segunda-feira, 18 de agosto de 2014

DORA FERREIRA DA SILVA | Diálogos sobre poesia e filosofia



FM - Em que circunstâncias conheces o Vicente Ferreira da Silva e quais identificações os levariam a compartilhar toda uma vida, não apenas no plano amoroso mas no que diz respeito a cumplicidades éticas e estéticas?

DFS - A pergunta é de cunho bastante pessoal, mas ao mesmo tempo significativa e importante. Você indaga a cerca das cumplicidades éticas e estéticas entre mim e o Vicente. Conhecemo-nos muito jovens. Eu com 15 anos e ele com 18 em um baile de formatura. Eu num vestido branco longo, usava batom pela primeira vez. Vicente, muito elegante, em seu smoking, cabelos queimados de sol, pele dourada. Fomos apresentados por Milton Vargas que disse: Quero apresentar um “gênio” para um outro “gênio”. Nessa época de juventude não poderíamos ser menos do que “gênios”. Líamos Assim falava Zaratustra, Dostoievski, nos identificávamos com os personagens. Principalmente eu, que era quase uma criança e meio tola. Vicente cursava Direito e estudava matemática com Fantappié. Tivemos um diálogo surrealista nesse primeiro encontro. As perguntas eram respostas e as respostas eram perguntas. Reconhecemo-nos parceiros e o amor veio ao mesmo tempo. Casamo-nos cedo. Eu estava com 19 anos, já formada pelo Instituto de Educação, e ele com 22, Bacharel em Direito e estudante de Lógica Matemática.
Ficamos casados 23 anos. Nossa vida foi a de dois seres voltados para a cultura. Embora já escrevesse poesia, que só publicaria bem mais tarde, estava identificada com Vicente. Eu era sua secretária e aluna. Ouvíamos música e ele gostava de me ouvir lendo poesia. Lemos juntos a obra de Rilke. Em 1939, Vicente fez sua primeira conferência no Brasil sobre Lógica Matemática no Instituto de Engenharia. Em 1940, publicou seu primeiro livro Elementos de Lógica Matemática. Willard van Orman Quine, filósofo americano, professor de Lógica Matemática, veio para o Brasil em 1942. Convidou Vicente para ser seu assistente no curso que ministrou na Escola de Sociologia e Política. Pouco depois, Vicente foi nomeado assistente de Lógica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, na recente Universidade de São Paulo (USP), na rua Maria Antônia.

DG - Como foi que o Vicente Ferreira da Silva partiu da Lógica Matemática para chegar a Heidegger?

DFS - O itinerário do pensamento de um filósofo não é algo que possa ser explicado. Vicente sempre se interessou por Lógica Matemática, mesmo ao cursar Direito. O encontro de um livro de Willard van Orman Quine interessou-o vivamente. Ele já começara a escrever seu primeiro livro Elementos de Lógica Matemática. O percurso de Vicente da Lógica Matemática até Heidegger consta de várias etapas que só podem ser devidamente compreendidas através da leitura do seu livro Dialéctica das Consciências e Outros Ensaios. Como assina, com justeza, António Braz Teixeira a reflexão de Vicente se encaminha da Lógica Matemática para o domínio antropológico. Primeiro, de cunho existencial, profundamente humanista, sem desatender o profundo sentido e valor do mito e do sagrado. Na última fase do seu pensamento, infelizmente inconclusa por causa da morte prematura de Vicente, ele se concentrou na filosofia da mitologia sugerindo um neopaganismo ou um politeísmo originário. Inaugura assim um caminho reflexivo inovador e original. Dotado de grande força e alta qualidade literária, o livro de Vicente interessa, certamente, às novas gerações de amantes de filosofia e de poesia. Foi esse o motivo propulsor que me levou ao duro embate da reedição de sua obra. Se não fosse o encontro feliz com o filósofo António Braz Teixeira, a obra importante de Vicente tornar-se-ia uma busca arqueológica ou, então, ficaria restrita a gabinetes acadêmicos ou bibliotecas particulares.

