucanaã Ferraz,
Antonio Cicero, Carlito Azevedo, Armando Freitas Filho, Leonardo Fróes, Paulo
Henriques Britto, Wally Salomão, Fabrício Carpinejar, Rodrigo Petronio, tu
próprio, entre outros. Maria Ângela Alvim e Adélia Prado, curiosamente ambas
“apadrinhadas por Drummond”, são as únicas poetas editadas recentemente em
Portugal. O alargamento da comunicação virtual, o advento das revistas na
internet e a produção de pequenas/médias editoras têm ajudado. Esperemos que o
diálogo luso-brasileiro se intensifique e que a qualidade (mais do que tudo)
seja o motor de busca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Destaco
a inexistência de um diálogo entre tradições. Ao pensar nos brasileiros que
mencionas, em um primeiro momento, recordo uma não percepção mútua, nas duas
margens do Atlântico, das afinidades estéticas que ligam esses nomes aos de
Pessoa, Sá Carneiro, António Maria Lisboa, Herberto Helder, Cruzeiro Seixas,
Ana Hatherly, dentre outros. Evidente que há descompassos editoriais internos,
e tanto Brasil quanto Portugal ainda estão a descobrir-se a si mesmos. A que
atribuis essas duas exigüidades?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> O
diálogo entre tradições não é inexistente, mas muito ténue. Oiço falar desse
desencontro entre literaturas portuguesa e brasileira desde que me conheço. Já
Gilberto Freyre, numa conferência pronunciada, salvo erro, em 1940, falava de
uma cultura ameaçada – a luso-brasileira. O desencontro vem, portanto, de
sempre e tem contornos políticos, económicos, históricos, até, culturais,
burocráticos. A classe política é geralmente muito ignorante, não tenhamos
ilusões! O <i>slogan</i> “a cultura não vende” coloca-a sempre no
patamar inferior de qualquer opção. Vamos, então, avançando pontualmente. E há
tanto para explorar…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b> Já
em relação às gerações mais recentes, a uma pequena leva de brasileiros
editados em Portugal começa a corresponder, muito timidamente, uma presença da
poesia portuguesa no Brasil. Contudo, o diálogo é ainda inexistente. Qual
parcela de responsabilidade creditas à imprensa cultural no tocante à
persistência deste assunto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AMG</b> A
cultura não é “a” prioridade da imprensa portuguesa, ou pelo menos, no sentido
de um pensamento estruturado, basta dizer que deixaram de existir suplementos
literários, passaram a ser híbridos (nada contra, mas a literatura, a
filosofia, a sociologia, etc, ficaram um pouco para trás); há, por outro lado,
pouquíssimas revistas da especialidade e a sua periodicidade ou não é regular
ou extremamente espaçada. Sinto alguma movimentação do lado do Brasil,
sobretudo do ponto de vista da divulgação no hiperespaço; em Portugal
estamo-nos a mover mais nesse domínio agora. A <i>Storm</i>, da
responsabilidade de Helena Vasconcelos, foi pioneira e ocupa um espaço vital;
outras fecharam, como a <i>Ciberkiosk</i>. Tendo isso em conta, claro que
todos temos responsabilidades num quadro a que a escassez financeira não é
alheia. Sinto ainda uma imensa debilidade no que se refere à crítica publicada
nos jornais, muitas vezes desqualificada. Persistem, como sempre acontecerá,
ditaduras mediáticas, académicas, de pretensas unidades geracionais e escolas
literárias. Vão-se revelando alguns nomes timidamente, porém com o risco de se
criarem visões distorcidas de realidades culturalmente vastas e múltiplas.
Existirão sempre vozes isoladas à margem de tudo isso. A história acaba por
descobrir quem tem qualidade.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2003]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Visite a página de Ana
Marques Gastão (1962) no <b>Projeto
Editorial Banda Lusófona</b>: http://www.jornaldepoesia.jor.br/BLBLanamarquesgastao01.htm.]</span><span style="font-family: Georgia, serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-65847971458245526242014-08-21T07:21:00.001-07:002014-08-30T04:36:40.945-07:00MARIA ESTELA GUEDES | Nos regaços comovidos da linguagem<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 103%px;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFyY3JClE2TbDqPsywaW9G8frpiqM4HNsPJzV7tVUCOnFQ8Opd6mgC_2S3vpYMJ9uVvefaDJ9XhW3PdyepStTNa742dafHKU8LRtsF89WuJcBmT83xV9wdWNVuDdgSZCFGv6BzO3W3HXTT/s1600/Maria+Estela+Guedes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFyY3JClE2TbDqPsywaW9G8frpiqM4HNsPJzV7tVUCOnFQ8Opd6mgC_2S3vpYMJ9uVvefaDJ9XhW3PdyepStTNa742dafHKU8LRtsF89WuJcBmT83xV9wdWNVuDdgSZCFGv6BzO3W3HXTT/s1600/Maria+Estela+Guedes.jpg" height="200" width="183" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Meu encontro com Maria
Estela Guedes se deu em função das revistas que dirigimos,<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>e<span class="apple-converted-space"> </span><i>Agulha Revista de Cultura</i>,
revelando a partir de então um entranhável leque de afinidades que nos
permitiu, dentre outras atividades comuns, criar um dossiê dedicado ao
Surrealismo, instalado dentro do<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>.
