FM - Em que circunstâncias conheces o Vicente
Ferreira da Silva e quais identificações os levariam a compartilhar toda uma
vida, não apenas no plano amoroso mas no que diz respeito a cumplicidades
éticas e estéticas?
DFS - A pergunta é de cunho bastante pessoal, mas
ao mesmo tempo significativa e importante. Você indaga a cerca das
cumplicidades éticas e estéticas entre mim e o Vicente. Conhecemo-nos muito
jovens. Eu com 15 anos e ele com 18 em um baile de formatura. Eu num vestido
branco longo, usava batom pela primeira vez. Vicente, muito elegante, em seu
smoking, cabelos queimados de sol, pele dourada. Fomos apresentados por Milton
Vargas que disse: Quero apresentar um “gênio” para um outro “gênio”. Nessa
época de juventude não poderíamos ser menos do que “gênios”. Líamos Assim
falava Zaratustra, Dostoievski, nos identificávamos com os personagens.
Principalmente eu, que era quase uma criança e meio tola. Vicente cursava
Direito e estudava matemática com Fantappié. Tivemos um diálogo surrealista
nesse primeiro encontro. As perguntas eram respostas e as respostas eram
perguntas. Reconhecemo-nos parceiros e o amor veio ao mesmo tempo. Casamo-nos
cedo. Eu estava com 19 anos, já formada pelo Instituto de Educação, e ele com
22, Bacharel em Direito e estudante de Lógica Matemática.
Ficamos casados 23 anos. Nossa vida foi a de dois
seres voltados para a cultura. Embora já escrevesse poesia, que só publicaria
bem mais tarde, estava identificada com Vicente. Eu era sua secretária e aluna.
Ouvíamos música e ele gostava de me ouvir lendo poesia. Lemos juntos a obra de
Rilke. Em 1939, Vicente fez sua primeira conferência no Brasil sobre Lógica
Matemática no Instituto de Engenharia. Em 1940, publicou seu primeiro livro
Elementos de Lógica Matemática. Willard van Orman Quine, filósofo americano,
professor de Lógica Matemática, veio para o Brasil em 1942. Convidou Vicente
para ser seu assistente no curso que ministrou na Escola de Sociologia e
Política. Pouco depois, Vicente foi nomeado assistente de Lógica na Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras, na recente Universidade de São Paulo (USP), na
rua Maria Antônia.
DG - Como foi que o Vicente Ferreira da Silva
partiu da Lógica Matemática para chegar a Heidegger?
DFS - O itinerário do pensamento de um filósofo não
é algo que possa ser explicado. Vicente sempre se interessou por Lógica
Matemática, mesmo ao cursar Direito. O encontro de um livro de Willard van
Orman Quine interessou-o vivamente. Ele já começara a escrever seu primeiro
livro Elementos de Lógica Matemática. O percurso de Vicente da
Lógica Matemática até Heidegger consta de várias etapas que só podem ser
devidamente compreendidas através da leitura do seu livro Dialéctica
das Consciências e Outros Ensaios. Como assina, com justeza, António
Braz Teixeira a reflexão de Vicente se encaminha da Lógica Matemática para o
domínio antropológico. Primeiro, de cunho existencial, profundamente humanista,
sem desatender o profundo sentido e valor do mito e do sagrado. Na última fase
do seu pensamento, infelizmente inconclusa por causa da morte prematura de
Vicente, ele se concentrou na filosofia da mitologia sugerindo um neopaganismo
ou um politeísmo originário. Inaugura assim um caminho reflexivo inovador e original.
Dotado de grande força e alta qualidade literária, o livro de Vicente
interessa, certamente, às novas gerações de amantes de filosofia e de poesia.
Foi esse o motivo propulsor que me levou ao duro embate da reedição de sua
obra. Se não fosse o encontro feliz com o filósofo António Braz Teixeira, a
obra importante de Vicente tornar-se-ia uma busca arqueológica ou, então,
ficaria restrita a gabinetes acadêmicos ou bibliotecas particulares.
FM - O Vicente publicou com freqüência suas
reflexões na Revista Brasileira de Filosofia e Diálogo.