FM - O Vicente publicou com freqüência suas reflexões na Revista Brasileira de Filosofia e Diálogo. Qual a importância dessas duas publicações na época? E com o que pode contar hoje no Brasil esta área essencial do conhecimento humano?

DFS - Vicente publicou muitos de seus artigos na Revista Brasileira de Filosofia, na qual foi co-fundador com Miguel Reale. Em 1955, fundou com Dora Ferreira da Silva e Milton Vargas a revista Diálogo, considerada uma das mais instigantes do Brasil. Com a morte precoce de Vicente em um acidente de carro, a revista Diálogo publicou um último número e cessou. Dois anos depois, resolvi editar a revista Cavalo Azul mais voltada para a poesia e a literatura.
A revista Diálogo teve uma grande repercussão. Hoje, não se fala mais dela. Há uma conspiração do silêncio. Ivan Junqueira e Per Johns têm todas as revistas. Per Johns disse-me que o encontro com a Diálogo foi muito importante para ele. Tenho guardada toda a coleção da Diálogo, que foi até o número 16, dedicado ao Vicente. Sem o Vicente, a Diálogo ficou sem sua alma. Só para se ter uma idéia, a Diálogo # 7 trazia Vicente Ferreira da Silva, Milton Vargas, Heraldo Barbuy, Mario Chamie, Ruy Apocalypse, a tradução de Quarta-feira de cinzas de T. S. Eliot feita por mim e uma entrevista com Haroldo de Campos.
Mas pensei que não era possível parar. Por isso, fundei a Cavalo Azul que teve 12 edições e acabou por motivos financeiros. A Cavalo Azul # 1 tinha colaborações de Anatol Rosenfeld, Guimarães Rosa, Clarivaldo Prado Valladares, Vicente Ferreira da Silva ( Diálogo do Rio, publicado postumamente), Vilém Flusser, Theon Spanudis, J. C. Ismael, um artigo de J O Meira Penna chamado Donjuanismo e existencialismo, a tradução de Os Discípulos de Saïsde Novalis, feita por mim, traduções de Shakespeare por Péricles Eugênio da Silva Ramos.

DG - Como eram os diálogos entre Vicente Ferreira da Silva e Agostinho da Silva? No que concordavam e em que discordavam?

DFS - Vicente Ferreira da Silva e Agostinho da Silva foram grandes amigos, mas no tocante ao pensamento mais discordavam do que concordavam. No plano do pensamento o Agostinho, para citar um exemplo, gostava de Espinosa. Vicente, não. Vicente voltou-se mais para o pensamento alemão, para os românticos alemães. Tinha interesse por Novalis. Naquela época, em São Paulo, as livrarias eram paupérrimas. Eu ia à Biblioteca Municipal copiar dados sobre Novalis ou trechos de Novalis. Eu tinha um caderno preto com pensamentos de Novalis.
Isso para ajudar o trabalho de Vicente. Em São Paulo, não havia livros de Novalis. As editoras não se arriscavam. Quem iria ler Novalis? Retornando ao Agostinho, seus diálogos com Vicente ia de manhã até a noite. Surgiu o assim chamado Alcorão. Nome escolhido por Agostinho para o cerne dessas conversas por ele redigidas. No entanto, o Alcorão é muito mais Agostinho do que Vicente Ferreira da Silva.
Vicente lecionou a vinda inteira sem ganhar nada. Aliás, quando houve a recusa do nome dele para a USP, Cruz Costa não teve culpa nenhuma. Recusaram ao mesmo tempo Vicente, Oswald de Andrade e Renato Czerna que, mais tarde, foi ser catedrático na Universidade de Roma. Foi a única vez que vi o Vicente abalado. Ele tinha uma vocação socrática, adorava ensinar. Continuou a fazer isso. A nossa casa foi um centro de cultura. Todos os professores que vinham da Europa para dar aulas na Universidade passavam por nossa casa. A conversa de Vicente era brilhante como aquilo que ele escreve.