Meg, como desde então a chamo, pela simpática e sugestiva reunião das
iniciais de seu nome, é também uma consistente investigadora científica, área
em que se destacam seus estudos sobre Naturalismo, desenvolvidos a partir de
seu vínculo com o Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade
da Universidade de Lisboa. Uma parcela desses estudos se encontra reunida em
um volume intitulado<span class="apple-converted-space"> </span><i>Lápis
de carvão</i>, publicado em 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E não devemos esquecer
também seus ensaios sobre António Ramos Rosa, Ernesto de Sousa e Herberto
Helder, que podem ser encontrados na<span class="apple-converted-space"> </span><i>Agulha
Revista de Cultura</i>. Contudo, a oportunidade aqui nos leva ao conhecimento
da poeta, através do encontro de três livros que somam recursos de linguagem
distintos, como o teatro e o relato de viagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>Tríptico a solo<span class="apple-converted-space"> </span></i>aproxima esses ambientes distantes
apenas aparentemente, permitindo ao leitor observar como a autora os costura
de forma substanciosa, agregando-lhes uma acentuada visão crítica. E já o
veremos a partir deste prólogo (também ele pautado por esta nossa paixão pela
mistura, pelo amálgama), primeiramente através de depoimentos da própria
autora, seguidos de uma entrevista em que complementamos abordagens, não sem
deixar em aberto o tema para que o próprio leitor se enverede por suas
raízes, matrizes, abismos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>1. Ofício de trevas | </b>No<span class="apple-converted-space"> </span><i>Oficio das trevas<span class="apple-converted-space"> </span></i>começa logo por me atrair a
designação dessa cerimónia católica: missa solene, nocturna. Há várias obras
com esse título, musicais e literárias. Julgo que é de Camilo José Cela um<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício de trevas</i>. Essa peça
relaciona-se com uma época da minha vida, de crise total, devido sobretudo a
um conflito muito sério com o discurso da ciência. Uma ciência que mente,
arrogante, que se julga detentora da Verdade, e que por isso se
auto-sacraliza. Eu parodio essa sacralização na cena da ladainha constituída
por alguns dos muitos nomes científicos que teve, desde finais do século
XVIII, a tartaruga-lira, uma espécie descrita por um famoso lente da
Universidade de Coimbra, Domingos Vandelli. Mas a peça não reflecte só esse
conflito com a ciência; reflecte também o que me levou à mesquita, onde
aprendi os rudimentos do islamismo. Se eu não vivesse num país europeu, seria
muçulmana. As religiões actuam como a ciência, dominando e cegando com os
seus paradigmas. Mesmo sabendo disso, sabendo que as religiões têm a mesma
Verdade da ciência, nós não conseguimos viver sem religião, porque é no seu
seio que encontramos um alimento indispensável à vida mental: o ofício da luz
ou das trevas, a alta cerimónia, o rito, o sacral. Eu seria muçulmana porque
o islamismo é nu, directo, simples como um raio de luz. O catolicismo tem
excessiva carga idolátrica e icónica para o meu ascetismo. Mas como vivo num
país católico, não tenho outra fonte de cerimonial. Na peça, a personagem
feminina, Lucy –<span class="apple-converted-space"> </span><i>Lucy in the
sky with diamonds<span class="apple-converted-space"> </span></i>– Lucy de
Lúcifer, o anjo da rebelião, essa Lucy assume o seu próprio sacerdócio porque
não acredita no alheio: nem no sacerdócio científico nem no religioso. O rito
que ela lidera é poético: ela acredita na Poesia como interlocução divina,
acredita na Palavra como portadora de Verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>2. Lilith | </b>Lilith é outra Lucy, o meu demónio, a
querer tirar uma dor do peito que durava havia dois anos. Aqui para nós,
Lucy, Lilith e outros diabos eram o meu hipertireoidismo, antes de
controlado. Aquilo altera o comportamento e dá crises de cólera, um horror.
Eu não fazia ideia de que era tão diabólica assim, apenas a minha tireóide
estava a descarregar tóxicos para o sangue. Bom, certa vez comecei a rabiscar
quando iniciei uma das minhas habituais viagens de Lisboa para Britiande. Ia-me
surgindo uma ideia, uma história, um comentário, a propósito das terras por
onde passava. Daí que quase todos os textos tenham um topónimo por título.
Fui de Lisboa ao Porto de autocarro. No Porto, em Campanhã, numa grande e
antiga estação ferroviária, apanhei o comboio da linha do Douro, mas resolvi
ficar na Régua dois ou três dias, porque sou desta zona mas nunca tinha
dormido com o Douro, e eu queria dormir com o Douro, assim como quem quer
dormir com um homem muito desejado. Ali apanhei uma tempestade de verão, na
varanda do hotel, uma chuvada, raios e trovões, parecia que estava nos
trópicos. Foi muito inspirador. Não me sentia melhor: a cólera não se ia
embora, a dor no peito continuava, se calhar era coração, porque o
hipertireoidismo provoca arritmia e outros problemas cardíacos. Mas eu estava
convencida de que o mundo todo se tinha virado contra mim, por isso estava a
sofrer fisicamente, pensando que o sofrimento era apenas afectivo. Mas a
escrita aliviava-me ou dava-me essa ilusão. A partir da Régua escrevi<span class="apple-converted-space"> </span><i>A tempestade</i>, um pouco a duas
mãos com o Oscar Portela, o poeta argentino, que anda e andava com uma
depressão terrível. Dizia ele que a tempestade nem era a de Shakespeare nem
outra: a verdadeira tempestade, a dele, e a minha, pensava eu, era interior.
E realmente... Como só mais tarde comecei o tratamento, nessa altura<span class="apple-converted-space"> </span><i>A tempestade<span class="apple-converted-space"> </span></i>saiu sem nenhuma referência
glandular. A propósito de referências, as referências preocuparam-me durante
a escrita de<span class="apple-converted-space"> </span><i>Lilith<span class="apple-converted-space"> </span></i>até A<span class="apple-converted-space"> </span><i>tempestade</i>. A partir daí,
esqueci-me do problema, que é o de termos pontos de contacto que nos permitam
a conversação. Eu escrevi para pessoas como a minha mãe, que não tem estudos
quase nenhuns; por isso não há interlocução entre nós, as referências são
distintas: eu tenho poucas referências no quotidiano e muitas na arte, tenho
poucas referências musicais, por exemplo; então é difícil encontrarmos
interlocutor intelectual quando os modos de vida e os pontos de vista são
muito diversos. Escrevi para gente como a minha mãe, pensando: as pessoas que
conhecem a Régua, Pala, Campanhã, que cultivam vinhas, têm adegas etc., vão
aderir. Dou-lhes referências do quotidiano, elas aderem porque conhecem
aquilo de que estou a falar. O esforço de falar para esse público hipotético
fez com que o poema deslizasse muitas vezes para a prosa. Florzinha, tudo
isto depende da região, não é? Tu se calhar não tens essas referências no teu
quotidiano, por isso o meu discurso, se é acessível a um lamecense, já deve
ser muito abstracto para um cearense. O que nos salva é outro tipo de
referências: os afectos que andam pelo meio das linhas, coisas pouco claras a
que chamamos “poesia”. A poesia é para nós uma rede de referências universal,
uma linguagem acima do léxico e acima das línguas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>3. A Boba | </b>Um dos nossos grandes mitos é o dos
amores entre Inês de Castro e o rei D. Pedro I, o Cru, ou Justiceiro.<span class="apple-converted-space"> </span><i>A Boba<span class="apple-converted-space"> </span></i>não desmitifica, como aliás
refere Eugénia Vasques no prefácio da peça. A ideia não é desmistificar, e
sim pôr o mito a nu, deixar claro que aquela história de amor só pode ser
mito e mais coisa nenhuma. Então,<span class="apple-converted-space"> </span><i>A
Boba<span class="apple-converted-space"> </span></i>desmistifica, tira a
máscara radiosa às figuras, mostra a História. E a História, seja a de Fernão
Lopes seja a de uma ficcionista como Agustina Bessa-Luís, diz que a História
é uma ficção. A Boba é o terceiro demónio, um<span class="apple-converted-space"> </span><i>joker<span class="apple-converted-space"> </span></i>em baralho de cartas. Ela
declara-se o Mal em persona: foi ela, Miguéis, quem tramou toda a tragédia...