Qual a importância dessas duas publicações na época? E com o que pode contar
hoje no Brasil esta área essencial do conhecimento humano?
DFS - Vicente publicou muitos de seus artigos na Revista
Brasileira de Filosofia, na qual foi co-fundador com Miguel Reale. Em 1955,
fundou com Dora Ferreira da Silva e Milton Vargas a revista Diálogo,
considerada uma das mais instigantes do Brasil. Com a morte precoce de Vicente
em um acidente de carro, a revista Diálogo publicou um último
número e cessou. Dois anos depois, resolvi editar a revista Cavalo Azul mais
voltada para a poesia e a literatura.
A revista Diálogo teve uma grande
repercussão. Hoje, não se fala mais dela. Há uma conspiração do silêncio. Ivan
Junqueira e Per Johns têm todas as revistas. Per Johns disse-me que o encontro
com a Diálogo foi muito importante para ele. Tenho guardada
toda a coleção da Diálogo, que foi até o número 16, dedicado ao
Vicente. Sem o Vicente, a Diálogo ficou sem sua alma. Só para
se ter uma idéia, a Diálogo # 7 trazia Vicente Ferreira da
Silva, Milton Vargas, Heraldo Barbuy, Mario Chamie, Ruy Apocalypse, a tradução
de Quarta-feira de cinzas de T. S. Eliot feita por
mim e uma entrevista com Haroldo de Campos.
Mas pensei que não era possível parar. Por isso,
fundei a Cavalo Azul que teve 12 edições e acabou por motivos
financeiros. A Cavalo Azul # 1 tinha colaborações de Anatol
Rosenfeld, Guimarães Rosa, Clarivaldo Prado Valladares, Vicente Ferreira da
Silva ( Diálogo do Rio, publicado postumamente), Vilém Flusser,
Theon Spanudis, J. C. Ismael, um artigo de J O Meira Penna chamado Donjuanismo
e existencialismo, a tradução de Os Discípulos de Saïsde
Novalis, feita por mim, traduções de Shakespeare por Péricles Eugênio da Silva
Ramos.
DG - Como eram os diálogos entre Vicente Ferreira
da Silva e Agostinho da Silva? No que concordavam e em que discordavam?
DFS - Vicente Ferreira da Silva e Agostinho da
Silva foram grandes amigos, mas no tocante ao pensamento mais discordavam do
que concordavam. No plano do pensamento o Agostinho, para citar um exemplo,
gostava de Espinosa. Vicente, não. Vicente voltou-se mais para o pensamento
alemão, para os românticos alemães. Tinha interesse por Novalis. Naquela época,
em São Paulo, as livrarias eram paupérrimas. Eu ia à Biblioteca Municipal
copiar dados sobre Novalis ou trechos de Novalis. Eu tinha um caderno preto com
pensamentos de Novalis.
Isso para ajudar o trabalho de Vicente. Em São
Paulo, não havia livros de Novalis. As editoras não se arriscavam. Quem iria
ler Novalis? Retornando ao Agostinho, seus diálogos com Vicente ia de manhã até
a noite. Surgiu o assim chamado Alcorão. Nome escolhido por Agostinho
para o cerne dessas conversas por ele redigidas. No entanto, o Alcorão é
muito mais Agostinho do que Vicente Ferreira da Silva.
Vicente lecionou a vinda inteira sem ganhar nada.
Aliás, quando houve a recusa do nome dele para a USP, Cruz Costa não teve culpa
nenhuma. Recusaram ao mesmo tempo Vicente, Oswald de Andrade e Renato Czerna
que, mais tarde, foi ser catedrático na Universidade de Roma. Foi a única vez
que vi o Vicente abalado. Ele tinha uma vocação socrática, adorava ensinar.
Continuou a fazer isso. A nossa casa foi um centro de cultura. Todos os
professores que vinham da Europa para dar aulas na Universidade passavam por
nossa casa. A conversa de Vicente era brilhante como aquilo que ele escreve.