FM - O Eudoro de Sousa (1911-1987) tinha observações valiosas sobre as relações entre mito e poesia, e costumava dizer que “O primeiro poeta foi o primeiro mitólogo; isto é, o primeiro que disse, ou cantou, certa realidade outrora consentida e convivida por todos os participantes num drama ritual.” Por sua vez, Vicente Ferreira da Silva, ao refletir sobre o aórgico (“o não posto pelo homem, […] o que não se apresenta como um resultado da produtividade artístico-criadora do sujeito”), dizia que “o homem é um ser abandonado ao seu próprio modo de ser, fascinado em si mesmo, sempre aquém do princípio limitante da matriz”, e que “o mito nos instaura fora de nós mesmos, é um ser-fora-de-si que, entretanto, nos elucida acerca de nossa própria proveniência”. Pode-se entender como confluentes as idéias de ambos?

DFS - O problema é bastante complexo. Vicente e Eudoro de Sousa não se influenciaram reciprocamente. Trilharam caminhos paralelos e coincidentes, mas não totalmente iguais. Eudoro de Sousa logo partiu para Brasília, onde foi professor universitário. Quando vinha a São Paulo, passava o dia conversando com Vicente. Eudoro não escrevia cartas. Era bastante tímido. Quando vinha em nossa casa, vinha sozinho. O romantismo alemão exerceu muita influência sobre Vicente. A palavra “aórgico” é tirada de Hölderlin e significa o “não feito pelo homem”, o “orginário”.

DG - Você disse que Vilém Flusser mudou depois de conhecer Vicente. No que foi que Vicente influenciou o pensamento de Flusser?

DFS - Vicente e Flusser foram assíduos interlocutores. Era nítida a influência do pensamento de Vicente em Flusser, quer concordasse ou discordasse. Em primeiro lugar, Flusser abandonou os negócios que herdara do pai para se dedicar aos estudos filosóficos. Dizia ele que os negócios o ameaçavam de esquizofrenia porque só se sentia bem entre os livros. Creio que a presença instigante de Vicente, que também fizera a opção pela filosofia, deve tê-lo estimulado em sua escolha.