Mas realmente ela não é culpada da morte de Inês de Castro, sim de se atrever
a dizer o que terá sido coroado, meia dúzia de anos após o enterro da<span class="apple-converted-space"> </span><i>Reine morte</i>. Aliás, todos os
detalhes históricos que ela refere são endiabrados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>AO DIÁLOGO</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Comecemos tratando
diretamente do encontro dos três livros aqui reunidos, no que diz respeito à
presença coincidente de seus protagonistas femininos: Lucy, Lilith e a Boba.
De que maneira estas mulheres se entrelaçam, pensando nas conexões [tuas]
possíveis entre vida e obra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Tu é que escolheste os
livros. Como já me vais conhecendo, escolheste segundo uma unidade mental, a
de o solo ser eu em três versões não muito diferentes. A Boba parece uma
figura medieval, porque conta a história dos seus amores com Inês de Castro.
Mas, pondo de lado a História, é claro que boba sou eu: faço disparates,
momices, digo coisas que dão vontade de rir, além de desempenhar o habitual
papel crítico concedido a essas personagens. As três são figuras fosfóricas,
buscadoras de luz mais do que transportadoras dela, e isso é visível
sobretudo no<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício das
trevas</i>, por contraste. Em suma, as três têm a paixão de um conhecimento a
que a verdade não seja alheia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Em termos de
linguagem, temos um livro central na forma de poemas – que a rigor são
relatos de viagem – e duas peças de teatro, sendo a última um monólogo. Esta
relação entre poesia, teatro e relato é algo que buscas como definição de uma
poética ou o caminho a ser trilhado opta por uma linguagem a sobrepor-se as
demais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Se tivesses escolhido
ensaios e excluído o teatro, as linguagens seriam diferentes. Em todo o caso,
não vejo grande diferença entre as formas de expressão. O livro mais lírico
dos três, o mais profundamente poético, é a primeira peça de teatro,<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício das trevas</i>. A Boba é
muito directa, não se perde pelo caminho com lirismo nem retórica, ela tem um
discurso sintético, realmente próprio de teatro. E o livro a que chamas de
relatos,<span class="apple-converted-space"> </span><i>Diário</i>, mais
próximo estaria de um Horário ou Minutário... Bem, os poemas deslizam muitas
vezes para a prosa ou inversamente: existe o relato, uma vontade de contar
que ora usa a prosa ora o verso, porque o importante para Lilith é ser ouvida
por pessoas de instrução inferior a dela. Então busca referências no
quotidiano para eu mais facilmente me encontrar com o leitor, já que os
interlocutores são as próprias personagens: no interior de cada texto não
faltam ouvintes, e mesmo a Miguéis tem muita gente à volta, que ela
interpela; o seu discurso é um falso monólogo: a Boba dirige-se sempre a
alguém: ao público, a Inês de Castro, a D. Pedro, a D. Afonso IV. As
personagens, as pessoas internas, ouvem e entendem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O problema é chegarmos
ao coração dos leitores. Como dizer, em que registo, para sermos
compreendidos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Este é um velho dilema
da criação artística. Inclusive muita arte de pouca expressão se guia por
esta deliberada preocupação com a maneira eficaz de ser compreendida. Nisto
quase sempre há, inclusive, uma subestimação do outro, do espectador; do
leitor, no caso da literatura. A arte deveria ser mais um estímulo à certa
avidez por novas experiências, novas formas de conhecimento. Não te parece?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Sim, esse é um falso
problema, intelectual e artisticamente falando. A arte é um estímulo à avidez
por novas experiências, novas formas de conhecimento, sim; mas só entre nós
dois, só entre parceiros. Não existe tal relacionamento entre um poeta e o
engenheiro que vive na vivenda ao lado. Salvo alguma exceção bem-aventurada,
esse estímulo não funciona com os professores dos nossos filhos e ainda menos
com o homem do talho. Isso incomoda, parece que as classes sociais passaram a
classes intelectuais e que vivemos segundo a nossa em prateleiras diferentes.
Onde está o tempo em que o povão apupava e aplaudia o próprio Shakespeare,
representando as suas peças? Comendo, bebendo e gritando, em pleno
espetáculo? Incomoda, não é falso problema do ponto de vista emocional.
Interessa à nossa vontade de ser felizes que o outro nos acompanhe, nos
reconheça. Vejamos, Floriano, esse é um problema imenso e verdadeiro, tanto
mais doloroso quanto insuperável. Imagina uma sala de espetáculo em que um
poeta diz versos para uma platéia vazia... Imagina os nossos livros, em
Portugal, a não serem vendidos, o comércio livreiro a ruir, as bancas dos<span class="apple-converted-space"> </span><i>shoppings<span class="apple-converted-space"> </span></i>a serem inundadas por essa
literatura descartável vinda sobretudo dos EUA... Tudo isto é uma punhalada
no coração de Lilith, a pobre diaba, que sofre verdadeiramente, e sobretudo
por não ter remédio para a situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Porém, há que estimar
quais os obstáculos decorrentes de certa debilidade estética daqueles que são
impostos por uma visão deformadora do próprio mercado de livros. Claro que ao
autor interessa que o leitor se reconheça nele e que o acompanhe. Contudo,
quem em Portugal mais contribui para o afastamento do leitor em relação ao
livro: autores, críticos, imprensa, editores... Quem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Todos nós contribuímos
para o descalabro, mas poria em primeiro lugar a instrução pública. De raiz,
algo corre mal nas escolas, as pessoas crescem sem interesse pelos livros,