FM - O Eudoro de Sousa (1911-1987) tinha
observações valiosas sobre as relações entre mito e poesia, e costumava dizer
que “O primeiro poeta foi o primeiro mitólogo; isto é, o primeiro que disse, ou
cantou, certa realidade outrora consentida e convivida
por todos os participantes num drama ritual.” Por sua vez, Vicente Ferreira da
Silva, ao refletir sobre o aórgico (“o não posto pelo homem,
[…] o que não se apresenta como um resultado da produtividade
artístico-criadora do sujeito”), dizia que “o homem é um ser abandonado ao seu
próprio modo de ser, fascinado em si mesmo, sempre aquém do princípio limitante
da matriz”, e que “o mito nos instaura fora de nós mesmos, é um ser-fora-de-si
que, entretanto, nos elucida acerca de nossa própria proveniência”. Pode-se
entender como confluentes as idéias de ambos?
DFS - O problema é bastante complexo. Vicente e
Eudoro de Sousa não se influenciaram reciprocamente. Trilharam caminhos
paralelos e coincidentes, mas não totalmente iguais. Eudoro de Sousa logo
partiu para Brasília, onde foi professor universitário. Quando vinha a São
Paulo, passava o dia conversando com Vicente. Eudoro não escrevia cartas. Era
bastante tímido. Quando vinha em nossa casa, vinha sozinho. O romantismo alemão
exerceu muita influência sobre Vicente. A palavra “aórgico” é tirada de
Hölderlin e significa o “não feito pelo homem”, o “orginário”.
DG - Você disse que Vilém Flusser mudou depois de
conhecer Vicente. No que foi que Vicente influenciou o pensamento de Flusser?
DFS - Vicente e Flusser foram assíduos
interlocutores. Era nítida a influência do pensamento de Vicente em Flusser,
quer concordasse ou discordasse. Em primeiro lugar, Flusser abandonou os
negócios que herdara do pai para se dedicar aos estudos filosóficos. Dizia ele
que os negócios o ameaçavam de esquizofrenia porque só se sentia bem entre os
livros. Creio que a presença instigante de Vicente, que também fizera a opção
pela filosofia, deve tê-lo estimulado em sua escolha.
FM - Certa vez o Antonio Braz Teixeira afirmou que
Vicente Ferreira da Silva seria “o mais brasileiro dos filósofos brasileiros,
pela divinização da natureza e pelo politeísmo/paganismo do seu pensamento,
pelo verdadeiro sentido cósmico que revela”, vendo nele, ao lado de João
Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Glauber Rocha, as expressões culturais mais
autênticas “do Brasil profundo e das virtualidades e especificidades da cultura
brasileira”. Acaso estarias de acordo? E que paralelos seria possível traçar
entre esses quatro nomes referidos?
De fato, António Braz Teixeira afirmou isso. A
caracterização da personalidade de Vicente parece-me certa. No tocante a
relação do pensamento do Vicente com a obra de Guimarães Rosa, já não considero
isto tão óbvio. Entre eles sempre houve grande cordialidade, mas no trecho de
uma carta de Guimarães Rosa para Vicente, podemos adivinhar as diferenças entre
ambos. (Dora passa a ler a carta).
“Recebi sua carta. Li-a com vivo interesse e
ajudou-me a pensar muita coisa. Temos de conversar horas vastas, mas só quando
eu for aí ou você vier ao Rio. Em carta a gente se desentende. Nisto, como em
tudo mais, o que vale são os detalhes e o calor da vida. Conversaremos,
reconversaremos. Antes, porém, você tem de ler o Corpo de baile inteiro.
Está seguindo um exemplar para você e Dora. Valeria a pena, quem sabe, reler
também Grande Sertão: Veredas que, por bizarra que você ache a
afirmação, é menos literatura pura do que um sumário de idéias e crenças do
autor com buritis e capim devidamente semicamuflados.
Depois, preciso de terminar todo o Berdiaeff em
quem estou me encontrando maravilhadamente quase que ponto por ponto.