FM - Certa vez o Antonio Braz Teixeira afirmou que Vicente Ferreira da Silva seria “o mais brasileiro dos filósofos brasileiros, pela divinização da natureza e pelo politeísmo/paganismo do seu pensamento, pelo verdadeiro sentido cósmico que revela”, vendo nele, ao lado de João Guimarães Rosa, Ariano Suassuna e Glauber Rocha, as expressões culturais mais autênticas “do Brasil profundo e das virtualidades e especificidades da cultura brasileira”. Acaso estarias de acordo? E que paralelos seria possível traçar entre esses quatro nomes referidos?
De fato, António Braz Teixeira afirmou isso. A caracterização da personalidade de Vicente parece-me certa. No tocante a relação do pensamento do Vicente com a obra de Guimarães Rosa, já não considero isto tão óbvio. Entre eles sempre houve grande cordialidade, mas no trecho de uma carta de Guimarães Rosa para Vicente, podemos adivinhar as diferenças entre ambos. (Dora passa a ler a carta).
“Recebi sua carta. Li-a com vivo interesse e ajudou-me a pensar muita coisa. Temos de conversar horas vastas, mas só quando eu for aí ou você vier ao Rio. Em carta a gente se desentende. Nisto, como em tudo mais, o que vale são os detalhes e o calor da vida. Conversaremos, reconversaremos. Antes, porém, você tem de ler o Corpo de baile inteiro. Está seguindo um exemplar para você e Dora. Valeria a pena, quem sabe, reler também Grande Sertão: Veredas que, por bizarra que você ache a afirmação, é menos literatura pura do que um sumário de idéias e crenças do autor com buritis e capim devidamente semicamuflados.
Depois, preciso de terminar todo o Berdiaeff em quem estou me encontrando maravilhadamente quase que ponto por ponto. Formidável! Até aqui estou em que subscreveria os 90% dele. Muitas coisas que eu sofrera tempo e ânsias para descobrir sozinho por mim, agora estou as achando nele. No duro do russo! Com Jaspers, também freqüentemente concordo e mesmo com Kierkegaard. Com Heidegger, não. Sinto sempre que ele, tal como Nietzche, ouviu o galo cantar só pela metade. No entanto, o sein zum Tod, o Homem é para a Morte, eu aceito sinceramente. Principalmente, porém, estou nesta cintilante linha: Platão, Bergson, Berdiaeff, Cristo.
Estou falando muito de mim, mas é por causa do seu cordial interesse e para vocês me conhecerem melhor previamente. Desconfio de que sou um individualista feroz, mas disciplinadíssimo. Com aversão ao histórico, ao político, ao sociológico. Acho que a vida neste planeta é caos, queda, desordem essencial, irremediável aqui. Tudo fora de foco. Sou só religião, mas impossível de qualquer associação ou organização religiosa. Tudo é o quente diálogo, tentativas de com o infinito. O mais, você deduz. O intelectual repugna-me. Zurück ( para trás) nunca. Para coisa nenhuma. Só hinauf( para cima). A busca da plenitude: um fato.
Mas com a prévia abolição total do sofrimento. Muito de Lawrence, eu aceito mas ele, acho, não completou a curva, a trajetória ( morreu muito jovem, aos 46 anos, observa Dora). Tudo o que é discórdia, agressividade, destrutividade tem de se transformar, desaparecer antes. Cristo, o Cristo verdadeiro, cabe. Tem seu ensino indispensável: “os mansos herdarão a Terra”. Você conhece os livros de Dunne, o inglês serialista? O ensino central de Cristo, o do reino dos céus dentro de nós, é: 1º O domínio da Natureza. A começar, pela natureza humana de cada um, mediante a Fé que é a forma mais alta e sutil da energia a qual o mundo é plástico. 2º O Amor. Possibilidade de coexistência sem o mínimo sinal de atrito, conflito, desarmonia, destruição ou desperdício. Sobre esta plataforma, o Céu. As possibilidades infinitas de um sempre evoluir em plenitude, prazer, alegria ininterrupta, cada um invulnerável.
Como numa peça de teatro, o Grande Sertão diz mais de uma vez: será que me falta grandeza? Bem, por hoje tagarelei demais. Forte abraço amigo. Tantas lembranças à Dora. Lembranças à Diva e ao Milton Vargas, Outro abraço do seu, Guimarães Rosa.”

DG - O Vicente tinha uma visão politeísta e você em certos poemas une um certo neopaganismo com o cristianismo. Seu pensamento foi por caminhos diversos do pensamento de Vicente?

DFS - Vicente e eu fomos casados e parceiros. Estudamos juntos. Como disse, datilografei quase toda sua obra, mas nunca me identifiquei totalmente com seu pensamento. Sou de ascendência grega. Acho que os deuses gregos respondiam a imago dei dos gregosNão nego que eles se imiscuem à minha sensibilidade. Meu itinerário poético prosseguiu após a perda terrível que sofri com a morte de Vicente. Durante uma viagem à Itália, em Ravena, vi na abside de uma igreja bizantina um pastor imberbe tangendo suas ovelhas. Tive um insight. Lá estava diante dos meus olhos o Bom Pastor em sua forma originária e pagã. Não é de mim que devo falar nessa entrevista. Mas é certo que meu sentimento e pensamento, e a poesia deles decorrentes, têm um percurso próprio. Nada foi recusado ou abafado da vida anterior partilhada com Vicente. Meu caminho prosseguiu e tem um matiz próprio.

FM - Ao final de 2002 se publica em Portugal Dialética das consciências e outros ensaios, que é o que existe de mais abrangente em termos de reunião do pensamento humanístico de Vicente Ferreira da Silva. Este volume inclui também textos dispersos e inéditos. Indagar o motivo da publicação portuguesa equivale a indagar sobre os impedimentos de uma edição brasileira. De que maneira e por quais motivos o Brasil não percebe a existência de um filósofo cuja essencialidade especulativa, ainda que inconclusa, permanece atual e repleta de sutilezas surpreendentes?

DFS - Esta pergunta só pode ser potenciada. Porque a mesma pergunta eu me faço. Mistério! Aqui eu estou falando menos como esposa do que como a parceira intelectual de Vicente, o que é bastante constrangedor. Bati à maquina praticamente sua obra inteira. Não estudei na USP, mas tive o melhor professor de filosofia. Concluo dizendo que as novas gerações poderão ler Vicente sem precisar ir ao sebo. Vi um livro anotado por muitos na mão de um jovem que me procurou há tempos perguntando como e onde poderia encontrar o livro. Fica assinalado aqui o meu reconhecimento a Portugal e ao professor António Braz Teixeira que nos dão de presente o pensamento brasileiro que estava fadado a permanecer em gabinetes fechados, ou em teses universitárias e de valor, de difícil acesso. Há pelo menos 9 delas, uma defendida na Itália na Universidade de Roma. A Livraria Camões, no Rio de Janeiro, foi encarregada de distribuir o livro no Brasil. Ele já pode ser encontrado em várias livrarias de São Paulo.

DG - No pensamento de Vicente, a poesia ocupa um ponto central. O que você tem a dizer sobre o Diálogo da Montanha (Diálogo # 16) onde George, Mário e Diana conversam e George interroga sobre qual a contribuição da erudição, da metafísica e do tropismo pela poesia para a civilização?

DFS - Creio que só a morte detém o nosso percurso não só o exterior como o interior. Acredito que Vicente é importante para as novas gerações que se defrontam com um mundo dessacralizado e carente de alimento anímico. Vicente é um pensador religioso, não no sentido de uma determinada confissão, mas em um sentido mais amplo do sentimento do sagrado. Partilhamos filosofia e poesia. Sendo que ele era professor na primeira e discípulo na segunda.
Se exagero, me perdoem. Tudo isso é uma tentativa de dizer o que foi vivido. Particularmente, o Diálogo do Mar e o Diálogo da Montanha foram inspirados mais de perto na vida vivida.
Diálogo da Montanha se passa na Serra da Mantiqueira. Mário, que corresponde a Vicente, e Diana, que corresponde à Dora, são irmãos espiritualmente falando. George é Agostinho da Silva. É ele que deflagra o diálogo. Evidentemente, estes são sinais aproximativos de uma realidade muito mais rica. Talvez se possa dizer que todos os personagens são heterônimos do próprio Mário (Vicente) e de sua Sóror Mística (Dora). Creio que esse diálogo deve ser lido e meditado. Também acho que é complexo demais para ser reduzido a uma súmula ou simplificação. Sua qualidade literária e filosófica está aí para ser meditada e admirada. Enfim, com a reedição da obra de Vicente, é com a maior alegria que entrego às novas gerações o Tesouro Oculto - a obra inconclusa de Vicente Ferreira da Silva. 

[2003]

A ideia desta entrevista surgiu por ocasião da publicação de Dialéctica das consciências e outros ensaios (Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2002), largo volume que reúne parte considerável da obra filosófica de Vicente Ferreira da Silva (1916-1963). Conversar com Dora Ferreira da Silva, sua notável companheira de toda uma vida dedicada à poesia e à filosofia, seria imprescindível. Além disto, Dora é uma das vozes poéticas mais expressivas na tradição lírica brasileira. O poeta Donizete Galvão, que compartilha comigo imensa admiração pela obra de ambos, também seria a pessoa mais indicada para a realização do presente diálogo, pois já de muito vínhamos conversando sobre o quanto nos indigna o fato de que no Brasil pouco se percebe acerca da grandeza do pensamento filosófico de Vicente Ferreira da Silva.  Abraxas

[Entrevista realizada por Floriano Martins (FM) e Donizete Galvão (DG), publicada na Agulha Revista de Cultura # 36 — Dezembro de 2003.]

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