dirigidas apenas para a futura carreira e tendem a confundir com cultura os
passatempos de televisão. Ignoram que a cultura está na base da civilização;
da arte esperam a representação própria do classicismo, esgotada no século
XIX; pensam que “cultura não enche barriga” e decretam que “a cultura não dá
votos”. Ora, sem Camões, sem Fernando Pessoa, sem Amália Rodrigues, sem Chico
Buarque, sem Clarice Lispector etc., os professores não teriam nada que
ensinar, por isso não haveria professores, a imensa indústria musical não
daria emprego a tanta gente e, por aí adiante, teríamos um mundo mil vezes
mais esfaimado do que já é. Nessa situação, o problema eleitoral ficava
resolvido, por falta de entidade a quem dar votos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Há um nítido cenário
paródico em<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício de trevas<span class="apple-converted-space"> </span></i>que põe em conflito as relações
entre ciência e religião. Dizes que “não conseguimos viver sem religião,
porque é no seu seio que encontramos um alimento indispensável à vida mental:
o ofício da luz ou das trevas, a alta cerimônia, o rito, o sacral”. Contudo,
também o homem consegue viver sem ciência e hoje como que se encontra mais
refém desta do que da outra, e sob certo aspecto por um mesmo efeito
religioso – no caso o da sacralização da tecnologia, por exemplo. Como a
Poesia opera entre esses dois mundos, no sentido de recuperar a essência
humana?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>O cenário em que se
parodia a ciência é o da ladainha dos nomes científicos da tartaruga-lira,<span class="apple-converted-space"> </span><i>Dermochelys coriacea<span class="apple-converted-space"> </span></i>(Vandelli, 1761). Era fatal: de
um lado os textos científicos estão escritos em latim, de outro o catolicismo
permite a paródia, as missas do burro. Nota, entretanto, que da minha paródia
está ausente o zurrar do burro! A ladainha é declamada, cantada em gregoriano
e em canto corânico, com uns pormenores militares pelo meio, mas nada de
deselegante. O cerimonial é tão solene como o da missa normal, e isso é
possível por causa do latim. O grande cerimonial deriva do mistério, do
terror ligado ao sagrado que vem do desconhecido. Esse clima existia na missa
antiga, dita em latim, porque as pessoas falavam essa língua alienígena, sem
a entenderem. Do mesmo modo, quem entende o que seja uma sinonímia de
espécie? Uma lista de nomes de plantas em latim é um texto misterioso para os
leigos, algo de ar terrífico. O comum dos mortais imagina que os cientistas
já classificaram todas as espécies da Terra, e que essa classificação é
imutável. Não faz ideia de que existem centenas de diferentes espécies só
entre os coleópteros. Ri-se quando verifica que os coleópteros (escaravelhos)
são objeto de estudo científico, como se a ciência só se ocupasse de cavalos
de corrida e de cães de caça, por serem animais grandes e belos. O comum dos
mortais não faz idéia de que a Zoologia se ocupa de mosquitos, formigas
e toupeiras, e não estuda galgos nem cavalos, porque esses animais não são
fruto de seleção natural! Quem estuda galgos e cavalos são os veterinários,
as ciências aplicadas, aquelas que justamente criam novas variedades de
tartarugas, de cães e de ovelhas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O comum dos mortais
não sabe que dada espécie, no caso a tartaruga-lira, tem uma sinonímia, isto
é, um cartão de identidade em que a ciência registou não um nome, sim os
muitos nomes científicos que já teve, até certa data. A sinonímia da<span class="apple-converted-space"> </span><i>Dermochelys coriacea</i>, uma
espécie gigante, conhecida da ciência desde pelo menos 1761, é tão extensa, e
são tão irônicos certos nomes, como o de<span class="apple-converted-space"> </span><i>porcata</i>,
que só entendo o incidente como autoparódico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É a própria ciência
que ri de si mesma, e então eu apenas torno evidente esse riso. Em rigor, a
paródia não é minha. Mas não é por a ciência estar sempre a mudar os nomes
das espécies que eu me incomodo! Essa mudança de nomes é espelho do que para
mim é mudança da espécie, mutação! Ora as espécies só mutam de forma tão
óbvia que seja preciso mudar-lhes a identificação se existir seleção humana,
se estivermos a lidar com os resultados da intervenção da técnica de pecuária
ou de piscicultura e não com a ciência fundamental. Nesse caso, não podemos
falar de espécies, sim de híbridos, variedades, criaturas como os caniches,
que já só falta nascerem de laçarotes na cabeça!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Para te responder mais
diretamente: no<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício das
trevas</i>, a ciência diz a sua missinha como qualquer padre, donde não
aparece grande diferença nos métodos nem nos objetivos de ciência e religião.
O que pode a Poesia fazer, perguntas tu? Pois, a Poesia mente menos, para já.
A Poesia é mais autêntica, porque esses discursos auto-sacralizadores usados
por religiões e ciência mais não são afinal do que a Poesia. O cerimonial e a
sacralidade vêm da Poesia e não de Deus, certo? A Poesia é a mãe destas
modalidades bastardas de ser e estar na Palavra. Por fim, a poesia mostra,
ela tem Luz própria, é ela a Estrela. Tudo o mais são planetóides...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Retornemos às origens,
aos primeiros impulsos que te conduziram à Poesia, identificações, buscas,
enfim, por onde e em quais circunstâncias começas a escrever.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Rasguei há pouco uma
série de textos da minha adolescência. A Lilith fala disso, espantada, porque
num deles referia a<span class="apple-converted-space"> </span><i>Nadja</i>...
Desde o Liceu que escrevo versos, a poesia coincidia em mim com os grandes
conflitos amorosos. Como se a paixão tivesse uma língua natural, o poema.
Usei por isso os poemas como instrumentos de sedução. Sim, é possível
que haja inéditos meus na gaveta ou na mente de alguns dos meus amados... Só
comecei a olhar para o que escrevia com interesse editorial depois de os
jornais terem começado a publicar crônicas e ensaios. E depois de grandes
revelações poéticas, que podem não estar expressas em verso, como Octavio
Paz, Herberto Helder, Umberto Eco, Rabelais... O excesso, os excessivos, os
que transgridem as normas, como Luiz Pacheco, esses sempre me deslumbraram,
porque, além de outro valor, têm o da coragem. São os meus heróis, os meus
Batman... Mas olha, eu não cultivo muito a poesia, ela está em mim demasiado
ligada à depressão. É preciso estar na fossa, de coração partido por algum
amor impossível, para ela aparecer cá por casa, toda pintada, de saltos altos
e vestido berrante, a exigir o meu lugar diante do computador para se entregar
aos seus versos. Ou então de comportamento alterado com as substâncias
tóxicas lançadas no sangue pela tireóide, que foi o que aconteceu no<span class="apple-converted-space"> </span><i>Diário de Lilith</i>, mas eu não
sabia. Deixa-te estar sentado, não há problema... Já fui ao médico, os
demônios estão a ser controlados...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>E a paixão pelo
teatro, resulta de quais conflitos? Tens encenado os textos escritos ou
pretende fazê-lo? Esta seria tua linguagem preferida ou acaso radica no
ensaio uma maior afinidade expressiva?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Em princípio, eu
escrevo em qualquer género, mas sou mais solicitada para o serviço público, o
ensaio. De qualquer modo, as duas peças do livro também resultam da vontade
de satisfazer pedidos. O<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício
das trevas<span class="apple-converted-space"> </span></i>fez parte dos
projectos de investigação do CICTSUL, Centro Interdisciplinar da Universidade
de Lisboa, de que sou membro.<span class="apple-converted-space"> </span><i>A
Boba<span class="apple-converted-space"> </span></i>resulta de um desafio
da Eugénia Vasques, crítica e instigadora de teatro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Investigadora, devia
ter escrito... O teatro dá-me imenso prazer, tenciono prosseguir a linhagem
da Boba com mais uns mitos, em especial o de D. Sebastião. Dá-me prazer
porque é um género altamente controlável, em que consigo ter todos os
pormenores na cabeça. Não gosto de livros grandes, que não possa abarcar em
menos de umas três horas de leitura. Livros grandes, se têm uma arquitectura,
são difíceis de construir. Uma criadora perde-se neles, mata uma personagem,
esquece-se de que a matou, e depois lá aparece ela a atravessar a rua toda
vivaça... A mim nunca tal aconteceu, mas acontece a outros. Uma vez ouvi
Agustina Bessa-Luís a desculpar-se desses lapsos, dizendo que um romance é
como a vida, na vida também nos esquecemos. Pois esquecemos, concordo com
ela, mas na vida os mortos não andam a fazer compras na Baixa... Gostava
muito que as minhas peças fossem à cena, mas por enquanto só foi montado um
espectáculo,<span class="apple-converted-space"> </span><i>O Lagarto do
Âmbar</i>, na Fundação Calouste Gulbenkian. Pode ser que os brasileiros leiam
o livro, se entusiasmem e encenem as peças. Nós, por cá, estamos de
algibeiras vazias, numa crise sem paralelo! Afinal, em muito do que eu
escrevo há marcas do Brasil. Tenho estudado os Naturalistas, por isso, em
ensaio, há bastante matéria publicada, nas circunvizinhanças das
Inconfidências: Mineira e Baiana. Ensaios sobre João da Silva Feijó e Álvares
Maciel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Este foi o ideólogo e
iniciador maçónico do Tiradentes, era o naturalista que devia proceder ao
armamento da revolução. No<span class="apple-converted-space"> </span><i>Ofício
das trevas<span class="apple-converted-space"> </span></i>notam-se uns
vestígios brasileiros dessa investigação sobre a História Natural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Em um ensaio teu,
lemos a seguinte passagem: “Pôr portas no campo é o mérito maior dos
movimentos da modernidade, e não só dos surrealistas: não se trata tanto de
subjugar à sua liderança teórica e modelos poéticos a capacidade de criação
alheia, mas de fornecer o campo e o húmus necessário ao florescimento do que
nunca poderia ser -ista em sentido estrito, dada também a rebeldia inerente a
cada artista, a sua necessidade de seguir caminho pessoal. O Surrealismo é
ainda hoje uma porta de entrada e de saída, uma casa de família a qual o
filho pródigo ainda pode retornar”. Como situar em Portugal, nominalmente,
esta porta de dupla função, naturalmente considerando suas variações e
atualidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Eu nunca poderia ser
como sou se autores como Octavio Paz me não tivessem posto portas no campo.
Portas manuelinas na selva amazônica, entenda-se. E dito: salta, não tenhas
medo da extravagância, é assim que te libertas e exprimes a tua própria
singularidade. O Surrealismo tornou essas portas um movimento, instituiu a liberdade
de expressão poética. Aquilo que em Rabelais é excepcional, individual, com o
Surrealismo tornou-se coletivo. Nesse momento eu não consigo situar nada em
Portugal, não creio que exista nenhum chapéu que recubra várias cabeças ao
qual se possa dar um nome terminado em -ista. Para já, os intelectuais
portugueses são<span class="apple-converted-space"> </span><i>snobs</i>,
odeiam pertencer a grupos em que estejam A, X, e Z, odeiam Z porque se sentem
plagiados por ele, não se apercebem de que já Carlos de Oliveira, no seu
tempo, fez o que eles agora nem sabem que repetem etc., por isso mais
facilmente se organizam em capelinhas do que em movimentos estéticos. Eu
sinto alguma necessidade de pertença, por isso pertenço, sou membro de
centros e de instituições.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Agrada-me estar no
meio de vós, não me incomoda a pertença surrealista, pelo contrário. Mas
aqui, em Portugal, para a maior parte dos intelectuais, o Surrealismo é algo
que pertence ao passado. Nesta casa ou em qualquer outra, eu não suporto
coleiras de idéias pré-fabricadas, por muito que pertença. Mas penso que um
dos equívocos sobre o Surrealismo é esse, e é dele que falo na frase que
citaste: o Surrealismo não exige seguidismo, submissão. Seria inconcebível
esperar que um Buñuel seguisse caninamente as pisadas de um Salvador Dali,
por muito que ambos tenham criado<span class="apple-converted-space"> </span><i>Un
chien andalou</i>. Não existem dogmas em arte. O Surrealismo não pode
confundir-se com uma ideologia. Basta o seu estímulo à liberdade para
garantir que não ata, não agrilhoa escolasticamente, e que a qualquer momento
pode incitar à mudança. Por esse fluxo, podem filhos pródigos voltar a casa,
podem aí berçários mostrar ao mundo que do movimento surgem revolutivos
nascituros...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Estou de acordo e ao
mesmo tempo lamento que o Surrealismo se mostre hoje em diversos países mais
com um perfil deste “seguidismo” que apontas do que propriamente com um
sentido de liberdade que sempre o caracterizou. Dentro e fora de Portugal, é
possível identificar obra surrealista com a qual dialogas mais intensamente,
que possa ser referência na definição de uma poética tua?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>Talvez tu possas
dizer, eu não. Os autores surrealistas que mais me marcaram não se
considerariam surrealistas. Um deles é o rival de Cesariny, editor de
Cesariny, o surrealista-abjeccionista Luiz Pacheco. É claro que tenho pontos
em comum com Herberto Helder, que a semelhança afectiva me aproximou da obra
dele, que pode até dar-se o caso de saber de cor frases dele sem saber que as
sei de cor, e por isso reproduzi-las em textos meus. Noutros tempos isso
ter-me-ia incomodado, mas acima desses nomes situa-se um outro, com o qual
não devo ter grandes afinidades estéticas, mas que considero um Mestre:
Ernesto de Sousa. O Ernesto citava como se os textos fossem dele – “Quando eu
nasci, todas as frases que haviam de salvar a Humanidade já estavam escritas,
só faltava uma coisa: salvar a Humanidade!” –, o Ernesto dizia coisas
inacreditáveis como esta, que justificam a apropriação do alheio como nosso:
“O teu corpo é o meu corpo é o teu corpo”. Não me perguntes a quem pertence a
tirada, se a Joseph Beuys se a Filliou: para mim, ela é puro Zé Ernesto.
Depois de ter tido aulas com um espírito verdadeiramente iluminado e de
vanguarda como o Ernesto de Sousa, podem todos os vira-latas latir-me às
canelas, que eu seguirei impávida o meu caminho. Tenho textos maus, às vezes
ouve-se neles o canto das aves, estranho era que assim não fosse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><span class="apple-converted-space"> </span>Peço que comentes
sobre a trajetória do<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>,
desde seu surgimento, não esquecendo de mencionar sua recepção, em Portugal,
junto à mídia impressa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MEG</b><span class="apple-converted-space"> </span>A mídia brasileira,
como bem sabes, logo que o<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>apareceu, fez-nos uma entrevista
no jornal<span class="apple-converted-space"> </span><i>O Escritor</i>, da
UBE. Aqui, não. O que não quer dizer que o<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>seja desconhecido. Não é, e
também fui entrevistada, mas pela imprensa regional, um jornal de Viseu. Todos
conhecem o<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>, há
muitos sítios, alguns bem valiosos, como o Instituto Camões, com<span class="apple-converted-space"> </span><i>links<span class="apple-converted-space"> </span></i>para nós. Muitos artigos do
TriploV vão para outros espaços editoriais, virtuais e em suporte de papel,
caso dos meus, publicados num jornal da região do Porto,<span class="apple-converted-space"> </span><i>O Progresso de Gondomar</i>. Eu
penso que as pessoas ainda não sabem o que significa figurarem no<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>. A avaliar pelo pudor
em referirem sítios em bibliografias, em publicarem no ciberespaço e tal, eu
diria que muita gente pensa que “virtual” significa “inexistente”. Não contes
a ninguém, mas às vezes dá-me vontade de chutar aqueles que se aproveitam, e
depois não mencionam o que têm publicado no<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>.
Bom, estamos ambos no<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>,
ambos estamos na<span class="apple-converted-space"> </span><i>Agulha</i>.
O<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>tem seis anos. Passou de zero a
alguma audiência, e neste momento, deixa ver, vou consultar o último
relatório do Magno Urbano, que data de abril de 2007, portanto do mês
passado. Posição do<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>no<span class="apple-converted-space"> </span><i>ranking<span class="apple-converted-space"> </span></i>mundial: 142.760º lugar. Isto em
trinta e tal bilhões de<span class="apple-converted-space"> </span><i>sites</i>.
Entre os 7 milhões que existem em Portugal, vamos no 6.053o. Quanto ao
Brasil, figuramos entre os 7.000 mais visitados, num total de 143 milhões.
Acho fantástico este recorde, esta posição vanguardista no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porém há números mais
importantes. Mais importante é a carga transportada nos porões da cibernave:
vinte mil páginas, cinquenta mil imagens, um milhar de autores representados
com obra, desde a Idade Média até ao momento, várias nacionalidades num grupo
que se constituiu de forma mais ou menos espontânea, com duas colunas fortes
a segurá-lo: Portugal e Brasil. Na maior parte, são os autores que se
aproximam do<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>, eu
já não preciso de pedir colaboração. Chegam sobretudo do exterior: são
estrangeiros e emigrantes portugueses. As pessoas não reparam na bandeira da
fachada e no que está escrito debaixo dela: pensam que o<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV<span class="apple-converted-space"> </span></i>é um sítio brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E pronto, isto também
é obra tua, a equipa inicial mantém-se: cooperação com a<span class="apple-converted-space"> </span><i>Agulha</i>, onde estás tu e o
Cláudio Willer, e coordenação minha, do José Augusto Mourão (Lisboa) e Maria
Alzira Brum Lemos (São Paulo). Investi muito, agora colho os frutos. São
saborosos: no verão vou conhecer mais colaboradores do<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>, no Peru e no Brasil.
Participarei em cursos e colóquios com eles. Tudo o que acontecer terá
registo no<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>, para
as pessoas em todo o mundo irem lá dar quando fazem pesquisa no Google. E
finalmente: sem<span class="apple-converted-space"> </span><i>TriploV</i>,
não te teria conhecido a ti e por isso este livro não teria nascido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Agora já chega, recebe
um ciberbeijo e vai dormir, são horas de recolhermos a penates.<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2007]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[Prefácio do livro<span class="apple-converted-space"> </span><i>Tríptico a solo</i>, de Maria
Estela Guedes (1947). Organização de Floriano Martins para a Coleção Ponte
Velha da Escrituras Editora. São Paulo, 2007.]<o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
http://arcagulharevistadecultura.blogspot.com/http://www.blogger.com/profile/15464755224800829626noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7185070826386738856.post-36865137300372177872014-08-21T07:10:00.001-07:002014-08-30T04:36:02.835-07:00MARIA TERESA HORTA | O corpo aceso da poesia<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="10" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 6.4pt; mso-padding-alt: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt; mso-yfti-tbllook: 1184; width: 100%px;">
<tbody>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrR097TTlziPeZvVmSCIk2x1tE8r4geJV9n9vp-VBuUeiJYdZvDlPMsGRpFj3dnmnklPxe3UbTLa-svOLnuBHeKt7WvPmz-B5L6qJffjWVM0Uywt2XrZsvYumpI_O4beTdiVC-pUGHqbtF/s1600/Maria+Teresa+Horta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrR097TTlziPeZvVmSCIk2x1tE8r4geJV9n9vp-VBuUeiJYdZvDlPMsGRpFj3dnmnklPxe3UbTLa-svOLnuBHeKt7WvPmz-B5L6qJffjWVM0Uywt2XrZsvYumpI_O4beTdiVC-pUGHqbtF/s1600/Maria+Teresa+Horta.jpg" height="200" width="172" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Se voltarmos no tempo, a teus primeiros escritos, como esboças
inicialmente esta evidente cartografia erótica que se destaca em tua poética?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Penso que os meus primeiros poemas estão longe de ser eróticos, embora
neles as raízes do erotismo fossem já evidentes. No entanto, prefiro dizer
que as minhas primeiras poesias eram de uma intensa sensualidade recôndita,
presente em mim desde muito pequena: na busca obsessiva da beleza, num trato
intenso com o corpo, num desassossego diurno repleto de claridades intensas,
de odores, de sabores, de vertigem. O erotismo chegará mais tarde, em <i>Verão
coincidente</i>. Intensa e incontrolável onda, rolando para
sempre na minha escrita, no meu imaginário; quotidianamente, em toda a minha
vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Que interlocutor buscavas ao eleger o corpo como palco e bastidor de
uma viagem pelo interior do que talvez se possa aqui chamar a essência
feminina?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Quando escrevo nunca busco um interlocutor, a poesia pura e
simplesmente brota como o cristal de rocha na parede de uma gruta. Algo que
eu não controlo nem pretendo controlar nessa viagem, como dizes, pelo
interior de mim mesma. E nessa medida, sem dúvida, pelo interior da essência
feminina, porque sou uma mulher e portanto tenho uma escrita feminina. Há
anos que venho defendendo que a escrita, tal como os anjos, tem sexo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>O escândalo decorrente da leitura de alguns livros teus naturalmente