Formidável! Até aqui estou em que subscreveria os 90% dele. Muitas coisas que
eu sofrera tempo e ânsias para descobrir sozinho por mim, agora estou as
achando nele. No duro do russo! Com Jaspers, também freqüentemente concordo e
mesmo com Kierkegaard. Com Heidegger, não. Sinto sempre que ele, tal como
Nietzche, ouviu o galo cantar só pela metade. No entanto, o sein zum
Tod, o Homem é para a Morte, eu aceito sinceramente. Principalmente, porém,
estou nesta cintilante linha: Platão, Bergson, Berdiaeff, Cristo.
Estou falando muito de mim, mas é por causa do seu
cordial interesse e para vocês me conhecerem melhor previamente. Desconfio de
que sou um individualista feroz, mas disciplinadíssimo. Com aversão ao
histórico, ao político, ao sociológico. Acho que a vida neste planeta é caos,
queda, desordem essencial, irremediável aqui. Tudo fora de foco. Sou só religião,
mas impossível de qualquer associação ou organização religiosa. Tudo é o quente
diálogo, tentativas de com o infinito. O mais, você deduz. O intelectual
repugna-me. Zurück ( para trás) nunca. Para coisa nenhuma. Só hinauf(
para cima). A busca da plenitude: um fato.
Mas com a prévia abolição total do sofrimento.
Muito de Lawrence, eu aceito mas ele, acho, não completou a curva, a trajetória
( morreu muito jovem, aos 46 anos, observa Dora). Tudo o que é
discórdia, agressividade, destrutividade tem de se transformar, desaparecer
antes. Cristo, o Cristo verdadeiro, cabe. Tem seu ensino indispensável: “os
mansos herdarão a Terra”. Você conhece os livros de Dunne, o inglês serialista?
O ensino central de Cristo, o do reino dos céus dentro de nós, é: 1º O domínio
da Natureza. A começar, pela natureza humana de cada um, mediante a Fé que é a
forma mais alta e sutil da energia a qual o mundo é plástico. 2º O Amor.
Possibilidade de coexistência sem o mínimo sinal de atrito, conflito,
desarmonia, destruição ou desperdício. Sobre esta plataforma, o Céu. As
possibilidades infinitas de um sempre evoluir em plenitude, prazer, alegria
ininterrupta, cada um invulnerável.
Como numa peça de teatro, o Grande Sertão diz mais
de uma vez: será que me falta grandeza? Bem, por hoje tagarelei demais. Forte
abraço amigo. Tantas lembranças à Dora. Lembranças à Diva e ao Milton Vargas,
Outro abraço do seu, Guimarães Rosa.”
DG - O Vicente tinha uma visão politeísta e você em
certos poemas une um certo neopaganismo com o cristianismo. Seu pensamento foi
por caminhos diversos do pensamento de Vicente?
DFS - Vicente e eu fomos casados e parceiros.
Estudamos juntos. Como disse, datilografei quase toda sua obra, mas nunca me
identifiquei totalmente com seu pensamento. Sou de ascendência grega. Acho que
os deuses gregos respondiam a imago dei dos gregos. Não
nego que eles se imiscuem à minha sensibilidade. Meu itinerário poético
prosseguiu após a perda terrível que sofri com a morte de Vicente. Durante uma
viagem à Itália, em Ravena, vi na abside de uma igreja bizantina um pastor
imberbe tangendo suas ovelhas. Tive um insight. Lá estava diante
dos meus olhos o Bom Pastor em sua forma originária e pagã. Não é de mim que
devo falar nessa entrevista. Mas é certo que meu sentimento e pensamento, e a
poesia deles decorrentes, têm um percurso próprio. Nada foi recusado ou abafado
da vida anterior partilhada com Vicente. Meu caminho prosseguiu e tem um matiz
próprio.
FM - Ao final de 2002 se publica em Portugal Dialética
das consciências e outros ensaios, que é o que existe de mais abrangente em
termos de reunião do pensamento humanístico de Vicente Ferreira da Silva. Este
volume inclui também textos dispersos e inéditos. Indagar o motivo da
publicação portuguesa equivale a indagar sobre os impedimentos de uma edição
brasileira. De que maneira e por quais motivos o Brasil não percebe a
existência de um filósofo cuja essencialidade especulativa, ainda que
inconclusa, permanece atual e repleta de sutilezas surpreendentes?