não se limita a si mesmo, ou seja, não se regozija com os seus efeitos,
revelando outra inquietude…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>O escândalo de que falas só surge em 1971, quando da publicação de <i>Minha
senhora de mim</i>. E é sobretudo um escândalo que parte do
puritanismo, do machismo, do marialvismo, que então minava e destruía a
sociedade portuguesa. Produto de uma mentalidade formada, moldada pelo
Fascismo e pela igreja católica, portanto pela falta de liberdade, pelo
moralismo, pela hipocrisia; uma sociedade onde as mulheres não tinham sequer
direito a possuir uma sexualidade própria. Então, um livro como <i>Minha
senhora de mim</i>, onde não só canto o corpo do homem amado e desejado,
como claramente falo do meu próprio corpo e menciono o meu próprio desejo e
prazer, só poderia escandalizar e ser proibido, como aliás aconteceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Como percebes esse jogo de falsos pudores, que inclusive segue
definindo a moral em nosso tempo, como elemento inseparável da ordem cristã à
qual o homem parece reduzido? Ou há algo mais atrás do tema? O que provoca
escândalo actualmente?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Há sempre algo mais atrás de qualquer tema, assim como há sempre uma
nova inquietude e, no caso do erotismo, particularmente, essa inquietude está
sempre lá, embora a maior parte das vezes oculta. Quanto aos falsos pudores,
esses continuam, infelizmente, quase tão fortes hoje como antes. Não deixa de
ser curioso verificar que no Portugal pós 25 de Abril, onde a pornografia é
já aceita e até mesmo procurada sem qualquer escândalo, a minha poesia
continua a incomodar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Ou seja, tudo reside no modo de ver o tema?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Creio que a minha poesia continua a incomodar, não por ser poesia
erótica, mas por ser poesia erótica de uma mulher, que continua a fazer uma
abordagem da sexualidade que perturba; e que perturba sobretudo os homens,
porque não diz aquilo que se convencionou a mulher dizer e até mesmo sentir.
Pior do que isso, porque aborda sem o tradicional comedimento ou “recato
feminino” o corpo da mulher e a sua ardência, o seu fogo, o seu desejo.
Desejo esse de fruição absoluta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Queres dizer que isto não converte a alusão a um componente da ilusão.
Recordo um verso teu: “Disponho e ponho ilusão / na perfeição da beleza”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Mas eu persigo a beleza durante todo o tempo, precisamente porque a
idealizo… Portanto, como dizes muito bem, converto a alusão a um componente
da ilusão. Na minha poesia a alusão também pode fazer parte da pulsão, uma
pulsão por onde perpassa, a maior parte das vezes, a beleza sofrida e sempre
ambígua. Desejando ir mais longe, mais fundo, na sua ânsia de tocar, de
convocar, e de nisso me perder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>A escrita como um jogo de sedução onde a beleza é o aguilhão, a matriz
geradora de todo o sentido. É isto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>A escrita é sedução. Sempre. E para mim seduzir só faz sentido se for
um acto de radiosa beleza. Uma rosa do corpo ou o corpo como rosa, onde o
espinho representa a sua própria beleza; o agulhão, a matriz geradora
do não sentido, ou como dizes, de todo o sentido da escrita, enquanto sedução
absoluta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Recordo aqui um fragmento de Novalis: “Assim como a mulher é o mais
elevado alimento visível que faz a transição do corpo à alma – assim também
os órgãos sexuais são os órgãos externos mais elevados, que fazem a transição
dos órgãos visíveis aos invisíveis”…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Habituei-me desde cedo a desconfiar dessas frases lindíssimas usadas
pelos homens cultos acerca da mulher, que parecendo colocá-la num plano
superior, afinal, a marginaliza; mesmo os delicados e românticos como o
Novalis. Quanto aos órgãos sexuais serem de entre os órgãos externos os mais
elevados… Bem, quanto a mim, aquilo que os distingue de todos os outros, é o
facto determinante de serem os órgãos do prazer do corpo, do gozo sexual, de
onde se parte para a fruição, para o erotismo, numa ardente e tumultuada
viagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>O erótico reconcilia-se com o sagrado em tua poesia ou reflecte
fundamentalmente a sua condição imanente?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Na minha poesia o erótico reflecte, fundamentalmente, a perenidade do
corpo, enquanto lugar da natureza, da beleza, do contínuo florescimento do
prazer; logo, reflectindo a sua condição imanente. Mas, o facto dos meus
poemas pouco ou nada terem a ver com o sagrado, não quer dizer que não se
alimentem do mistério, não mergulhem na ambiguidade, não se entreguem ao
fascínio da ambivalência, não sejam atraídos por aquilo que os transcende.
Mas, sempre para tornarem a si próprios enquanto corpo terreno: o frágil e o
fogo, o tudo e o nada, o voo e as raízes, num entrançamento enredado e
infindável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Recordo o espanhol Juan Eduardo Cirlot dizendo que em arte “tudo se
corresponde, enlaça e comunica”, ao mencionar as correspondências existentes
entre seu ciclo Bronwyn e personagens como Hamlet (Shakespeare) ou Aurélia
(Nerval).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>O rio que desemboca no mar e o mar que se enlaça-desenlaça e matiza ao
misturar-se com a água do rio? Claro que isso acontece… No entanto, há também
a hipótese precisamente contrária: a recusa da arte a toda e qualquer
correspondência, mesmo entre si própria. Creio que é quando a arte se torna
verdadeiramente inovadora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Mas, não poderíamos identificar algumas correspondências, pensando no
erotismo da tua poesia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Sem dúvida. Podemos encontrar correspondências na minha escrita, com
outras escritas e não só necessariamente no que diz respeito ao erotismo.
Mas, sempre pelo avesso dessa mesma correspondência. Como acontece, por
exemplo, com o meu livro de poesia <i>Educação sentimental</i><i> </i>e com o
romance do mesmo nome de Gustave Flaubert. Ou seja, entre o seu entendimento
daquilo que é uma educação sentimental no masculino, e o meu entendimento do
que pode ser uma educação sentimental no feminino. Essa correspondência,
aliás, pode existir também entre alguns textos meus e certos quadros da Paula
Rego ou da Frida Kahlo, e entre poemas meus e passagens do diário da Sylvia
Plath.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Observa a Ana Marques Gastão, acerca da tua poesia, que “é seu um
corpo erotizado, pele sobre a pele, onde a própria nudez se diz tecido,
cintilância, seda-sede, dobra irreverente, que não aceita a passividade das
lisuras no uso de uma voz feminina”. Se pensarmos em um tipo de jogo entre o
erotismo carnal e sua idealização, até que ponto estas duas esferas seriam
mutuamente excludentes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Em qualquer jogo feito entre o erotismo carnal e a sua idealização,
penso que quem sai sempre perdendo é a idealização. O desejo-prazer, o
gosto-gozo rejeitam, recusam qualquer espécie de idealização, até porque isso
seria a recusa da excelência do erotismo carnal. Como nos mostra,
exemplarmente, a obra poética de Hilda Hilst; embora na sua escrita essa
idealização acabe por se encontrar subjacente, só que por meio da sua recusa.
O mesmo acontecendo com a minha poesia e a minha ficção eróticas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Como se articulam ou convivem real e imaginário no plano da criação
poética?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Creio que usando-se mutuamente, misturando-se e rejeitando-se, um
voando e o outro pesando, um espelho e o outro imagem. Completando-se na
contradição, amando-se no desentendimento e assassinando-se também. Pelo
menos no caso da minha escrita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Eu gostaria que recordasses um pouco a tua participação no grupo
Poesia 61, inclusive mencionando que tipo de relação o grupo mantinha, por
exemplo, com o Surrealismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Primeiro de tudo, a Poesia 61 nunca pretendeu ser um grupo literário, pelo
menos no sentido habitual do termo, mas acabou, curiosamente, por aparecer
como tal para os outros. Assim sendo, o Surrealismo teve, penso, uma
importância diferente para cada um de nós cinco – eu, Casimiro de Brito,
Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge e Gastão Cruz. Pessoalmente, ao
mesmo tempo que a leitura da poesia surrealista ia sendo impulsionadora de um
acto de libertação em relação a própria escrita, fui fazendo amigos ligados
ao Surrealismo, como o poeta Alexandre O’Neill e o pintor Vespeira, com quem
aprendi a cortar amarras na criatividade e a voar em direcção ao futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>E essa experiência nada teve a ver com a Poesia 61?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Pela minha parte teve a ver comigo mesma e com aquilo que então
escrevia, mas já depois da Poesia 61. Poesia 61 que recordo com uma saudade
feita ainda de grande entusiasmo. Lembro-me como se fosse hoje dos nossos
encontros, das nossas conversas, da alegria e do entusiasmo que nos levaram a
partilhar, a juntar os nossos poemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Retomo uma crítica da Ana Marques Gastão, quando ela se refere às <i>Novas
cartas portuguesas</i><i> </i>(1971), como sendo um livro “claramente feminista”, ao mesmo tempo em
que distinto do restante de tua obra. Estás de acordo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Vamos por partes: concordo que <i>Novas cartas portuguesas,</i><i> </i>depois de
publicado, tornou-se (porque foi lido e entendido como tal, quer pelos
leitores, quer até pela crítica internacional) uma obra claramente feminista,
embora não fosse o feminismo que nos levou a escrevê-lo. Para ser totalmente
honesta, em nenhum momento da escrita de<i>Novas cartas portuguesas</i>, o
feminismo foi explicitado por nós, suas três autoras: a Maria Isabel Barreno,
a Maria Velho da Costa e eu. Mas, já não concordo totalmente quando a Ana
Marques Gastão afirma ser este meu livro distinto do resto da minha obra. Se
um dia viéssemos a dizer que textos, cartas ou poemas deste livro, cada uma
de nós escreveu (nunca o dizermos, foi uma das regras-pacto que presidiu à
sua ideia), ver-se-ia, no que me diz respeito por exemplo, como eles são
imprescindíveis, diria até, para a escrita do que vim a editar em seguida;
posso citar <i>Educação sentimental</i><i> </i>(poesia), e mesmo o romance <i>A paixão
sobre Constança H</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>E como surge a escritura desta obra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Surge em reacção ao grande escândalo provocado pela publicação do meu
livro de poesia <i>Minha senhora de mim</i>,
apreendido pela PIDE (Polícia Internacional e Defesa do Estado) e indignando
os inefáveis defensores da moral e dos bons costumes da época. E como o
desejo de escrevermos um livro juntas já estava nos nossos planos, foi só
acordarmos no que seria o centro catalisador dos escritos de cada uma, e que
acabou por ser sóror Mariana Alcoforado, que por seu lado escreveu as tão
célebres e belíssimas<i>Cartas portuguesas</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Mas, a qual necessidade atendeu então?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>A de trabalhar a escrita (literatura-beleza), enquanto forma de
resistência (também no plano estético e da descoberta formal literária).
Dando a ver o que de monstruoso se encontrava escondido sob a ideia de
propaganda fascista, da sociedade portuguesa pobrezinha-mas-honesta (tipo uma
casa portuguesa fica bem, pão e vinho sobre a mesa…). E, sobretudo, conseguir
dar a ver aquilo que o “destino” sombrio das mulheres portuguesas ocultava de
discriminação, violência e crueldade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>São incomunicáveis, em teu caso, os ambientes traçados pela poesia e a
narrativa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Pelo contrário, na minha escrita a poesia e a ficção entrelaçam-se,
entrançam-se, inter-agem; ou seja, cada uma delas vai colher a experiência da
outra. Não faço o género do poeta que quando escreve prosa, esconde, rejeita
mesmo, o seu lado poético.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Há algum outro ponto em comum, de afinidade, que estabeleças com a
brasileira Clarice Lispector, além da coincidência parcial de títulos de um
romance de ambas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Não há nenhuma coincidência no facto do título do meu romance <i>A paixão
segundo Constança H</i>. ser praticamente igual ao da Clarice Lispector, <i>A paixão
segundo G. H</i>. Para mim isso representou uma espécie de
desafio, numa intenção clara de, ostensivamente, mostrar as diferenças e as
semelhanças da angústia, da solidão das mulheres, embora oriundas de
sociedades diferentes, que as repele, isola e as maltrata. Pretendi jogar com
as semelhanças diversas da ficção de duas escritoras de língua portuguesa,
diante da loucura feminina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>FM</b><b> </b>Agora que vamos terminar Teresa, achas que nos esquecemos de alguma
coisa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>MTH</b><b> </b>Esquecemo-nos, certamente, de montes de coisas, Floriano, ou se
preferires, muito ficou por dizer, apesar da nossa conversa ter sido longa.
Prefiro perguntar a mim mesma se o essencial teria sido dito, e parece-me que
sim. Mas, quem sabe…<span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 6.45pt 6.45pt 6.45pt 6.45pt;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">[2007]<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 9pt;">[Prefácio do livro <i>Palavras secretas</i>, de Maria Teresa
Horta (1937). Organização de Floriano Martins para a Coleção Ponte Velha da
Escrituras Editora. São Paulo, 2007.]</span><span style="font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
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