DFS - Esta pergunta só pode ser potenciada. Porque
a mesma pergunta eu me faço. Mistério! Aqui eu estou falando menos como esposa
do que como a parceira intelectual de Vicente, o que é bastante constrangedor.
Bati à maquina praticamente sua obra inteira. Não estudei na USP, mas tive o
melhor professor de filosofia. Concluo dizendo que as novas gerações poderão
ler Vicente sem precisar ir ao sebo. Vi um livro anotado por muitos na mão de
um jovem que me procurou há tempos perguntando como e onde poderia encontrar o
livro. Fica assinalado aqui o meu reconhecimento a Portugal e ao professor
António Braz Teixeira que nos dão de presente o pensamento brasileiro que
estava fadado a permanecer em gabinetes fechados, ou em teses universitárias e
de valor, de difícil acesso. Há pelo menos 9 delas, uma defendida na Itália na
Universidade de Roma. A Livraria Camões, no Rio de Janeiro, foi encarregada de
distribuir o livro no Brasil. Ele já pode ser encontrado em várias livrarias de
São Paulo.
DG - No pensamento de Vicente, a poesia ocupa um
ponto central. O que você tem a dizer sobre o Diálogo da Montanha (Diálogo #
16) onde George, Mário e Diana conversam e George interroga sobre qual a
contribuição da erudição, da metafísica e do tropismo pela poesia para a
civilização?
DFS - Creio que só a morte detém o nosso percurso
não só o exterior como o interior. Acredito que Vicente é importante para as
novas gerações que se defrontam com um mundo dessacralizado e carente de
alimento anímico. Vicente é um pensador religioso, não no sentido de uma
determinada confissão, mas em um sentido mais amplo do sentimento do sagrado. Partilhamos
filosofia e poesia. Sendo que ele era professor na primeira e discípulo na
segunda.
Se exagero, me perdoem. Tudo isso é uma tentativa
de dizer o que foi vivido. Particularmente, o Diálogo do Mar e
o Diálogo da Montanha foram inspirados mais de perto na vida
vivida.
O Diálogo da Montanha se passa na
Serra da Mantiqueira. Mário, que corresponde a Vicente, e Diana, que
corresponde à Dora, são irmãos espiritualmente falando. George é Agostinho da
Silva. É ele que deflagra o diálogo. Evidentemente, estes são sinais
aproximativos de uma realidade muito mais rica. Talvez se possa dizer que todos
os personagens são heterônimos do próprio Mário (Vicente) e de sua Sóror
Mística (Dora). Creio que esse diálogo deve ser lido e meditado. Também acho
que é complexo demais para ser reduzido a uma súmula ou simplificação. Sua
qualidade literária e filosófica está aí para ser meditada e admirada. Enfim,
com a reedição da obra de Vicente, é com a maior alegria que entrego às novas
gerações o Tesouro Oculto - a obra inconclusa de Vicente Ferreira da
Silva.
[2003]
A ideia desta entrevista surgiu por ocasião da
publicação de Dialéctica das consciências e outros ensaios (Imprensa
Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2002), largo volume que reúne parte
considerável da obra filosófica de Vicente Ferreira da Silva (1916-1963). Conversar
com Dora Ferreira da Silva, sua notável companheira de toda uma vida dedicada à
poesia e à filosofia, seria imprescindível. Além disto, Dora é uma das vozes
poéticas mais expressivas na tradição lírica brasileira. O poeta Donizete
Galvão, que compartilha comigo imensa admiração pela obra de ambos, também
seria a pessoa mais indicada para a realização do presente diálogo, pois já de
muito vínhamos conversando sobre o quanto nos indigna o fato de que no Brasil
pouco se percebe acerca da grandeza do pensamento filosófico de Vicente
Ferreira da Silva. Abraxas
[Entrevista realizada por Floriano Martins (FM) e Donizete Galvão (DG), publicada na Agulha Revista de Cultura # 36 —
Dezembro de 2003.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário